Era uma sensação maravilhosa, talvez a melhor que já sentira em toda a vida. Cada beijo, cada toque, firme, decidido, experiente e respondia a cada um deles com suspiros ou gemidos baixos. Odiava admitir, mas além Dele saber exatamente o que estava fazendo, ela estava caindo com um patinho. Onde estava sua força agora? Sua autoridade? Provavelmente ficaram junto das roupas no chão. Talvez estivesse à beira da loucura naquela cama enorme com um antigo e exagerado dossel com tecidos de veludo vermelho, as cenas mais pareciam vistas dentro de um lago, todas falhadas e não contínuas. Como se não bastasse, seus membros não a obedeciam, em vez de empurrar, afastar, agredir, ou qualquer coisa sensata, o servo apenas o respondia, cravava as longas unhas nas costas ou peito frio dele.

Seu servo adorava provocá-la, mas dessa vez estava pior, sabia perfeitamente seus pontos fracos. Segurou a coxa direita com uma das mãos enquanto brincava com carne quente do pescoço de sua amante, encaixou um dos joelhos frios no vão entre as pernas da Hellsing que arqueou o corpo colando-o no dele e fazendo-a soltar um gemido mais alto do que os anteriores. Ele riu com a reação da mulher, não esperava menos. Aventurava-se pelo colo da loira, distribuindo beijos e lambidas sem se incomodar com o cordão de ouro branco que sustentava um generoso pingente de brilhantes e granadas vermelhas em forma de pequenas e delicadas gotas.

Gemeu mais alto quando ele forçou sua entrada, calou-se mordendo o lábio inferior fazendo correr um fino fio de sangue. A atenção de Alucard, que outrora era dedicada aos seios da outra, direcionou-se, imediatamente, para o líquido vermelho rubro. Lambeu a ferida sugando as poucas gotas com extrema avidez, como se fossem as últimas gotículas do elixir dos deuses. Tratou de acelerar os movimentos de entrada e saída enquanto Integra puxava-lhe o corpo para mais perto. Quando a ferida não mais fornecia o fluido que queria enfiou o rosto no vão do pescoço da mulher. Integra gritou de inesperada dor agulhante em seu pescoço, tentou afastar o vampiro, mas suas mão femininas tinham sido presas pelas masculinas. Sentia o sangue sair de seu corpo e sua visão ficava cada vez mais embaçada até o breu tomar-lhe.

Segundos depois o branco gesso do teto podia ser visto. Levantou-se da cama levando a mão ao pescoço assustada. Desacelerou o coração ao notar0lhe intacto. Agradeceu aos céus por aquilo ser só um sonho. Nunca ter acontecido, ser apenas fruto de sua mente que sofria com a falta de sono. Suspirou voltando a deitar-se com o braço sobre os olhos. Precisava esquecer isso de alguma maneira. Se esse tipo de sonho caísse em mãos, ou melhor, mente errada, teria vários problemas. Gemeu insatisfeita com o som de batidas na porta.

“Já é dia, Senhora” Walter entrou, sem muita cerimônia, carregando uma bandeja.

“Como seu eu não tivesse notado o sol quente entrando pela janela” Resmungou na mesma posição.

“Pelo visto não teve uma boa noite de sono” O mordomo parecia divertido. Apoiou a bandeja no criado mudo e estendeu a xícara de chá preto para a mulher que aceitou com facilidade “Encontrei o que me pediu ontem à noite” Comentou enquanto Integra bebia do líquido quente “Tem certeza sobre isso, Sir?” Estendeu um par de chaves para a mulher.

“Tenho” Depositou a xícara no pires que segurava com a mão esquerda e pegou as chaves com a direita.

“Posso eu mesmo procurar para a senhora” O mordomo tentou outra vez.

“Não, eu o farei” respondeu colocando os óculos.

Cerca de três horas depois a Hellsing estava perante uma grande porta de madeira perfeitamente envernizada. Colocou a chave na fechadura girando-a duas vezes para destrancá-la. Aquele quarto parecia parado no tempo em relação ao resto da mansão. As janelas e as cortinas estavam fechadas, há quantos anos aquele quarto estava trancado mesmo? Não importa. Escancarou as janelas para renovar o ar da sala. Abriu um dos armários de carvalho antigo, tirou de lá um baú mediano e um tanto pesado. Apoio-o na enorme cama de casal onde vira adoecer e falecer sua mãe e tão pouco tempo depois seu pai. Dentro do primeiro baú havia um segundo, acompanhado e milhares de papéis de diferentes cores, tamanhos e temas. Sentou-se à penteadeira com o segundo baú em mão, antes de abri-lo revirou os olhos.

