A respiração lenta e descompassada de Jessica eram os únicos sons que a garota podia ouvir naquele momento de nostalgia. O que ela havia feito para merecer aquela morte? Questionava a garota a si mesmo, sentindo os olhos lagrimejarem. A respiração era tão difícil quanto se mover e aos poucos sua visão foi se perdendo em escuridão. A morte, a fria e desolável morte, se fez mais uma vez presente naquele colégio e por quanto tempo mais ela arrastaria pobres discente consigo?

O corpo desfalecido de Jessica não demoraria a ser encontrado, mas havia alguém desaparecido. Intencionalmente ou não, o diretor havia se perdido e nesse momento, a professora de matemática era a responsável pelos alunos do auditório. Taeyeon vasculhou o local a procura do diretor, mas não havia nada. Um pouco inomodada, mas sem opções, ela pegou o microfone e tomou fôlego discretamente antes de começar seu curto e frio discurso.

- Discentes, assim como o diretor, estou muito decepcionada com vocês, nós não nos tornamos um colégio sólido de ensino, fazendo festas secretas no calar da noite, e não pensem que as coisas ficaram sem punição, mas eu dou a vocês uma opção, digam-me o responsável pela festa e nem todos arcaram com as consequências, mas o silêncio dará a vocês a sentença de culpa. Alguém? - perguntou a professora, correndo seus olhos rapidamente pelo local.

Os alunos, exaustos e alcoolizados, uns nem tanto do que outros, mas todos em estados diferentes de debilidade, fizeram silêncio. Nem mesmo os perigosos olhos escuros da professora, eram capazes de arrancar a verdade de qualquer um deles, muitos por não saberem a resposta e outros por medo do que G-Dragon poderia fazer. O anfitrião apenas olhou ao seu redor com o semblante sério. O silêncio era mortalmente ensurdecedor e vendo que ninguém realmente diria algo, ele soltou um sorriso de canto, oposto da professora, que fechou mais ainda a expressão.

- Vocês quem sabem – disse ela friamente – Agora vão para os seus dormitórios, os professores os acompanharam – ordenou a mulher e deixou o palco marchando. Ela precisava encontrar o diretor Jung-su.

Enquanto aquela multidão de alunos se levantam cabisbaixos, havia um em especial que estava absorto em pensamentos. Toda aquela cena, apenas lhe causava pavor. Havia um assassino a solta, que agora ameaçava diretamente contra a vida de todos. Ele precisava urgentemente descobrir o que estava acontecendo e embora ainda sob as fortes ameaças de Taeyeon, Kyuhyun separou-se dos alunos indo atrás de pistas. Seja lá quem havia causado aquele blackout e tocado aquela música, precisava ser parado.

Sorrateiramente ele seguiu para os geradores do colégio. Para desligar totalmente a energia, a pessoa devia ter passado por lá e talvez tivesse sido descuidado o suficiente para esquecer algum pertence, mas no fundo Kyuhyun sabia que era improvável. Se desviando totalmente do dormitório masculino, ele seguiu na direção do almoxarifado.

O silêncio era o seu único companheiro e nesse ponto, ele se praguejava por não ter levado ninguém consigo. Minnie até tentou acompanhá-lo quando ele desviou do caminho, mas ele não deixou, por não querer que ela saísse machucada e sequer lhe disse aonde ia. Uma presa fácil ele havia se tornado, como ele poderia ter deixado com que isso acontecesse? Pelo menos ele tinha o seu caderno... Acelerando seus passos em direção a sala de geradores e tentando controlar ao máximo a respiração, Kyuhyun paralisou ao dobrar o último corredor em direção a sala. O silêncio foi rompido quando a porta da sala de geradores cuidadosamente foi aberta. Ainda sobre o susto do encontro, o jovem conseguiu recuar, mas o som da porta sendo fechada e os passos no corredor, aumentavam consideravelmente sua aflição. Sem saber se corria ou se permanecia ali, Kyuhyun tentou se misturar as sombras das paredes, mas sua ideia não deu muito certo. Um homem deixou o corredor cautelosamente e a primeira coisa que notou, foi a imagem esguia de Kyuhyun.

- O que está fazendo aqui garoto? - perguntou o homem esgueirando-se para visualizar a face de Kyuhyun no corredor mal iluminado.

- Professor... - soltou o garoto pasmo reconhecendo na penumbra a face adulta do homem – Senhor Jang, o que o senhor está fazendo aqui? - perguntou o jovem desconfiado.

O professor de teatro pousou uma mecha de seu cabelo escuro atrás da orelha e arqueou a sobrancelha esquerda igualmente desconfiado, mas tentou não representar isso.

- O mesmo que você Kyuhyun – respondeu sério e se aproximou do mais novo completando em um sussurro – Mas infelizmente não encontrei nada, seja quem for que fez isso, está tomando muito cuidado ou talvez nem tenha vindo aqui...

- Imagino que sim.

- E imagino que pelo seu tom, sua namorada não lhe contou que estou investigando os assassinatos contou? - perguntou Geun Suk dando alguns passos lentos e calculados para trás. Seu tom frio amolecia sutilmente.

