Os dias se passaram calmamente, Jeniffer e Yasmin aproveitaram cada dia de folga. Passearam, se divertiram e criaram um laço de amizade bem forte. As horas passaram rapidamente enquanto elas se divertiam e quando perceberam estavam preparando-se para o primeiro dia de aula. Jeniffer acordou cedo, tomou banho e colocou a farda. Sua mãe estava na cozinha e Joe estava dormindo ainda, ele só trabalharia mais tarde. Tomou o café e foi até o apartamento ao lado, bateu na porta e esperou alguns segundos até ouvir alguém pedindo para esperar. Yasmin abriu a porta com uma mão enquanto a outra organizava os fios loiros que caíam na face, a loira adentrou no apartamento e pegou sua bolsa. Trancou a porta e desistiu de mexer nos fios e apenas os colocou atrás da orelha, olhou para a garota ao seu lado e viu que ela parecia nervosa.

– Tenha calma Jeniffer, ninguém naquela escola vai arrancar um pedaço seu. – Yasmin disse colocando a mão no ombro da garota.

– Eu sei, mas ainda assim tenho medo. – Disse passando as mãos nos fios castanhos.

A caminhada até a escola foi feita entre conversas e risadas. Chegaram no local em menos de meia hora, a fachada possuía um letreiro bonito com o nome da escola. Era deslumbrante e ao mesmo tempo assustadora. Jeniffer observou a entrada com atenção e só despertou de seus pensamentos quando Yasmin a puxou para reunir-se ao grupo de novatos. As garotas agradeceram mentalmente ao perceber que a mulher dava as boas vindas em inglês ao invés do típico e usual japonês.

– Sejam bem vindos a Escola Kinkyoushi, estamos felizes em saber que alunos como vocês escolheram a nossa escola. – A mulher disse com um sotaque puxado, fez um sinal para que duas duplas de alunos se aproximassem e assim eles o fizeram. – Eu sou a diretora Yamaguchi, esses são: Reika e Hiroshi que ficarão com o grupo de alunos que está do lado direito; Mika e Kido ficarão com os que estão do lado esquerdo. Qualquer duvida falem com eles, estão liberados e aproveitem a escola.

Jeniffer viu o casal que atendia pelo nome de Reika e Hiroshi se aproximarem. A garota estava com um olhar indiferente e mexia no cinto cheio de correntes, na cabeça um gorro, nos pulsos ela usava pulseiras e as unhas estavam curtas. O rapaz parecia tranquilo, usava um boné e estava com as mãos dentro do bolso da calça. O silêncio reinava incômodo. Yasmin resolveu quebra-lo erguendo a mão e pedindo autorização para fazer uma pergunta.

– Vocês ficaram responsáveis por nós em que sentido? – Perguntou a loira vendo Reika olha-la com frieza.

– Vamos mostrar a escola, explicar o sistema de ensino e manter vocês longe de encrencas. – Ela respondeu em um inglês perfeito enquanto apoiava o braço no ombro do rapaz, cochichou algo no ouvido dele que o fez rir e deixou os alunos curiosos. – Não ensinaremos o nosso idioma, vocês terão aulas para aprenderem. Agora nos sigam.

Reika caminhou sendo seguida pelos alunos, Hiroshi estava ao seu lado e às vezes segurava em sua mão. Rapidamente as mãos se encontravam e com a mesma rapidez elas se separavam. Adentraram no refeitório, Reika explicou como funcionava o sistema da cantina, como eram organizadas as filas, mas parou bruscamente ao sentir uma mão em seu ombro. O rapaz era alto, cabelos curtos e castanho-escuros, olhos da mesma cor, ele estava com um sorriso demoníaco no rosto e falava com a garota em japonês. Ela semicerrou os olhos e respondeu algo no mesmo idioma cerrando os punhos ameaçando fazer alguma coisa, mas foi impedida por Hiroshi que segurou seus braços. O rapaz saiu com um sorriso vitorioso no rosto, mas que sumiu ao encontrar o olhar de certa loira de olhos azuis.

