POV Caroline Stair

Não tem nada melhor do que remar um barco com sua melhor amiga, num lago de uma escola mágica, enquanto duas garotas de 11 anos nadam atrás de nós. Nada mesmo.

Quando os barcos pararam, Hagrid nos mandou sair.

- E QUEM DISSE QUE VOCÊ MANDA EM MIM?!!! - Berrou algum engraçadinho.

- QUEM FALOU ISSO?!!! - Ai, não grita, seu barbudo! Lá porque você é surdo não quer dizer que eu seja!

E eu, como sou uma pessoa de paz, decidi resolver tudo como faço sempre: encurtando tudo e culpando a Carollyn, porque é para isso que servem as melhores amigas.

- FOI ELA!!! - Gritei, apontando para Carollyn que tomava um cochilo no barco.

- Hã, o quê? - Perguntei ela, abrindo um olho. - Ah, sim, pois, me deixa dormir, sua vadia.

Hagrid abriu a boca para falar mas, nesse momento, um dinossauro de vestido abriu a porta do castelo e todos se viraram como num filminho de terror ( menos Carollyn, que ainda estava tentando dormir no barco ). Quando nos aproximámos vi que o dinossauro era uma mulher: uma mulher mais velha do o mundo. Só uma pista da idade aproximada dela: quando Cristo nasceu, aquela mulher já era velha.

- Hagrid, esses são os novos alunos? - Perguntou ela. Não! A gente está aqui para avisar que os novos alunos ainda não chegaram!

- Sim, prof. McGonagall. - Responde Hagrid, me empurrando a mim e a Carollyn para dentro do castelo. É apenas uma impressão minha ou ele quer se livrar de nós? O que a gente fez?! Apenas atirámos duas alunas do barco, somos assim tão más? - Leve essas duas primeiro, por favor! Eu imploro!

McVelha nos olhou, desde meu cabelo ruivo à jaqueta de couro preto de Carol. Impressão minha ou ela acha que ruivos são barraqueiros? Não. Todos acham os ruivos pessoas lindas, fofas e adoráveis.

- Me sigam, alunos. - Ordenou a McVelha. - Eu sou a professora McGonagall.

NÃO!!! SEU NOME É McVELHA!!!

- Nossa, que irado, eles têm a mulher mais velha do mundo... - Sussurrou Carol, ainda meio dormindo.

- É, né. - Concordei. - Se esta escola também tiver macarronada, eu vou dançar de felicidade. Talvez até matar uma vadia ou duas...

- Se sobrar tempo, talvez conseguiríamos explodir uma torre ou outra deste castelo...

Nos rimos de nossa própria piada que não era bem uma piada, pois sabíamos bem que éramos capazes de explodir aquele castelo até apenas sobrarem duas criaturas FA-BU-LO-SAS ( lê-se: nós duas )

Fomos todos levados até um salão, onde a velha nos mandou ficarmos apresentáveis para uma selecção e foi embora.

Abanei a cabeça, ofendida.

- Como se eu já não estivesse sempre linda e brilhosa! - Exclamei, atirando o cabelo para trás com toda a minha fabulosidade. - Esse dinossauro não é nada sensível, né?

As irmãs Volant ( Volant ao volante, perigo constante ) se aproximaram, pingando água para o chão. Que falta de educação! O que a faxineira de Hogwarts vai dizer do chão estar todo molhado?! É oficial, tem de levar soco no meio da fuça de vadia u.u

- Suas... suas... - Gaguejou Melanie, tremendo de raiva.

- Suas divas, maravilhosas, lindas, diwosas... - Completou Carollyn. - Eu sei, eu sei...

- Nossa sessão de autógrafos está sendo marcada, queridinhas. - Disse eu.

As pequenas vadias foram embora, tentando tirar a água dos cabelos e das roupas, inutilmente, já que tinham vindo nadando até Hogwarts. Eita, esta escola tem um acesso difícil, realmente!

Julia se virou para falar connosco mas começaram a surgir fantasmas das paredes e ela saiu para o pé da irmã.

