_ Não acha melhor ir ao médico?! – essas palavras se repetiam na boca da Selena durante a semana inteira. É já havia se passado uma semana depois da bela surra na minha professora favorita (ironia). E as coisas não estavam sendo nada fácil! Pra começar ajudar a Claire no que ela precisar era terrível, ela me fazia de empregada por todos os cantos. Coisas simples como pegar um copo d’agua ou ajeitar os cabelos, ela me obrigava a fazer.

Em segundo ficar perto do Ian em sua sala ajudando-o com a programação de suas aulas era torturante. Mal nos olhávamos ou falávamos algo que não fosse haver com sua matéria. E a cada vez que nossos olhares vacilavam em se encontrarem eu sentia vontade de beija-lo e depois mata-lo.

E por ultimo meu braço não cicatrizava e nem ao menos parava de doer. Os cortes pelo menos já deveriam ter criado aquelas casquinhas nojentas de quando estão se curando, mais ele continuavam frescos e avermelhados, como se eu houvesse me machucado ontem.

_ Está começando a feder! – Selena continuara dizer sentada ao meu lado no sofá da sala, enquanto eu mudava incontrolavelmente o canal da TV.

Suspirei cansada e a encarei, interrogativa:

_ Feder? – perguntei com um olhar levemente irritado.

_É. Seu braço está começando a feder a carne podre! – ela respondeu observando meu braço que eu acabara de enfaixar novamente.

Eu não respondi nada. Talvez o cheiro que ela sentira fosse de sua boca que só abrira para sair merda. Voltei a encarar a TV e a mudar de canal ignorando-a ali:

_ Não deveria estar curando? – ela perguntou se ajeitando no sofá.

_ Deveria. – respondi sem encara-la.

_ E porque não está? – perguntou.

Eu a encarei com um cara de dar medo em qualquer um:

_ Juro que se eu soubesse disse eu também me responderia. – respondi sorrindo irônica.

_ O Pietro já não deveria ter chegado? – oque houve com essa garota hoje?! Ela engoliu uma ficha de interrogatório?!

_ Sério que você quer bancar as irmãs unidas e bater um papo normal? – perguntei agora a encarando, totalmente irônica.

_ Não temos nada melhor pra fazer, temos? – perguntou cutucando as unhas com sua própria unha.

_ Eu tenho. Trocar de canais! – respondi e ela bufou irritada.

No fundo ela tinha razão. O Pietro já deveria ter chegado! Eram 22h45min da noite e ele havia ido numa farmácia 24 horas para comprar um remédio para meu braço. Ele era outro que insistia para eu ir ao medico, fora meus amigos, claro. E falando nele, olha ele ai:

_ Graças a Deus! Já estava achando que teria que ligar pro FBI. – falei me levantando do sofá e pegando a sacola em sua mão.

_ Só mais essa cartela e se nada resolver vamos ao medico, ok? – ele disse se referindo ao remédio dentro da mesma e assenti.

_ Já pensou em ter que amputar o braço? – Selena abriu a maldita boca e recebeu olhares nada agradáveis da minha parte e da do Pietro também.

Suspirei cansada de tanta merda que saia daquela boca e fui até a cozinha, tomei uma pílula do remédio com agua e subi para meu quarto. Era melhor eu dormir do que sem querer querendo fazer a Selena engoli a si mesma. Fechei a porta do meu quarto e cai de cara na cama.

Eu merecia uma irmã menos idiota do que eu mesma!

***

Na frente do espelho eu observava minha roupa e ajeitava a saia um pouco amarrotada. Retocava o batom vermelho e abaixava fios de cabelos insistentes á levantarem. A faixa em meu braço já virara parte do meu acessório de roupa, não tinha como esconder que eu odiava isso e amaldiçoava o Ian todos os dias de minha bela vida. Colocara minha bolsa sobre o ombro, jogara meu remédio dentro da mesma e pegara meu celular extremamente com a bateria fraca, esqueci-me de carrega-lo.

_ Bom dia! – falei sem animo me sentando á mesa onde estavam meus irmãos. Pietro sorriu como resposta, pois estava de boca cheia e Selena voltou a ser a irmã mal educada e não respondeu, nem sorriu.

Tomei meu ultimo gole de café e ouvi a buzina estridente do Toyota do Benson soar em frente á minha casa. Levantei-me e fui até o mesmo.

_ Hudson e sua bela faixa fashion! – Emily disse rindo debochada assim que adentrei o veiculo e foi acompanhada pelo Charles.

_ Podemos ir? – perguntei ignorando-os.

No mesmo instante vi a outra Hudson adentrando o carro e se sentando ao meu lado, encarei confusa e depois encarei Emily de testa franzida:

_ Nem me pergunte. Ideia do gostosão aqui! – ela respondeu entendendo minha expressão e apontando para o moreno no volante.

_ Agora podemos ir. – ele disse ignorando nossa interrogação e dando partida ao veiculo.