O coração de Yasmin falhou uma batida quando os olhares se encontraram, ele era um valentão e isso era visível, mas para a loira ele era o ser humano mais lindo que seus olhos já haviam visto. Quando o rapaz saiu do local ela voltou o olhar para a morena que estava com as mãos nas têmporas provavelmente tentando se acalmar. Hiroshi sussurrava alguma coisa para a morena e parecia que estava surtindo efeito, mas não o efeito que ele esperava já que a garota virara o rosto com raiva e começara a falar sem sequer se preocupar com as consequências.

– Esse cara é Takura Yuki, ele é um dos valentões da escola. – Disse observando as expressões alheias, Hiroshi tentou alertá-la da loucura que estava fazendo mais ela parecia irredutível. – Existem duas pessoas que podem ser mais perigosas do que ele, mas não se preocupem porque enquanto eu estiver por perto nada de mal vai acontecer com vocês. Vamos continuar com o passeio pela escola.

O dia correu normalmente para as amigas, mas ainda assim Jeniffer havia ficado com uma pulga atrás da orelha com o que a morena disse. Reika não parecia o tipo de pessoa que mentia ou assustava outras pessoas por diversão. A aula de japonês foi tranquila, as garotas agora sabiam algumas expressões que eram utilizadas no dia-a-dia, alguns costumes lhes foram apresentados e assim elas poderiam evitar passar vergonha em público. As duas conversavam tranquilamente quando perceberam pessoas correndo para a entrada da escola, elas se entreolharam e seguiram até o local da confusão. Os olhos da loira se arregalaram ao ver Yuki provocando Reika, Hiroshi tentava acalmar os ânimos, algo que foi inútil já que na primeira oportunidade a morena pulava no pescoço do rapaz o enforcando e desferindo socos na face dele. Ela estava envolta em fúria e nem percebia que apanhava em retorno. Hiroshi agarrou os braços da amiga e a puxou com força quase derrubando os dois, ela se debatia e ofendia o rapaz caído. Hiroshi sussurrava algumas palavras tranquilizantes no ouvido da garota, mas nada resolvia.

– Pensei que você tivesse mais força Reika. – Disse o rapaz limpando o canto da boca por onde escorria um pouco de sangue.

– Não arranquei seus dentes porque o Hiro me segurou! – Disse agitando-se cada vez mais nos braços do rapaz que agora usava de sua verdadeira força para lhe segurar. – Me larga caramba!

– Não e se você não parar com isso quem vai bater em você sou eu! – Disse o moreno entre dentes, ele estava incomodado com aquela mania que a garota tinha de se meter em confusões. – Yuki vaza daqui antes que a coisa fique realmente feia!

– Vocês venceram dessa vez, mas na próxima não vai ser tão fácil assim! – Disse dando as costas ao casal e aos alunos que estavam observando a briga.

Assim que o rapaz estava bem longe, Hiro soltou os braços alheios e expulsou os curiosos dali. As únicas que ficaram ali, paradas como duas estatuas foram Jeniffer e Yasmin, as garotas aproximaram-se dos dois e ouviram o rapaz dando algumas lições de moral enquanto a garota revirava os olhos em resposta. Reika virou o rosto para encarar os presentes e percebeu que elas pareciam preocupadas, principalmente a mais baixinha.

– O que foi chibi? – Perguntou com um meio sorriso recebendo uma cotovelada de Hiro.

– Você esta bem? – Arriscou perguntar já que era visível que aquela pequena briga não afetara em nada a garota. Era difícil entender todos aqueles insultos que foram trocados, eles falaram em japonês durante boa parte da briga e só usaram o inglês quando a mesma já estava controlada.

– Já estive bem melhor, mas vou ficar bem. – Disse estendendo a mão para a garota a sua frente que pareceu não entender o que se passava ali. – Começamos o dia com o pé esquerdo se é que posso assim dizer, eu me chamo Yuuka Reika e esse é Suzuki Hiroshi.

– Sou Jeniffer Hudson e essa é Yasmin Morales. – Disse estendendo a mão para apertar a da morena, abriu um pequeno sorrisinho para o garoto que não parecia disposto a cumprimentos ocidentais.

– Espero que goste da escola chibi. – Reika disse enquanto pegava a bolsa que estava largada no chão.

