_ Oh meu Deus, - disse Claire exasperada com tudo o que lia nos documentos e no computador a frente de Leon – esse tal de Dr. Walker é totalmente pirado! Por que será que esses geneticistas teimam em achar que transformar todo mundo em zumbi ta na moda?

_ Eu sinceramente não sei – Leon examinava alguns arquivos no computador – O sobrenome da May não é Denner? – Ele observava as informações a sua frente com total desentendimento.

_ Pelo menos foi o que ela me falou – disse Claire em tom de brincadeira, enquanto se apoiava na mesa ao lado de Leon, e vendo que o mesmo olhou totalmente serio para ela, pigarreou sem graça – Sim, é Denner! Por qual motivo?

_ Pois aqui esta citando os nomes do Doutor e Doutora Denner como um dos principais pesquisadores do protozoário viral Colombo – ele olhou para a face confusa de Claire e continuou – Parece que é esse protozoário que causou todo esse caos por aqui...

_ Nossa, acho que ela não deve saber desse envolvimento dos seus parentes, - disse pensativa - E o que mais diz ai, - disse Claire enquanto abaixava-se ao lado de Leon para observar melhor – O que tem mais sobre esse parasita, ou sei lá...

_ Diz que ele é a junção de um protozoário parasita com um vírus derivado do T-vírus inicial, eles acreditavam na capacidade do vírus na criação de novos humanos. Foi testado em ratos, em macacos, não tiveram sucesso, mas resolveram tentar novamente, e dessa vez em humanos, pois era o seu alvo principal...

_ Pelos Deuses! – Claire pareceu chocada quando viu as fotos do arquivo, que mostravam pessoas e animais no período de incubação do protozoário/vírus. No inicio eram bichos que chegavam a ser adoráveis e pessoas normais e suas feições naturalmente humanas, e no decorrer da pagina elas se transformavam em coisas desfiguradas e arrepiantes. – Esse povo é louco, não agüento mais ver isso. – disse enquanto tomava o mouse da mão de Leon e fechou o arquivo. – O que é isso? –disse curiosa e confusa ao mesmo tempo.

_ Isso o que? - Leon passava os olhos pela tela procurando o motivo da curiosidade de Claire. – “Projeto Campbell”?

_ Espero que não seja o que eu estou pensando – Claire clicou no ícone e esperou o arquivo carregar, alguns poucos segundos, o termino do carregamento, fazendo com que na tela aparecessem todas as informações contidas no arquivo. – Oh merda! – disse Claire enquanto lia e criava dois sentimentos dentro de si: surpresa e desespero.

Surpresa, pois não imaginaria nem em mil anos do que Dr. Walker era capaz, e desespero, pois havia cometido um erro tremendo.

Agora Claire olhava para fotos, mas não de pessoas e animais praticamente se decompondo em vida, e sim, algo que para ela era mais aterrorizante que qualquer tipo de coisa, ela olhava para fotos da fase de crescimento de algo ou alguém, apuração de dados de um garoto, desde embrião ate a fase adulta. E lá estava, a ultima fotografia anexada era a de um homem, com olhos cor de mel esverdeado, cabelos castanhos, e na legenda da foto dizia:

“James W. Campbell, criado e observado por Dr. Walker Demétre”

E foi aqueles dois nomes, do criado e do criador, que fez com que Claire pensasse em seu erro, o de ter mandado May acompanhada do próprio inimigo.

_ Precisamos ir atrás de May, e agora!

...

_ Filho?! – Pelo tom de voz, e por sua feição no momento era fácil deduzir a confusão em que estava a mente de May no momento!

_ Filho entre aspas – disse Demétre enquanto passava a frente de James – Eu criei James, então é natural que ele me trate como seu criador, o seu “deus”, o seu pai! – disse dando um sorriso, ao que para May pareceu verdadeiro, para James e depois para May, tornando o sorriso sarcástico. – Surpresa, querida Denner?

_ Hmm – Engoliu em seco antes de responder – um pouco talvez... Isso não explica o porquê de você esta no meio do caos do hospital... – enquanto falava James levava a mão ao bolso de sua calça e de dentro tirava duas ampolas com o conteúdo vermelho escuro. – As amostras de sangue...

_ Bem querida May, tivemos alguns problemas na nossa segurança, tivemos algumas falhas, alguns seguranças devorados, e coisa e tal, e algumas das minhas criaturas simplesmente fugiram! – O tom de voz debochado e o jeito que ele travava a situação como algo tão natural, deixava May enfurecida, - Eu precisava delas, na verdade do sangue delas para aprimorar ainda mais o Colombo, o fazendo indestrutível, mas você me poupou o trabalho e já me trouxe as amostras até etiquetadas... – ele sorria sarcasticamente enquanto pegava as amostras da mão de James, que olhava para baixo como se estivesse envergonhado de algo.

“Como pôde James? Eu confiei em você!” dizia May mentalmente para James, e em resposta ele apenas levantou o rosto para May, e nele havia uma expressão de arrependimento, talvez culpa, ou impotência por ter que obedecer a um homem muito menor e que ele, May não poderia deduzir os sentimentos que transpassavam na face de James naquele momento, e mesmo sem querer procurou entender, “ talvez ela seja subordinado, ou então não tenha nenhuma opção”.

_ PERFEITO! – Disse Demétre exasperado enquanto olhava pelo seu microscópio de ultima geração – Tudo em perfeita ordem! Mas alguns ajustes e essa belezinha logo funcionaram de acordo com os objetivos de sua criação!

_ Você é doente! – May olhava enojada para o homem a sua frente – Somente um doente para fazer isso com a sua própria espécie!

_ Então somos todos doentes, loucos, doidos, pirados da cuca, o que mais você queira chamar – disse Demétre utilizando sempre de seu tom de voz debochado – Você não sabe o quão o mundo esta cheia de pessoas querendo aperfeiçoá-lo!

_ Isso não é aperfeiçoamento, isso é destruição! Ninguém pediu por isso sabia! – disse May indignada com as palavras de Demétre.

_ Claro que pediu... Era a única coisa que vocês pediam! Nos jornais, noticiários, programas de TV, internet, entre tantos meios de comunicação, era a única coisa que pediam! Era por alguém que intercedesse por vos! Eu, Dr. Walker, intercedi!

_ SEU DOENTE! VOCE NÃO É UM DEUS! VOCE É UM MERDA! EU VOU ACABAR COM VOCÊ! – May pegou a faca que estava no coldre amarrado a sua perna, e a lançou contra Demétre. Sua mira, velocidade, posição eram perfeitas, e a arma branca estava pronta para perfurar o espaço vazio onde deveria ficar o coração de Demétre, se não fosse por James, que se jogou de fronte a faca, perfurando o seu peito e caindo ao chão. – JAMES!