Ela acordou naquela manhã e seguiu com a rotina de todos os dias, sem pensar no que estava prestes a fazer. Se vestiu, tomou seu café da manhã calmamente sem prestar atenção ao que estava comendo, isso não importava. Foi até o berço do filho e o encontrou já acordado, olhando fixamente para o móbile acima dele.

Assim que ele a viu, seu olhar se desviou para ela e um sorriso apareceu em seu rosto, fazendo-a sorrir também, mesmo sob as circunstâncias atuais. Ela não sabia o que era pior: pensar no quanto sentiria a falta dele ou no quanto ele sentiria a falta dela. Ao menos logo ele iria esquecê-la, enquanto o inverso nunca seria verdadeiro. Mas achou melhor não pensar nisso agora ou nunca faria o que deveria fazer. Pegou o menino no colo, o vestiu e o alimentou, dessa vez em seu colo mesmo, queria passar o máximo de tempo possível com ele nos braços, já que sabia que nunca mais teria a chance de uma coisa tão simples quanto abraçar o próprio filho.

Cerca de uma hora depois ela chegou ao prédio antigo e de aspecto mal cuidado no centro da cidade. Parou em frente a ele e, por um momento, hesitou. Olhou para William, que mastigava a mãozinha, e novamente para o prédio se perguntando, não pela primeira vez, se estava tomando a decisão correta. Pensou em ligar para alguém, pedir a opinião de outra pessoa, mas logo descartou a ideia, sabendo que essa era uma decisão inteiramente dela.

Suspirou e percebeu que não era realmente uma decisão, que essa seria a única chance de salvá-lo, que não restava mais alternativa nenhuma e que o amava demais para arriscar. Entrou no prédio rapidamente, antes que parasse para pensar mais uma vez. Ao menos ele não estava chorando, ainda bem que era novo demais para perceber o que estava acontecendo.

Duas horas depois ela entrava no carro novamente. Sozinha. Mais uma vez sozinha.