Capítulo 1:sonhando com ela

Uma bela garota de pele acobreada, olhos tão azuis como o céu, longos cabelos ate a cintura também azuis com algumas mechas loiras presas em uma trança, trajando um biquíni vermelho com uma canga branca presa na cintura e pés descalços, corria pela areia branca de Opassa Beach. Era de estatura pequena, corpo de traços delicados, em seu rosto carregava um ar de travessura e tinha por volta dos 15 anos. Ela para diante de um jovem e belo rapaz de uns 19 anos, também de pele acobreada e cabelos azuis, mas sem as mechas, o corpo forte e bem definido, trajava apenas uma bermuda azul marinho com alguns desenhos brancos e estava deitado de barriga para cima. Aparentemente dormia. Pequenas gotas escorriam de seu rosto e peito e sua bermuda estava molhada, sinal de que não fazia muito tempo que ele tinha dado um mergulho, suas coisas e os da garota estavam ao seu lado e em sua face tinha um “que” de sonho ruim. A testa estava vincada em um sinal de aparente preocupação. A menina começava a se arrepender de te-lo deixado sozinho e ido procurar conchas, sem falar que ficou um bom tempo procurando e não achou nenhuma concha bonita. Sendo assim que tinha voltado de mãos vazias.

--O que será que você estava sonhando Serge?—fala a garota se sentando ao seu lado acariciando o rosto do moço. —Seria com ela de novo?

E de fato ele estava sonhando. No sonho se via diante de um monstro horrível que queria matá-lo e matar a todos seus preciosos amigos, mas esses amigos que queria tanto proteger não tinham rosto e ele nem sequer se lembrava de seus nomes, mas sentia no mais profundo do seu ser que eram importantes. E por isso tinha que protegê-los, lutar por eles e pelo futuro deles e o mais importante, lutar e brigar com todas as suas forças por sua amada... Kid. Ou Skala, não importava o nome real dela, o que realmente tinha importância era que queria ficar ao lado da pessoa que amava. Afinal tinha passado os piores e os melhores momentos ao lado dessa energética garota loira, pois tinha salvado o mundo com ela, pra ela e por ela.

Mas ela simplesmente resolveu apagar a memória de todo mundo, ninguém se lembrava que tinha tido um papel importante e indispensável na salvação do mundo e ela tinha achado melhor assim, pois todos poderiam continuar suas vidas como se nada tivesse acontecido. Mas então por que o rapaz ainda se lembrava de tudo? Por que depois de apenas 2 dias todos seus “sonhos” se tornaram lembranças de um realidade que realmente aconteceu? Será que tinha a ver com o ovo do tempo que estava de baixo da sua cama ou era o amuleto da sorte que ela tinha lhe dado? Ele não sabia. Mas então uma lembrança ate então esquecida lhe veio no sonho, ele estava sozinho no espaço e via seu planeta dividido em dois se tornar um novamente e a doce voz de sua amada dizendo:

“Serge... não vá ainda, Serge! Está tudo bem. Tudo está bem agora!

O tempo, o qual foi dividido, será unificado novamente agora. A hora para despedidas chegou... você vai perder toda a memória de toda esta aventura e retornar ao seu próprio tempo. Mas desta vez, você vai ser capaz de viver a sua própria vida.

Sozinhos nós não temos o poder de curar os males do mundo, ou resolver estes mistérios. E ainda, mesmo assim... Foi absolutamente bom conhecer você, companheiro! Obrigado por "você” ter nascido, Serge.

Eu acho que agora é o momento de dizer "te vejo depois, companheiro!", Mas...

Eu vou te encontrar, em algum momento, em algum lugar... Eu tenho absoluta certeza!

Não importa o período de tempo, não importa o mundo em que você viver, eu vou te encontrar.

Tenho certeza de que... tenho certeza de que vou te encontrar...”

Logo após essas palavras ele ouve Gleen e Orla se despedirem dele, agradecendo tudo o que o rapaz tinha feito por eles e que do fundo de seus corações jamais o esqueceriam e então... nada. Sua cabeça foi esvaziada, todas as memórias como sonhos distantes e em seu coração a sensação de que alguma coisa tinha sido arrancado dele. Algo vital.

De repente o teor de seu sonho muda de lembranças para um vislumbre. Ele via uma escrivaninha de madeira iluminada por um belo abajur, alguns livros sobre ela, um quadro fora de foco, um tinteiro e um tipo de livro aberto que sobre ele tinha uma mão apoiada em uma das paginas e a outra segurava uma pena que escrevia rapidamente pela outra pagina. Mesmo em sonho seu coração começou a bater mais rápido quando ouviu uma voz, a doce voz dela murmurando:

“Assim, a cortina se fecha para outro conto. Uma eternidade se passou... sonhos fugazes desaparecem na distância... tudo o que resta agora sou eu e minhas lembranças...

Mas tenho certeza que vamos nos encontrar de novo, um dia eu e você... em outro lugar, outro tempo. É só nós não pudemos perceber que você é você e eu sou eu...

Vamos abrir a porta para o grande desconhecido. Depararmos com outra realidade. E viver outra vez o dia de hoje... mesmo quando a história foi contada, a vida continua ...