- Fantasmas. - Falou Carol. - Irado.

- Isso é iradamente irado a um nível de 8 na Escala da Iradice. - Corrigi.

- Exacto.

Dez minutos depois, fomos chamados para o Salão Principal e foi meio ridículo porque... Cara, eu tenho 16 anos, parecia uma adulta comparada com aqueles pirralhos!

Mas o Salão era espectacular. Tinha 4 longas mesas, uma azul, uma vermelha, uma verde e uma amarela, o tecto tinha estrelas ( pois estava encantado para isso ) e uma grande mesa tinha os professores mais estranhos do mundo: o mendigo Dumbledore, o batman, um anão, uma mulher que parecia um gnomo... Enfim, já devem ter percebido que Hogwarts parecia um circo de aberrações.

Dumbledore olhou para nós e quando viu que eu e Carol não tínhamos ficado em Londres, parecia que ia chorar.

Estou me sentindo tão amada!

McVelha botou um banco de três pernas ridículo com um chapéu todo remendado em cima e sacou de uma lista. Aquele chapéu parecia ter sido atirado da torre mais alta do castelo, pisoteada, triturada e cosida com uma agulha torta. Quem quer que usasse aquilo iria parecer um mendigo fantasiado de bruxo.

Então, o chapéu meio que abriu uma.... " boca "... e começou a cantar.

Não ouvi bem a canção, porque me comecei a lembrar do que lera no meu exemplar de " Hogwarts: Uma História ". Aquele era o Chapéu Selector, que escolhia para que casa nos íamos: Corvinal, Grifinória, Lufa-Lufa ( o que é isso, alguém bufando de modo estranho ) e Sonserina. Oh, e também não ouvi porque as canções costumam sugerir harmonia entre as casas e falar isso para um Conjurador das Trevas é o mesmo que me dizer para não brilhar mais que o sol: não surte efeito.

Carollyn estava olhando o chapéu como se ele tivesse vindo montado num dragão e dançando Cher Lloyd.

- Você abriu seu livro de história sobre Hogwarts? - Sussurrei. - É que esse chapéu era mencionado.

- Meu livro de quê sobre o quê? - É, acho que sou a única Conjuradora das Trevas que abre seus livros antes da escola.

Voltei a mim quando o Chapéu parou de cantar.

- Quando eu chamar seus nomes, se sentem e coloquem o chapéu. - Ordenou. Hunf! Mais uma que pensa que manda em mim! Já teve o Hagrid e agora vem esta! Será que ninguém entende que eu faço o que eu quero, quando eu quero se não tiver demasiada preguiça de me levantar do sofá?!

Eu fiquei boiando pelos primeiros nomes até a velha gritar:

- Barton, Carollyn! - Pronto, não gritou, mas ficava mais dramático se ela gritasse e depois o Salão caísse num longo silêncio e trovões soassem ao longe.

- DEIXEM A DIVA PASSAR!!! - Berrou a drama queen, mandando beijos para seus inexistentes fãs. É para rir ou para chorar?

Carol se sentou e botou o chapéu, ficando parecendo uma mendiga fantasiada de bruxa. Minha teoria se mostra certa: quem quer que bote aquela coisa na cabeça fica parecendo um/a mendigo/a no Halloween!

O chapéu ficou um pouco na cabeça dela até berrar para todo o mundo:

- SONSERINA!!!

Eu sempre soube que ela era uma sonsa.

Carol se levantou, tirou o chapéu de mendiga da cabeça, e foi divando até uma mesa verde e prateada com uma cobra por cima. Esses bruxos são maliciosos! Varinhas, cobras... Eu estou estudando numa escola para ninfomaníacos!

A Selecção continuou e mais pessoas foram para a casa da cobra, Sonserina ( qual será o lema deles: Venha na nossa casa, tem muita cobra ) e outras foram para uma mesa vermelha e dourada com um leão ( eles deviam rasgar as roupas das pessoas com as garras antes... daquilo ), mais algumas para uma amarela e preta com um texugo ( que mais parecia uma doninha, aqueles devem ser os que fazem o cheiro do banheiro ). Mas a que me chamou mais a atenção foi a casa azul e bronze, com uma águia.

