Alguns minutos antes...

May andava pelos leitos do hospital, procurava um quarto em especial, ela tinha uma pendência ali, e ninguém e nem os mortos vivos que estavam nos corredores a impediriam, mataria quantos fossem necessários. E lá estava à porta do tal quarto, ainda estava trancada a chave, assim como ela o tinha deixado no dia em que fugiu do hospital. Antes ela guardou a barra de ferro em sua mochila, destrancou a porta e entrou.

O quarto parecia deserto, mas assim que May bateu a porta, algo atrás da cama pareceu se mover. May já estava com sua arma em mãos, mesmo sendo difícil não poderia vacilar. Ela deu a volta na cama, tomando uma distancia segura, caso o algo ou o alguém que ali estava a atacasse. Ela parou na beirada da cama, e empunhando a arma, esperando a coisa que estava do outro lado da cama se levantar.

Um braço de cor esverdeada e com aspecto putrefato segurou os lençóis que estavam na cama, May deu três passos para trás, não queria testar sua sorte. A coisa então se levantou com dificuldades, como se tivesse ficado tanto tempo na mesma posição que seu corpo ficara dormente, e um gemido saia de seus lábios.

_ Oi Joe, - Seus olhos estavam marejados, mas ela não permitiu que uma só lágrima descesse pelo seu olho- Eu sinto muito ter deixado você virar uma dessas coisas. Sinto muito mesmo.

Joe não era mais como antes, agora ele fazia parte dos comedores de carne, May estava parada ali, mas sabia que ele poderia atacá-la a qualquer instante, porem, mesmo assim ela ficou ali parada, não moveu um músculo se quer, somente olhava dentro dos antigos olhos castanhos escuros de Joe, e que agora tinham uma cor esbranquiçada, que não era tão bonito quanto antes.

_ Joe, eu te devo isso, você sempre foi como um irmão mais velho pra mim, sempre me protegeu, eu lhe devo isso, assim como também lhe devo a minha vida. - Ele não a respondeu, mas também não a atacou, e por um momento, May pensou ver compaixão em seus olhos. – Não posso mais te ver assim... Dói aqui dentro – Ela tocou em seu peito, o lugar onde estava o seu coração, - Dói muito, e sei, que mesmo desse jeito que você está agora, sei que você também sente a mesma dor que eu.

May olhou pra a arma em sua mão, e com o polegar engatilhou a sua arma, e apontou para Joe, ele em resposta apenas grunhiu, e May tomou aquilo como resposta, como se ele dissesse que o que ela estava prestes a fazer, era realmente o mais digno e certo.

_ Adeus irmão Joe, - suas lagrimas fugiram do seu controle, e elas começaram a rolar pelo seu rosto – eu te amo irmão, sempre vou te amar.

Joe começou a andar em sua direção lentamente, se arrastando, e de sua garganta saia um grunhido irritante. Ele continuava a se aproximar, e então May puxou o gatilho, disparando a arma. E o tiro certeiro na cabeça, fez com que Joe caísse no chão.

May agora não queria esconder suas lagrimas, ela encostou-se à parede e deslizou por ela, sentando no chão, ela deixou a arma do lado do corpo, e começou a chorar. Soluçava como uma criança, só havia chorado assim uma vez, quando perdera os pais, sua família. Ela já havia perdido Joe uma vez, e agora de novo. Ela não poderia imaginar se seu coração já retalhado agüentaria tanta coisa de só uma vez.

_ Por que, meu Deus. POR QUE! – ela gritava sozinha no quarto, e o corpo de Joe, seu amigos de anos, agora estava desfalecido junto ao chão, na sua frente, o que a deixava mais angustiada. May estava incrédula, o impossível poderia acontecer em qualquer momento, era tudo tão imprevisível. – Oh Deus.

