Crescidos !!

"Quero a minha vida de volta!"


Por Francesca #

Já era dia.

Eu estava no hospital. O León me ligou preocupado e pediu para que eu fosse até lá, dar uma força, e também para olhar a Isa, que não fazia á mínima ideia do que estava acontecendo.

A Vilu estava cansada, e isso era visível. Eles não tinham dormido a noite inteira, além disso, os médicos não davam notícias esclarecedoras, o que a deixava nervosa. O León pediu para que eu levasse uma roupa também, porque a Vilu estava de pijama, e ele disse que os médicos estavam olhando para ela... Ciumento demais esse homem.

_Senhor e Senhora Vargas – o médico surgiu ali. – Tenho o resultado dos exames de sua filha. – falou com observando à prancheta que tinha nas mãos.

_E o que ela tem?

_Vimos que era algum tipo de alergia. Depois a medicamos. Ela se manteve acordada, mas depois de um tempo os remédios fizeram efeito e ela acabou adormecendo. Então percebemos que sua filha tinha sido contaminada por alguma coisa que tinha em algum alimento que ela ingeriu.

_Então foi uma intoxicação alimentar? – León perguntou.

_Não exatamente – respondeu. – Algo que ela ingeriu, tinha alguma coisa, como se fosse um tipo de envenenamento, uma substancia que faz mal quando se está no organismo.

_Minha filha foi envenenada? – A Vilu perguntou assustada.

_Como ela está?

_No momento em observação – o doutor respondeu. – Como é muito pequena, isso a afetou muito, ou seja, ela está frágil, e por um exame que eu fiz na mesma, descobri que ela tem Sopro, um problema no coração.

_O mesmo problema que eu – Vilu murmurou baixo. – Ela está fora de riscos?

_Podemos dizer que sim, mas se ela piorar terá que entrar com um processo mais estudado, ou até mesmo um tratamento. – ele explicou.

Por Violetta #

_O que vai acontecer daqui para frente, Fran? – perguntei.

Já estávamos no quarto da minha filha. Ele estava em observação, dormindo feito uma anjinha, enquanto a Isabella estava agitada no carrinho.

_Como assim?

_Que rumos tomamos? – perguntei. – Eu realmente não encontrei o meu lado adulto. – rimos. – Ainda sinto-me a mesma Violetta de sempre, isso é ruim?

_Acho que não – respondeu. – Vilu, você evoluiu, pode ter certeza. Não é mais uma garotinha frágil que precisa de cuidados.

_Eu sei...

_Vamos mudar de assunto, que eu tenho uma ótima notícia para te dar. – Francesca disse animada, e eu apenas a olhei indicando que continuasse. – Vamos fazer um show. – a olhei, confusa. – Um show, Violetta!

_Show? A essa altura do campeonato? Não inventa Francesca... – disse sem animação nenhuma.

_Como assim garota? Está ficando louca? – entrou em estado de choque. – Violetta Castillo Vargas, o que aconteceu com você amiga?

_Hã? Francesca... Estou sem cantar á quase dois anos... – falei desanimada.

_Não importa... Você está com a mesma voz, não é?

_Acho que sim, mas devo estar desafinada de montão – falei séria.

_Ah, eu também estou – rimos. – Acho que a galera inteirinha está. Mas é só ensaiarmos, que tudo vai sair bem legal.

_É... Pode ser... – falei soltando um longo suspiro. – Mas tenho que esperar minha filha se recuperar. E também tenho que me preparar psicologicamente para isso, afinal eu não sei se estou preparada para voltar ao palco, não agora

_Ah... Então é melhor você se preparar querida, e não se preocupe, quanto á sua filha, ela vai sair dessa logo, se recuperando e ficando bem forte... – Francesca disse animadamente, e eu ri.

_________

_Eu estou com fome. – reclamei ao León que estava com os olhos vidrados na Isabella que brincava com o ursinho, dentro do carrinho.

_Eu também – León disse. – Acho melhor irmos á lanchonete, aqui mesmo.

_Tá – murmurei. – Antes quero te dizer uma coisa. – indicou que eu prosseguisse. – Francesca te falou alguma coisa sobre algum show?

_Sim – sorriu. – O nosso último show, não é?

_Como assim último? – perguntei.

_É Violetta, último – respondeu rindo. – Nem todos nós somos cantores profissionais, como você e eu que nos formamos, corremos atrás, assinamos contratos. Então é nossa oportunidade de fazer um último show com todos presentes, com nossos amigos, todos juntos.

