Desde muito pequena eu fui apresentada a outras culturas e a outras línguas. Meus pais eram grandes entusiastas da educação.
Passei minha infância e pré-adolescência inteira na Espanha, com minha mãe espanhola e meu pai japonês, juntos a dois pequenos irmãos (umas gracinhas se não estão se unindo contra você) . Fomos apresentados as suas culturas e aos dois idiomas por conta disso (e alguns outros simplesmente porque eles quiseram aprender também).
Sendo sincera, tive uma infância relativamente boa.
Uma época em que eu era bastante agitada, rebelde quase. Brigava com meninos, corria nua pela rua quando perdia desafios, subia em árvores pra roubar as frutas ou simplesmente observar a cidade e caía todas as vezes, andava pela floresta, jogava basquete de rua em um sol de arder a pele e queimar seu coro cabeludo.
O basquete foi minha primeira interação com esportes, ele era popular no nosso bairro.
Como que numa brincadeira inocente, meus amigos e eu formamos nosso próprio time, que logo foi adotado pela comunidade, um avó do garoto mais velho se tornou nosso treinador.
Nós éramos bons, excelentes para pré-adolescentes. Alcançamos os nacionais e ganhamos o primeiro lugar!
Grande feito para um bando de crianças.
Meus colegas de jogo foram se mudando aos poucos no início do fundamental e eu parei de jogar e de fazer tantos exercícios, porque não era a mesma coisa sem eles (apesar que as árvore ainda não se livraram de mim tão cedo).
Cerca de um ano depois, encontrei uma paixão nova: voleibol.
Entrei na equipe feminina da escola primária e, juntas, chegamos as nacionais escolares, por três anos fomos invictas.
O esporte não era tão frenético quanto o basquete e as vezes isso me aborrecia, mas eu sentia conforto no espaço apertado, em calcular os movimentos, em prever o oponente do outro lado ao invés de tentar me livrar dele.
Foi cômodo, de certa forma, principalmente para o meu corpo que estava crescendo.
Minhas pernas fortificadas do esporte bruto eram ótimas para saltos, apesar da pouca altura e isso me tornava uma atacante inesperada, com disposição pra erguer a bola até o último segundo.
Eu passei a amar o vôlei de verdade e recebia muito apoio de casa.
Porém, no último torneio, enquanto voltávamos, nosso ônibus bateu contra um caminhão de cargas pesadas. Metade das meninas foram mortas imediatamente no local, nosso assistente técnico também. O conselheiro perdeu a memória por causa do trauma cerebral, nosso treinador e duas meninas tiveram suas pernas esmagadas. Minha kouhai e eu fomos as únicas a saírem com poucos ferimentos (braços quebrados e cortes não eram nada em comparação ao resto).
Descobriu-se mais tarde que o chefe de uma equipe rival, querendo acabar com nosso sucesso, haviam armado para que todos fôssemos mortos neste acidente. Com medo, nós paramos de jogar e, novamente, desisti dos esportes.
Em consequência disso, comecei a engordar ao ponto de estar em perigo de obesidade.
Seguido de muito lamento e esforço, perdi uma quantidade imensa de peso em menos de um ano até ser considerada saudável, porém, os danos permaneceram, assim como cicatrizes das mesmas.
Vamos concordar que este evento aconteceu logo após o acidente e se estendeu nas férias (e nas férias prolongadas que tirei por causa do tratamento), bem como o início do ano, em que mamãe resolveu me manter de fora por conta da constante vigilância que tiveram de me manter, e ninguém da escola me vira naquela situação, mas, assim que voltei a escola, (meus seios e bunda aumentados consideravelmente devido a puberdade) todos os olhos voltaram-se para mim e então deram inicio as risadinhas, murmúrios, xingamentos e olhares desaprovadores.
Passei por um extenso período onde meu único consolo eram as histórias sobre o Japão e a cultura japonesa que meu pai me contava.
Tornei-me apaixonada por um traço em particular: animes.
Muitos personagens, apesar de não serem gordinhos e nem sofrerem abusos como eu sofria, eram semelhantes a mim. Conseguia me identificar, sorrir, rir e chorar com eles.
Foi uma nova paixão muito bem-vinda para os meus pais (já que eles consideravam saudável), quando comecei a desenhar para tirar o stress e concentrava parte do tempo lendo e escrevendo (Principalmente fanfics estranhas, não me critique).
Um dia aparentemente comum, ouvi meus pais, através da fresta da porta de seu quarto, conversando sobre como eu estaria feliz morando no Japão, perto de todas as bancas de mangás e com as pessoas amáveis que eles conheciam.
Tudo o que fiz foi sorrir para sua preocupação, balançar a cabeça em descrença e pensar o quanto boba e ligeiramente infantil foi a ideia deles.
Havia acabado de virar o ano, meu aniversário seria no último dia de março, onde faria 15 anos e neste ano ingressaria no temido ensino médio (Só de pensar nele eu estremecia, tanto de nervosismo e ansiedade, bem como pavor puro.)

