11. CONFISSÕES

Lydia acabara de acordar de seu sono, o sono havia levado o pequeno cansaço que sentiu pelo seu lado Banshee ter aparecido de repente. A ruiva olhou para os lados tentando identificar sua localização, não encontrou nada familiar, alguns flashes invadiram sua mente fazendo-a lembrar das horas anteriores, ela ainda estava no apartamento de Magnus, só deveria encontrar agora, seus amigos. Em seguida, saiu do quarto a procura de algum deles, assim que chegou na sala do feiticeiros, encontrou todos com semblantes de desanimo e cansaço.

— O que eu perdi? – Perguntou Lydia, ganhando a atenção no local, assim notando sua presença.

— Nada de mais. – Responde Isabelle dando um pequeno sorriso.

— O que aconteceu? Conseguiram recuperar as memórias de Clary? – Perguntou Lydia sentando ao lado de Izzy, querendo saber o motivo do desanimo de todos ali presente.

— Perdemos as memória de Clary. – Respondeu Isabelle.

— Como? – Perguntou Lydia incrédula. Eles queriam tanto ajudar a garota com suas memórias, menos Alec que apenas seguia os irmãos.

— Sim, perdemos. Mas não posso entrar em detalhes, apenas que quase morremos. Pergunte ao Alec, ele irá saber te explicar melhor. – Disse Isabelle querendo que seu irmão explicasse melhor o que realmente tinha acontecido, para que ele pudesse explicar o seu lado.

— Acho que você não está ajudando, está me deixando preocupada. – Disse Lydia a olhando.

— Não precisa ficar, Lyd. Já passou e estamos bem, isso que importa, mesmo que não conseguimos o que nós queríamos. – Disse Isabelle querendo despreocupar a amiga, e aponta com a cabeça para o irmão de forma discreta – Ele quer falar com você.

— Eu já até sei qual é o motivo. – Suspirou.

— Ele me fez algumas perguntas, eu juro que não falei nada, mas você sabe... – Disse Isabelle.

— Eu tenho que contar. – Continuo Lydia, frustrada.

A garota se orgulhava de seus poderes, junto com seus amigos já ajudou muitas pessoas. Mas sempre tinha o medo de acharem que ela era um monstro ou uma aberração por ter um toque da morte.

— Não há como esconder mais. – Disse Isabelle tentando confortar a amiga.

— Sim, eu sei. Eu vou contar. Só não quero ser julgada por algo que sou inocente. – A ruiva confessou.

— Ele não vai. Ele está caidinho por você, que nem vai te julgar. Nunca o vi ficar próximo a uma garota como ele estar com você. – Disse Isabelle sorrindo percebendo a vermelhidão da garota em sua frente.

— Você não pode mesmo me contar? Nem um pouquinho. – Lydia tentava tirar algo da morena.

— Interrogue o Alec, não a mim. Jogue-o contra a parede, o provoque, faça ele responder todas as suas perguntas. – Disse Isabelle sorrindo maliciosamente junto com Lydia – Antes que eu me esqueça, você irá dormir no Instituto. Posso arrumar um quarto pra você, a não ser que queira dormir no quarto do meu irmão como nas outra vezes.

— Não é uma má ideia. Mas não quero deixa-lo desconfortável. Nas outras vezes eu estava desacordada. – Disse Lydia.

— Tudo bem. Mas aproveite e converse com ele. – Disse Isabelle.

— Eu irei. – Lydia afirmou. E já passava formas de como ela poderia o confessar tal coisa.

O caminho para o Instituto foi em completo silêncio, ninguém pronunciava uma palavra se quer. Lydia se mantinha afastada de todos, pensativa.

Assim que chegaram dividiram-se, cada um indo para um lugar desejado. Isabelle mostrava um dos quartos vagos do Instituto para Lydia. Alec isolou-se em seu quarto.

Havia preocupação em seus pensamentos com um toque de raiva e certa vergonha. Não sabia o que sua garota iria pensar quando soubesse do que havia acontecido, Jace poderia ser seu parabatai, mas não o amava, não mais. Já teve um tempo em que pensava gostar de Jace, mas assim que Lydia apareceu em sua vida, se enganou completamente.