Até que nos encontremos de novo, cuide-se, meu amigo...

Para sempre sua, Schala “Kid” Zeal.”

Então tudo fica escuro e bem lá no fundo em escuta uma voz chamá-lo:

--Serge... acorda, Serge! Não é bom ficar deitado aqui por muito tempo!

--Eu vou te encontrar... mesmo que eu tenha que procurar em todo o mundo... algum dia, em algum lugar... tenho certeza de que ...—balbucia o rapaz antes de acordar completamente e se deparar com um par de olhos tão azuis quanto os seus encará-lo.—Huummm... oi Nozomi!

A garota sorri timidamente para ele e o ajuda a se levantar, pega as coisas do chão e segurando-as contra o peito pergunta:

--Oi... hã... sonhava com ela não é?

Serge sente o coração se apertar, mas com um gesto de cabeça afirma que sim, então com a voz em tom triste fala:

--Bem... você sabe... tem sido assim nos últimos 2 anos!—ele pega a camisa preta dos braços dela e veste —Você ta comigo desde o começo desses sonhos. Hunf! Lembro como se fosse ontem, tava caindo a maior tempestade em Arni e você apareceu no restaurante do Orcha pedindo lugar para ficar apenas aquela noite. Eu não esperei ninguém se prontificar e já tinha falado que você podia dormir em casa, nem sabia o que minha mãe ia achar disso.

Olhando diretamente nos olhos do moço, Nozomi diz sorrindo:

--Ainda bem que a tia Marge não ficou brava!

--É... ainda bem!—fala Serge carinhosamente enquanto tirava a franja da moça da frente dos olhos —E depois disso não te deixamos mais ir embora, afinal, tirando o nome você não tinha lembrança de mais nada e poderia começar do zero... ao nosso lado. Tornou-se minha melhor amiga e confidente, nem notei quando comecei a te amar como irmã e... sempre acreditou em tudo o que lhe contei sobre ela... sobre Kid e meu amor por ela. Nunca duvidou de mim e nem falou que era tudo um... sonho!

Arrumando a pequena mochila rosa nas costas e decidindo voltar de biquíni e canga para o vilarejo, ela pega na mão do rapaz e começando a caminhar, mas sem tirar os olhos dele, fala séria:

--Também te amo dessa forma Serge! E sabe por que nunca duvidei de você?—o vê negar – É porque é impossível olhar em seus olhos e não ver a verdade neles. Não acreditar que seu coração realmente se sente desse jeito! E sonhar com ela todas as vezes que fecha os olhos e falar que de algum jeito vai encontrá-la não importa o tamanho do esforço, que vão ficar finalmente juntos! Serge... não dá pra simplesmente imaginar um amor tão forte assim e nem amizades tão verdadeiras assim! Então por tudo isso, eu sei que tudo o que me contou é verdade!

Diante dessa declaração, Serge sente o coração mais leve e a puxa para um abraço e o gesto foi tão de supetão que a menina perde um pouco o fôlego, mas logo se recupera e o corresponde rapidamente. A cabeça de Nozomi batia no meio do peito de Serge que a abraçava tão forte que parecia que tinha medo que a encantadora menina desaparecesse, e intimamente era isso mesmo o que ele sentia. Tinha medo que a única pessoa que acreditava nele sumisse, tinha medo de nunca mais ver aquele brilho de percepção naqueles olhos azuis tão lindos e tinha medo do fato de uma pessoa que acreditasse naquela historia de frozen frame, devorador do tempo e universos paralelos sem provas alguma fosse um sonho de verdade.

--Cahãm... interrompo algo?—eles ouvem uma voz carregada de ciúme atrás deles — A dona Marge me mandou ver porque vocês estão demorando tanto pra voltar. Já ta na hora do almoço!

Sem se soltar de Nozomi, o rapaz levanta a cabeça e diz:

--Já estávamos voltando Leena. –se solta da menina, mas rapidamente a pega pela mão e caminha em direção a amiga recém chegada — Vamos então! Você sabe o que minha mãe fez pro almoço?

A moça ruiva de cabelos ate o meio das costas, pele clara, olhos tão verdes como folhas de uma arvore e usando um simples vestido ate os joelhos verde de alcinhas e nos pés sandálias brancas, responde com um meio sorriso:

--Não tenho idéia! Mas o cheiro que vinha da sua casa tava muito bom!

--Existe uma rachadura no tempo... —murmura Nozomi olhando por sobre o ombro em direção a praia.

E pouco antes de entrarem em Lizard Rock, Serge se vira para ela e pergunta:

--O que disse?

--Huum... nada!—fala a menina sorrindo de forma travessa e lhe mostrando a língua.

Diante daquele sorriso o rapaz simplesmente se derrete e se esquece rapidamente que ela tinha dito algo suspeito, passa o braço pelos ombros dela e ela pela sua cintura, mas Leena havia ouvido muito bem. E enquanto passava o braço pelo o do que o rapaz oferecia e voltavam para Arni, se perguntava sobre o que ela falava ou estava pensando. E do fundo de sua memória a ruiva sentia que algo queria ser lembrado.