[...naquela mesma tarde...]

— Vamos mandar você ao Japão. Vai morar com o seu primo, na cidade de Miyaji.
Mamãe disse de repente na minha frente, um sorriso convencido no rosto.

— ... Hãn?

Foi minha reação, com o rosto tão cômico (O quão cômico que vocês podem imaginar uma menina fazer.) que minha mãe teve certa dificuldade para parar as lágrimas que escorriam de tanto que riu.

— Isso mesmo, Hoshino Sora.— Empinou o nariz de forma orgulhosa. — Você ficará na cidade natal do seu pai e vai gostar disso. — Ela cutucou minha testa, como se eu fosse outra vez uma criança.

Funguei umas vezes, minha alergia parecendo piorar com o stress, tomando pausas para olhar ao redor em busca de alguma câmera ou de alguém rindo de mim, e pisquei através das lentes do meu óculos de armação preta sem graça, podendo ver meus olhos heterocromáticos refletirem nos seus olhos azuis.

— Porque... tão de repente?

Formulei a pergunta, apesar do cérebro estar confuso.

— Querida.

Ela agachou-se um pouco para me olhar nos olhos, pois eu , com quase quinze anos na cara, tinha apenas 1,56 de altura, enquanto ela tem quase 1,90. Que vergonha.

— Você é apaixonada pelo Japão. Vai amar como é lá. Eu já visitei e quase não quis sair. As pessoas são realmente boas! ... Claro, vão ter aquelas que vão morrer de inveja de você e fazer gracinhas...— Cortei-a com um : " Mãe! ", enquanto corava, pois sabia que ela estava se referindo aos meus seios de novo. — Bem, seu pai disse que os jovens são bastante compreensivos e amáveis. Inclusive, ele vai manda-lo para sua escola de infância, a Karasuno. — Explicou. — Vai ser como se você estivesse vendo como foi sua infância.— Ela suspirou sonhadoramente.

Soltei um bufo e cocei a cabeça, me sentindo bastante confusa.

— Aliás, seu voo é daqui a pouco, por isso eu e seu pai fizemos suas malas escondidos e ele está aproveitando sua folga e vai te levar até lá. — Explicou em um só fôlego e afastou-se, como se temesse que eu fosse explodir.

Bem, ela está certa...

— O queeeeeeee!?

[...]

No caminho para o aeroporto , meu pai explicou-me sobre Ukai Keinshi, meu primo.
Sabia que seu 'nome' era na verdade seu sobrenome, como era do costume dos japoneses e meu pai pediu para que eu lembrasse de chama-lo somente pelo sobrenome, ao menos que ele diga o contrário.

— Porque nossos sobrenomes são diferentes?— Questionei.

— A única que carrega o nome Ukai é minha mãe, sua avó, que é filha do seu bisavô. Ukai é seu bisavô, é avô de Keinshi, que é filho do filho do seu bisavô que também é um Ukai.