Essa ligação parabatai... — Pensou Alec suspirando, bateu levemente sua cabeça no box de seu banheiro, estava frustrado com sua situação.

Alec vestiu sua box preta e apenas uma calça moletom, já que logo iria dormir.

Enganado estava ele.

Assim que saiu, sentiu o sangue subir até a maçã de seu rosto o deixando avermelhado. Lydia estava em seu quarto, em sua frente, um tanto provocativa. Vestia um robe em um tom de rosa claro, batia na metade de sua coxa, um laço amarrado em sua cintura mantendo seu real pijama coberto. O pijama tinha alguns detalhes de renda, deixando um ar inocente. Mas quem conhecesse realmente aquela ruiva, sabia que ela não tinha nada de inocente.

Alec olhou de baixo a cima, medindo todas as proporções da ruiva, ela era perfeita, perfeita para ele. Naquele momento, Alec, apenas pensava em jogá-la em sua cama e fazê-la sua.

— Queria falar comigo? – Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz um tanto inocente. Sentiu seu rosto corar novamente por ter tido pensamentos tão inapropriados com a ruiva em sua frente.

— Sim. Dessa vez não tem para onde fugir. – Disse Alec pegando a camisa de seu pijama para o colocar.

— E quem disse que eu quero? – Sentiu mãos macias nas suas, sua camisa antes estava em sua mão, agora estava jogada no chão perto do pé da cama. – Melhor assim. – Deslizou seus delicados dedos sobre o peito desnudo de Alec, que apenas arrepiou-se com seu toque.

Alec segurava-se para não agarrar a ruiva a sua frente, mas antes que fizesse o ato precisava que ela colocasse as cartas em cima da mesa, precisava saber o que tinha acontecido no apartamento de Magnus.

— Você pode me explicar? O que houve no apartamento do feiticeiro? O que você é? Um humano não poderia gritar tão alto quanto você. – Alec encheu-a de perguntas, deixando-a desconfortável, mas Lydia sabia que deveria responder todas aquelas perguntas feitas pelo moreno.

Lydia apenas respirou fundo, sem saber como começar.

— Eu faço parto de uma alcatéia em Beacon Hills, há diversos seres, kitsune, lobisomem beta, já tivemos uma caçadora, um humano... – Lydia contava lembrando de seus amigos e sua melhor amiga, Allison poderia não estar entre eles mas sempre viveria no coração de todos – Nós ajudávamos nossa cidade enquanto estávamos no ensino médio, passamos por várias barreiras, tínhamos algumas dificuldade mas sempre conseguíamos, juntos. O nosso alfa e amigo, Scott McCall, não era um alfa por matar outro e sim por merecimento. Ele sempre ajudava os outros acima de tudo...

Alec percebia o quanto Lydia sentia-se orgulhosa de seus amigos e isso o fez o sorrir, a cada história contada, ela a achava cada vez mais incrível e a admirava por apesar de tudo que enfrentaram, ela estava junto com seus amigos, mesmo depois do ensino médio.

— Como eu expliquei a sua irmã, não somos seres sobrenaturais, apenas temos uma conexão com esse mundo. Tenho a capacidade de ouvir vozes através de sons que podemos me levar a cena do crime ou simplesmente escrever ou desenhar mensagens que pode ajudar de alguma forma. Sinto quando alguém está prestes a morrer de formar sobrenatural, pode ser um humano ou algum ser ou como vocês chamam, submundanos. Por isso eu pude sentir a morte daquele feiticeiro, as vozes me fizeram sentir, me fizeram gritar. Somos atraídas pela morte, é isso que nós somos, é isso o que eu sou, uma Banshee. – Finalizou Lydia, sentindo um desconforto, Alec a encarava em silêncio – Você pode achar que agora eu sou uma aberração, um monstro da morte, mas eu não sou. Eu tenho orgulho de ser quem eu sou, e de tudo que eu fiz junto com meus amigos.

Alec estava sem reação alguma, isso era fato. Não conseguia pensar na ruiva que estava em sua frente, passar por tanta pressão, não conseguia ver como pessoas tinham a capacidade de machucar a linda fada. Sem dizer nenhuma palavra se quer, Alec a puxou para seus braços, abraçando-a.

