10. SENTIMENTO DESCONHECIDO

Era incrível como com simples palavras, Lydia conseguia deixar Alec envergonhado. Alec nunca teve mulheres caindo aos seus pés e muito menos era mulherengo como seu parabatai, Jace. Sempre fora reservado, como o mais velho sempre era o que tinha a liderança em mãos, trabalhava duro para tal confiança e sempre seguia o lema dos shadowhunters "emoções são apenas distrações". Mas depois da chegada de uma certa garota de cabelos avermelhados em sua vida, não tinha controle no que sentia, 90% de seus pensamentos eram direcionados a ela. Não sabia o que fazer e como agir perto dela, Alec simplesmente não sabia o que sentia, mas esperava descobrir em breve, estava ficando louco, nunca tiverá sentimentos tão forte com o sexo oposto a não ser o amor que sentia por sua irmã e mãe.

Alec encontrava-se preparando algumas de suas flechas para a missão que iria, concentrado no que fazia, não havia percebido a aproximação da irmã.

Isabelle conhecia o irmão e sabia que ele estava começando a gostar de Lydia, um sentimento que ela aceitava sem dúvidas alguma. O Lightwood mais velho sentiu-se aliviado por seu pequeno desabafo com a irmã, sentiu-se mais livre, sua mente estava carregada e precisava desabafar ao invés de reprimir tal sentimento, o que no caso ele sempre fazia. Estava preocupado com as possibilidades de algo acontecer por estarem quebrando regras da Clave por causa de uma garota que acabara de aparecer.

— Olha aí, sua ruiva chegando, maninho. – Disse Izzy provocando o irmão.

— Ela não é minha ruiva, Izzy. – Alec revirou os olhos e paralisou quando olhou para o lado onde se encontrava Lydia.

Aos olhos de Alec, ele não tinha palavras para dizer o quanto Lydia estava linda com aquele vestido negro, as palavras sumiram de sua boca e apenas a olhou admirado com a beleza da ruiva, deixando-a envergonhada.

Assim que chegaram no local onde seria a festa, os irmãos Lightwood se dividiram com Lydia para verificar o perímetro. Com o afastamento de Izzy, Alec criou coragem para dizer o que precisava, havia pensado em várias formas de fazer mesmo já tendo feito algumas minutos atrás, mas ficava envergonhado só de pensar. Nunca foi bom com mulheres. Apenas respirou fundo procurando a coragem de seu interior e sem mais enrolação soprou as palavras ao vento.

— Você está linda. Sei que já disse antes, mas você está linda. – Disse Alec nervoso e se enrolando com algumas palavras, mas não houve problema algum, Lydia o achou mais fofo com seu nervosismo.

— Obrigada, você também está muito bem. – Disse Lydia sorrindo, seu rosto como o de Alec estava avermelhado, principalmente pelo o olhar que Izzy dera para os dois assim que aproximou-se.

Sem nenhum perigo a vista, os três caminharam em direção a frente da boate, encontrando Jace e Clary esperando pelos mesmos.

— Se misturem. Mantenham as armas prontas. Alec, cuide de Lydia. – Ordenou Jace e Alec revirou os olhos.

Mesmo se não o mandasse, ele iria a proteger da mesma forma. Não poderia ver Lydia machucada por causa de um descuido seu, seu coração murchava somente em pensar em tal coisa.

Assim que dividiram-se, Alec puxava Lydia delicadamente para que não se perdesse do mesmo. E principalmente para mostrar para os demais que ela não estava sozinha naquele lugar.

Alec observava os olhares que Lydia ganhava enquanto andava, sentia algo desconhecido dentro de seu peito, queria sacar suas flechas em direção a todos que tinham sorrisos maliciosos em direção a sua ruiva. Estava acostumado com as vestes de sua irmã, sempre a via com vestidos curtos e decotados que já estava acostumado e sabia que sua irmã poderia defender-se de qualquer um que fizesse algo errado a si, ela era mais forte e mais bem treinada que muito lutadores por ai, derrubaria qualquer um. Mas seus olhos fixavam-se em Lydia, com um vestido curto que deixava suas pernas torneadas e seu generoso decote amostras, o deixava louco só de pensar. Queria poder pegar e a jogá-la em cima do balcão do bar e torna-la sua, ali na frente de todos para demostrar que a ruiva já tinha alguém em sua vida, mas não podia fazer, era apenas pensamentos que vagavam em sua mente, nem sabia se ao menos a ruiva gostava de si ou se pelo menos sentia algo mais que apenas amizade.

Quando seus olhos voltaram para a conversa de seu parabatai, Clary e Magnus, observou alguém por trás do alto feiticeiro e rapidamente preparou sua flecha e mirou, o grito de Izzy foi apenas uma deixa para que ele atirasse e acertasse em cheio, como sempre fazia. Precisavam sair daquela boate o quanto antes, assim que perceberam o círculo do Ciclo no pescoço do homem que agora estava morto.