Uma súbita falta de ar invadiu os seus pulmões, e ela sentindo-se mal, colocou a cabeça entre os joelhos, tinha que se recuperar antes de sair andando pelos corredores novamente. Ela respirou fundo, e dizia mentalmente a si mesma para se acalmar, “Não é hora para ataques de choro, May Denner! Você tem que ir embora daqui”

_ Droga esqueci-me de Claire! – Ela rapidamente levantou do chão, olhou em seu relógio do pulso – Droga, já se passou o tempo combinado, tenho que correr e da o fora daqui.

May se abaixou para poder pegar a arma que estava no chão, guardou no cós da calça e pegou a barra de ferro que estava na sua mochila. Já estava pronta para sair dali, estava com a mão na maçaneta quando alguém a girou primeiro. Ao perceber o movimento, ela encostou-se na parede atrás da porta, e segurou o bastão defensivamente.

Algo ou alguém estava entrando no quarto, May sentia como se seu coração fosse pular pra fora do peito de tanta adrenalina. O alguém deu alguns passos para dentro do quarto, e a primeira informação que May teve, foi de que ele estava armado, “não é um zumbi”, estava aliviada por não ser uma dessas coisas, “mas pode me confundir com um”, agora ela estava preocupada com a probabilidade de levar um tiro no meio da cara,” a barra de ferro não vai ser tão útil assim”. May abaixou a mão que segurava a barra de ferro, e com a outra, pegou a arma que estava no cós da calça.

Quando o sujeito entrou totalmente no quarto, ele estava com a arma empunhada, pronto para atirar. May empurrou a porta com força, e o sujeito virou de frente para ela, apontando a arma em direção a cabeça de May, ela em resposta, levantou rapidamente a sua arma na altura da cabeça do rapaz, e engatilhou.

_ Quem é você? – O sujeito perguntou, tinha um ar arrogante na voz.

_ Eu que é pergunto. Quem é você?– May retribuiu a arrogância. - Ou melhor, o que esta fazendo aqui?

_ Foi você que disparou o tiro que eu escutei – May assentiu com a cabeça, e o rapaz abaixou a arma, - você ficou louca? Você sabe o que acabou de fazer? – ele se aproximou de May, ficou tão perto que a arma dela encostou no peito do sujeito.

_ Se você sabe então me diga – May abaixou a arma, se sentia desconfortável em apontar a arma a uma pessoa, mas não deixou a arrogância de lado.

_ Você simplesmente chamou a atenção de todos os mortos vivos desse hospital. – o rapaz se afastou de May, e olhou para o chão, onde estava o corpo de Joe – Só pra matar esse aqui.

May abaixou sua cabeça demonstrando a sua fraqueza. Ele com desdém chutou o corpo de Joe. May rapidamente se aproximou dele e apontou a arma novamente, quase encostando a na cabeça do rapaz.

_ Não se atreva a fazer isso novamente – May falou entre dentes, estava furiosa com o deboche do rapaz.

_ Ou o que? – o rapaz debochou do cadáver de Joe, e agora debochava da própria May. Ela aproximou a arma um pouco mais da cabeça dele.

_ Ou você vai se juntar ao meu amigo aqui. – Ela falou com fervor e raiva, apontando para baixo.

_ Okey, desculpe. - Ele não queria testar a capacidade daquela garota de cabelos avermelhados, pela voracidade em sua voz e o fogo em seus olhos verdes, já era perceptível que ela seria capaz de tudo.

_ Adeus... Seja lá qual for seu nome. – May colocou a arma de volta no cós da calça, e já estava se dirigindo a porta do quarto, não queria ficar ali antes muito menos agora, e do lado de fora Claire a esperava.

_ Espere aonde vai? – May olhou por cima ombro.

_ Vou embora – ela já estava girando a maçaneta, quando o rapaz a segurou pelo ombro.

