_ Estamos indo para a delegacia. – May disse entre dentes, seu pé ainda dolorido pela torção a incomodava.

_ O que? Vocês duas firam loucas? – disse James incrédulo, aquilo tudo parecia uma missão suicida. – Primeiro o hospital, agora a delegacia? Estão querendo o que? Se matar?

_ O que? Primeiro você também estava no hospital, fazendo sei lá o que, segundo, se não quiser nos acompanhar, só da o fora! – May nunca gostou de ser contrariada. Sempre fora pavio curto, e a dor em seu pé a deixava ainda mais sem paciência.

_ O que eu estava fazendo lá não lhe interessa. – James olhou feio para a ruiva, que estava sentada ao seu lado.

_ Ei, o que é aquilo – Claire, que ate agora acompanhava a discussão dos dois, calada, finalmente tinha falado, ela olhava pelo para brisa do carro, - Acho que é um helicóptero – O barulho baixo dos motores, conforme se aproximava do carro, ia ficando mais alto.

James e Claire tentavam encontrar o que Claire dizia ver, mas quando foram olhar pela janela os dois ao mesmo tempo, acabaram por chocar suas cabeças.

_ Oh, presta atenção – May passava a mão onde a cabeça havia batido. – já não me bastava o pé agora a cabeça! Bosta! – May esbravejava aos sete ventos.

James apenas passou a mão na cabeça, não resmungou nem nada, pulou para o banco da frente que estava desocupado.

_ Olha - Claire apontava para o ponto preto nos céus, ele se movimentava rápido, e logo desapareceu no horizonte.

_ De onde ele veio – May se meteu no entre os dois. Claire apontou com o dedo a direção que o helicóptero veio – a Delegacia fica por aquele lado, mas tem muitas outras coisas por ali também.

_ Ok, melhor irmos antes que fique escuro.

...

_ Eu ainda acho isso uma má idéia.

O Landau preto de May estava estacionado em frente à delegacia, já havia escurecido, fazendo seu carro passava despercebido em meio na escuridão. As janelas se mantinham fechadas e as conversas não passavam de sussurros, tudo isso para não chamar a atenção dos mortos vivos que estavam na rua.

_ Calma Claire, eu sei o que estou fazendo – na verdade, May não fazia idéia do que estava arriscando, correr e entrar na delegacia ela conseguia fazer, mas o que iria encontrar na parte de dentro era o mistério.

_ Tem certeza disso May?– James de inicio não concordou com a idéia de May em passar na delegacia, muito menos com a idéia de irem para o deserto a procura da antiga sede da umbrella, se opôs fervorosamente contra o que gerou uma nova discussão entre os dois, mas o assunto se encerrou May não daria o braço a torcer, já tinha tomado sua decisão.

May assentiu na escuridão, por precaução, já estava com sua arma em mãos, pronta pra enfrentar qualquer coisa que viesse a ameaçar. Já estava na hora, não poderia demorar mais nem um segundo.

_ Ok, eu vou à frente com a barra de ferro, e vocês dois vem atrás de mim. E só atirem, quando for realmente necessário! – Claire disse firme – Já vão ter muitos desses lá dentro. Não iremos chamar mais do que o necessário para a nossa “festinha particular”.

Claire abriu a porta do carro lentamente para não fazer qualquer barulho, James e May saíram do carro, James até tentou oferecer ajuda a May, mas a mesma preferiu não aceitar, seu orgulho falava mais alto que a razão, e mesmo sentindo dor no seu pé, mancando ela seguiu atrás de Claire. James fechou a porta silenciosa e lentamente, e seguiu para onde Claire e May iam, cobrindo sua retaguarda, apontando as armas para todos os lados, ate chegarem à porta da delegacia. Se encostaram à porta de entrada, Claire olhou para os duas pessoas ao seu lado, um sinal de que iria abrir a porta, colocou a mão na maçaneta, Claire assentiu com a cabeça iniciando uma contagem de 3 a 1.

Quando abriu a porta, ambos estavam preparados para tudo, mas nada veio, o lugar estava totalmente deserto, havia apenas mortos ao chão, mas nenhum parecia querer se levantar e atacá-los. Claire olhou incrédula, mas não podiam ficar parados ali, entraram.

O lugar estava cheio de sangue e corpos no chão, e o cheio dava ânsia em May, mas procurou não demonstrar sua fraqueza, como sempre seu orgulho a impedia. Claire pegou sua lanterna, e vasculhou o lugar. A delegacia era grande, havia um saguão principal, e nas laterais algumas escadas, e no fundo do saguão alguns corredores.

_ Vamos ter que nos separar – May franziu o cenho, não gostava da idéia, a principal coisa que aprendeu com os filmes de terror, foi que se separar era uma péssima idéia, e na maioria das vezes sempre acontecia alguma coisa. – Não se preocupe May, eu vou com você por ali e James, você vai por aqui. Pode ter alguém vivo por aqui, e procurar o arsenal da policia. Tome cuidado, e lembre-se, atire em ocasiões onde é realmente necessário.

_ Deixa comigo, sei me cuidar. - James deu um sorriso meio sombrio para May, e ela olhou meio confusa, ele se virou e seguiu pelas escadas, onde Claire havia apontado.

