Mathews regressou mais cedo da viagem, depois de mais uma visita a matriz da sua empresa, no seu país natal. A situação não estava nada boa por lá, por isso precisava encontrar com Teresa como precisava de ar. O apartamento estava escuro e silencioso, quando abriu a porta, sentiu uma onda de pânico, um imenso receio, que ela não estivesse mais lá, então largou a mala na sala e correu para o quarto, porém, mesmo sem acender a luz, podia definir a silhueta dela, deitada na cama, sob as cobertas, dormindo tranquilamente. Entrou, vagarosamente, se ajoelhou ao lado da cama, a observando, seu rosto bonito e tranquilo, a boca entreaberta, convidativa, os cabelos espalhados sobre o travesseiro, definitivamente, ele estava apaixonado e não sabia o que fazer.

Teresa sentiu sendo observada, talvez, fosse apenas um sonho, lutou para abrir os olhos pesados de sono, se surpreendeu ao ver o rosto de Mathews ao seu lado, sorriu.

— Achei que você só voltasse amanhã. - Falou, com a voz arrastada de sono. -Ele se inclinou para lhe dar um suave beijo na sua boca.

— Estava com saudades, por isso voltei mais cedo. – Respondeu, acariciando os cabelos delas.

— Deita aqui comigo, também. Eu, também, estou morrendo de saudades –Pediu, Mathews, imediatamente, tirou as suas roupas e se deitou ao lado dela, com os corpos encaixados, podia sentir o perfume dos seus cabelos, as coxas dela contra as dele, as costas delas contra o seu peito, sua mão no seu seio, seu desejo crescente. Teresa se aproximou mais para se encaixar melhor.

— Senti tanto a sua falta, Teresa! – Mathews sussurrou no ouvido dela, beijando sua nuca, seu ombro – Como posso ficar sem você?

— Você não precisa, eu estou bem aqui. – Murmurou, em resposta – Mathews, eu amo você. – Declarou, se virando para beijá-lo.

— Bom dia! – Teresa cumprimentou Mathews ao encontrá-lo na cozinha, tomando sua habitual xícara de café com leite matutina, lendo as notícias no seu computador, se inclinando para beijá-lo, em seguida, pegou uma xícara para ela, verteu café preto, sentando-se na frente dele, o espreitando.

— Bom dia! – Ele respondeu, lacônico, sem desviar a atenção da tela, porém ergueu os olhos, quando pressentiu que Teresa o encarava. – Algo errado? – Quis saber, erguendo a sobrancelha.

— Que história é essa de ficar sem mim? – Ela questionou, séria, sem tirar os olhos dele.

— Você se lembra disso? – Mathews perguntou, inquieto, desviando o olhar.

— Eu me lembro de tudo que aconteceu na noite passada, inclusive disso. – A voz se mantinha firme.

— Não é nada, querida. Apenas, vou ter que passar algum tempo fora. – Respondeu, sem muita ênfase.

— Quanto tempo? – Teresa o interrogava, com a feição dura, mas estava arrasada.

— Talvez, um mês – Disse de um modo casual,

— Por que? - Ela o interrogou.

— Problemas em outra filial. - Mathews disse, sem muitas explicações, dando de ombros.

— E quando você vai? – Quis saber, já deixando de lado seu ar de indiferença, desabando de tristeza.

— Em quinze dias. – Mathews a olhou de uma maneira que nunca fez antes – Mas, eu prometo que volto para você, o mais rápido que puder, Teresa. –Afirmou, estendo a mão para segurar a dela, com firmeza. – Mas, antes podíamos tirar um fim de semana, viajaríamos para algum lugar bem romântico, só eu e você, o que acha?

— Eu posso faltar um dia de aula, mas o estágio? Eu não sei se meu patrão vai concordar com isso? – Ela brincou, já que trabalhava para ele.

— Tenho certeza, que seu patrão não vai se importar com isso. – Ele entrou na brincadeira. – Posso mandar uma ordem expressa da diretoria para liberarem você por um dia.

— E todo mundo vai ficar sabendo, que eu durmo com CEO da empresa? Nada disso! – Ela retrucou. – Pode deixar que eu resolvo a minha folga.

— Você não só dorme comigo, falando assim parece que somos apenas amantes ou algo sórdido. – Ele replicou, a olhando nos olhos. – Você é a minha namorada e eu a amo, Teresa.

Desde que ela começou o estágio, na indústria adquirida para empresa comandada por ele, Teresa não contou a ninguém de lá, sobre sua relação com Mathews, preferindo que ficasse em segredo, pois não queria se privilegiada ou discriminada pelos outros funcionários por isso. Ela mantinha um relacionamento cordial e amigável com a maioria dos seus colegas, apesar da chefe do setor pegar no seu pé.

Era através desses colegas, que sempre tinham um amigo de um amigo ou de um conhecido que trabalhava em outro setor, que descobriu a que a fusão da empresa não ia bem, os custos continuavam alto, possivelmente, alguns setores teriam que ser fechados, muitos perderiam seus empregos, talvez fosse esse o motivo da longa viagem de Mathews.

— O que é isso, Mathews? – Teresa olhava, desconfiada, para a caixa de joia que Mathews estendia para ela, assim que chegou em casa.

— É um presente para compensar o cancelamento da nossa viagem. – Ele a olhava, mortificado, já que ele não pode se afastar para a tão sonhada viagem a dois, por problemas na empresa.

— Não precisava, eu compreendi que você não pode se afastar agora, não precisa me compensar por nada. – Teresa falava com certa irritação, sentindo-se comprada.

— Eu sei disso, mas me faz sentir melhor. – Continuou a se desculpar, sorrindo e sacudindo a caixa no ar – Por favor, Teresa aceite meu presente. – Ela se deu por vencida, pegou a caixa e abriu, lá dentro, havia um par de brincos de platina e diamante.

— O que significa isso, Mathews? – Teresa perguntou, atônita.

— Eu achei que você merecia algo assim, para se lembrar de mim, enquanto estiver fora. – Explicou, orgulhoso com sua escolha.

— Mathews, eu não preciso de nada disso para me lembrar de você. – Teresa estava aborrecida e devolver a caixa para ele.

— Por favor, Teresa, o que houve? – Ele não entendeu, olhava desnorteado a caixa na sua mão.

— Eu não quero isso, não combina comigo. Não preciso de uma joia dessa para me compensar da viagem ou me lembrar de você. – Teresa o encarou, com firmeza. – Quem você pensa que sou? Depois de tanto tempo juntos, você não me conhece? – Ela parecia irritada, o fitando com os braços cruzados na frente do corpo.

— Desculpe, meu amor, mas você sabe como eu sou, não fiz isso para ofender você ou deixá-la aborrecida, só queria lhe dar um presente. – Ele falou, um tanto acanhado, amolecendo o coração dela, que considerou por um segundo.

— Deixa eu ver isso de novo. – Ela pediu, arrependida por tratá-lo assim, estendo a mão para ele, que lhe devolveu a caixa.

— São bonitos. – Reavaliou os brincos, com interesse – Também, não são muito exagerados, posso usá-los em alguma ocasião especial. Obrigada. – Agradeceu com gentileza.

— De nada – Mathews respirou, aliviado – Podemos fazer as pazes agora –Disse a envolvendo em um abraço e dando lhe um longo beijo.

— Vou sentir saudades. – Ela cochichou no ouvindo dele, ainda abraçados.