Cidade Perdida

Prólogo - A origem de uma lenda


"Aqueles que aqui nascerem, nascerão com a proteção da magia que os rege;"

"Aqueles que aqui forem criados, regerão tal poder para sempre;"

"A quem quer que esteja acima desses, que os proteja."

O peculiar brilho dourado da Lua cedeu seu lugar ao pálido amanhecer. O misterioso dragão cheio de ódio estava presente na ocasião.

A capital, a próspera e pacífica Cidade Dourada, onde o Rei Egarian levantou-se ao gritar por seus desejos aos guardas e cavaleiros reais. Recém coroado e ainda jovem e impaciente, sua ganância foi maior que as bençãos.

Os arredores e bosques da cidade real abrigava a mágica riqueza que lhe rendera seu nome e título, lar temporário do dragão que a protegia naquela ocasião: seu ouro seria intocável se não fosse sua vontade.

E não era.

O rei juntou seus escudeiros e membros mais fiéis do exército e partiu. Aquele ouro seria dele naquele momento.

Nenhum deles sobreviveu.

Rei Egarian fugiu em seu cavalo até que a fera o derrubasse. Continuou correndo com suas próprias pernas, como nenhum outro nobre jamais deve ter se dado o esforço. Levou seu problema até o centro de sua cidade, onde todo o seu povo pôde testemunhar sua morte rápida pelas enormes garras do dragão que ocupava boa parte da grande praça central.

Ainda não estava satisfeito. Aquela cidade, aquelas pessoas, todas pagariam pela impaciência de seu rei.

E de repente, uma poderosa flecha dourada atingiu a nuca da criatura, explodindo feito fogos de artifício. Poucos presenciaram o fragmento que voou para longe de seu pescoço, riscando o céu matutino como uma estrela cadente perdida, caindo em frente a um movimentado comércio local.

A dona da flecha revelou-se. Os longos cabelos louros esvoaçavam juntos de uma capa como uma noite detalhada em ouro. Deixou-se revelar como a maga protetora daquela cidade, a famosa e desconhecida Maga Dourada.

Lutou em nome de seu povo com uma bravura que superou a do jovem rei. A fera não se deu por vencida e atenta a detalhes ocultos aos demais, só aceitou deixar os inocentes em paz se a maga se rendesse a serví-lo para sempre.

Para sempre é muito tempo quando se é imortal.

E a garota, sem ponderar mais, aceitou.

"Deixe-me despedir dela, então..."

As palavras não foram ouvidas por ninguém. Tais despedidas foram ouvidas apenas por sua irmã mais nova, que agora assumiria seu posto.

Aos 16 anos, muito mais cedo do que deveria, assumiu secretamente o posto que nasceu com ela por direito, mas que nunca imaginou ocupá-lo em toda a despreocupação proporcionada por sua idade e desconhecimento sobre si mesma.

Precisava fugir dos olhares curiosos, deixar sua antiga casa para trás e providenciar uma nova, mais afastada, mais escondida entre a região mais densa da floresta. Recebeu instruções claras para nunca, jamais, em hipótese alguma, descuidar de um mágico diamante bruto escondido em um pequeno baú.

Encarou o sangue de suas veias pela primeira vez dois anos mais tarde, quando o tempo congelou seu corpo e alma à sua imortalidade.

Rin. Um nome curto e sem sobrenome, carregando agora um novo e pesado título de Maga Dourada, protetora da capital, recomeçou sua própria história 25 anos depois.

E não estava sozinha nela.