Sara entrou na casa, era tarde, todas as luzes estavam desligadas e ela não procurou o interruptor. Pegou o celular e ligou a lanterna dele. Queria ir até a cozinha, sentar lá e pensar um pouco. Chegando na cozinha, encontrou Grissom exatamente da maneira que ela imaginava estar em alguns segundos. Ele estava sentado em frente ao balcão, com um copo de água na mão, pensativo.

— Boa noite. – Sara falou baixo.

— Boa noite. – Ele sorriu, ao perceber a presença dela.

— Achei que já estava dormindo.

— Perdi o sono.

Sara pegou um copo, e serviu um pouco de água do filtro também. Sentou-se no banco ao lado de Grissom e eles ficaram quietos, por alguns segundos. Gilbert pensava se perguntava sobre a noite de Sara, não queria parecer invasivo, mas todas as perguntas pareciam ser indiscretas. Já Sara pensava no jantar, realmente havia sido muito bom, e se questionava por que não havia aceitado prolongar a noite com Roberto.

— Se divertiu? – Grissom quebrou o silêncio.

— Uhum. Bastante. – Sara falou baixo, quase inaudível.

— Eu queria me desculpar mesmo por não ter aparecido hoje. Esse bebê também é meu, aliás ele é ainda mais meu, e eu falhei com ele hoje, falhei com vocês dois.

— Como assim ele é ainda mais seu?

— Eu quis dizer que biologicamente ele é meu e…

— E quer dizer que o fato de ele ser seu filho biológico e não ter o meu sangue, faz ele ser um filho mais teu que meu? – Ela já estava indignada.

— Bom… Sim… Ou não. – Ele se confundiu todo. – Sara, eu só queria dizer que eu sinto muito.

— Gilbert, eu… olha… – Ela nem sabia o que dizer para ele naquele momento. – Sabe de uma coisa? Eu tive uma noite muito boa, e eu não vou estragar com você dizendo que o filho que eu tomei trocentas injeções para poder ter, e que agora carrego no meu ventre, não é tão meu por que não tem meu sangue. Eu vou ir dormir.

Ela se levantou irritada. Ele realmente havia conseguido estragar sua noite. Estava saindo da cozinha quando então sentiu seu braço ser agarrado, firme, mas com delicadeza. Ele puxou-a para seu corpo e seus corpos ficaram colados.

— Sara, eu sou um idiota. Eu não quis dizer isso, não deveria ter falado nada e eu sinto muito por ter te ofendido. Você é a mãe desse bebê e ninguém mais seria melhor mãe para ele que você, você fez os exames mais invasivos, as medicações, está cuidando dessa gestação, e é injusto e errado falar que você não é a mãe dele por conta de sangue. Eu não sou metade do pai que eu deveria ser para essa criança, e eu estou muito irritado comigo mesmo por isso, já você não, você é uma mulher incrível e o bebê tem muita sorte, muita sorte mesmo, de ter você como mãe. – Grissom então apoiou sua testa na testa de Sara, ficando coladas. Ela ainda estava quieta, sem reação. – Sabe, eu fiquei muito decepcionado comigo por ter faltado aos exames do bebê, eu falhei contigo e com ele, e eu prometo que isso não vai mais acontecer. Eu quero ser o pai que essa criança merece, o pai que as meninas merecem também e quero ser alguém que você possa contar na criação deles, de todos eles. Desculpa.

— Tudo bem Gil, tudo bem.

— Eu não sei como conter essa vontade que eu estou de te beijar nesse momento.

— O que?

Sara se espantou, mas já era tarde. Ele não havia se contido. Ele levou seus lábios até os lábios de Sara, e a beijou profundamente. Soltou seu braço e a abraçou pela cintura. Por alguns momentos Sara retribuiu ao beijo e até aprofundou. Então ela recobrou sua sanidade, lembrou de Roberto, e de repente ela se afastou de Grissom.

— Gil, eu não posso.

— Por causa do Roberto?

— Sim e não. – Ela disse um pouco sem jeito.

— Não sabia que era sério. Estão namorando?

— Não é sério, pelo menos não por enquanto. A gente está só se conhecendo, mas eu não sou esse tipo de mulher, sabe? Fica com um, fica com outro. Não é meu jeito. E eu beijei o Roberto alguns minutos atrás e agora estou te beijando, isso faz eu me sentir muito mal.

— Desculpe, eu não deveria ter feito isso.

— Não se desculpe. Eu que não devia… – Ela sorriu.

— Então é ele.

— Eu acho que sim.