Quer dizer, lá todo mundo estava lendo e era a única que não me fazia lembrar ninfomaníacos ou banheiros.

Voltando para a Selecção, eu estava começando a pensar porque raios nunca mais chegávamos na letra "S" quando, graças a Deus, Merlin ou quem quer que estivesse me ouvindo, McVelha anunciou:

- Stair, Caroline!

Fiz meu famoso meio-sorriso, que deixa uma covinha desdenhosa na bochecha direita e desfilei até ao banco. Coloquei o chapéu e fiquei esperando até que...

- Hum... Você parecer ter um pouco de todas as casas, pelos vistos... - Ah, bolas! Eu acho que aqueles doces do trem eram maconha, eu estou tendo alucinações!

- Um chapéu falante... Hummm... Deve ter algum tipo de feitiço, e deve ter sido escolhido por ser especialmente curvado para a frente, formando uma boca e...

- Cale a boca. Dispenso sua apresentação acerca de chapéu, sua amiguinha parente de um dos Vingadores me avisou que você iria começar a tagarelar sobre coisas inúteis. - Autch. Eu também tenho sentimentos, Carollyn!

- Ok, ok... Espere, como um chapéu sabe o sobrenome de um Vingador da Marvel?!

- Eu tenho meus contactos, honey.

A essa altura de nossa conversa, eu já estava pensando em me atirar do telhado do castelo. Então, ele é um chapéu mágico falante, que canta, fala, pensa e assiste os Vingadores. Desisto desta vida.

- Então, para que casa eu vou?

- Sua mente é aguçada e você é bela, enigmática e inteligente. Tal como Rowena Ravenclaw. Por isso, sua casa será a...

- CORVINAL!!! - Pô, tinha de berrar no meu ouvido?

Me levantei, com toda minha diveza, e desfilei até a mesa azul e bronze. A maioria das pessoas me olhou, como se fosse estranho uma garota como eu ser considerada inteligente. Eu dei a mesma importância de sempre: me sentei, peguei o livro mais próximo e comecei a ler.

- Desculpe. - Falou uma garota de feições asiáticas e cabelos negros. - Tem a certeza que está na mesa certa?

Fechei meu livro e cruzei os dedos.

- Depende. O chapéu disse Corvinal. Corvinal é uma palavra parecida com corvo. Corvo é uma ave. Por cima da mesa tem uma águia. A águia é uma ave. Por isso, sim, esta é minha mesa. - Assim que a garota abriu a boca para contestar, eu baixei ligeiramente meus óculos escuros para ela ver meus olhos dourados. - Tem algum problema?

Como todo o mundo que olha nos olhos de um Conjurador das Trevas, a garota se encolheu. Recoloquei os óculos e voltei para minha leitura.

E fiquei lendo até notar um garoto me olhando.

- Desculpe. - Falou ele, quando me viu arqueando as sobrancelhas. - Eu sou...

- Atenção alunos! - Falou Dumby, se levantando. O garoto se encolheu e eu revirei os olhos. Pelo amor de Deus, parece que eu o podia matar... Oh, esperem, eu podia. - Sejam bem-vindos a mais um...

- VELHO, PORQUE SUA MÃO ESTÁ ASSIM?!!! - Gritou Carollyn, com toda sua subtileza e delicadeza, se colocando de pé na mesa da Sonserina. Os alunos da casa da cobra esconderam a cara nas mãos.

Na verdade, a mão do mendigo parecia morta, toda escura e com feridas. Eca.

- Menina Barton! - Exclamou McVelha.

- EU ESTOU SÓ FALANDO A VERDADE, SUA VELHA!!!

- VOCÊ ME CHAMOU O QUÊ?!!!

Revirei os olhos, voltando a atenção para meu livro. Este vai ser um longo ano lectivo.