O grupo continua olhando surpreso para Azrael, ele responde com bastante naturalidade a pergunta.

– Mas se você sabia sobre o artefato, tem a localização dele por que não trouxe até nós? – Saitou pergunta.

– Por que não cabe a mim pegá-lo, não acabaram de ouvir a explicação do Shibuya–san?. – Azrael diz.

– Então o que estamos esperando? Vamos logo atrás desse artefato! - Ryan diz empolgado cheirando aventura.

– Não tão rápido seu cabeça de vento, como é que o Azrael vai seguir a gente parecendo uma múmia?! – Bea pergunta.

– Em um sarcófago? – Ryan brinca dando de ombros.

Kagami e Bea dão cascudos na cabeça do rapaz que se encolhe de castigo no canto da sala.

Azrael ri.

– Até que não seria má idéia, pelo menos assim eu iria carregado. – Diz pensativo.

– Não alimente a criatividade sem noção dele Azrael! – Bea o repreende.

– Tá, tá, eu já entendi... – Ele suspira. – “Mamãe”...

Ele também leva um cascudo e fica encolhido no mesmo canto ao lado de Ryan que o cumprimenta.

– Desse jeito o Aza-kun não vai ficar bom nunca. – Yue ri sem graça.

– Então de qualquer forma a única coisa que podemos fazer é esperar o Aza-chan se recuperar, pelo que vejo não precisamos ter pressa, afinal, só ele sabe onde o fragmento está mesmo. – Yuuki tranquiliza o grupo.

– Tem razão Yuuki–chan, além do mais a escola está um caos, não devemos esquecer o que aconteceu hoje, a melhor coisa que podemos fazer no momento é descansar, nos organizarmos e ficamos prontos para quando chegar a hora de sair. – Tifa aconselha.

O grupo assente.

– Então façam como Tifa disse, Azrael voltará para a enfermaria, ele pode tentar fingir, mas seu estado ainda é crítico. – Shibuya relata. – Desde que ele descanse tenho certeza que poderão partir o mais rápido possível.

– Nesse caso diretor é só a Bea dar uns beijinhos que ele fica bom rapidinho! – Ryan fala alto fazendo todo mundo olha abismado para ele.

– RYAN! – Bea explode. – Eu vou te matar! – A oni faz um gesto de esganar com as mãos e sai correndo atrás dele.

– Ah, Socorro! – O jovem sai correndo feito um condenado pelos corredores da escola enquanto ela desfere rajadas de gelo tentando acertá-lo.

Azrael fica mudo e seus amigos começam a rir enquanto vêm o pobre jovem corar com o pouco sangue que lhe restava no corpo.

– Então está decidido, vamos nessa galera, vamos nos organizar, descansar e ver o que podemos fazer até a hora de partimos. – Michiyo lembra mais uma vez.

– Além do mais a viagem não será fácil, peguem apenas o necessário, tenho certeza que não vão querer se atrapalhar na viagem. - Yuki Atsuya adverte.

– Ok! – O grupo urra e começa a sair.

– Azrael, Yue, vocês não, por favor, ainda preciso acertar alguns detalhes com vocês.

Azrael se aproxima e Yue dá a volta chegando perto outra vez.

– O que foi Naru-chan?

– Yue, lembra que eu tinha falado sobre os seus pais e que eles tiveram de deixa-la comigo para protegê-la? – Shibuya pergunta.

– Sim eu lembro.

O diretor olha para Azrael e em seguida abre uma gaveta entregando nas mãos dela uma carta.

– Leia com cuidado.

Yue e Azrael se entreolham, a Okami vê o selo com as iniciais de seus pais e abre a carta começando a ler, sua expressão não muda a princípio, mas logo seus olhos exprimem surpresa e em seguida dor, lágrimas silenciosas brotam de seus olhos caindo sobre a carta, suas mãos ficam trêmulas e por fim ela pára de ler.

– Por que... Por que o senhor não me contou isso antes...? – Yue soluçava.

Azrael olhava preocupado, mas pela reação de Yue já imaginava o conteúdo, por isso fica calado.

– Seus pais sabiam que estavam sendo perseguidos, por isso se viram obrigados a tomar a única decisão que não queriam tomar: Separar-se de você.

– Mas... Mas!? Se o senhor tivesse me contado isso poderia ter sido evitado, eu poderia ir atrás deles, poderia ajuda-los!