“Não deveria estar dormindo lá embaixo, onde minha paciência não é afetada?” resmungou sentindo a presença de Alucard desgrudando de uma das paredes.

“Escutei essa porta sendo aberta e é claro, não pude conter-me de curiosidade” Riu com sarcasmo “Não sabe que não se deve ressuscitar fantasmas do passado, Sir Hellsing?” Se aproximou enquanto ela mexia no conteúdo da caixa de madeira que não lhe pareceu interessante “O que procura?” Tentou de novo depois de ser ignorado pela terceira vez.

“Não é assunto seu, Alucard” sentiu-o aproximar-se mais.

“Mas se me disser o que quer posso ajudar-lhe a encontrar, assim não terá que ficar aqui por muito tempo” pareceu justo, mas não obteve resposta. Algo lhe chamou a atenção dentro da antiga caixa de jóias repousada, há anos, na penteadeira. Abriu o tampo de vidro retirando de dentro um excêntrico colar.

Integra que o ignorara até agora em sua busca dirigiu o olhar, espantado, para o colar. Aquele pingente chamativo brilhava em seus olhos azuis e fazia reflexo nos óculos. O Vampiro notou, curioso, a reação da moça, claro, agora queria descobrir por quê. Caminhou envolta da cadeira onde a mestra estava.

“Muito bonito esse, era de sua mãe?” ficou de frente para as costas da mulher “Poderia usá-lo algumas vezes”.

A loira engoliu em seco e encarava o colar de granadas vermelhas como se tivesse saído do inferno. Observou, pelo espelho, Alucard colocar-lhe a jóia no pescoço. Quando sentiu o gelado do fecho do cordão de ouro branco tocar-lhe a nuca levantou-se imediatamente e praticamente correu a distância até o primeiro baú na cama.

“Não tenho tempo para ver jóias, Alucard, tenho que encontrar o que a Rainha quer ainda essa tarde, então se puder para de me atrasar...” sentou-se à beira da cama revirando os papéis. Passava os olhos rapidamente neles, mas demorou-se em um, uma foto muito antiga em específico. Era a foto do casamento de seus pais, um beijo em uma colina, ao pôr-do-sol. Integra virou a foto e em seu verso havia um escrito. O caro leitor pode achar tal cena demasiado brega, mas deve lembra-se que há tantos anos aquilo era o máximo da moda entre casais.

Alucard quebrou os devaneios da mestra ao tira-lhe a foto das mão.

“O melhor beijo é o mais quente..” Leu em voz alta enquanto Integra tentava recordar quando que a distância entre os dois se tornou tão pequena novamente.

“Isso não lhe faz respeito, vampiro, desapareça antes que vire uma peneira ensangüentada” Arrancou-lhe a foto das mãos.

“sabe, eu adoraria testar essa teoria” foi a última coisa que a mulher ouviu antes de ser empurrada contra o colchão.

Protestou durante os dois primeiros segundos do encontro de lábios, mas quando este foi ficando mais intenso e mais exigente acabou desistindo de lutar. Estava com aquela sensação de novo, aquele fervilhar em seu interior que só aumentava conforme o homem caminhava com as mãos frias por seu tronco. Estava quase cega outra vez, nem notara quando todos os botões de sua camisa foram abertos. Segurou com força os cabelos negros enquanto o dono deles alisava suas costas e descia os beijos até a clavícula e o inícios dos seios, passando por cima da jóia como se ela não valesse nada se comparada com o que vem a seguir. Antes que ele pudesse chegar à parte que lhe era conveniente foi puxado pelos cabelos e guiado até os lábios inchados. Não demorou a retomar os caminhos da exploração do corpo feminino.

A fria Hellsing parecia ser aquecida a cada toque, não conseguia reprimir parte dos suspiros e sua respiração estava oscilante. Um arrepio percorreu-lhe a espinha quando as caricias foram direcionadas para seu pescoço, estava começando a cogitar um “foda-se” a tudo e entregar-se ali mesmo, com ou sem seus ancestrais contorcendo-se em seus túmulos. A lembrança provocada pelo roçar das presas de seu servo em seu pescoço desprotegido a assustou o suficiente para empurrá-lo. Mesmo não querendo admitir Alucard não entendeu a reação inesperada. A mestra estava ofegante e o servo intrigado, ela terminou de empurra-lo para o outro lado da cama.

“Já chega” Disse autoritária abotoando, rapidamente, a camisa e querendo sair daquele quarto o mais rápido possível “Teve muito mais do que um beijo dessa vez”