– Eu também espero, mas porque você estava brigando com aquele cara? – Perguntou enquanto tinha a atenção milimetricamente roubada por uma folha que estava quase caindo da bolsa da garota a sua frente, ela identificou aqueles símbolos, eram partituras. – Gosta de musica?

– Você pergunta coisas demais. – Disse vendo a garota ficar constrangida. Balançou a cabeça e colocou a folha de volta na bolsa, olhou para a loira que parecia incomodada com alguma coisa e olhava constantemente para trás. – Eu briguei com ele porque não nos damos bem, ele é um dos valentões da escola como eu já tinha explicado. Sempre que possível ele arranja um tempo para me tirar do sério, mas não se preocupe loirinha, a surra que ele levou hoje não machucou sequer a alma dele.

– Quem disse que eu estou preocupada? – Yasmin se defendeu enquanto tentava transparecer indiferença.

– Ninguém... Estou apenas comentando. – Disse começando a caminhar ao lado do moreno que parecia indiferente aquela conversa toda. – Vejo vocês amanhã!

– Até amanhã! – Jeniffer e Yasmin disseram em coro.

As duas caminharam em silêncio por pelo menos cinco minutos, foi quando Yasmin resolveu quebrar o silêncio chamando a amiga para tomarem um sorvete. Jeniffer relutou no começo, mas acabou cedendo. Entraram na soverteria conversando animadamente, logo foram atendidas por uma moça muito simpática que lhes perguntou o que elas desejariam. Nesse exato momento Yasmin se arrependeu da ideia, nenhuma das duas sabia falar japonês. Abaixaram a cabeça com vergonha e estavam dispostas a sair quando ouviram alguém conversar com a moça e em seguida ela deu uma risadinha.

– Podem dizer o que querem, eu traduzo para ela. – Um rapaz de aparentemente dezessete anos estava ali na frente delas, ele era alto e forte, loiro, olhos azuis e pele bronzeada. Ele sorriu de canto e encorajou com o olhar para que elas falassem o que desejavam, seu inglês era puxado e possuía um sotaque que passaria despercebido aos ouvidos de qualquer um o que não aconteceu com Jeniffer.

– Eu gostaria de um sorvete de chocolate. – Yasmin disse indiferente vendo o garoto traduzir para a “garçonete” que anotou tudo em um bloquinho, virou-se para Jeniffer e viu que ela estava paralisada. – Jeniffer?

– Oi? – Ela disse acordando para a realidade, ouviu o rapaz rir baixinho e sentiu-se envergonhada. Devia estar com uma cara de idiota, com certeza estava. Balançou a cabeça afastando os pensamentos e fez seu pedido. – Eu quero o mesmo que a Yasmin escolheu.

A garçonete anotou e em seguida saiu. Os três se entreolharam e um silêncio constrangedor reinou. Yasmin não estava disposta a conversas e Jeniffer estava envergonhada demais para isso. O rapaz pigarreou e apontou para uma das mesas, as jovens sentaram e ele continuou em pé. Jeniffer estranhou, mas resolveu não se manifestar quem fez isso foi Yasmin.

– Não vai sentar? – Ela perguntou desinteressada, algo indicava que ela só estava sendo gentil para agradecer o rapaz.

– Não, obrigado. – Ele sorriu e encarou a mais baixinha, realmente ela era a garota mais linda que ele já havia visto em todos esses anos. – Preciso voltar ao trabalho.

– Tem certeza que não pode ficar aqui com a gente? – Jeniffer perguntou se arrependendo em seguida, aquela pergunta mais pareceu uma súplica.

– Na verdade não, mas se não se incomodarem eu posso lhes fazer companhia. – Disse vendo a baixinha sorrir timidamente enquanto a outra apenas dava de ombros, sentou-se junto a elas e resolveu apresentar-se. – Me chamo Erko.

– Erko? – Yasmin repetiu com um tom irônico. – Que diacho de nome é Erko? Parece nome de marca de ventilador!

– Yasmin! – Jeniffer repreendeu.

Os jovens caíram na risada, Erko não havia se incomodado com o que a garota havia dito, ele estava acostumado com esses tipos de piadas. No entanto Yasmin pareceu muito séria ao dizer aquilo. Balançou a cabeça negativamente enquanto tentava parar de rir, a garçonete aproximou-se e colocou os pedidos na mesa. O rapaz agradeceu e as jovens limitaram-se apenas a uma curta reverência, começaram a provar do sorvete enquanto conversavam um pouco mais.