– Não minha querida você não poderia e foi temendo sua reação, conhecendo sua natureza teimosa que seus pais me fizeram jurar protege-la e entregar esta carta em suas mãos quando esse momento finalmente chegasse.

Yue parecia inconsolável Azrael toca em seu ombro tentando confortá-la de algum modo.

– Diretor. – Azrael corta o diálogo. – Quem estava perseguindo Yue e sua família?

– “O Oráculo do Fim dos Tempos”.

Yue levanta seu semblante choroso e Azrael levanta uma sobrancelha.

– Lillyth não é a única que tem mais de 500 anos, eu conheço muitas histórias que já correram por este mundo e uma delas tem a ver com uma seita criada especialmente para coletar todos os fragmentos do artefato milenar, na época muitas pessoas pereceram para evitar que os fragmentos caíssem em mãos erradas, principalmente seus ancestrais Yue, mas o sigilo da localização veio com um preço muito alto e quase toda sua linhagem foi extinta.

– Então é por isso que meus pais... – Ela lamenta entendendo a situação.

– Sinto muito sobre o que aconteceu com os seus pais minha querida... Desde o dia que a deixaram sob meus cuidados eu já sabia o destino que os aguardava, mas tinha esperanças que um dia você poderia sobrepujar toda essa tristeza e escolher fazer o que é certo.

– Então... – Azrael parecia depressivo. – Por pensarem que a família da Yue era a única necessária para reaver o artefato eles foram caçados não é?

– Mais do que isso... A magia negra Akuma Auriga foi criada com este propósito, invadir a mente de seus ancestrais para localizá-lo, mas o preço era muito alto e por causa disso muitos pereceram... Yue, sua vida foi salva a tempo por seus amigos. – Shibuya diz.

– Mas se meus ancestrais são aqueles que possuem a localização dos artefatos onde eles estavam quando tudo isso aconteceu? – Azrael pergunta.

– Azrael, eu não tenho informações sobre sua família, tudo é um verdadeiro mistério, só descobri sobre sua linhagem por causa da história que contou sobre o artefato que encontrou na caverna onde acordou.

Ele cerra o punho.

– E sem minhas memórias tudo só piora... Porém elas podem esperar o mais importante agora é começarmos a coletar os fragmentos e talvez Yue... – Ele olha para a amiga. – Nós também possamos descobrir mais sobre sua família e destino de seus pais, afinal, só por que escreveram uma carta achando que seriam mortos não quer dizer que realmente estão não é mesmo? – Ele sorri esperançoso.

Yue sorri com a borda dos lábios.

– Tem razão, talvez meus pais tenham achado que poderiam ser mortos e por isso escreveram esta carta, mas quem sabe eles estejam vivos em algum lugar escondidos, se encontramos os fragmentos, talvez possamos achar meus pais! – Ela fica mais esperançosa.

Shibuya sorri para os jovens.

– Então se preparem, descansem e se recupere de seus ferimentos garoto, vocês precisarão estar em boas condições quando chegar a hora de partir. – Ele pede.

– Pode deixar Naru-chan. – Yue já parecia melhor quando sentia mais esperanças por seus pais. – Vamos Aza-kun? – Ela o chama começando a sair.

– Tá. – Ele assente e começa a segui-la.

Azrael–san. – Shibuya o chama.

– Sim? – Ele se vira.

– Tome conta dela, por favor... – O diretor pede com olhar preocupado.

Azrael pisca surpreso pelo pedido repentino, mas logo ele sorri determinado.

– Do que está falando Shibuya? – O rapaz se vira para ficar de frente para ele. – Você sabe que eu não pensaria duas vezes em dar minha vida por aqueles que amo.

Eles ficam um tempo em silêncio.

– É bom ter alguém em quem posso confiar... Obrigado. – Shibuya sorri.

Azrael assente e se retira.

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Uma semana se passa desde o incidente na escola, a rotina volta aos poucos e os alunos se preparam para partir, Azrael se recupera e Yue, mesmo preocupada com o destino dos pais se enche de esperanças, com as palavras do rapaz de cabelos prateados ela faz da busca dos fragmentos uma razão para procurar também por seus pais e por isso se enche de coragem e determinação.

