POV. Carollyn Barton

Olha, essa McVelha é muito chata. Ela sabe que é velha e não quer que eu fale? Enfim...

Enquanto Gandalf fazia seu discurso sobre como Frodo salvou a Terra Média, eu fiquei tamborilando os dedos na mesa e cantando Sweet Dreams na minha mente.

– Dá para parar com isso? – perguntou uma garota sentada do meu lado. Ela parecia um buldogue. E um buldogue feio, por sinal.

– Não – e continuei tamborilando os dedos na mesa.

– Pare com isso! – ela exclamou – Quem você pensa que é?!

Olhei bem para aquela cara de buldogue e dei uma risadinha desdenhosa, a marca registrada das Conjuradores das Trevas.

– Eu sou Carollyn Barton, e você, Srta. Buldogue, quem pensa que é? – respondi.

– Eu sou Pansy Parkinson.

– Desculpe, você disse que seu nome é... PANÇA PARKINSON?!! CARA, SEU NOME É PANÇA!

– É PANSY PARKINSON, SUA ANTA!

– Pansy, Pança... É tudo o mesmo, Pança.

E então chegou a minha parte favorita do dia depois do almoço: O jantar. O jantar estava até gostoso, mas a sobremesa não. Sabe por quê? Porque não tinha Nutella. Ainda bem que eu sempre carrego um pote de Nutella comigo, pena que o meu pote para emergências está na mala.

Sabe, a minha relação com a Nutella é igual a relação da Carol com a macarronada. Quando eu era linda e pequenina Sirena, eu comia Nutella enquanto mandava as pessoas pularem de penhascos. Ah, bons tempos!

Depois do jantar, acenei para Carol e segui o monitor da Sonserina (fui mandada para a casa dos pervertidos!) em direção a Sala Comunal dos ninfomaníacos.

– A Sala Comunal da Sonserina – explicava o monitor enquanto andávamos – é a mais luxuosa de Hogwarts, pois Salazar Slytherin era o bruxo mais rico da época da fundação da escola. Nossa Sala Comunal fica nas masmorras e...

– NÓS SOMOS PRISIONEIROS? EU NÃO FIZ NADA! – berrou um engraçadinho – SÓ ABRO A BOCA NA PRESENÇA DO MEU ADVOGADO!

– Cala a boca, garoto – mandou o monitor irritado.

Mas o garoto começou a gritar pela mãe, chorar e espernear. Ninguém conseguia fazê-lo ficar quieto. Aquilo me irritou muito.

– Escuta aqui – apontei para ele – Se você der mais um grito, chorar ou voltar a espernear, eu te dou de comida para a Lula Gigante, entendeu?

O garoto parou de chorar e assentiu trêmulo. Todos me encararam impressionados.

– O que foi? – joguei o cabelo para trás – Nunca viram uma garota extremamente bonita e sexy ameaçando alguém? Circulando, gente, circulando!

O monitor continuou nos guiando até a Sala Comunal, ele disse a senha para uma parede de pedra (A senha é “Grande cobra”. Certo, sonserinos são realmente tarados) e nós entramos. Era realmente muito bonito; uma longa sala com paredes de pedra, lâmpadas verdes circulares pendendo do teto, mesa de estudos, duas portas que levavam aos dormitórios e poltronas de veludo. Sinta a riqueza.

Eu estava observando a Sala Comunal quando uma sereia passou pela janela.

– ARIEL! – exclamei – EU SABIA QUE SEREIAS EXISTIAM! CHUPA ESSA, CIÊNCIA! OLHA LÁ, PANÇA, É A ARIEL!

– Ela não é ruiva para ser a Ariel – respondeu Pança revirando os olhos.

– É, mas... Espera, como você sabe sobre um desenho trouxa?

– Tenho meus contatos.

Cheguei mais perto da janela e percebi que não eram janelas. Eram somente vidros que davam vista para o fundo do Lago Negro. Fala aí se a Sonserina não é demais?!

Os alunos foram subindo todos para seus respectivos dormitórios, mas eu decidi ver o amor da minha vida. Abri a minha mala, peguei-o e dei-lhe um beijo. Eu não posso viver um dia sem ti... Nutella.

Coloquei o pote sobre a mesa, virei de costas para pegar uma colher e quando olhei de novo... A NUTELLA TINHA SUMIDO! Olhei ao redor e vi um garoto de costas segurando a minha Nutella.