"Quantos segredos você consegue guardar? [...] Amor, nós dois sabemos que as noites foram feitas especialmente para dizer coisas que não podem ser ditas no dia seguinte."

No começo, Lydia havia estranhado de certa forma, mas mesmo assim se pôs para retribuir o abraço do moreno.

— Eu nunca iria achar que você é um monstro, anjo. Só é apenas diferente de todos. – Alec havia a afastado um pouco para que pudesse olhar em seus olhos tão parecidos com os dele, Lydia sentiu seus pelos arrepiarem e seu coração acelerar com a menção da forma carinhosa que Alec havia chamado-a, o moreno depositou sua mão no rosto da ruiva, afastou delicadamente alguns fios que estava em sua bochecha.

— Isso é ruim pra você? – Perguntou Lydia olhando em seus olhos, demonstrava o alívio que sentia. Suas respirações já circulavam juntas, perigosamente perto, seus corações estavam acelerados por conta da aproximação.

— Nem um pouco. –Disse Alec quebrando o pequeno espaço que ainda existia entre eles, aproximando assim seus lábios contra os dela.

E então ele a beijou, não fora um simples toque de lábios e sim um beijo de verdade. Sua língua percorreu por cada centímetro da garota, explorando todo o perímetro, um beijo apaixonante, calmo, cheio de sentimentos que demonstravam a ambos o desejo que sentiam um pelo outro. Quando a falta de ar se fez presente, eles afastaram-se e encaravam-se envergonhados com o ato.

— Desculpe. – Disse Alec em um tom baixo mas que Lydia conseguiu ouvir.

— Não se desculpe. Eu gostei. – Lydia admitiu e sorriu vendo um sorriso tímido surgir nos lábios do moreno.

— E-eu... – Lydia fechou os olhos e respirou fundo não querendo gaguejar, precisava saber o que havia acontecido enquanto estava inconsciente, não sabia o que estava sentindo, mas era diferente do que sentia por Jackson – Posso fazer uma pergunta?

Alec estranhou mas mesmo assim, assentiu curioso, querendo saber qual seria a pergunta.

— O que aconteceu? – Perguntou Lydia, mas vendo o semblante confuso do moreno repetiu – O que aconteceu quando eu estava adormecida? Izzy não quis me contar, apenas disse que você poderia me explicar melhor.

De repente Alec ficou sério, o assunto que ele desejava esquecer havia voltado, e pior, a sua garota quem queria saber. Mas de certa forma sentiu-se aliviado, sua irmã não contou, deixando assim que ele pudesse contar o seu lado da história, não deixando Lydia pensar em algo pior.

— Tivemos que matar o demônio que possuía as lembranças de Clary, acabou perdendo-as. – Disse Alec, querendo evitar de contar que o que havia acontecido, na verdade era sua culpa.

— Isso eu sei. – Disse Lydia – Mas não se esqueça de além de ser Banshee, eu também sou uma gênia. Percebi rapidamente que algo havia acontecido além do demônio. O que realmente aconteceu, Alec?

Alec suspirou e desviou o olhar da ruiva — Perdemos as memória por minha culpa.

— Se não quiser contar, tudo bem. – Disse Lydia mesmo corroendo-se de curiosidade.

— Não, tudo bem. É seu direito saber, estava lá para nos ajudar de certa forma. – Disse Alec com sinceridade. – O demônio pediu algo em troca das lembranças da garota.

— O que ele pediu? – Perguntou Lydia, em sua mente passava várias teorias, mas nenhuma chegava perto do real pedido, até alguns dias atrás ela ao menos sabia da existência de demônios.

— Em trocas das lembranças, ele pediu memórias de quem nós mais amamos e quando foi a minha vez... – Alec deu uma pausa, aumentando o suspense naquele quarto.

— Quando foi a sua vez...? – Insistiu Lydia, de alguma forma ela não queria saber da resposta que viria a seguir. Seus coração acelerou com a possibilidade de haver outra garota.

— Jace. – Confessou Alec desviando seu olhar para um cômodo qualquer de seu quarto, não querendo ver a reação da garota em sua frente.

— Jace, o que? Ele não é seu parabatai? Pensei que eram proibidos relacionamentos... – Perguntou confusa, seu cérebro processava em sua cabeça tentando compreender e quando aconteceu ficou surpresa – Alec... Você é gay?