Eles se reúnem mais uma vez com Shibuya, porém em uma sala maior e mais reservada, duas pessoas desconhecidas estavam ao lado do diretor e por isso quando entram eles logo notam os novos rostos.

– Naru-chan quem são esses? – Yue levanta a questão.

– Deixem-me apresenta-los a vocês, estes são seus novos companheiros que farão parte da missão, entre os alunos com poderes extraordinários que temos, estes são com certeza os mais qualificados para se unirem a vocês.

– Oooooh...! – O grupo parece gostar da propaganda.

– Olá meu nome é Sony Vlade, tenho 16 anos e posso controlar trovões.

O rapaz era um Okami de boa aparência, alto, tinha cabelos curtos em tons purpúreos escuros e olhos da mesma cor, vestia-se muito bem e parecia simpático a primeira vista.

– Olá Sony, me nome é Yue. – Ela o cumprimenta.

– Meu nome é Hime, prazer conhecê-lo Sony-kun.

– Michiyo aqui, se precisar de alguma coisa é só avisar que eu mando o Aza-chan procurar para você.

– Como assim eu...? – Ele levanta uma sobrancelha para ela.

Ela ri.

– Meu nome é Bea. – A oni encurta a apresentação.

– O prazer é todo meu. – Sony diz com um sorriso.

– E você não vai se apresentar não? – Azrael pergunta.

A moça de pele branca, olhos e cabelos longos negros cruza os braços bufando para Shibuya.

– Por que eu tenho que fazer isso mesmo heim? – Ela parecia de mau humor.

– Por que está na hora de você sair daqui e conhecer o mundo Kimmi, você não pode viver sozinha para sempre. – Shibuya toca no ombro da pequena.

– Tem funcionado perfeitamente bem até hoje. – Ela retruca.

Azrael se aproxima e estende a mão.

– Kimmi-chan? É um lindo nome, prazer eu sou o Azrael, espero que possamos ser bons amigos. – Ele sorri.

Kimmi cerra os dentes e bate na mão do rapaz.

– “Kimmi-chan”? Quem te deu permissão para me tratar com tanta intimidade? Eu não preciso de amigos e definitivamente não serei de vocês. – Ao dizer tais palavras a vampira se afasta do grupo e senta em uma poltrona de braços cruzados.

Todos olham em silêncio para ela.

– Que bicho a mordeu? – Yue pergunta.

Hime e Michiyo olham para Azrael maliciosamente.

– Acho que foi o mesmo bicho que mordeu a Bea-chan naquele dia, hohohoho! – Michiyo solta uma risadinha pervertida.

Bea se aproxima e desfere uma tapa na nuca da jovem que fica de cócoras no chão massageando a cabeça e gemendo.

Azrael olha sem entender o motivo da violência, então ele e Yue se aproximam de Shibuya.

– Ouçam todos, mesmo que partam em grupo estejam cientes que a missão que enfrentarão é muito perigosa, a vida de vocês estará em constante risco e por isso dependerão uns dos outros para sobreviverem a partir de agora, confiem em si mesmos e confiem nos amigos.

– Sim senhor! – Os alunos respondem.

– Não poderei manda-los em um grupo muito grande por que isso poderá chamar muita atenção e quanto menos chamarem, melhor para a segurança de vocês.

– Com a Yue por perto não existe segurança... – Saitou comenta.

– O que quer dizer Saitou!? – Yue solta farpas pelos olhos.

– Estou nomeando Azrael como o líder da missão, tomem cuidado no caminho e boa sorte. – Shibuya aponta.

– EHHHHH???? – O grupo grita revoltado.

– Por que eu vou ter que obedecer ele?! – Bea estava bufando.

– Eu quero ser a líder! – Yue grita levantando os braços.

Saitou bate na testa.

– Silêncio! – Shibuya fala alto e todo mundo engole seco. – Yue você não tem senso de liderança e nem um pingo de responsabilidade, não manda nem nas baratas que transitam o seu quarto, é imprudente, fala e age sem pensar...!

– Tá bom tio eu já entendi... Não precisa me fazer passar vergonha na frente dos outros, que mico! – Os pêlos de Yue estavam eriçados de vergonha enquanto ela balançava os braços fazendo sinais para Shibuya calar a boca.

– Ah... Eu gosto do Aza-chan ele é bonzinho vai ser legal ter ele como líder. – Hime se aproxima segurando Azrael pelo braço que não ousava abrir a boca para dar um pio no meio de toda aquela comoção.