— Han? Como ele pode ser meu bisavô se Keishin é meu primo? - Perguntei, alarmada.

— Porque ele é meu primo também. Sua avó me teve quando muito nova, assim, eu sou mais velho que ele, me casei e tive filhos primeiro.— Sorriu, olhos ainda na estrada.

— Árvore genealógica mais complicada.— Bufei, fazendo-o rir. — E está mesmo me mandando para viver com um primo? Esqueceu o quanto eu brigo com meus primos maternos?— Ergui uma sobrancelhas e ele gargalhou em resposta.

— Claro , claro. Mas eles são mesmo crianças mimadas.— Deu-me um sorriso cúmplice. — Keishin-kun Já é um adulto, sabe? É bastante responsável.— Ele deu uma pausa depois disso. — Eu havia sugerido que você ficasse em seu próprio apartamento, já que confio em você sozinha mas, ele ficou preocupado e ofereceu que você ficasse com ele até quando quisesse ter casa própria.

— Wow. Olhando assim, ele parece legal.— Dei um sorriso pequeno.

— Ne?— Concordou, com um sorriso brilhante.

[...]

Dormi durante toda a viagem do avião, recordando-me nos meus sonhos das despedidas de meus irmãos, minha mãe, meus vizinhos e meu pai, com um sorriso no rosto.
Com isso, pareceu que durou apenas uma hora, apesar de que eu sabia bem que não era assim.
Felizmente eu só tinha duas mochilas (Uma carregada de objetos, enquanto outra com peças de roupas e produtos de higiene ) e me deixaram leva-las comigo no avião (porque estava tão leve que consideraram como bolsa de colo), ao invés de ter de passar por aquele complicado sistema de esteiras para recuperar meus pertences.
Quando terminei com a documentação no aeroporto e dirigi-me para a saída principal, conferi a hora no grande relógio digital e ajustei o fuso horário do meu celular.
E então lembrei-me que Ukai iria vir me buscar.
Ao lembrar de tal evento, mudei o peso dos pés nervosamente, engolindo saliva para tentar hidratar a garganta que parecia ressecada do nervosismo repentino.
Decidi comprar alguma bebida na máquina de vendas antes de ir para a saída principal em busca do meu ' guardião '.
Olhando as opções, inclinei a cabeça, pensando em qual realmente mataria minha sede e acabei por escolher água sem gás, tomando um demorado gole e adiantando-me para a saída. Seria muita grosseria deixa-lo esperando demais.
Procurei em todos os cantos, sorrindo suavemente toda vez que alguém encontrava seus amigos ou parentes. Buscava suas placas atentamente, tentando me concentrar na caligrafia familiar do meu nome.
" Ali está. " Pensei, ao identificar a letra familiar da frase ' campo de estrelas 'que, por acaso, era meu sobrenome, junto ao meu nome ' céu '. ( Em homenagem ao meu olho esquerdo , azul cerúleo.)
Segurando a placa (Na verdade era um pano preto com as letras em branco. ) estava um homem na faixa dos vinte, talvez trinta, alto, de rosto ranzinza. Ukai de cabelos loiros (tingidos, claro) com olhos castanhos e usa uma faixa para a cabeça. Acho que ele fazia drads no cabelo também. Conforme me aproximei lentamente, notei que ele tinha dois piercings na orelha esquerda.
Estremeci e afastei-me por instinto, minha ansiedade crescendo cada vez mais.
" Assustador. Por que ele tem que ser tão intimidante? " Choraminguei mentalmente." Como eu me aproximo dele sem começar a ter um chilique!? " Eu me senti mortificada.
Tentando conter o tremor, aproximei-me do homem, com a máxima cautela e calma, secretamente na esperança de passar despercebida.
Porém, mal cheguei a três metros de distância dele e seus olhos (Que estavam fixamente encarando a sua frente. ) moveram-se para mim e percebi ser analisada por segundos antes que seu rosto voltou-se na minha direção.
Ele, porém, não disse nada, nem sua expressão se alterou.
Ficou parado, talvez debatendo se era realmente quem ele estava procurando.
Sabendo que agora não tinha escapatória, caminhei até ele, olhando fixamente para o chão.