- Não... - respondeu Kyuhyun passando os olhos vagamente pelo chão. Por que Minnie esconderia algo tão bobo dele? Mas se o professor estava mesmo investigando os assassinatos, talvez fosse uma boa saber o que ele sabia – Você tem um suspeito? - perguntou Kyuhyun friamente sem tirar os olhos da face do professor.

- Um aluno que morreu – respondeu o homem soltando um sorriso de canto.

- Um aluno que morreu? - perguntou Kyuhyun indignado, fazendo um sorriso cheio de cinismo surgir nos lábios do mais velho – Você está me dizendo que estamos lidando com um fantasma? - questionou o jovem. Aquela ideia era tão ridícula aos seus olhos, que ele não conseguia se quer imaginar que fosse verdade.

- Ele finge que morreu, mas na verdade está bem vivo matando os alunos, você não acha isso irônico e genial? Assim ninguém nunca desconfiará dele, mas eu não sou o único que sabe de sua existência e isso demonstra a fraqueza de seu plano. Ele logo cairá, é uma questão de tempo até encontrá-lo – disse o homem entrando em seus próprios pensamentos, mas sem tirar a firmeza e determinação de sua voz.

- Não se eu encontrá-lo primeiro – retrucou o jovem.

- Se quer trabalhar sozinho, desejo-lhe apenas sorte, mas se quiser me ajudar, aceitarei de muito bom grado, agora volte para o seu dormitório, andar pelos corredores a essa hora é muito perigoso e eu me recuso a perder mais alunos para aquele assassino amador. Se o Jung-su não faz nada, eu mesmo farei.

- Boa sorte a você professor – desejou Kyuhyun com um toque de desdém em meio a um sorriso frio e torto e tomou a dianteira no corredor.

O professor observou o aluno se distanciar e meteu as mãos no bolso intrigado. Se Kyuhyun não tinha acreditado em sua história, então ele seria dado como louco? De qualquer forma ele preferia ser dado como insano e parar com os assassinatos de Donghae, do que continuar na hipocrisia e ver mais e mais alunos seus padecerem pelas mãos do aluno.

Kyuhyun não gostará nenhum pouco do encontro com o professor de teatro, mas ainda assim, tinha que considerar suas afirmações. Era realmente muito genial da parte de um assassino forjar sua própria morte, então tudo que ele precisava fazer, era ver a lista de desaparecidos e tentar ligar um deles ao assassino, mas antes que deixasse o térreo, ele escutou um barulho vindo do lado de fora do prédio. Olhando em volta a procura do professor, nada encontrou e embora o coração batesse a mil, ele tomou fôlego e foi em direção ao barulho. Seus passos eram os mais sorrateiros possíveis e calmamente ele parou ao lado da janela de vidro. Ele sempre havia sido um rapaz muito corajoso e determinado, mas diante da morte, ele fraquejava. Arfando e relutante, ele se aproximou da janela e espreitou a visão procurando o motivo do barulho.

***

De volta ao dormitório masculino, havia um jovem muito preocupado. Depois do repentino desaparecimento de seu primo, ele havia ficado assombrado e agora com o desaparecimento de sua irmã mais nova, ele não sabia como lidar com a situação. Ele gostaria de acreditar que sua irmã Sunny estava bem, mas ele havia visto um aluno morrer, a segurança na qual ele acreditava estar sendo mantido, estava caindo e ele temia pela mais nova.

Antes que as luzes se apagassem uma segunda vez, considerando que na sala de dança havia apagado uma vez antes do blackout, ele havia procurado por sua irmã, mas não havia sinal dela e quando as luzes se apagaram uma segunda vez, ele saiu correndo em busca de discentes, temendo por sua própria segurança. Sentindo-se um egoísta e covarde, ele não podia ficar simplesmente de braços cruzados enquanto Sunny estava sabesse lá na onde. Taemin esperou que o movimento nos corredores cessassem, para ir atrás da menor e embora contrariado, ganhou a companhia de Jonghyun, que viu quando ele deixava o quarto e fez questão de ajudá-lo em sua busca. Uma busca que logo teria o seu fim.

***

E voltando a um certo diretor, ele finalmente recobrava a consciência. Sua cabeça latejava e os braços estavam amarrados para trás. Por causa da penumbra na qual ele se encontrava, não teve que piscar os olhos diversas vezes para se acostumar com o ambiente, mas ainda sim, a pouca luz evitava que ele enxergasse as coisas ao seu redor com perfeição. Reprimindo uma careta de dor, ele olhou em volta tentando soltar-se da cadeira na qual se encontrava sem sucesso. As cordas o apertavam de tal modo, que seus pulsos doíam, mas nada ele podia fazer. Olhando em volta, ele não conseguiu reconhecer o local de imediato. Parecia um galpão abandonado, mas ele não tinha certeza. Pela primeira vez Jung-su sentiu medo de seu próprio colégio, mas ao escutar passos, o desespero também se fez presente. Ele só esperava que não fosse... A lâmina fria brilhou na pouca luz chamando a atenção do homem. Com um pouco de dificuldade, ele reconheceu a face de sua sequestradora e esbravejou irritado:

- Sua insolente, o que pensa que está fazendo? Solte-me imediatamente!

A jovem que segurava a lâmina prateada, apenas lhe lançou um sorriso malicioso.