Alec logo a olhou incrédulo, espantado por um instante, não esperava que Lydia lhe fizesse tal pergunta.

— Não, claro que não! – Respondeu rapidamente.

— Você pode dizer a verdade, não tenho nada contra e respeito. – Disse Lydia lembrando do seu amigo, Danny.

Alec franziu o cenho, pensando em uma resposta boa o suficiente para que Lydia tirasse aquela ideia absurda de sua cabeça. Uma ideia formou-se em sua cabeça, tinha grandes chances da ruiva não o rejeitar como minutos atrás. Então, Alec a puxou para seu colo, envolvendo-lhe sua cintura e a puxou novamente para um beijo, mas diferente do outro esse era feroz, Lydia envolveu seus braços ao redor do pescoço do moreno, deixando seus dedos nos fios negros acariciando e dando leves puxões, o que aumentava o desejo de Alec. Sua mão que envolvia sua cintura a puxava para mais perto, aproximando-os, deixando seus corpos tocarem um ao outro, enquanto a mão livre envolvia a nuca da garota, impedindo que seus lábios separassem dos dela.

Ela despertava os seus piores desejos.

Lydia pousou uma de suas mãos no peito do moreno, começando a sentir a falta de oxigênio em seus pulmões, o beijo levava ambos a loucura. Quando pararam encostaram suas testas uma na outra, mantendo os olhos fechados, tentando recuperar o fôlego.

— Ainda tem duvidas? – Perguntou Alec, com sua respiração voltando ao normal.

— Com certeza não. – Lydia admitiu ainda de olhos fechados.

— Dorme comigo? – Perguntou fazendo com que Lydia abrisse seus olhos e o olhasse – Apenas dormir. Dorme comigo?

— Sim. – Respondeu Lydia.

Sorrisos surgiram nos lábios de ambos, Alec depositou um selinho demorado nos lábios da ruiva.

Lydia levantou-se de seu colo e desamarrou seu robe, fazendo com que Alec tivesse uma visão privilegiada e clara de seu pijama, era preto de alças com um decote em V, com uma pequena fenda no lado direito de sua coxa, havia detalhes de renda nas bordas. Alec agradeceu a irmã por pensamento sabendo que ela era a dona daquele pijama. Repreendeu a excitação que sentiu e logo deitou-se para cima cobrindo-se com um cobertor até sua cintura ocultando a região desejada. Lydia deitou-se ao seu lado depositando sua cabeça no peito do moreno, escutando por poucos minutos o coração do mesmo acelerar e sorriu.

— Boa noite, Alec. – Disse Lydia fechando seus olhos.

— Boa noite, anjo. – Sussurrou Alec beijando sua testa de forma carinhosa.

Pensamentos rondaram em ambas mentes antes de caírem no sono, abraçados.

Alec nunca fora do tipo pegador, de fato nunca havia apaixonado-se por garota alguma. Mau havia tido algum contato com alguma garota sem ela ser a sua irmã, não sabia o que começara a sentir. Apenas com um esbarro havia encantado-se com ela, uma garota que havia aparecido em sua vida tão de repente. E no caso de Lydia, ele sabia que ela não era uma garota comum como as outras, ela era diferente. Ela era sua, apenas sua, mesmo sem um pedido concreto. Não deixaria que ninguém a machucasse, iria cuidá-la.

Lydia conseguiu deixar seus pensamentos de seu antigo namoro, Jackson havia a machucado muito, mas ela pensou que agora poderia entregar seu coração, que valeria a pena.

Ambos não sabiam o que sentiam, apenas que era um sentimento forte e aparentemente recíproco. Sentiam que era verdadeiro. Era um sentimento belo, único, que somente quem experimentava sabia seus efeitos e somente uma única palavra os uniam permanentemente, eles iriam descobrir juntos o que sentiam um pelo outro, iriam descobrir que o que sentiam era mais forte do que pensavam, iriam destruir barreiras que pudessem destruir ou repelir aquele sentimento, aquele sentimento que mais em frente descobririam ser o amor. Um amor que cada segundo crescia sem eles ao menos perceberem.