– Eu sou grego, ou quase isso. – Ele disse passando as mãos nos cabelos.

– Como assim quase isso? – Jeniffer perguntou curiosa.

– Nasci e fui criado na Grécia, mas tive que me mudar depois que meus pais se separaram e como minha mãe era japonesa... – Ele não completou, não precisava. Torceu para que elas houvessem entendido de primeira, não gostava de falar de seus pais. Era algo doloroso. Sentiu uma mão por cima da sua e ao erguer a cabeça viu o olhar de Jeniffer cruzar com o seu, nos olhos dela ele podia ver um sentimento de segurança e companheirismo. Sorriu de canto. – E vocês? O que fazem no Japão se nem o japonês vocês falam?

– Ganhamos uma bolsa de estudos para uma escola aqui perto. – Yasmin respondeu encarando o “casal” com a sobrancelha erguida, em sua opinião ela estava ali apenas para segurar vela.

– Qual delas? – Erko perguntou realmente interessado.

– A Kinkyoushi. – Jeniffer respondeu suavemente.

Erko gelou, ficou sem reação. “Não pode ser, como assim elas estão estudando naquela escola?”, pensou enquanto tentava não transparecer sua tensão. Respirou aliviado ao perceber que nenhuma das presentes percebera seu momento de apreensão, seus olhos pulavam de uma garota para a outra e observava atentamente como elas pareciam felizes. “Talvez eu esteja enganado, talvez aquela escola não seja mais assim... Por via das duvidas vou ficar de olho nelas.”

– Ei! Bela Adormecida! – Yasmin disse estralando os dedos na frente do rosto do rapaz, ele balançou a cabeça e em seguida desculpou-se por estar tão desatento. – ‘Tá perdoado.

– Estou com a cabeça na pilha de papéis que me aguardam no meu trabalho. – Erko disse de maneira descontraída, não estava nem um pouco a fim de voltar para aquele inferno que era chamado de escritório.

– Desculpe a curiosidade... – Jeniffer disse limpando o canto da boca com um guardanapo, acomodou-se um pouco mais na cadeira e prosseguiu: - Mas, onde você trabalha?

– Ajudo minha mãe com um escritório que ela montou. – Disse retirando o casaco e colocando-o em seu colo. – Como sou seu único filho e o que vai herdar todos os seus bens, ela acha que a melhor maneira de colocar juízo na minha cabeça é me colocando pra trabalhar com ela.

– É uma empresa de quê? – Yasmin perguntou realmente interessada, Erko era um rapaz interessante e bem bonito. Olhou para Jeniffer com o canto dos olhos e sorriu internamente, ela não era a única que achava isso.

– Agência de festas, sabe aquelas pessoas que sempre estão por trás de algum casamento ou festa de debutante? – Perguntou vendo as garotas assentirem positivamente. – Pois é essas pessoas somos nós!

Jeniffer riu da maneira como ele falava, parecia convencido das coisas que estava fazendo. Olhou para o relógio e percebeu que estava tarde e que já deveria estar em casa há muito tempo já que prometera a sua mãe que a ajudaria com o jantar, levantou-se com pressa e mostrou o relógio para Yasmin que arregalou os olhos e em seguida repetiu a mesma atitude que a outra. Despediram-se rapidamente e correram pelas ruas da cidade, sequer perceberam que eram observadas. Enquanto isso do outro lado da rua três rapazes e uma garota observavam as garotas que corriam como se suas vidas dependessem disso, a única mulher do grupo fez um barulho irritado com a garganta e em seguida sentou-se no banco. Eles estavam em uma pequena praça que ficava em frente à sorveteria, puderam ver quase tudo o que aconteceu lá dentro. A garota sentada acendeu um cigarro e esperou os rapazes decidirem o próximo passo, eles começaram a se olhar, mas nenhum deles falou nada.

– Se fosse pra ficar olhando para a cara feia de vocês eu sequer teria saído de casa! – Ela disse impaciente com todo aquele silencio.

