Cliviland City : O Desastre

"...Não é possível que ainda tenha medo do escuro"


_Quem é você? O que faz aqui?

Havia uma voz rouca e firme vinda do lado não iluminado da sala. May espremia seus olhos tentando enxergar no meio da escuridão, procurando identificar o dono da voz, mas foi um esforço em vão, só havia sombras naquele lugar. Ela começava a se perguntar se a voz que ouvira não teria sido algo da sua cabeça recentemente perturbada e cansada, e que talvez o vento tenha fechado a porta, porem o vento não corria pela sala, as janelas se mantinham fechadas. Abaixou sua arma, mas continuou a observar a escuridão, algo estava errado, a voz era muito nítida.

Algo pareceu se mexer em meio à escuridão, e May já estava com sua arma a postos de novo, mas dessa vez, algo veio em sua direção. A sombra que se aproximava era grande, para May que já vira de tudo nesses últimos dias, poderia ser qualquer coisa, uma pessoa, ao ate uma dessas criaturas horripilantes.

Por dentro ela estava em pânico, não sabia se gritava por Claire, ou se apenas esperava sombra vir para cima dela, ou simplesmente atirar, um confronto interno tomava conta da cabeça de May. Até agora não imaginara que passaria por algo assim, não sabia como reagir em uma situação como essa.

Ela fechou os olhos, foi algo estúpido de se fazer, ela preferiu não encarar o que a esperava, mas passou alguns segundos que estava com os olhos fechados, e nada ainda a havia atacado, deveria ser sua imaginação. “Vamos lá May, abra os olhos, não é possível que ainda tenha medo do escuro”, ao pensar em abrir os olhos, rezava para que nada passasse de sua imaginação fértil.

Porem quando abriu os olhos finalmente, um grito escapou de seus lábios, mas logo foi abafado pela mão do homem sombrio que surgiu da escuridão.

...

O corredor era maior do que Claire imaginava, ela foi abrindo todas as portas que estavam mais a fundo assim como combinado. O corredor principal a levou ate outros dois corredores, ao que parecia um dos corredores secundários levaria para a ala onde ficavam os presos, as celas estavam escuras, mas era possível escutar os grunhidos característicos dos mortos vivos. Claire achou melhor não arriscar e deu meia volta para o outro corredor, mas nada havia naquelas salas, alem de escritórios recentemente abandonados e sangue, alguns insetos comedores de carniça, mas nada alem disso.

_ Melhor voltar e procurar May, para irmos atrás de James.

Ela já dava meia volta, quando escutou um grito ao longe ser abafado. “May”, foi à única coisa em que pensou, foi na garota do outro lado do corredor que agora parecia ter gritado. Saiu correndo pelos corredores escuros o mais rápido que pode.

...

_ Xiiiii... – May olhava nos olhos do homem que mantinha a mão coberta com uma luva de couro em sua boca – Faça silencio! – Ele sussurrou para May – Não estou aqui para te machucar, não grite ok? – Ele olhou nos olhos verdes da ruiva, agora um pouco mais sombrios pela escuridão, May entendeu o recado e assentiu com a cabeça. – Vou te soltar devagar, mas se gritar...

Não parecia uma ameaça, mas May achou melhor seguir o que ele falou, não gostava de seguir ordens, mas os braços do homem eram grandes e se ele quisesse a machucaria, ou talvez a mataria com um simples aperto. Ele lentamente retirou a mão da boca de May, ela não gritou, apenas mantinha os olhos arregalados, estava visivelmente assustada.

_ Não se preocupe, não irei te fazer mal, ao contrario, posso te ajudar se quiser – O homem lhe pareceu sincero. Ela assentiu novamente com a cabeça, o homem de cabelos loiros, agora perceptíveis pela luz que o laptop emitia, ainda não havia a soltado, e ela começava a ficar sem ar. Ele percebendo que a garota em seus braços se sentia desconfortável a soltou rapidamente – Desculpe, desculpe por te assustar. – Ele passava a mão pelos cabelos.

_ Tudo bem, - May respirava profundamente, recuperando o ar que perdera – Quem é você?

_ Sou Leon S. Kennedy, mas pode me chamar apenas de Leon. – ele ofereceu a mão em um cumprimento. May olhou meio de lado, mas o cumprimentou.

_ Sou May Denner, mas me chame de May, - Ela olhou para Leon, meio desconfiada, parecia já ter escutado esse nome em algum lugar – O que faz aqui?

_ Estou procurando uma amiga, ela disse que viria para essa cidade, mas acho que não havia previsto isso tudo.

_ Ninguém previra. Ela ainda esta viva?

_ Tenho certeza que sim, pelo que conheço de Claire ela sem duvida alguma deve esta ótima – Ele deu um sorriso torto no escuro, e May olhou para o rosto de Leon, um pouco incrédula com a coincidência que havia ali. – O que foi?

_ Claire... Claire Redfield? Você é o Leon, que era policial em Raccoon City?

