Conspirator Poison - é Ele ou Ela?
Collapse/Solemn Hypnotist
Conspirator Poison
- Cena 7 – Collapse -
Eu ainda não tinha entendido muito bem: afinal, o que fora aquilo?
Sid ainda segurava no ar um peão e Mick parara de comer.
- Definitivamente, eu me enganei – sibilou o Dj, voltando a jogar. Craig permanecia calado, mas não era uma grande surpresa (Killers are quiet.) – O que achou deles, Corey?
- São bons – respondeu Corey, estalando os dedos – Mas esse vocalista...
- Ou será ela? – deixei escapar.
- Acha que era uma mulher? – perguntou Paul, descrente.
- Não sei de nada. – retruquei – Você deve ter reparado que ele ou ela usava uma máscara...
Ficamos em silêncio.
O que tinha sido aquilo? Por que somente “o vocalista”?
Tudo bem que não nos importávamos tanto com o lance da máscara, mas a dúvida permanecia no ar, e eu admitia, estava dando mais importância a ela do que deveria.
Conspirator Poison.
Não era algo que se via todos os dias. Pelo menos, não numa escala tão impactante.
- Foi uma ótima jogada de marketing. – disse Shawn, rindo – Mas, sei lá, não dá pra ignorar que é perturbador...
Ele tinha lido meus pensamentos.
- Isso foi meio hipócrita, Shawn – murmurou Mick.
Shawn nem lhe respondeu.
- O que você acha que é, Mick? – interrompeu Corey, quebrando um clima meio tenso. – O tal cara?
- Eu diria que pelo físico é uma mulher, mas sabemos que mulher até o Joey pode ser com essa descrição tosca...
- Como é? – fiquei fulo com o comentário daquele monstro.
- Erm... – continuou Mick – Se levar em consideração a voz e a postura ao cantar, a coisa fica bem mais masculina.
- E qual seria sua conclusão? – perguntou Sid, desconcentrando-se de sua partida com Craig.
- Eu posso estar errado, mas pra mim é um homem. – respondeu Mick, cruzando os braços. Calamos-nos de vez.
Mick Thomson tinha muita moral para se discutir com ele, por isso, acreditei em suas palavras.
Aquela máscara negra de pierrot, tão sombria e desconcertante... Só os lábios à mostra.
Aquela voz... Intensamente raivosa.
Eu não sei por que, mas sentia-me quase desapontado.
***
Conspirator Poison
- Cena 8 – Solemn Hypnotist -
Enfim eles pareciam ter recuperado a energia de antes.
E não levamos bronca do Sam, um bônus.
A chegada daquele convite apagou qualquer transgressão de outrora.
- Chainsaw Awards, tem certeza? – Dalton permanecia incrédulo com a notícia.
- É, panaca! – disse Leidan, que sempre era grosseiro mesmo quando tentava ser agradável – Tá vendo esse símbolo, não ta? CHAINSAW AWARDS!!!
- Não devíamos ficar tão exultantes. – interrompeu Jason, encarapitado no sofá e lendo um livro de psicologia – Não ganhamos nada ainda.
- Pare com esse pessimismo, Jason – ralhou Sam, ajeitando seus óculos de aro fino na ponte do nariz – É a oportunidade perfeita para turnês gigantes e...
- Com sessão de autógrafos? – cortou-o Leidan com uma interjeição de nojo – Tô fora.
- É o preço da fama, garotos! – exasperou-se Sam.
- Que clichê ridículo... – disse friamente. Aquela expressão de visionário de Sam deixava-me com ânsias às vezes.
Decidi sair do quarto e tentar respirar outros ares.
- Aonde vai, Alex? – Michael chamou-me em vão.
Nunca adiantava levar adiante discussões cômicas como aquelas.
Fui para o salão de jogos de hotel. Estava tendo uma festa lá, e o barulho não chegava aos meus ouvidos. O ar era entorpecente e eu inalava-o em um ritmo devagar, como se não percebesse mesmo o lugar onde eu tinha parado.
Joguei-me em uma bergère no canto do salão. Ao lado, em um espaçoso sofá, dois homens se beijavam ardentemente. Olhei-os, sem nenhum interesse.
- Você faz parte da diversão, rapaz? – uma mulher de aspecto rico pegou pelo queixo. Ela usava um vestido comprido e brilhante, tomara-que-caia e tinha olhos penetrantes, embora um pouco bêbados – O que acha de vir ao meu quarto um pouco, hein?
Isso era bem mais cômico. Acontecia com uma freqüência que me assustava.
Mulheres... E homens também.
Tentando me levar para o “mau caminho”.
Só que eu já estava lá.
A mulher rica cambaleou alguns centímetros e eu a sentei na bergére. Ela me olhou maliciosamente.
- Por que não tira essa máscara, querido? – eu podia sentir o cheiro de uísque no hálito dela.
- Tenho os meus motivos. – e foram as poucas palavras que trocamos.
Aquele não era o ar que eu queria respirar.
Definitivamente.
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