– Para de ser chata, não podemos decidir nada se Dimitri não estiver aqui para autorizar! – Disse um dos rapazes. Ele usava uma blusa sem mangas, uma calça jeans escura e tinha um gorro na cabeça, as tatuagens surgiam de dentro da blusa terminando no pescoço. – O que o idiota do Erko queria com aquelas criaturas?

– Com certeza o mesmo que o Dimitri. – Disse a garota sentada, ela apagou o cigarro no braço do tatuado que a ofendeu e em seguida pegou seu celular. – Calem a boca palhaços!

– Alô?

A pessoa do outro lado da linha atendeu de maneira irritada, provavelmente estava fazendo algo muito importante quando foi interrompido pela garota. “Ele deve estar pesquisando algo mais sobre aquelas coisinhas, essa obsessão está começando a me irritar!”, pensou enquanto organizava as palavras.

– Dimitri, tenho novidades para você! – Ela disse acendendo outro cigarro.

– Fala logo antes que eu me arrependa de ter atendido essa maldita ligação!

– Erko conhece as garotas, acabou de sair da sorveteria com elas. – Disse ouvindo o homem soltar um palavrão.

– Com quem ele estava?

– Com as novatas, nenhum sinal da tal Reika.

Silêncio.

– Heiji está aí com você?

– Sim. – Respondeu com desdém enquanto caminhava até o homem solicitado por Dimitri.

“Ele vai dar alguma ordem secreta, porque ele não confia em mim?”, pensou enquanto passava o celular para o tal Heiji. O rapaz alto de pele alva, cabelos escuros e olhos cinza tomou o telefone das mãos da garota, seu porte físico entregava seus vinte e um anos. Ele era o mais velho do grupo e o mais tranquilo, dificilmente era visto irritado e por diversas vezes era o encarregado de acalmar os ânimos.

– Fala! – Disse de maneira séria.

– Quero que procure o tal Yuki e arranque o puder do desgraçado, somente ele pode nos dizer onde a Yuuka mora, depois que fizer isso vá atrás do Erko e cobre as informações que ele nos deve! Não conte a Mika sobre essa ordem, entendeu?

– Sim chefe, pode deixar. – Heiji desligou o telefone e entregou para uma garota irritada, ele sabia muito bem o porquê de tanta birra, mas preferia não se meter.

– O que ele queria Heiji? – A garota perguntou fingindo desinteresse, o que pareceu funcionar.

– Pediu que eu desse um recado para alguém. – Disse sentando ao lado da garota que o olhou com um semblante curioso. – Não me olhe com essa cara, não posso te contar! Se eu fosse você parava com essa marcação toda, um dia o Dimitri vai se encher de você e te tirar do grupo.

– Não me diga o que eu tenho que fazer! – Ela disse com uma cara de poucos amigos, não queria ser tão insistente, mas sentia que uma hora ou outra Dimitri se meteria em confusões. – O que vamos fazer agora?

– Cada um segue seu caminho, Kido e Joel devem voltar para a suas casas não queremos confusões por hoje. – Ele disse encarando os rapazes, eles se entreolharam antes de saírem um para cada lado. Olhou para Mika e viu que ela ainda estava com uma cara de poucos amigos, gostava da garota e por isso zelava por ela. Mesmo que isso significasse obrigá-la a largar do pé de seu “chefe”, suspirou apanhando sua bolsa que estava jogada no chão e pôs-se a caminhar.

Mika olhava para as costas do brutamontes que Dimitri havia chamado para juntar-se ao grupo, de todos os rapazes ele era o que mais a irritava e ela não sabia o porque. Acendeu mais um cigarro e começou a caminhar, odiava aquele complô e fazia parte dele apenas para garantir sua segurança. Pegou o primeiro ônibus que viu e torceu para que ele a levasse para qualquer lugar onde seus pensamentos não dominassem as suas vontades, onde ela errara? Porque a garota que era a melhor aluna da escola havia se transformado em uma ladra de quinta categoria? “A resposta está na cara, foi tudo culpa da Reika e daquele capacho dela...”, pensou olhando pela janela e vendo casais passearem felizes, um pequeno sorriso surgiu em seu rosto e uma lágrima desceu em seu rosto. “Vai ter volta Yuuka Reika, tudo o que você me fez vai ter volta.”