_ Você esta bem? Consegue andar? – Claire viu que May não gostava quando James tentava ajudar, e talvez não gostasse se ela fosse ajudar – Quer ajuda?

_ Não eu estou bem – Ela andou meio torta na direção de Claire, tentando não apoiar no seu pé machucado, o que era quase impossível – Quem sabe só um apoio?

_ Claro – Claire ofereceu o ombro para que May pudesse se apoiar – Por que você não gosta de ser ajudada? Principalmente quando essa ajuda vem de Jamie? – May olhou meio sem graça para Claire.

_ Jamie é? – Claire deu de ombros, com um sorriso sem graça nos lábios - Bom, quando meus pais desapareceram, eu fiquei com meus tios, e eu evitei ao máximo a aproximação deles, não queria me apegar, então isso me forçou a não ficar dependente, e me orgulho disso, nunca pedi ajuda aos meus tios, nem as pessoas que conviveram comigo esse tempo todo.

_ Então você é uma criança traumatizada – Claire olhou para May, e ela assentiu com a cabeça – Mas e o Joe, vocês eram próximos, ele parecia ser um cavalheiro pelo que você me contou.

_ Ele era, desde quando o conheci Joe no inicio da faculdade, ele tentou se aproximar de mim, eu tentava não me aproximar dele assim como fiz com meus tios, mas Joe tinha algo que me encantava, era inteligente, esperto, gostávamos das mesmas coisas, então era difícil não se apegar a ele. Um dia ele me ofereceu ajuda com um trabalho, eu o xinguei de tudo quanto foi nome, enlouquece,- May sorriu no escuro com suas lembranças – Eu lembro de perguntar se ele achava que eu precisava da ajuda dele, ele ficou sem fala, depois desse meu episodio fiquei um mês sem falar com ele.

_ Nossa, você é fogo mesmo hein, se fosse ele nem olhava mais na sua cara. – Claire riu com as loucuras de May.

_ Pois é, eu também, mas ele era especial, um mês depois, em uma madrugada ele bateu na minha porta, pedindo desculpa, disse que não tinha entendido o meu acesso de loucura, que eu era estranha e que o normal seria ele se afastar de mim, mas que não conseguia. Disse que debaixo da minha casca de barata eu era uma garota indefesa e que precisava dele. O que me deixou com mais raiva, mas ele tinha uma coisa naqueles olhos castanhos que me dizia que era para eu confiar nele, sei lá alguma coisa. Com Jamie não é assim, tem algo nele que não me passa confiança.

_ Interessante isso, nunca aconteceu isso comigo, tipo, quanto estava em Raccoon City, encontrei o Leon, e ele me ajudou bastante, mas também nunca neguei a ajuda dele, você deveria rever seus conceitos, ora, a sua cidade esta cheia de zumbis e qualquer ajuda é bem vinda, vai por mim.

_ Ok - May deu de ombros, Claire estava certa, mas seria difícil deixar o lado arrogante e presunçoso de lado. – vou tentar, mas não garanto nada.

Elas conversavam enquanto andavam para onde Claire indicou que fossem, alguns poucos metros do saguão principal, havia um corredor, estava escuro, mas era possível ver varias portas, o que aparentemente essas portas levariam a alguma sala, era preciso abrir todas. Mas May não agüentaria, e atrapalharia Claire estando apoiada em seu ombro.

_ Calma, está muito escuro ali. Você vai na frente já que você esta com a lanterna, eu olho essas aqui mais perto, e você olha as mais pro fundo, eu no seu ombro vou acabar te atrapalhando se acontecer alguma coisa – Claire pensou em contestar a idéia, mas May já havia soltado de seu ombro, e estava apoiada na parede.

_ Tudo bem, qualquer coisa grite! – Claire segurou a lanterna em uma das mãos e a barra de ferro em outra, e adentrou no lado mais profundo do corredor desaparecendo na escuridão.

May estava exausta, “devia ter pegado uma muleta daquelas do hospital, ou quem sabe uma cadeira de rodas”, rindo sozinha de seus pensamentos. Ela foi se apoiando pela parede, mas ficar sem forçar o pé machucado era quase impossível, foi mancando até a primeira sala, abriu lentamente, e com a arma pronta para atirar.

Ela entrou na sala, parecia um escritório, podia ser muito bem a sala de algum delegado, estava escuro, e a luz que vinha da janela era a mínima possível, deduziu que não devia ter nada ali, fechou a porta, e se arrastou pelas paredes ate outra porta que ficada ao lado, ela abriu tão lentamente quando a primeira, era um escritório novamente, só que havia algo de diferente nessa, havia uma luz forte vindo de cima da mesa, parecia uma televisão, mas não saia som, talvez fosse um laptop. May chegou mais perto da mesa, estava tão distraída pela luz, que quando entrou nem se quer examinou o local para saber se tinha algo ou alguém que poderia atacá-la, ela simplesmente entrou, e quando estava pra tocar no laptop brilhante em cima da mesa, atrás dela a porta bateu, e ela se virou desesperada empunhando a arma para escuridão.