Às vezes eu sentia que o banco do motorista era minha cátedra, e meus passageiros, meros aprendizes. Mas nem sempre isso dava bom. Tipo quando levei dois jovens discutindo lá pra Encruzilhada.

“Vai dar merda” dizia um; “e se não der?” encorajava outro. Falavam de sonhos, autoconfiança; e eu, sabido, me meti:

“A vida é muito curta pra ter dúvidas. Vocês conseguem!”

Eles sorriram.

“Valeu, tio!” agradeceu o medrosinho.

Chegamos. Eles sacaram revólveres, balaclavas, desceram correndo. Foi quando eu, chocado, percebi que estávamos diante de um banco.

“E-EI!” consegui gritar, meio alceado da realidade “n-não esqueçam... das cinco estrelas, faz favor!”