Ficou levemente irritado quando Magnus havia levado o colar e eles ao menos tinham alguma informação sobre as memórias de Clary. Haviam perdido o colar do Instituto por causa de Clary Fairchild. Jace defendia Clary como se a conhecesse a anos, Alec não acreditava nas palavras de seu parabatai, não acreditava que seu parabatai havia se tornado, por causa de uma simples garota.

Quando Lydia aproximou-se dele e entrelaçou ambos os dedos, Alec imediatamente sentiu uma leveza em seu ombros, como se Lydia fosse sua âncora e apagasse os rastros de raiva que ele deixava para trás. Sentiu-se bobo ao lado da ruiva. Seus pensamentos viajavam e somente percebeu que estava perdido em seus pensamentos quando Clary o interrompeu.

— O que ele está fazendo? – Perguntou Clary vendo Jace se distanciando.

— Está rastreando Magnus. Fique quieta e mantenha distância. – Sua voz soou rude, mas ele não fez questão e a ignorou, já estava cheio de Clary.

— O botão pertencia a Magnus. Jace pode localizá-lo usando isto. – Disse Izzy. Por um segundo, Alec olhou para a irmã que continha um sorriso malicioso em seus lábios, Alec a encarou confuso e revirou os olhos percebendo o motivo, Lydia estava encostado em seu peito já que havia colocado seu braço por cima dos ombros da ruiva sem perceber, havia gostado de seu ato involuntário e preferiu permanecer do jeito que estava, a sensação de estar com a ruiva em seus braços era inacreditável, nunca havia se sentindo daquela forma.

— Não. O sinal não está forte o suficiente. Magnus deve estar bloqueando. Vamos fazer isso, Alec. – Jace o chamou.

Alec queria permanecer com aquela ótima sensação que sentia em seu coração, não queria se distanciar da garota, mas tinha que o fazer, depositou um beijo na testa da ruiva e soltou a, arrependeu-se quando caminhava em direção a Jace sentindo um vazio exalar em seus braços, queria voltar como estava.

Alec e Jace deram ambas as mãos fazendo com que o pequeno objeto fizesse contando com os dois, fixaram-se seus olhares um ao outro e suas mentes procuraram o paradeiro do feiticeiro. Uma ligação de parabatai era muito forte. Sempre que utilizava tal ligação sentia seu coração acelerar por Jace, era algo estranho já que parabatais não poderiam ter um relacionamento de casal. Com tal ação, percebeu que o que sentia por Jace desde que havia esbarrado em Lydia e seus pensamentos haviam apenas ela, era apenas carinho, um amor de irmãos, o mesmo amor que sentia por Max e Isabelle, a ligação apenas aumentava tal sentimento.

Chegando no depósito que dizia ser a moradia de Magnus e seus feiticeiros, ficou surpreso com a inteligência e a percepção que Lydia tinha, era incrível como ela sabia e raciocinava coisas que ela apenas havia escutado falar, nunca havia visto em sua vida.

— Então grita, Lydia. Grita! – Disse Izzy chamando a atenção de todos, principalmente de Alec.

— O que está acontecendo? – Perguntou Alec sem entender a conversa como os outros, mas suas palavras não eram apenas curiosidade, havia preocupação em seu tom de voz.

— Lydia, grita! – Disse Izzy com a voz elevada, fazendo com que Lydia, como se fosse um chamado, abrisse os olhos e liberasse um grito estridente.

Alec havia ficado preocupado, não entendia o que sua irmã queria dizer mandando Lydia gritar, estava confuso, mas antes que perguntasse algo, tampou rapidamente seus ouvidos seguidos de todos, com o grito de Lydia.

Alec a encarava com uma interrogação acima de sua cabeça assim que Lydia havia parado de gritar, não entendia o que havia acabado de acontecer, apenas sentia a sensibilidade de seu ouvido presente. Queria descobrir o que havia acontecido. Mas quando abriu a boca para pronunciar-se foi interrompido com o baque de um corpo sendo jogado.

— Não pense que escapou, Lydia. – Disse Alec antes de correr em uma direção oposta de Jace.

Não havia tempo para questiona-la, mas assim que pudesse iria o fazer.

Alec correu entrando em um corredor e foi seguido por vozes, adentrando em uma sala onde Magnus utilizava seus poderes para defender-se de um membro do Ciclo. Automaticamente Alec que já possuía seu arco em mãos junto com um flecha posicionada, atirou uma flecha no homem do Ciclo e Magnus com sua magia, o matou.

— Muito bem. – Disse Alec observando ao redor, vendo objetos revirados.

Para um feiticeiro ele foi bem. — Pensou Alec.