— Kami-sama.— Ele ofegou. — Você é a imagem esculpida do seu pai.— Murmurou de repente, parecendo não acreditar nos próprios olhos. — Você cresceu em uma moça bonita, Sora-chan.— Ele sorriu afetuosamente, o olhar suavizando.

De repente ele não me pareceu tão assustador e sim muito amigável e atencioso.
Meus ombros caíram e dei-lhe um sorriso relaxado, quase preguiçoso, enquanto agradecia.

— Aw. — Ele abaixou-se, dobrando o pano, até que nossos olhares ficaram de igual para igual. — Você tem uma covinha! Seu pai também tinha umas quando mais jovem.— Sorriu com todos os dentes. — E é tão pequena quanto ele, acho que até mais. — Ele parecia uma criança numa loja de brinquedos. — Parece uma boneca em tamanho humano! Da vontade de apertar.— Apertou minha bochecha suavemente, ainda com o mesmo sorriso, enquanto senti-me corar e rir um pouco da sua observação (Ou elogio.) incomum.

Em seguida, ele insistiu em levar minhas malas e fez-me apressar para irmos pegar o trem.
Com muita tranquilidade, ele contou-me sobre várias coisas da cidade, um pouco sobre Karasuno e sobre sua lojinha onde cuidava das coisas para a bisavó ( parte de mãe ).
Ofereci-me para ajudar na lojinha nos meus tempos livres, o qual ele aceitou imediatamente, com olhos brilhantes e vovó gritando no andar de cima que era uma péssima escolha.
Sinto que vou me arrepender dessa decisão.

[...]

Ukai-san era realmente legal comigo, tão legal ao ponto de quase me mimar.
Toda noite, antes de fechar , ele sumia em um canto da lojinha e voltava com doce ou sorvete para mim, dizendo que eu devo me manter ' fofinha '.
Era assim que ele chamava minha gordura.
Parecia achar que não era um problema e ele chegava a deixar-me terrivelmente constrangida com alguns comentários.

Do tipo:

'—Cara, seu homem vai ser um homem de sorte. Vai ter um ursinho macio e quente todas as noites.— Comentou uma vez do balcão, enquanto eu varria calmamente.

Ou então:

— Como assim ele não quer sair com você? Quem não queria farar com uma fofura dessa!?

Nesse evento em que eu expliquei que a pessoa que eu pensava gostar de mim recusou meu convite para um encontro, ele simplesmente explodiu.
Havia umas senhoras que eram clientes fixas da loja e ele quase as recrutou para ir atrás do menino em busca de explicações.
Um noite, quando perguntei sobre sua preferência sobre garotas, ele suspirou e olhou para o céu enquanto caminhava.

' — Eu tive uma colega que se parecia muito com você. Atormentavam muito ela por causa do seu peso, mas ela era linda demais. Parecia que os raios de sol se concentravam nela toda vez que ela chegava. Eu pensava em chama-la para um encontro, mas ela parou de aparecer na escola, então eu descobri onde ela morava e resolvi levar os trabalhos que ela perdeu... Naquele dia, os pais dela me contaram que ela se suicidou no final de semana...— ' Deu um suspiro melancólico e não falou mais nada até a hora de dormir.

No dia seguinte, ele estava de volta ao normal e, mais uma outra vez, fez-me sentir que viraria uma avestruz, de cabeça enfurnada na terra, com seus comentários atrevidos.
Mesmo me fazendo passar vergonha, Ukai-san era realmente um grande paizão, do jeito dele, claro.

[....]