– Concordo, até por que é ele quem sabe a localização dos fragmentos, então é mais do que certo ir na frente indicando o caminho. – Saitou assente.

– É verdade, é bom ele ir na frente mesmo por que do jeito que ele é grande é um alvo fácil, ai se alguma coisa acertá-lo, vai dar tempo de todo mundo correr e se salvar né? – Michiyo imagina outra lógica para a decisão.

Todos assentem.

Azrael começava a suar feito um condenado ao pensar no tipo de grupo que teria que tomar conta.

(- Onde é que eu fui amarrar meu burro...?) – Ele pensa lamentando e condenando Shibuya com os olhos que sorri sem graça dando de ombros.

Azrael pigarreia e chama a atenção de todos.

– Bom pessoal, o primeiro fragmento está um pouco longe daqui próximo às montanhas do norte, vamos demorar alguns dias para chegar até lá, porém no caminho conheço alguns lugares que poderemos usar para reabastecer provisões e descansar.

– Você não conhece nenhum atalho? – Sony pergunta.

– Não existem atalhos no caminho, já calculei quanto tempo vamos levar em média para chegar, temos algumas raças no grupo que são bons em longas distâncias e outras não, nosso grupo é bem misto por isso teremos que suprir a necessidade dos outros conforme a ocasião. – Azrael explica.

– Tudo bem, então estão todos prontos?! – Yue pergunta empolgada.

Seus amigos assentem.

– Então que nosso grupo fique sempre unido para esta missão! – Yue começa a falar estendo a mão.

Azrael sorri e coloca sua mão sobre a dela, em seguida Bea se aproxima, Hime, Michiyo, Sony e os outros que fazem o mesmo, Kimmi de longe acha tudo uma grande idiotice e balança a cabeça indo na frente.

– Nós vamos precisar de um nome para nosso grupo já que estamos indo salvar o mundo né? – Hime sugere.

– Azrael você tem alguma idéia? – Bea pergunta.

– Eu não, mas... – Ele olha para a Okami ao seu lado. – Yue por que não faz as honras e dá um nome para a gente?

– Eu?! – Ela fica surpresa.

Seus amigos olham esperando.

– Eh...? É... – Ela coça a cabeça pensando, mas sorri fechando os olhos, então apresenta um olhar em chamas para seus companheiros. – Nós somos os “Guardiões do Destino” aqueles que levarão as esperanças das pessoas nas costas, que lutarão para manter o equilíbrio do mundo e que enfrentarão qualquer desafio para impedir que o mal reine na terra! – Ela os nomeia.

O grupo se entreolha sorrindo e em um urro erguem a mão no ar em aceitação ao novo nome.

– Eu sou a Power Ranger vermelha YurruUuUu!!! – Yue sai correndo na frente.

– Ah!!! – Michiyo faz bico e sai correndo também. – Eu queria ser a Power Ranger vermelha!

– Então eu vou ser a rosa! – Hime solta uma risadinha.

– Oi, oi, oi... Desde quando a gente virou power ranger? – Um suor sem graça descia da têmpora de Bea.

Azrael dá de ombros se divertindo com a empolgação das amigas.

– Você vai ter bastante trabalho pela frente não é mesmo? – Sony fala chamando a atenção do rapaz de cabelos prateados.

– Eu sei, mas desde que a gente esteja entre amigos que diferença faz? – Ele responde olhando para Sony que levanta uma sobrancelha.

Azrael Schicksal você é alguém realmente misterioso. – Sony comenta.

Ele ri.

– Acredite, eu sou tão misterioso para você quanto sou para mim mesmo.

– Eu entendo, o diretor Shibuya falou sobre suas memórias, espero que possa recuperá-la algum dia.

– Obrigado.

Andando mais afastada do grupo Kimmi encarava os alunos e estudava cada um daqueles que teria infelizmente de conviver por algum tempo, ela fazia caretas e resmungava para si toda vez que os via rindo ou sorrindo, a forma como conversavam a enojava e ela não consegue evitar virar o rosto.

– Amigos... TSC! – Fala com escárnio. – Eles não passam de idiotas vivendo em uma grande ilusão.

Yue chega ao portão da escola e fica fazendo poses vitoriosas.