***

Eu não entendi porra nenhuma hoje mais cedo. Carona para Selena?! Eles continuavam ficando?! Ou estavam mais sérios?! Ok... Chega de interrogações por hoje. Cansar-me antes de ajudar os meus professores queridos há destruírem meu dia não seria uma bela ideia, isso exigiria muito de mim hoje. Fora que agora todos meus amigos sabiam do meu rolo recém-acabado com o professor de espanhol.

Não pude esconder mais depois daquele dia de minha revolta e bela surra na professora, afinal ninguém bate em ninguém sem motivos, certo?! Foram oque eles disseram e os que já sabiam me ajudaram a contar.

Aulas de filosofia e sociologia juntas conseguiam ser pior que resolver cálculos com letras em matemática. O intervalo chegara mais rápido do que eu queria, ele antes era maravilhoso, agora gasto todo o mesmo ajudando a Claire ou Ian. Hoje a tarefa era encarar Ian. Claire não viera ao colégio hoje, pois não tinha aula em nenhuma das turmas. Caminhei quase morrendo para sala do mesmo e entrei sem ao menos bater. Vi seus olhos me secarem das pernas aos olhos, dos olhos as pernas e me aproximei da sua mesa.

_ Como posso ajuda-lo hoje, professor? – perguntei sempre dando ênfase na palavra professor.

_ O que está havendo com seu braço? – ele perguntou ignorando minhas palavras.

_ Juro que se eu soubesse lhe responderia professor! – repeti o ato.

_ Não precisa se dirigir á mim como professor a todo o momento. – ele disse me encarando com um olhar um tanto apreensivo.

_ Em que posso ajudar hoje, senhor James? – mudei as palavras mais continuei dando ênfase.

Ele suspirou cansado e irritado:

_ Pode separar alguns livros que fale sobre a cultura espanhola? – perguntou e assenti sorrindo falso. Eu não estava nem um pouco feliz com essa situação.

Fui até as prateleiras de livros ali na sua sala mesmo e foquei em procurar os livros por ele, pedido e ignorar o fato de a qualquer momento seus olhos encontrarem meu corpo de costas.

FLASH ON:

_ Já pensou na ideia de ficar preso por pedofilia e por estar se envolvendo com uma aluna?! – meu tom não era nem de ironia e nem de brincadeira. Um sorriso surgiu em seus lábios e sua cabeça foi até meu pescoço, sua mão envolvia minha cintura enquanto a outra era apoiada no armário.

_ Não... – senti sua respiração perto da minha nuca e aquilo foi de arrepiar. Seus lábios quentes tocaram minha pele e depois sua língua passara pelo lóbulo da minha orelha. _ Mais já pensei na ideia de ficar preso contigo em um lugar único. – malicia em suas palavras e sensualidade em seus toques. Eu não resistiria fácil.

Seus lábios tocaram os meus e sua mão apertara minha cintura. Minhas mãos que seguravam em seu peito subira para seu pescoço e enlaçou o mesmo. Sua língua tomara conta da minha boca e ao ritmo que estava indo acabaríamos em cima da mesa sem nada. Sua mão ainda era apoiada no armário e a outra que estava na cintura agora sentira meus cabelos na nuca. O medo já não estava mais em mim, só o desejo.

FLASH OFF:

E nessa minha lerdeza, nessas minhas lembranças, nesse meu vacilo. Distrair-me do que estava fazendo e sem que ao menos tivesse o tempo de desviar-me, livros caíram sobre minha cabeça e meus braços.

_ AI, CARALHO! – gritei ao sentir a dor em meu braço enfaixado. Essa porra nunca vai curar, eu o machuco toda hora.

Senti mãos tocarem minha cintura e me virarem para posição oposta. Encontrei seus olhos com expressão preocupada e suas mãos seguiram para meu braço:

_ Machucou? – ele perguntou encarando meus olhos e eu pisquei os mesmos acordando do transe.

_ Mais do que já está machucado?! – ironizei.

_ Porque não vai ao medico? – perguntou alisando o meu braço.

_ Não acho necessário. – respondi puxando meu braço de suas mãos e me afastando. Meu coração pedia para saltar fora do meu peito.

_ Pois eu acho! – ele disse indo até sua mesa e pegando seu casaco.

_ Você não tem que achar nada. A vida é minha e eu só estou aqui por punição. – respondi ríspida me abaixando para catar os livros no chão.

_ Não me importa. Você vem comigo! – ele disse pegando meu braço não machucado e me puxando para ficar de pé.

_ Não vou á lugar, NE... – eu fora interrompida percebendo que já estava sendo puxada pelo mesmo para seu carro no estacionamento do colégio.

Ele me obrigou a entrar no veiculo e depois fechou a porta. Adentrou e deu partida no mesmo.

Eu o amaldiçoaria pelo resto da minha vida! Seu idiota.

– E meio a esse mar de sentimentos, estou me afogando.