– SOLTA ISSO, SUA VADIA! – gritei jogando um pente (foi a primeira coisa que eu achei, oras) no ladrão.

O garoto me olhou e meu coração disparou. O garoto tinha olhos cinzentos, cabelos loiros e pele pálida. Isso só pode significar uma coisa...

– Oh Meu Merlin – ofeguei – TOM FELTON?!

– Ér... Não – respondeu o garoto.

Não é o Tom Felton e está roubando minha Nutella? Okay, hora de matar.

– Sou Draco Malfoy – ele informou.

– EU NÃO IA LIGAR SE VOCÊ FOSSE O OSAMA BIN LADEN! SE VOCÊ NÃO SOLTAR ESSE POTE DE NUTELLA AGORA, EU TE MATO, GAROTO! – gritei – SÓ O MEU MARIDO TOM FELTON PODE FAZER ISSO!

Ele se encolheu e me entregou a Nutella. Abri o pote e comecei a comer meu doce tranquilamente. Malfoy ficou me encarando.

– O que é? – perguntei.

– Tenho três perguntas – ele disse – Qual seu nome?

– Carollyn Barton. Mas me chame de Diva Suprema do Universo.

– Porque você está de óculos escuros de noite num ambiente fechado?

– Não te interessa.

– Me dá um pouco de Nutella?

– Não.

Ele fez um biquinho.

– Por favor – disse.

– Não. Vai dormir, garoto – mandei dando outra colherada no pote.

Ele bufou e subiu as escadas do seu dormitório. Depois de alguns minutos, guardei a minha Nutella na mala, subi para meu próprio dormitório, coloquei meus pijamas e dormi calmamente.

Mas sabe quando você sente que tem algo de errado com a ordem natural do universo? Eu senti isso. Abri os olhos, tirei lentamente minha máscara de dormir, olhei para a minha mala no pé da minha cama e vi uma figura nas sombras.

– AHHHHHH! – berrei – MERLIN ME AJUDA! QUE PORRA É ESSA? É A SAMARA! Espera... SAMARA, VOCÊ ESTÁ MEXENDO NAS MINHAS COISAS? EU VOU TE MATAR, SUA PROSTITUTA BARATA!

E pulei em cima da Samara. Saímos rolando, dei um jeito de ficar por cima e ergui o punho para dar-lhe um soco. Uma das minhas companheiras de dormitório ligou a luz e, bem, não era a Samara.

– Malfoy?! – gritei – O que você está fazendo, maldito?

– Ér... – ele pigarreou e deu um sorrisinho – Você sabe, eu vim...

– PERVERTIDO! – gritei – SEU NINFOMANÍACO! TARADO!

– O que? É você quem está em cima de mim! – exclamou ele.

Ah, isso é verdade. Levantei-me e olhei para a minha mala, estava tudo em ordem, menos...

– DRACO GODOFREDO MALFOY, EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ INVADIU O MEU DORMITÓRIO PARA ROUBAR A MINHA NUTELLA! – gritei – EU VOU TE MATAR, SEU FUNKEIRO FILHO DO NEYMAR COM A VALESCA POPUZUDA!

– Foi mais forte que eu! – ele abraçou a Nutella – Você não pode nos separar!

– MALFOY, ACHO BOM VOCÊ ME DEVOLVER ESSA NU...

– Espera – ele me interrompeu. Affs, quem ele pensa que é para me interromper?

Draco ficou de pé e me encarou, desconcertado.

– Seus olhos são... Dourados? – ele perguntou assustado. Ops.

– Não – falei – São lentes de contato.

– Você usa lentes de contato para dormir?

– Uso.

– Por quê?

– Escuta aqui, você invadiu o meu dormitório. Você não tem o menor direito de me fazer perguntas! – exclamei e disse com a minha voz de Sirena – Devolva a minha Nutella, Malfoy. E depois, suma daqui.

Obedientemente, ele me entregou a Nutella e saiu.

– E vocês – olhei para as outras garotas – Vão esquecer o que aconteceu aqui. Eu não tenho olhos dourados. E todas vocês são vadias. Boa noite.

Recoloquei minha máscara de dormir, deitei na minha cama, me cobri e – por precaução – dormi abraçada com a minha Nutella.

E olha que as aulas ainda nem começaram.