Cliviland City : O Desastre

Campbell, James Campbell


Sabe as coisas não estão muito boas e escrever é a ultima coisa que eu penso em fazer, mas como estamos praticamente entrando em uma missão suicida, acho que deveria fazer um testamento, eu sei que não tenho nenhuma posse e ninguém para deixar, já que meus tios aparentemente estão mortos e meu melhor amigo também, então isso aqui esta mais pra um desabafo.

E é pelo fato de estar praticamente sozinha no mundo que entrei nessa, posso até estar querendo dar uma de heroína, como Leon me chamou, mas não sei se é possível entrar no covil das cobras e sair sem nenhuma picada.

Agora estamos saindo da cidade entrando no deserto. O caminho ate onde parece ser o covil é um pouco longe, mas já estamos com meio caminho andado. Claire me substituiu no meu posto de co-piloto, e Leon ainda dirigi, mas ele nem parece estar cansado. James esta aqui do meu lado, esta limpando a sua arma sem dizer nenhuma palavra há horas. Sinceramente não tenho nada contra ele, mas também nada a favor. Ele é charmoso, e sem duvida alguma, ele é bonito, mas a situação em que nos conhecemos não foi uma das melhores, e o episodio no hospital ainda me incomoda um pouco. Eu não tenho magoas é só que eu tinha acabado de matar meu amigo de anos, e isso seria estranho pra qualquer pessoa!

O silencio nesse carro esta me matando, eu sei que é meio irônico ter uma conversa animada em meio ao caos, mas o único barulho que ouço e o das nossas respirações, o som do motor, e o barulho da caneta enquanto escrevo, e isso é torturante. Acho que seria uma boa hora para um recomeço entre eu e James, não quero morrer rancorosa com ninguém. E também acho que podemos dar uma segunda chance a tudo, não é?

May parou de escrever, lendo novamente a ultima linha escrita em seu caderno azul, ficou pensativa durante alguns segundos, tentando julgar a pergunta que fizera a si mesma, “pra tudo se tem uma segunda chance?”, ela pensava se poderia ter uma segunda chance de vida, porem a resposta para a sue pergunta ainda era uma incógnita, o que a fazia se sentir mal por estar entrando em algo tão incerto. Olhou para James, deixando seus devaneios para traz, ele continuava limpando a sua arma, May não sabia se era uma boa hora pra conversa, mas se ficasse alguns minutos a mais no silencio teria uma crise de loucura.

_ James? – May pigarreou tentando chamar a atenção do rapaz ao seu lado, ele olhou a para garota ruiva ao seu lado – Sabe de uma coisa, eu não sei o seu sobrenome... – May tentava parecer descontraída enquanto falava.

_ Isso por que eu não te disse – ele voltou a olhar pra sua arma, deixando May boquiaberta com a resposta.

_ Ei, eu estou tentando ter uma conversa civilizada, mas se quer levar pra grosseria tudo bem então – Ela cruzou os braços, “quando tento ser gentil com algum sempre levo patada!”, pensou.

_ Desculpe, achei que era assim que devíamos nos tratar, não faz parte do protocolo? – Ele deu um sorriso torto para May, ela cerrou os olhos para ele, parecia querer pular no pescoço de James, ele achou melhor responder - É Campbell.

_ O que? – May virou o rosto, olhando ele meio de lado.

_ Meu sobrenome, James Campbell – Ele botou a mão em forma de cumprimento.

_ O meu é Denner, May Denner – disse enquanto ela apertou a mão do rapaz, o cumprimentando. – Então Sr. Campbell, de onde você é? – May tentava de tudo para não voltar ao silencio, e descobrir um pouco mais sobre a vida de James parecia uma ótima saída.

_ Eu não sou daqui, - “Deu pra perceber” May pensou – sou da Inglaterra, acho que você já percebeu por conta do meu...

_ Do seu jeito meio esnobe de ser? – May o interrompeu, e ele olhou meio torto para ela – O que foi? Pensei que esse era parte do protocolo.

_ Eu ia dizer sotaque, por conta do meu sotaque – James apenas sorriu com o trocadilho de May. – O meu jeito faz parte de como fui criado.

_ E como você foi criado – May parecia curiosa, virou-se para James de modo que ficasse de frente para o perfil dele.

_ Bom... Eu não tive uma criação muito tradicional – ele tentava procurar as palavras certas enquanto May procurava entender – Vamos dizer que fui criado por algum propósito, algum motivo...

_ Que misterioso... – May procurava tratar James o mais gentil possível, não queria brigar com ele, apenas conversar – e qual seria esse objetivo, sem querer ser intrometida?

_ Isso é um interrogatório? – James parecia fugir da pergunta, ao que parecia May tocou em algum arquivo oculto fechado a sete chaves na mente de James.

_ Não, só estou tentando descobrir um pouco mais sobre você, alias vamos passar ainda algumas horas aqui, um olhando para cara do outro, não faz mal nenhum, mas tudo bem... – Ela olhou meio sem graça para o chão do carro, e ele voltou a sua arma novamente - Mas o que você faz em Cliviland City? – disse May deixando sua curiosidade dominar sua razão

_ Trabalho... – a resposta de James foi curta e grossa.

_ Trabalho... Legal, eu acho. Que tipo de trabalho?

_ Tem haver com o propósito que fui criado, mas isso não vem ao caso – James continuava fugindo das perguntas curiosas de May.

_ Ok, e o que você estava fazendo no hospital? - May se lembrando de repente do “encontro” que os dois tiveram no hospital, em que ela tinha atirado contra seu amigo-zumbi, chamando a atenção de todos os outros zumbis no hospital.

_ Eu estava... – James pensou alguns segundos antes de responder – procurando alguém... Alguma coisa pra ser mais exato... – May olhava torto para James, seu olhar era de suspeita e James percebeu assim que encontrou os olhos verdes da ruiva – Então, era o seu amigo o zumbi que estava no quarto do hospital... – James procurava mudar de assunto.

_ Era, Joseph, Joe para os íntimos, - ela se lembrou do semblante do amigo – Quer ver uma foto dele? Ele não é tão feio quanto estava no quarto... - Ela procurava o celular na sua mochila, mas havia uma grande bagunça, então May pegou o conteúdo da mochila e o virou no banco do carro, entre ela e James, começou a vasculhar, ele apenas observava a bagunça de May e sorriu com aquilo. Ela pegou o celular e procurava algo nele, - Pode guardar essa bagunça pra mim? - May ainda olhava o celular distraída.

James sussurrou algo inaudível para May, colocou a sua arma no cós da calça, pegou a mochila de May e começou a guardar todas as tralhas da garota. Ele pegou os papeis e os guardou não reparando no que estava escrito nem em nada que estava guardando, mas algo em meio à bagunça que restava em cima do banco do carro chamou a atenção dele, dois frascos com um conteúdo em um tom de vermelho escuro e espesso. Pegou os dois frascos e ficou olhando fixamente para o liquido dentro deles, “Não acredito nisso”, ele pensava em todo tempo que passou procurando aquelas amostras, e elas estavam tão perto esse tempo todo.