Cliviland City : O Desastre

Lembranças Falsas Destruídas


_ Você? – May não conseguia formular as frases nem fazer com que as palavras saíssem pela sua boca – Você é o...

_ Sim, eu sou Dr. Walker, - disse Demétre interrompendo May, aproveitando da sua falta de capacidade de formulação de frases no momento – um geneticista, e muito bem conceituado por sinal...

_ O filho de uma cadela que causou toda essa desgraça em Cliviland – disse May, finalizando a frase que foi interrompida por Demétre. A face do Dr.Walker foi do tom branco pálido ao roxo raivoso, e depois para uma pequena ruborização nas maças do rosto.

_ Se é assim que você prefere me nomear, o que eu posso fazer se você é uma ingrata. – Agora era a face de May que estava mudando de cor, estava em um tom vermelho, de raiva - acho que seus pais não ficariam orgulhosos de ver você me tratando as...

_ Quem você acha que é pra colocar meus pais na conversa? – Disse May o interrompendo e se aproximando de Demétre com os punhos fechados, pronto para referi-los a face branca do homem parado a sua frente, mas se conteve – Você nem os conhecia!

_ Aí é que a senhorita se engana – O sorriso e o tom sarcástico do homem deixava May a ponto de explodir.

_ Como assim? O que você quer dizer com isso? – May tentava manter a calma, o que Demétre havia dito despertara nela uma curiosidade, que só cessaria quando soubesse do que ele estava falando.

_ Você era muito nova, não iria se lembrar de mim tão nitidamente, mas eu e seus pais fazíamos parte de uma “aliança”, por assim dizer. - o homem mantinha no rosto um sorriso irônico e irritante – Bom tudo isso que esta acontecendo hoje em sua cidade, uma pequena parcela do trabalho, foi eles que fizeram...

_ O que? – May não podia acreditar nas palavras daquele homem, elas machucavam tanto quanto tapas em sua face, e doíam como socos no estomago. Em seu peito um vazio se abriu, rasgando as lembranças que fazia com que ela se lembrasse dos pais com carinho e respeito. – Você esta mentindo... Não é verdade... – Lagrimas pesadas, teimavam em sair de seus olhos, ela não queria chorar na frente daquele “monstro” que lhe tomara as ultimas coisas boas que tinha, ele pensaria que ela era fraca, e não era isso que ela queria.

_ Desculpe por lhe tirar essas “lembranças falsas” que tem de seus pais, - Ele ainda mantinha o tom sarcástico na voz, mesmo que sua face transmitisse ternura - Pena que eles morreram, mas morreram em prol do projeto de vida deles! – May, que agora se apoiava em uma das mesas metálicas da sala, para não cair com a dor que sentia, olhou diretamente para os olhos de Demétre, seu rosto demonstrava sua falta de entendimento do assunto, e imploravam para que ele continuasse a contar sobre os pais, mesmo que seu coração tentasse bloquear essas informações que pareciam caluniá-los. – Oh querida, você não sabe como seus pais morreram? Dãã... – Ele deu um leve tapa em sua testa, lembrando de algo – é claro, os agentes do governo em que seus pais trabalhavam, jamais iriam contar algo do tipo.

_ Conte-me... – sua voz saiu fraca quando falou, ela não queria manchar a imagem dos pais em sua mente, mas não poderia ficar com a curiosidade junta a ela, tinha que tirar essa estória a limpo – CONTE-ME SOBRE A MORTE DELES – disse ela se exaltando.

_ Já que esta me pedindo tão educadamente – O tom debochado de Demétre fazia com que May tremesse na base, de tanta raiva – Irei lhe contar, mas antes... – Ele se aproximou da onde May estava, mas não se dirigiu a ela, e sim a uma estante que havia algumas caixas e livros, e pegou ao que parecia um álbum – Aqui esta – Ele assoprou a poeira do livro antes de abri-lo em sua da mesa próxima a May.

_ O que é isso? – May se afastava de Demétre, tentando manter uma distancia segura daquele homem, ela não poderia saber o que ele era capaz de fazer, mas mesmo mantendo essa distancia, seus olhos acompanhavam o homem curiosamente, observando cada passo, gesto, dado por ele.

_ Isso é um diário, vamos dizer que seja... – Ele folheava as paginas do grosso caderno azul procurando por algo em especial - Aqui! – Ele exclamou apontando com o dedo uma foto antiga, um pouco amarelada pelo tempo, nela havia umas seis pessoas posando para a fotografia, identificou três faces naquela figura, a de Demétre, e a de seu pai, Lucio, e de sua mãe, Valerie. Aquela foto ardeu no peito de May, eram realmente seus pais ao lado de Demétre. – Seus pais eram da equipe de pesquisa da Phoniex Pharm, eles me ajudaram bastante nas pesquisas sobre o Colombo.

_ Colombo?

_ Sim, Colombo, é o nome que escolhemos para dar ao protozoário infectado com o vírus. Vírus esse pego emprestado da nossa querida Umbrella.