Leon assentiu, e May riu pela coincidência praticamente impossível, mas antes que pudesse dizer alguma coisa, Claire já havia chutado a porta do escritório em que se encontrava, causando em May outro susto. Claire já empunhava a arma, mas quando viu Leon quase não acreditou em seus olhos.

_ OH MEU DEUS! VOCÊ! – e em um pulo, Claire já estava abraçando, ao que parecia eram amigos de longa data – Oh Leon, que bom que você esta aqui, - Leon sorriu para Claire, e colocou Claire no chão, - era você que estava naquele helicóptero que vimos?

_ Deve ter sido, cheguei hoje, Chris me disse que você estaria aqui! – O olhar de Leon, mesmo no escuro parecia reprovador.

_ Ai, esse Chris, devia para de ficar cuidando da minha vida, e cuidar da dele um pouco em vez de ficar mandando você atrás de mim – Claire cruzou os braços e franziu o cenho.

_ Não, ele não me mandou atrás de você, eu liguei para sua casa, mas você não atendeu ao telefone, então liguei para o Chris...

_ E o que você queria comigo?

_ Queria falar com você sobre alguns boatos que escutei sobre essa cidade, e como a Phoenix Pharm esta envolvida achei que a Save The World teria mandado você para cuidar do assunto, e uma coisa ligou a outra.

_ Eu não sabia que era a PP que estava envolvida nesse escândalo, eu ate pensei em ligar para você antes de ir, só que foi tudo muito rápido. E eu também não me importei, achei que chegaria aqui, resolveria tudo e iria embora, mas nunca pensei que teria que enfrentar isso tudo de novo.

_ É mesmo, foi um choque pra mim quando soube, - o homem cruzou os braços e mantinha um semblante serio – mas o que me intriga é que te passaram muito pouca informação. Deve ter sido algum erro de informação, não sei.

­_ Deve ter sido – eles ficaram um tempo se encarando, talvez entrando em uma conclusão mental – Calma ai, eu me esqueci do James – Claire bateu a mão na testa.

_ Quem é James? - Leon olhou confuso para Claire.

_ Calma, eu já volto, vou atrás do James... – Claire falava enquanto saia porta a fora.

_ Quem é James? – Leon olhou confuso, agora para May, que havia se mantido calada esse tempo todo.

_ Um rapaz que encontramos no hospital, mas sei tão pouco dele quanto você.

Leon se manteve pensativo por alguns segundos, então desfez a sua carranca pensativa e olhou para May, ela parecia incomodada com algo, cansada, também era perceptível a incompreensão dos fatos em sua mente somente por sua expressão.

_ Senhorita Denner?

_Por favor, me chame de May – Ela estava lisonjeada pelo termo senhorita, mas formalidade de mais ela.

_May, - Leon sorriu e May retribuiu – Você parece exausta, esta tudo bem?

_Esta tudo bem, tirando alguns certos detalhes, mas...

May arrumou sua postura enquanto falava, tentando parecer mais dispostas, mas quando apoiou no seu pé machucado, quase caiu no chão, porem Leon foi mais rápido e a apoiou em seus ombros, e a sentou na cadeira atrás da mesa onde estava o computador. Quando sentou pode dar uma boa olhada no que havia na tela, apenas alguns mapas, e informações sobre uma empresa chamada Phoenix Pharm, em algumas das fotos no monitor havia uma fênix o que May deduziu que fosse o logotipo da empresa. E seu fundador Demétre Walker, tinha uma foto um pouco embaçada, ao que parecia de Demétre, tinha um rosto muito parecido com alguém que conhecia, mas ela não conseguia se lembra. Algumas outras informações codificadas que May nem se esforçou em passar o olho sob elas. Leon percebeu a curiosidade nos olhos de May que não paravam de fitar o computador a sua frente, ele puxou uma cadeira sentando ao lado de May.

Ela só percebeu a presença de Leon ao seu lado, quando o próprio pegou o pé machucado de May e apoiou em seu joelho, tirou o tênis e a faixa que ela havia pedido para James colocar, pegou uma lata em aerosol dos muitos bolsos que havia em sua calça, agitou e aplicou no pé de May.

O produto instantaneamente aliviou a dor no pé torcido de May, como se fosse mágica, como se algum tivesse tirado com a mão. E logo um torpor subiu por seu corpo e ela relaxou na cadeira onde estava.

_ Alívio instantâneo – Leon sorriu com a reação de May ao remédio. – sente-se melhor May?

_ Melhor? Estou ótima! – Ela reparou que o pé ainda estava apoiado no joelho de Leon, e um pouco sem graça o tirou de cima do rapaz, - Obrigada.

_ Ao seu dispor, tome – ele pegou novamente uma lata em aerosol e colocou nas mãos de May – Caso precise.

_ Obrigada novamente Leon. – ela sorriu timidamente para o homem em sua frente – não quero parecer intrometida, e se for, peço logo desculpas, mas acho que como moro em Cliviland City e pareço ser a única sobrevivente daqui, tenho que tomar parte da situação não acha?

_ Claro - Leon ainda sentava perto de May, e olhava diretamente nos olhos da garota. – O que quer saber?

_ Quero que me explique tudo o que esta acontecendo!