Capitulo 30 – Quando a morte lhe está à espreita, resta-nos fechar os olhos.

Podia ouvir ao fundo uma música que exalava morte e ilusão. Os braços – já doloridos devido à posição em que se encontravam – buscavam alguma forma de se livrar das garras de sua sequestradora. Sua respiração estava falha, e a lâmina apontada para si apenas dificultava o raciocínio. Não sabia como sairia, afinal de contas, o que aquela garota tinha na cabeça afinal? Suspirou pesadamente olhando de relance para a garota e depois para a lâmina.

- Sua insolente, o que pensa que está fazendo? Solte-me imediatamente!

Ela sorriu um sorriso estranho, um tanto louco. Aquilo lhe provocou arrepios. A lâmina brilhou em meio a pouca claridade. Fez a lâmina dançar em frente ao rosto de Jung-su. O diretor mal podia imaginar o que viria a seguir.

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O assassino já tinha tudo em mente. Era apenas uma questão de tempo até que a “festa acabasse”, mas para ele, a diversão havia apenas começado. Agora era apenas uma questão de tempo até que as sete artes fossem aniquiladas, aqueles malditos amadores. Como levá-los mais rapidamente ao fim sem esquecer-se da tortura? A mesma tortura pelo qual fora submetido por quase toda a sua vida, seus sonhos que foram terrivelmente arruinados, a dor de ter que deixar tudo de lado e viver – quase que – miseravelmente. Eles iriam pagar, não chegavam aos pés de quem ele realmente era.

Por quem começaria? Seguiria uma ordem ou atacaria aleatoriamente? Mas… havia aqueles que sabiam demais. Será que seus meros admiradores o ajudariam? Restava esperar pacientemente. Pois, os gritos desesperos de mortes que se aproximavam o deixavam cada vez mais ansioso pelo fim que se aproximava. Aquela era a cena principal de seu próprio filme.

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Mais um começo chuvoso de manhã. Chovia forte e o vento ameaçava as estruturas do colégio envolto em silêncio e puro terror. As aulas acabaram por ser suspensas, naquela noite haveria uma espécie de baile. O diretor ainda não havia sido encontrado. Segredos e mais segredos faziam com que aquele filme de terror tornasse-se o mais macabro de todos. Kyuhyun que bancava o detetive fazia algum tempo caminhava relutante pelos corredores pouco movimentados. O que havia sido aquele barulho que ele havia escutado afinal? Por que Minnie insistia em lhe esconder tantas coisas? E por que aquele professor de teatro lhe parecera tão suspeito? Perguntas e mais perguntas. Já estava farto delas!

- Kyuhyun? –ouviu alguém lhe chamar. –O que está fazendo?

- Minnie. –ele murmurou olhando para a face pálida da namorada. Ela estava estranha fazia algumas semanas. Ela não era a mesma de antes. –Desculpe, não quero conversar.

- Aonde você foi ontem? –ela perguntou de um jeito que sua voz saiu carregava de raiva e frieza.

- Fui dar uma volta.

- Ainda não cansou de bancar o detetive amador?

Amador! Aquela palavra. Aquilo estivera ecoando na cabeça de Kyuhyun havia um tempo. E agora Minnie tocava sutilmente – e quase que propositalmente – na “ferida” de Kyuhyun. Ele estava fazendo aquilo por ela, será que ela ainda não havia percebido isso?

- Vamos parar nossa conversa por aqui. Eu preciso ir até o dormitório.

- Que droga Kyuhyun! –exclamou a garota parando-o antes que este sumisse de seu campo de vista. –Pare de se preocupar com isso…

- Desculpe, mas não posso. Seria o mesmo que fingir que este seu comportamento ridículo não está afetando nossa relação.

A garota calou-se diante de tal revelação enquanto via o namorado sumir de vista. Talvez ele tivesse razão… mas o que ela poderia fazer a respeito? Tinha que ver se Donghae estava em algum lugar por ali e falar com ele. Precisava fazer algo antes que fosse tarde demais.

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Micky cansara rapidamente da brincadeira de torturar o diretor. Aquilo perdera a graça rapidamente. O homem suava e sua camisa estava repleta de sangue. Ela agora estava sentada apenas pensando no que faria a seguir. Manuseava a lâmina prateada fazendo girar entre os dedos jogando de uma mão para a outra. A porta do galpão abriu-se lentamente, ela ouviu passos lentos e pesados ecoaram pelo local enquanto o diretor – desmaiado – mal se movia.

- Você cansa rápido demais de suas brincadeirinhas divertidas. –comentou o homem.

- Eu sei. –murmurou suspirando em seguida. –Acabe logo com isso, tem o baile hoje à noite e eu estou precisando de um banho.

- Você está acabando com toda a diversão. Mas, tudo bem. Eu faço isso.

