Cliviland City : O Desastre

" Se quiser ir lá e tocar a campainha..."


Já estamos quase chegando ao nosso destino, e sinceramente eu não tenho medo do que possa acontecer, na verdade anseio por isso. A única coisa que carrego aqui é uma sede de vingança por quem causou isso tudo, por quem me tirou as pessoas que eu mais amava. Porem outro sentimento ocupa meu peito desde que vi Joe lúcido pela ultima vez, culpa, sim, me culpo por não dizer o que sentia, por não me abrir com ele quando tive chance, por deixar meu orgulho e meu trauma na frente de tudo e todos. Eu não queria ser assim, mas as condições me levaram a ser essa pessoa que evita relacionamentos. Por isso quero fazer algo a respeito de tudo isso. Não quer morrer com isso entalado na garganta.

Se eu morrer, morrerei por Joe, meus tios, meus pais, e em parte também por Claire e Leon, que vem sido verdadeiros amigos durante esse período curto, e até por James. Tenho a impressão de que essa repulsa, esse ódio que sinto por ele é mera criancice, em poucos minutos de conversa ele se mostrou alguém agradável, mas algo ainda me incomoda com relação a ele, desde que conversamos sobre vim ao deserto ele tem tido uns devaneios. Enquanto procurava algo que tinha interesse em mostra a ele, percebi que ele olhava atentamente para as amostras de sangue dos indigentes infectados, somente quando estalei os dedos foi que ele saiu do transe em que estava. Eu achei estranho, mas quando perguntei o porquê ele desconversou, falou que estava cansado, achei plausível, todos estamos cansados, e sem duvida não vemos a hora de tudo isso acabar. Se acabar...

Me pergunto o por que dele ter vindo para o deserto, já que de inicio ele foi tão relutante, quando perguntei para ele alguns minutos atrás ele respondeu que estava pegando um carona, e sorriu. Eu sem duvida alguma fiquei sem entender a indireta dele, e também nem pretendo mais incomoda-lo com as minhas perguntas irritantes.

_ O que você escreve tanto ai May?- Claire virou se no banco, ficando de frente para May – Algum livro? Diário?

_ Curiosa você... Não é nada, é apenas um caderno que eu costumava escrever algumas anotações importantes, - May franziu o cenho, de inicio o caderno azul serviria para exatamente isso, mas com o decorrer dos anos ele foi se tornando um memorando de tudo o que ela viveu, se tornou um diário, mas esse fato a incomodava então procurava não detalhar isso para os outros.

_ O que tem de importante para relatar aqui? – Claire pareceu confusa, o que ela poderia escrever agora alem de zumbis comedores de carne andando a solta por ai.

_ Estou escrevendo sobre o momento Claire, os zumbis são apenas figurantes na nossa jornada – May sorriu.

_ Isso ta mais para um diário, mas tudo bem, - Claire virou se no bando olhando agora para o para brisa – Espero que fale bem de mim no seu diário.

_ Não é um diário – May sussurrou com um pouco de raiva.

_Chame do que quiser! – Claire deu de ombros – Eu chamo de diário. – Claire era irônica enquanto falava.

_ Claire... – O momento não era o melhor, mas May estava prestes a discutir com a garota a sua frente quando Leon a interrompeu.

_ Olhe... – Ele parou o carro no meio do deserto – De acordo com o mapa a Phoenix Pharm deveria ficar ali... – ele desceu do carro, andando desnorteado, seguido pelos outros que o acompanhavam.

_ Não acredito que andamos isso tudo para nada... Como vamos voltar para a cidade – May parecia um pouco assustada com a situação, desapontada também, pois queria acabar logo com aquilo tudo, e ao que parecia iria demorar mais um pouco.

Leon andava a frente, tudo parecia uma planície para ele, “o deserto pode enganar” ele pensava, depois de anos examinando relevos, ele sabia o que poderia conter em um deserto, e mesmo sendo praticamente areia, ele mantinha uma inconstância admirável que o impressionava. Andou mais um pouco até uma colina, quando avistou ao longe alguma coisa, pegou seus binóculos e observou.

_ Olhem - A alguns metros de onde eles estavam, havia uma estrutura um pouco singela, grande demais para ser uma simples casa isolada, porem pequena demais para uma empresa. As paredes eram de um tom bege, parecendo imitar o tom da areia daquele deserto, procurando talvez passar despercebido. Não havia janelas, somente um símbolo, uma grande fênix preta a cima da porta discreta, da mesma cor das paredes. Leon abaixou os binóculos que ampliavam a sua visão, virou se para os outros que estavam ao seu lado, fora do carro.

_ Então aquela é a Phoenix Pharm – disse May enquanto pegava os binóculos e observava a construção ao longe – Não é um pouco modesto?

_ Eles não querem chamar a atenção... – James estava encostado no carro, ele parecia tão tranquilo com aquilo, como se fosse a própria casa, e o que ele disse parecia mais uma afirmação ao fato da descrição.

_ Sim, ao que parece é isso mesmo – May ainda olhava ao longe, mas percebeu a fala confusa de James.

_ Pode ser uma construção subterrânea – Claire pegou os binóculos de May. – Deve ser, com certeza. A questão é como entrar lá dentro?

_ Pela porta da frente me parece o mais obviu a se fazer... – disse May.

_Ele tem algumas câmeras, saberiam que estamos aqui, mas se quiser ir lá e tocar a campainha... – disse James sarcástico, May parecia tentar enforca-lo com o olhar, ele apenas retribuiu com um sorriso.

_ Ok, temos que pensar em algo e rápido... – Claire ficou olhando para a estrutura durante um tempo enquanto bolava um plano. – e se esperássemos ate anoitecer... O deserto fica a luz do luar, o carro é preto, poderíamos nos aproximar sem problemas...

_ Acho que pode dar certo, vamos voltar para o carro, planejamos tudo e quando escurecer nós entramos.

Eles então, seguiram até o carro para esperar a escuridão da noite chegar. A chegada da noite escura era o sinal de que poderiam entrar e fazer o que vieram fazer. Faltava apenas algumas horas, o bastante para planejarem todo o preciso.