_ Meus pais? Roubaram? O que? Como assim? Quando? Meu Deus...

_ Eu lhe explico, - ele sentou em uma cadeira de couro, cruzou as pernas e se virou diretamente para May - eu e seus pais trabalhávamos para o governo, em pesquisas biológicas, mas nos queríamos algo maior! Pelo menos eu... Já que seus pais relutaram um pouco para se juntarem a minha pessoa. – disse ele rindo de alguma piada interna que May não fora capaz de captar - Então nos começamos a trabalhar em pesquisas junta e clandestinamente com a empresa farmacêutica Umbrella, de inicio somente fazíamos remédios de TB que seriam distribuídos na África, mas algo maior nos esperava naquela empresa

_ Esse “algo maior” seria esse maldito vírus que transforma todos em mortos vivos? – Disse May enfurecida.

_ Você esta estragando o suspense da minha historia – Ele suspirou irritado com a interrupção, e voltou a historia – Voltando, algo maior nos esperava, e sim, o T-vírus não é algo desprezível assim, ele é magnífico, é a prova de que o homem é Deus do próprio homem, ele nos faria rápidos, fortes,... IMORTAIS – disse ele exasperado.

_ Mas só o que conseguiu foi trazer o caos para o homem, acho que você esqueceu que tido tem seu pro e contra, que a mesma coisa que trás gloria ao homem, traz a destruição ao mesmo. – As palavras de Demétre mexeram com os nervos de May, aquela frase pareceu absurda para ela, não era possível que toda essa destruição fosse algo bom para alguém.

_ COMO OUSA! SUA ATREVIDA!

Exasperado do jeito que estava Demétre se levantou de sua cadeira, certo de que May havia passado dos limites que a sua pessoa exigia, e que merecia ser punida. Levantou a mão, estava pronto para depositar um tapa no rosto de May, mas ela ao perceber o que ele pretendia, o mobilizou fazendo o cair de joelhos, sacou sua arma, que estava esse tempo todo no cós de sua calça, e direcionou a cabeça de Demétre.

_ Não ouse você, encostar esses dedos sujos em mim, - as palavras saíram cuspidas da boca de May – tente a sorte, e logo sua cabeça não estará mais cheia de coisas tão inescrupulosas como esta agora.

_ Sua vadiazinha – os olhos do homem na frente de May eram raivosos, seria capaz de pular em cima da mulher na sua frente e estraçalhá-la apenas com as unhas e dentes. – Você não sabe com quem esta falando né...

_ Claro que sei, - agora seria a vez de May de usar o tão sarcástico e irônico que tanto foi usando por Demétre – Estou falando com um ser sem alma, podre por dentro, incapaz de ter humanidade. Estou falando com você, você que é tão podre quanto essas pessoas em estado de decomposição que agora andam pelas ruas dessa cidade, seu lugar era lá com eles... Quem sabe você não se sinta tão deslocado no meio da gente que você criou... – disse May enquanto engatilhava a sua arma.

May demonstrava esta tão segura de si, mas isso só por fora, pois dentro a sua cabeça seu lado vingativo e deshumano travavam uma batalha com seu lado racional, um dizia para atirar logo na cabeça do filho da mãe que causou tanto caos para aquele lugar, e outro dizia para que ela o deixasse lá, sofrendo com a solidão que ele criou para si mesmo, que ela apenas foi embora. Ela não poderia deixar aquilo sem ter feito o que queria tanto fazer, que era matar o desgraçado, devia aquilo para todos da cidade que sofreram com isso, inclusive ela, seus tios e Joe, porem não queria ser responsável por tirar a vida de um ser tão desprezível, mas ainda humano.

Ela continuava com a arma engatilhada e apontada para a cara do sujeito, que apenas observava as expressões de May, que tinha seus olhos estavam embaçados pelas lagrimas que se formavam neles. Ela não seria capaz, e ele sabia muito bom disso.

_ HAHAHA! – Demétre riu debochadamente sobre a mira da arma – você nunca seria capaz! –

_ Ah nunca? - O tom novamente debochado dele fez com que May mandasse o seu lado racional pro quinto dos infernos – Veremos então...

Ela levantou a sobrancelha de uma forma sarcástica, e quando estava pronta para apertar o gatilho e acabar com aquilo tudo, ela escutou um barulho de tiro, esse que atingiu sua arma a fazendo cair de sua mão. Ela olhou espantada com o que tinha acontecido, e procurou ao redor o autor do disparo, e na soleira da porta estava James, e sua arma erguida.

_ James... Por quê? - ela simplesmente não entedia o que estava acontecendo.

_ Não posso deixar que faça isso... – James se aproximou dos dois no meio da sala, e ajudou ao Doutor que ainda estava ajoelhado de frente para May.

_ Por quê? – era a única coisa que ela conseguiu expeli.

_ Muito simples cara senhorita Denner. Eu o criei, James é meu “filho”.