_É... Também sinto saudades, mas eu não mudaria nada do que está acontecendo com a gente. – falei.

Antes de León responder ou dizer algo, escutei um choro alto e sentido, e logo depois um grito desesperado de Angie, chamando por mim e pelo León. Rimos. Nos levantamos meio sem animo, a nossa paz tinha acabado. León me beijou rapidamente, pois parecia que a casa iria cair se não entrássemos para acudir nossas filhas. Retribuí seu carinho, e logo entramos em casa.

A cena que eu vi assim que entrei era... Bonitinha. Francesca estava com a Dani nos braços, enquanto Julie observava curiosamente a mãe dela cuidando de minha filha, que estava se acalmando.

_Ela acordou assustada. – Francesca disse ninando-a nos braços.

_Percebi. – falei vendo minha filha soluçar um pouco. – A Isa ainda está dormindo? – perguntei e ela negou.

_A Isabella está com a Ludmila, ela está “brincando” com o Yuri e com ela. – continuou Francesca.

_Ah! Entendi...

_E vocês, mocinhos, onde estavam? – Angie disse aparecendo á minha frente com os braços cruzados.

_No Jardim – respondi sorrindo para o León.

_Fazendo...? – perguntou rindo. – Namorando aposto!

_Talvez... – respondi novamente. – Estávamos relembrando o tempo de quando éramos jovens...

_Que bobagem, vocês ainda são jovens – Angie me interrompeu. – Só que com um pouco mais de responsabilidades oras, estão crescidos, meus amores.

_Concordo com você Angie. – Francesca disse rindo.

_É... Mas, sei lá... É tão estranho... Eu nunca me imaginaria casada, com duas menininhas lindas e tão felizes, como eu estou. – falei abraçando o León de lado...

***

O resto da noite foi extremamente agradável. León e eu fomos para casa, para poder descansar, já que a noite foi divertida, e devo dizer que exaustiva, mas muito boa, adorei refletir sobre o tempo, e ver como as coisas mudaram tão rápido.

Estava colocando minhas filhas para dormir... León estava me ajudando, uma graça. Ele era um bom pai, mas ás vezes exagerava e acabava igual á um bobo, babando por ela, o que também era bonito.

_Ela continua febril – León murmurou pegando novamente a pequena Dani no colo e passando a mão em sua testa e pescoço. – Acho melhor levarmos ela ao médico.

_Não León, eu conversei com a Francesca e ela disse que bebê recém nascido tem febre mesmo. – falei.

_Mas eu acho melhor levarmos ela ao médico – ele insistiu.

_León, vamos dormir um pouco. Se amanhã ela acordar assim, nós á levamos ao médico, tudo bem? – perguntei e ele meio contra gosto aceitou.

Fomos dormir.

León se deitou ao meu lado, e eu vi pela sua cara que ele estava preocupado, tá eu também estava, mas não era para tanto, ela não estava passando mal, ou coisa do tipo. Fiquei observando ele por uns segundos... Ele era perfeito! Pouco a pouco meus olhos foram fechando, e única coisa que eu me lembro desse momento, foi León me puxando para ele, me abraçando, e então dormimos assim, juntinhos.

¨¨¨¨

_Violetta – escutei alguém me chamando. – Violetta acorda!

Abri meus olhos, sonolenta. Ainda estava escuro, pois o abajur do meu quarto estava ligado. Olhei para o lado e encontrei León sentado na cama, com uma expressão séria, mas séria do que de costume.

_O que foi?! – perguntei irritada me sentando na cama também, estava dormindo super bem, antes de ele me acordar apressado.

_Se arrume, temos que ir ao hospital – ele disse todo acelerado.

_Do que está falando León?!

_Daniella, Violetta – falou se levantando e indo em direção ao armário, pegando uma roupa para o mesmo. – Ela piorou horrores.

_Como assim?! – falei me levantando num pulo.

Não esperei León responder e levantei correndo até o quarto das meninas. Assim que cheguei lá, dei de cara com a Isabella dormindo feito uma anjinha, mas assim que meus olhos, foram para o berço de Daniella, eu acho que me assustei

Aproximei-me preocupada da mesma. Ela estava agitada. Pelo que percebi, León havia tirado suas roupinhas, a mesma estava apenas com a frauda. Verifiquei, e ela estava ardendo em febre. Sua boquinha estava vermelha, e descascando aquela pele linda, era febre interna também.

Peguei-a, não esperei nem mais um segundo. Gritei o nome de León, que prontamente veio. A essa altura do campeonato eu já chorava com ela em meus braços. León foi até o quarto e pegou a Isa, que dormia tranquilamente.

Fomos ao hospital.

Chegando lá rapidamente fomos atendidos. Por ser de madrugada, não tinha muita gente dentro do hospital, apenas aqueles que estavam internados, e os médicos de plantão.

_Vocês chegaram um pouco tarde – o médico disse examinando minha filha. – Deveriam ter vindo aqui quando essa febre estava começando.

León olhou para mim com certa irritação. Ok, eu errei, mas ás pessoas não são perfeitas né? Eu achei que ela não tinha nada de mais, que fosse uma febre boba e passageira, o que não era.

_Sua filha teve uma reação alérgica, muito forte – ele disse. O médico pegou o telefone, ou algo do tipo. – Chame uma enfermeira e pediatra. – disse e León estava com uma expressão horrivelmente preocupada, eu sei que depois vou ter que ouvir muito dele. – Vou levar sua filha, a internaremos, e veremos o que foi que causou isso, tudo bem?

_Sim, mas isso é apenas uma reação alérgica né? Sem riscos, certo? – León perguntou.