— Faltou um pouco de estilo. – Disse Magnus virando na direção de Alec, ficando surpreso quando o viu — Sou Magnus. Acho que nunca fomos apresentados.

— Alec. – Apresentou-se Alec com um sorriso — Nós devíamos sabe... Eu acho que a gente... Sabe... – Enrolou-se um pouco com o olhar que Magnus lançava em sua direção.

— Ah claro, vamos participar da festa. – Disse Magnus.

— Isso. – Disse Alec e saiu a procura de seus amigos e de Lydia, já que haviam se separado a deixando com Izzy.

Quando havia terminado, Alec se juntou com os outros no apartamento de Magnus. Jace chamou Alec que se aproximou.

— O que foi? – Perguntou Alec querendo saber o motivo, já que Jace estava estranho ultimamente com ele.

— Você sabe o que aconteceu naquela hora? – Perguntou Jace – A Lydia gritou? Não era um grito normal e era muito parecido com o que havíamos escutado no cemitério quando a encontramos.

— Não, não sei, mas vou descobrir. – Disse Alec e os dois olharam para Lydia que estava abraçada com a irmã. Dos lábios de Alec surgiu um sorriso vendo o quanto sua irmã e Lydia se davam bem. Haviam se tornado melhores amigas em tão pouco tempo e ficava alegre em saber, sua irmã nunca teve amigas quando era menor.

Isabelle interrompeu a conversa de seus irmãos chamando por Alec, o moreno seguiu em direção e realizou o pedido da irmã, trocou de lugar com a mais nova colocando Lydia em seu colo e acariciou seus fios avermelhados e sorriu quando surgiu um sorriso involuntário nos lábios da mesma sabendo que ela estava gostando mesmo adormecida.

Estava gostando do contato que estava tendo com Lydia, mas precisava sair e se preparar com os outros, colocou uma almofada sem que Lydia percebesse e caminhou em direção a irmã que sorria animada. Isabelle havia ganhado o colar de Rubi que havia se apaixonado e amava ver a conexão de seu irmão com sua melhor amiga. Olharam para Lydia vendo que a mesma estava cansada e não havia acordado com o grito de Clary com a runa que recebia. Como o demônio maior era poderoso, respectivamente Clary precisava de uma runa mais forte.

— Você vai me contar o que aconteceu? – Perguntou Alec para a irmã.

— Não, Alec. – Disse Izzy – Não irei quebrar um promessa feita pela minha melhor amiga, sabe que nunca tive amigas e não vou desperdiçar agora que eu possuo, ela confiou seu segredo, não irei revela-lo.

— Imaginei. – Alec suspirou.

Assim que Clary terminou o pentagrama que Magnus havia mandando, todos se colocaram em seus devido lugar, cada um em uma ponta, havia cinco pontas cada um, estavam em seus receptivos postos menos Lydia, que estava adormecida em outra sala.

— Temos que iniciar uma ligação. – Comunicou Magnus – Quando a ligação estiver selada, não poderá ser rompida até que o demônio se retire. Não importa o que aconteça, não podemos soltar nossas mãos.

Cada um deram suas mãos a quem estava ao seu lado, formando assim uma estrela.

— Eu liderarei a cerimônia e você terão que fazer exatamente o que eu mandar. – Explicou Magnus – O nome do demônio é Valak. Em algum momento, e em algum momento ele irá pedir um pagamento em troca da memoria de Clary.

— Como assim? Que tipo de pagamento? – Perguntou Jace.

— Descobriremos. – Disse Magnus – Vamos começar.

Magnus começou a citar o feitiço de invocação.

— O cordão. – Disse Izzy chamando a atenção a si e todos viram a coloração do colar mudar – Está pulsando.

— Valek está entre nós. Não rompam a ligação. – Disse Magnus assim que um tornado negro apareceu e a ligação entre eles anunciou a chegada do demônio.

— Está na hora, o demônio exige o pagamento. – Disse Magnus.

— O que ele quer? – Perguntou Alec, tentando não soltar suas mãos.

— Cada um de nós devemos renunciar a uma memória de quem mais amamos. – Comunicou Magnus.

A primeira lembrança que mostrou foi a de Alec, enviada por Isabelle. A segunda foi de Clary, mostrando sua mãe.

— Não, não é verdade! O demônio me enganou! – Afirmou Alec não acreditando no que via.

Por causa disso, Alec, acabou rompendo a ligação, fazendo com que seu parabatai quase fosse morto pelo demônio maior.

Alec não acreditava no que via, como poderia usufruir um sentimento por essa pessoa? Simplesmente não acreditava, sua mente correu diretamente para Lydia, pensando na garota que estava adormecida na sala ao lado. O que ela pensaria ao saber que a pessoa que ele mais amava não era sua irmã e sim seu parabatai e irmão, Jace?