Um pouco antes da escola começar, eu havia saído do cargo 'ajudante' e já fazia algumas entregas à domicílio! ...Bem, não foi realmente isso.
Algumas senhoras não conseguiam carregar suas compras e pediam-me para ajuda-las, em troca me davam algumas moedas que achavam no fundo do bolso ou me pagavam um doce qualquer por aí.
Em um desses dias, trombei com uma pessoa realmente interessante ...Novamente, não necessariamente esbarrei nele.
Mas, sabe aquelas pessoas que chamam a atenção sem motivo algum? Foi isso.
Foi em uma quadra pública. Aparentemente era pra basquete, mas colocaram uma rede de vôlei no meio.
Pessoalmente, eu andava evitando vôlei feito a peste, mesmo meu pai sendo fissurado no esporte, sempre assistindo as partidas, não importa qual fosse o time ou a seleção.
E ainda assim, algo me hipnotizava quando via pessoas jogando e sentia um estranho desejo de entrar na quadra novamente, apesar de saber seria um fardo com todo meu peso e minhas inseguranças.
Voltando, foi um desses momentos em que vi-me hipnotizada enquanto observava as meninas jogando.

— É nosso time de vôlei! — A senhora comentou ao meu lado. — Eu costumava a jogar quando era menina. — Riu para si mesma, virei minha atenção para ela com um sorriso. — Você gosta de algum esporte, querida?

— Uns anos atrás, eu era um ás no basquete de rua. — Empinei o queixo com orgulho. — Também joguei vôlei por um tempo, como levantadora. — Sorri.

— Ohh. Que emocionante! Eu vi uma partida de basquete uma vez na minha rua. Apesar de serem muito jovens eram tão habilidosos. — Elogiou com um sorriso saudoso.

Sem saber como reagir, dei-lhe um sorriso brilhante de volta e um aceno compreensivo.
Dei uma rápida olhada para a partida e vi a pequena líbero entrar em quadra.
" Espere. Aquilo não é uma menina. " Pisquei, confusa.
Era um menino pequeno (Uns centímetros mais alto que eu) , de castanhos cabelos espetados e uma franja loira (Um loiro queimado) também um pouco espetada, acompanhando seu cabelo. Era pálido e tinha grandes olhos castanhos chocolate.
O carisma que ele transmitia ao conversar com as meninas era incrível e, para um menino pequeno, ele transmitia enorme confiança que nos fazia sentir vontade de se aproximar e rir junto a ele.
Parei por alguns segundos, processando o que um menino estaria fazendo ali.
Vi seus olhos percorrerem ao redor e, de repente, sua cabeça virou em nossa direção (quase que assustadoramente atento de que o observavam).
Senti meu rosto queimar e quase deixei as compras caírem, tamanho o nervosismo. Olhei para o chão, irritada por ter escolhido deixar o cabelo preso aquele dia e não poder esconder meu rosto nele, enquanto embaralhava cada vez mais longe da quadra.

— Vamos, princesa.— Chamei, dando um sorriso atrevido pra disfarçar meu nervosismo.

— Aw. Assim você me deixa encabulada.— A senhora riu e começou a liderar o caminho.

[...]

Quando voltei para a lojinha aquele dia, peguei meu caderno de desenhos e comecei a traçar os contornos do rosto do rapaz enquanto ele sorria para aquelas senhoras.
" Seria um ótimo personagem de mangá. " Concluí com um sorriso.

— Oh?... Eh!? — Ukai gritou de repente na minha orelha.— So-chan! Quem é esse!?

Indignado, ele continuava apontando para meu caderno de forma tão acusatória que pensariam que ele tinha roubado sua sunga.

— Hn... Não sei. Vi ele hoje. — Respondi, franzindo a testa.

— Uma traição com um desconhecido!? — Começou a chorar lágrimas de crocodilo.

— Traição? — Repeti, quase rindo dele.

— Porque um desconhecido ganha um desenho e não eu, seu priminho!?— Seus ombros caíram em desânimo fingido.

— O problema é esse? Bem, faço um desenho seu amanhã. É só me dar uma foto.— Voltei minha atenção para o desenho.

— Mesmo? Você é a melhor!!— Saltou em comemoração.

— São trinta mangos.

— NANIII!?