_Ainda não sabemos, senhor Vargas – ele respondeu e eu acho que gelei. – Mas pelo que eu examinei sua filha, tem sem seus riscos sim. E muito perigoso, pois não sabemos o que causou isso. Ela pode piorar e piorar, e até... – ele se segurou um pouco, e León escondeu o rosto nas mãos.

O médico saiu com a minha filha nos braços. Eu não abri a boca. Eu sei que devíamos ter vindo aqui antes, mas... Ai que droga! Olhei para o León que já não tinha mais as mãos no rosto.

_Eu falei que deveríamos ter vindo antes. – ele disse duro. Ótimo! Agora ele iria jogar a culpa em mim... Palmas para ele.

_Ok, León, eu já entendi – respondi um pouco seca também. – Mas a culpa não é só minha, quem sabe se você não tivesse insistido um pouco mais e...

_Eu não ia discutir com você sobre isso – ele disse revirando os olhos.

_É , mas eu falei para levarmos ela ao médico, quando estávamos na casa de meu pai. – falei irritada. – E o que você disse? “Esperamos um pouco...” – o imitei.

_Eu disse isso, pois a febre não estava tão alta e ela estava calma ainda – respondeu alterando o tom de voz.

_E porque está falando mais alto? – perguntei elevando também o meu tom de voz. – Nós dois erramos, não foi só eu.

_Tá, mas...

_Não tem “mas” – o cortei.

Ficamos um longo tempo em silencio. Eu não me atrevia a dizer nada, muito menos ele. Aproveitei esse tempo para perceber uma coisa. Eu não havia trocado de roupa. Minhas vestimentas eram apenas um short rosa claro, e uma blusinha de alcinha, eu diria que um tanto transparente, e minha pantufa cinza. Que vergonha.

_Talvez meu pai estivesse certo – murmurei e ele olhou para mim. – Talvez nós dois não estivéssemos preparados para tudo isso. – falei.

_O que?

_É León... Você não vê? – perguntei e ele negou. – Desde que nos casamos, só vieram problemas. E agora nossas filhas... – suspirei pesadamente. – Acho que não somos maduros suficientes para isso.

_Isso não é...

_É León – o cortei. – Me sinto irresponsável por deixar uma coisa dessas acontecer. – falei um pouco rouca, devido ao fato de já estar quase chorando. – Ela pode morrer porque...

_Pare de falar essas coisas... – León disse calmo, secando a primeira lágrima que saiu de meus olhos. – Tá, a gente não foi muito responsável em deixar isso acontecer, mas... É a vida Violetta, a gente erra, e erra muito.

_Será que nosso casamento também não foi um erro? – perguntei e o vi ficando sério e se afastando de mim. – Será que essa vida que a gente leva, não é um erro? – pareci um pouco ríspida.

_Onde está querendo chegar?

_Não sei León... – respondi. – Eu estou confusa... Minha cabeça está pensando um monte de coisas ao mesmo tempo, eu não sei o que dizer num momento com esse. Sinto-me... – ele me interrompeu.

_Frágil. Você é e sempre foi frágil Violetta – disse se levantando e me puxando para perto do mesmo. – Indecisa, ás vezes negativa – ele riu brevemente. – Muito orgulhosa... Esses são poucos dos seus adjetivos. – Mas uma coisa é certa nessa vida... – León disse pegando em minhas mãos. – A nossa relação não é um erro.

_E se sim León... – ele me interrompeu novamente.

_Não e pronto Violetta – falou firme. – Não somos mais simples adolescentes. Temos nossa vida agora. Nossa família. Nossas filhas. Nosso amor. Isso basta. – falou enlaçando levemente minha cintura.

_Basta? – ele assentiu.

_Você está confusa é normal, acho que até já me acostumei com isso – ele riu e eu o olhei em reprovação. – Mas não vamos, no primeiro probleminha, pedir o divórcio – falou num tom sério.

_Está maluco?! – perguntei batendo em seu peito.

Ele riu. Ficamos nos olhando como há tempos não fazíamos. Era raro ter um momento a sós com o León, por conta do trabalho e das crianças, nossa relação estava em último plano.

_Me lembre de nunca mais, nunca mesmo, deixar você sair de pijama. – falou afastando meus cabelos dos ombros. – Percebi o olhar daquele velho em você.

_Que velho León? O doutor? – perguntei rindo e ele assentiu. – Ele não era velho, seu bobo. – falei.

_Não importa, ele estava olhando para você, e olha que eu estava do seu lado. – disse irritado, e eu achei engraçado.

_Pensei que você nem tivesse reparado em minha roupa. Você estava tão eufórico. – falei arrumando a gola de sua camisa.

_Aprenda uma coisa: Eu sempre vou reparar em você – falou e eu sorri. – Principalmente quando você estiver com um short, que te valoriza muito, devo dizer. – falou, e eu senti minhas bochechas queimarem.

Embora fossemos casados há um tempinho já, era inevitável não sentir vergonha quando o León dizia essas coisas. Olhei para ele balançando a cabeça negativamente, o mesmo apenas riu do meu estado.

_A Dani vai ficar boa, né? – perguntei juntando nossas testas.

_Com certeza... – disse. – Ela vai sair dessa. – continuou, me fazendo sorrir um pouco triste.

Nos beijamos. Um beijo calmo, e até posso dizer que triste. Não estávamos num bom momento, e isso era perceptível. Entre caricias e beijos, ficamos ali, aguardando noticias da Dani, com a Isa dormindo tranquilamente no carrinho, era até bom vê-la naquela paz, que eu e o León não estávamos...

...