Como Pão e Leite

O jovem de cabelos castanhos bebia outro copo de leite após mais uma pratada de cascas de pão. A menina loira, por sua vez, lia. Estavam sozinhos no bar da amiga de Sven, o nosso \"cavalheiro\" havia saído à procura de pistas de mais criminosos. Eles já não pegavam um bandido há tempos! Eve usava sua sanidade dizendo à Train que eles não poderiam ter luxúrias devido aos maus bocados da vida cotidiana. Train estava com a barriga estufada de tantas cascas de pão fatiado, e agora, só pensava em tomar algumas canecas do bom e velho leite.

A tranqüilidade estampava-se no rosto de ambos. Os dois pareciam felizes na medida do possível, tentando fazer com que a fome e o cansaço não tomassem posse de suas faces. Mas enfim, a situação pela qual passavam agora não era pior do que qualquer outra pela qual já tiveram passado. Todos estavam juntos, e em paz. Isso era o que realmente importava. Ou que pelo menos, parecia importante.

Eu sei, eu sei. \"Apesar das mudanças, está tudo igual\", vocês devem estar pensando. Mas não. Agora, Train e Eve estão pensando em coisas que dois adolescentes normais pensariam. \"E o que é?\", vocês devem estar pensando. Sabe, acho que vocês pensam demais! Enfim, tem um relacionamento com outros adolescentes. É disso que estou falando.

Mas, acho que eles nunca previram uma relação entre eles mesmos, e nem vocês! Haha, finalmente não pensaram em alguma coisa, verdade? Finalmente consegui enganar vocês! Oh, sim, a história! Já ia me esquecendo dela, minhas sinceras desculpas.

Sven? Juntou-se com uma mulher que conheceu durante a caçada aos bandidos. Ele realmente era apaixonado por ela. A mulher chamava-se Niinnah. Um lindo nome, não? Eu acho. Sim, um lindo nome. Mas não era somente o nome que possuía beleza, mas sim, a dona dele. A \"senhora\" possuía longos cabelos negros num tom azulado. Os olhos? Eram verde-claros, num leve tom de oliva.

Já estava tarde. O bar em que Train e Eve se encontravam, só não fechava as portas para que não espantassem seus \"melhores\" clientes. Eve passava os dedos finos na capa do livro verde que lia, era um livro de fábulas. Ela não gostava muito de fábulas, mas aquele livro era de certa forma interessante. Era a quarta ou quinta vez que o lia, mas ainda assim, lia-o como se nunca tivesse visto ele na vida. Eve que ela fichou o livro, e o silêncio fora cortado com um suspiro vindo da garota.

- Train, está ficando tarde! Acho que vou ir para casa. – disse a menina ao fitar o rapaz.

- Eu também já vou! – disse ele. – Também não me agrada ficar em lugares como estes sem ter nada pra fazer, Princesa. – Train se levantou do banco em que estava deitado, colocando uma das mãos no bolso.

A menina corou. \"Princesa?\" - ela pensou. Ainda não havia se acostumado com o apelido que Train lhe pusera. \"Pagarei com a mesma moeda\" – ela se ouviu pensar. – \"Talvez ele sinta a mesma coisa estranhaque eu!\".

- Bom, estão vamos. – Eve tirou do bolso alguns trocados, e pagou a conta.

Abrindo a porta do bar, a menina saltou em direção à calçada fazendo com que o vestido levantasse um pouco. Train viu as roupas interiores que a menina trajava, isso o fez corar.

– Sven já deve estar em casa esperando, Príncipe. – disse ela sorrindo maliciosamente, enquanto via Train corar gradualmente.

Se ele tentava esconder? Mas é claro! Se ele conseguia? Mas é claro... Que não. Train tinha o defeito de ter todos os sentimentos estampados na cara. Ainda mais quando tratava-se de Eve, que arrancava as coisas dos outros sem o menor esforço.

Train caminhava olhando para o chão, tentando esconder o rubor da face, Eve saltitava um pouco, sem se dar conta do que o maior havia visto.