_Francesca não me disse nada sobre isso – murmurei.

_É, ela falou comigo primeiro – disse. – Ela deve estar querendo isso, para poder se despedir da gente, já que ela vai voltar á Itália.

_Que?! – perguntei exaltada. – De novo?! Pare de brincadeiras Leon.

_Não é brincadeira amor – respondeu segurando minha mão carinhosamente, como se quisesse me acalmar, o que ele não estava conseguindo. – Ela vai para a Itália.

_Para... Sempre?

_Isso eu não sei – respondeu descontraidamente. – Só sei que ela irá, com o Marco e as crianças. – disse.

_Ela também não me falou isso.

_Talvez ela quisesse explicar mais tarde para você – supôs.

_Vou falar com ela depois.

_Vamos comer?

_Perdi a fome. Pode ir, vou ficar aqui esperando notícias da Dani.

_Você precisa...

_Vai León – falei sorrindo e o mesmo apenas soltou um suspiro, retribuindo meu sorriso e se foi...

Fiquei caminhando de um lado para o outro. Sabe quando você sente que tudo está dando errado, que seus planos para o futuro estão completamente confusos e indo por água abaixo, que aquela vida que você sempre sonhou, estava totalmente distinta do que imaginava?

Minha cabeça estava numa completa confusão. Minha filha no hospital, meu casamento abalado por isso, minha amiga que está indo embora, esse último show... Sinto que vou desmoronar a qualquer momento.

Queria voltar no tempo, de verdade, mesmo dividida entre dois amores “eu sabia” o que queria, sabia do que era preciso. E agora... Simplesmente as coisas não eram respondidas por mim, a vida respondia de uma maneira totalmente diferente do que eu imaginava.

Nunca que eu iria pensar em casar, nunca pensei que o León se reaproximaria de mim. Nunca imaginaria que eu, teria uma família, muito boa, mas que ás vezes me fazia recordar da minha, eu sentia falta da minha família, do meu pai, da Angie, e da minha mãe, que é inevitável não sentir certa mágoa.

Queria poder voltar a viver com eles. Sinto falta até mesmo das brigas com meu pai, dos segredos com a Angie, das travessuras com meus amigos, das aulas no Stúdio, de um jovem garoto dos olhos verdes que lutava á todo tempo por mim...

_Filha? – alguém e chamou. Alguém não né, meu querido pai.

Olhei para trás e encontrei meu bom velhinho, segurando a mão de Angie, e da Julieta do outro lado. Olhei para Juh, que me lembrava de quando era pequena, sorri ao vê-los, e eles também.

Meus olhos estavam inundados como sempre em situações do tipo, ou recordações do tipo. Corri até meu pai, lhe dando um forte e apertado abraço de urso. Ele era o mesmo forte e enorme pai, me perdi em seus braços, como sempre. O mesmo apenas retribuiu, me fazendo acalmar no mesmo instante.

_Como você está? – perguntou se afastando e limpando meus olhos com seu polegar, apenas fui capaz de esboçar um leve sorriso.

_B-Bem – respondi baixinho depois de um tempo. Papai me olhou sabendo que eu não estava bem, mas ele me entendia, isso era o suficiente para mim.

_Vilu – A Juh me chamou. – A Daniella já vai foi liberada? – perguntou curiosa, fazendo com que a Angie me olhasse esperançosa também. Soltei um breve suspiro.

_Ainda não Juh.

_Onde está o León? – papai perguntou.

_Ele foi comer alguma coisa, já está voltando...

_E você, querida? Já se alimentou? – Angie perguntou preocupada apenas neguei com a cabeça. – Vilu...

_Não estou com mais fome Angie.

_Violetta – Angie chamou minha atenção. – Você não está bem... Tem alguma coisa a mais que queira me falar? – ela perguntou caminhando para um lugar mais reservado naquele lugar.

_Eu quero a minha vida de volta – disse num fio de voz.

_Hã?

_Quero a minha vida de volta! – falei alterando o tom de voz. – Pode parecer rebeldia da minha parte, mas eu sinto que não estou preparada para isso Angie, não me sinto segura.

_E o León? Não está feliz com a família que vocês dois tem?

_Ai Angie... O León é maravilhoso, ele me ama, sempre me amou. Mas sei lá...

_Quer jogar as mãos pra cima, e largar tudo, Violetta? – Angie disse rindo. Não respondi nada. – Não está pensando nisso, né? – perguntou preocupada.

_Não sei, não sei e não sei!

...