– Ganhei a corrida Michiyo!

– Ah não vale você saiu correndo na frente! – Ela retruca.

Yue ri pouco se importando, algum tempo depois seus amigos chegam e ao organizarem os pertences saem estrada adentro rumo a sua nova aventura.

Guardiões do Destino, aqui vamos nós! – Yue grita em um salto e sai cantarolando na frente.

– Qual é o problema dessa menina?! – Sony bate na testa.

– Vai ver o dano mental que deram nela deixou algum efeito colateral... – Bea responde.

– Tá mais para "defeito colateral"... – Saitou assente envergonhado quando nota vários olhos curiosos sobre o grupo.

– Nossa, me lembrem de sempre ser amiga de vocês heim? – Michiyo olha desconfiada para Saitou e Bea.

– Eu gosto de ver a Yue-chan feliz, é contagiante, né Kaito-kun? – Hime olha para seu companheiro ao lado.

– Desde que loucura não seja contagiosa eu posso concordar com você... – Ele responde quase em um sussurro.

– Então sinto muito, até o final dessa missão metade do grupo já estará louco. - Yuki Atsuya comenta.

Azrael ri e olha para alguém que andava afastada do grupo.

Kimmi–chan! Se não apressar o passo vamos acabar deixando você para trás! – Ele a chama erguendo a voz.

Ela ouve Azrael tratando-a de uma forma que não gostava e olha com raiva para o rapaz.

– Qual é o problema desse idiota?! – Resmunga andando um pouco mais rápido apenas para evitar que ele a deixasse ainda mais nervosa.

Azrael sorri e balançando a cabeça com o mesmo sorriso volta a andar com os companheiros enquanto jogam conversa fora no caminho.

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Longe dali em outro lugar do globo, em uma clareira escura onde somente uma fogueira com chamas negras queimava, figuras encapuzadas se reuniam e conferenciavam sobre algo muito importante.

– As estrelas confirmam o despertar da chave, esse é o momento que tanto esperamos, está na hora de voltamos a agir, sair das sombras e obter aquilo que tanto buscamos. – Uma voz masculina fala.

– A última descendente do sangue daqueles que possuem o poder para despertar o artefato milenar começou a agir, posso sentir seu cheiro ficando mais forte. – Um dos encapuzados diz com uma pequena silhueta de um focinho lupino à mostra.

– Então ela sabe onde encontrá-los, devemos captura-la e arrancar de suas memórias a chave! – Uma voz feminina sugere.

– Não será necessário.

Uma voz familiar ecoa chamando a atenção de todos que se viram para uma grande pedra e enxergam Lillyth sentada brincando com seu cajado.

– Lillyth Strauss, pensávamos que ainda não tinhas despertado. – Uma voz masculina mais arrastada como uma serpente comenta.

– Seus tolinhos, eu despertei muito antes de vocês e até já encontrei a descendente do sangue ancestral. – Ela relata.

– O que?! Então você já possui a chave?! – Outra voz feminina feroz pergunta.

– Não... Eu não tenho a chave. – Ela pula da pedra em direção ao grupo. – É a mesma coisa de antes, ela tem o sangue ancestral, mas não sabe da localização dos fragmentos.

– Impossível, durante séculos nós perseguimos a única família capaz de despertar o artefato e nenhum deles possuía todas as respostas, então como vamos encontrá-lo?! – O homem de voz lupina pergunta.

– Quanto a isso não se preocupe, eu tenho certeza que eles encontrarão os fragmentos. – Lillyth fala entre um sorriso sinistro.

– Do que está falando? – Um dos encapuzados pergunta.

– Palpite. – Ela ri. – Mas não fiquem alarmados, eu encontrei umas crianças interessantes há alguns dias atrás e existe alguém entre eles deveras interessante... – Diz tendo a imagem de um rapaz de cabelos longos e prateado vindo à mente.

– Explique-se. – Uma das vozes femininas pede.

– Tenho certeza que ficarão muito interessados em ouvir uma pequena história... – Lillyth começa a falar enquanto sua expressão se torna mais sombria.

Os homens encapuzados se entreolham e voltam suas atenções à bruxa e entre eles, um ser encapuzado mais afastado apenas levanta o semblante e na escuridão da floresta é possível apenas enxergar seus orbes rubros brilhando...

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Continua...

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