O homem aproximou-se do diretor levantando o rosto do mesmo para que olhasse em seus olhos. Sorriu vitorioso ao ver o terror se instalar no rosto do mesmo. Aquilo era realmente divertido!

- Você…? –perguntou o diretor em fio de voz quase inaudível. –O que está fazendo aqui?

- Vim tirar o senhor daqui. –falou amigavelmente.

- Ah! Graças a Deus! –exclamou o diretor abrindo um sorriso. –O senhor sabe quem fez isso comigo?

- Infelizmente a pessoa já se foi. Eu nem tive tempo de ver quem era. –mentiu ao notar que a jovem que estivera ali a pouco já fugira.

Soltou o diretor e ajudou-o a ficar em pé. Levou-o de volta ao colégio, sem saber que o diretor se indagava de como ele havia chego ali para ajudá-lo… o assassino via aquilo como a oportunidade perfeita para levar seu plano adiante.

- Professor… como o senhor me achou? –perguntou pouco tempo depois.

- Eu apenas segui as pistas. O senhor sabe, sou muito bom com isso.

- Sim, eu sei. O senhor tem feito um ótimo trabalho nesse colégio. –murmurou o diretor. –Aquela garota… eu acho que ela é a assassina.

- Que garota?!

- Micky. –falou o diretor estalando os dedos e sorrindo vitoriosamente. –Isso! Ela é a assassina.

- Acho isso um tanto impossível diretor! –falou o homem passando a mão pelas costas e tirando algo.

- Por que impossível? –perguntou de forma que o sorriso sumiu instantaneamente de seu rosto.

- Porque eu sou o verdadeiro assassino!

Com um simples gesto cortou a garganta do diretor. O corpo esvaindo vida e sangue foi de encontro ao chão rapidamente. O sangue se espalhou pela pequena sala vazia. Um sorriso cada vez maior aparecia no rosto do assassino. Agora tinha de trocar de roupa, precisava aparecer o mais triunfal possível no dia de sua glória. Ninguém era melhor que ele! Aqueles amadores sentiriam aquilo na pele…

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Pouco a pouco os alunos enchiam o grande salão de festas do colégio. Aquela era uma noite terrível. A chuva não cessara por um minuto sequer. E a luz ameaçava cair a qualquer instante. Ninguém parecia suspeitar do súbito desaparecimento do diretor, e um “certo professor” já deixara avisado que o diretor não estava se sentindo bem naquele dia e precisara dar uma… pausa. O professor de teatro posicionou-se no grande palco onde uma grande faixa – com o escrito: “bem-vindos ao baile” – dançava em meio às rajadas de vento que adentravam as janelas.

- Sejam todos bem-vindos! –exclamou o professor que vestia uma de suas melhores roupas e exibia um grande sorriso. –Sou o professor de teatro Jang Geun Suk, e este é o nosso baile anual! Espero que todos aproveitem o show… e fiquem até o final. Garanto que não vão se arrepender!

Os alunos aplaudiram o professor que saiu rapidamente do palco. A música agitada logo tomou conta, mas a chuva forte, os raios e trovões ainda podiam ser ouvidos do lado de fora. A luz piscara mais uma vez, Minnie – que vestia um vestido um tanto curto e preto, e tinha seus cabelos presos em um coque frouxo – estava escorada a parede do canto do salão. Segurava em mãos um copo com algo que parecia ser ponche. E via todos os alunos felizes dançando na pista de dança.

- Porque não está dançando? –sussurrou Kyuhyun no ouvido da namorada que corou em seguida.

- Não sei dançar. –ela murmurou segurando o copo com mais força.

- Vamos… eu posso te ensinar. –ele falou pegando na mão da garota.

- Não precisa não me sinto a vontade.

Minnie viu Yoona adentrando o salão com um belo vestido. Olhou de relance para Minnie e Kyuhyun e depois seguiu rumo à pista de dança. Minnie sorriu de canto. A inveja presente no rosto da garota com o tempo passou a lhe agradar.

- Porque não dança com a Yoona?

- Nem pensar!

- Vai… não se preocupe comigo. Vá se divertir antes que a festa acabe!

- Como assim?

- Só vai! Dance uma ou duas músicas e volte para cá.

Kyuhyun assentiu seguindo rumo à pista. Yoona abriu um grande sorriso ao receber o convite vindo do garoto. Ainda tinha esperanças de que um dia os dois voltariam a ficar juntos. Uma esperança que era um tanto desnecessária já que o moreno parecia estar bem com a garotinha sem graça que atendia pelo apelido de Minnie. As luzes da festa piscaram novamente, depois mais uma e apagaram. Um forte raio iluminou de relance o grande salão, bem a tempo de todos verem o corpo do diretor Jung-su pendurado em uma corda e balançando no meio do palco. A luz frontal acendeu-se e o assassino – finalmente – deu o ar de sua graça. Era hora de a festa começar!