_ Por favor, me deixe ir com você – ele agora falava docemente, e May se lembrou do jeito que Joe falava com ela quando ela estava emburrada, ela espantou a lembrança. - Vamos, voce vai precisar de mim, voce chamou a atenção deles com o disparo, já devem estar pelos corredores procurando por você. Vamos vai, eu posso ser útil.

May virou-se e olhou para o rapaz, prestando atenção nele pela primeira vez. Ele não era feio, tinha um corpo escultural, forte, e usava uma calça jeans de lavagem escura, e uma blusa branca, com uma camisa por cima azul. Seus cabelos eram castanhos escuros, seus olhos eram verdes com um toque de mel. Eram realmente olhos muitos bonitos. May estava em seus devaneios, e o homem a sua frente esperava uma resposta.

_ Tudo bem, mas não vai pensando que sou uma dessas donzelas em perigo não. Eu sei me cuidar sozinha.

_ Não se preocupe, so vou te salvar quando você pedir – ele deu um sorriso malicioso, e May não gostou da liberdade que ele estava tomando. – Caso você queira saber, meu nome é James.

_ Caso queria saber, o meu nome é May – Eles apertaram as mãos. – Vamos.

E ambos saíram porta a fora, May com o bastão na mão, e ele com uma pistola automática. Saíram correndo pelos corredores, ela o guiava, pois conhecia o hospital com a palma da sua mão, ele apenas a seguia. Quando olharam para traz, varias daquelas criaturas os seguiam, e desesperados aumentaram o ritmo da corrida.

_ Droga, eles estão nos seguindo! – May olhava para traz, e os mortos vivos famintos corriam atrás deles, - eles são muitos, estamos ferrados.

_ Continue a corre e não olhe para traz! - Eles continuaram a correr mais e mais. Finalmente avistaram a saída que daria a parte frontal do hospital, a mesma que May dissera para que Claire a esperasse.

_ Ali, temos que ir por ali. – May gritava os grunhidos feitos pelos zumbis criavam uma cacofonia, ela não escutava nem a sua própria voz.

Ela estava muito confusa, o barulho estridente a incomodava tremendamente, quando estavam perto de chegar a saída, May caiu, gritando de dor, ela havia torcido seu pé. James tentou ajudá-la a se levantar, mas ela recusou e se levantou sozinha. James a segurou pelo braço dando apoio a ela. Faltava pouco ate a saída. May corria mancando do jeito que podia. Eles correram ate a saída, e os zumbis em suas costas, os seguindo. Passaram pela soleira da porta de saída, havia uma escadaria. May franziu o cenho para a escada, “Merda, como vou descer essas malditas escadas”, May sentia muita dor em seu tornozelo, teria que se esforçar, mas James, sem pensar, pegou May no colo e desceu as escadarias rapidamente, ela ficou sem fala, não sabia se agradecia ou se o xingava. Ela olhou ao longe, procurando o seu Landau, quando o avistou apontou para o carro, James entendeu o recado e correu ate o carro.

As portas traseiras do carro se abriram, e James empurrou May no banco de trás e entrou em seguida. O carro arrancou e James respirou aliviado. May também respirava fundo, tentando amenizar a dor que sentia em seu tornozelo.

_ Já tava indo te buscar May – Claire dirigia o carro rapidamente, olhou pelo retrovisor do carro, os zumbis ainda seguiam, mas que a velocidade do carro era muito maior do que as deles. – E ae? Vai me dizer quem é o bonitão?

_ Claire esse é James, James essa é a Claire – May falava entre dentes, de tanta dor que sentia, pegou a mochila em suas costas, e tirou uma bandagem, e entregou a James que estava ao seu lado. – Se importa?

_ Não, tudo bem. – Ele pegou a bandagem das mãos de May, tirou o tênis dela, e fez uma massagem, antes de enfaixar o pé – acho que você torceu o pé feio.

_ Eu sei, acho que não percebeu que eu sou medica.

_ Não, não percebi – ele enfaixou o pé de May com cuidado para não machucá-lo mais. – Então, para onde estão indo?