Sarah

Deitada na cama ainda estava tremendo, ver duas linhas vermelhas se cruzando tinha me deixado apavorada. Várias emoções tomaram conta de mim, um misto de medo, alegria, ansiedade e felicidade. Como pode ser isso? O que o Chuck vai dizer? O que ele vai pensar? Ele está preparado para isso? Pois, tenho certeza que eu não estou!

As lágrimas desciam do meu rosto e molhavam a fronha branca, mas eu não conseguia definir o motivo delas ao certo.

Deixar a CIA foi uma coisa que nunca pensei que faria, mas tudo tinha mudado, eu mudei, depois de Chuck Bartowski.

Será que ele vai ficar feliz quando eu contar para ele? Estou louca pra voltar pra ele, pros braços dele… finalmente seremos felizes juntos.

Fortes batidas na porta me despertam do devaneio.

— Quem será? - Resmungo.

Levanto, seco as lágrimas e fico surpresa com quem vejo.

— Casey? O que faz aqui?

Ele adentra pelo quarto com uma expressão muito séria.

— Walker, você tem que fugir!

— Fugir por quê? Eu deixei a CIA…

— Mas, a CIA não vai deixar você sair… tem uma ordem de execução contra Sarah Walker.

Senti a seriedade e tristeza no tom de voz do Casey e um buraco se abriu sob meus pés, meu mundo desabou nesse momento sobre mim. E eu tinha uma escolha a fazer.

— Você tem certeza? - Pergunto incrédula.

— Tenho, alguém da minha extrema confiança, me devia um favor, e me alertou sobre você. Walker, é sério, a ordem veio do mais alto escalão, nem a Beckman está ciente disso. - Ele explica afoito.

Se só minha vida corresse perigo eu arriscaria pra ficar com o Chuck, ao menos me despedir, ele valia a pena, mas tem uma vida inocente em risco e eu não posso fazer isso.

— Walker! - Grita Casey chamando minha atenção. — Você tem que ir agora. Eles sabem sua localização.

Eu assenti.

— Você tem dinheiro?

— Tenho, mas não aqui, vou levar uns dois ou três dias para conseguir.

— Você não tem esse tempo, se vira com esse.

Ele me entregou uma sacola, tinha, pelo menos, uns 50 mil e documentos falsos. Comecei a chorar.

Peguei minha bolsa e algumas coisas e sai com Casey. Ele dirigia, mas durante o percurso não dissemos nada. Após uns 10 minutos ele parou o carro num local deserto e tinha um carro me esperando. Nós descemos.

— E Bartowski? Quer que lhe diga algo?

— Não… melhor ele me odiar pensando que eu o abandonei, do que ter a vida em perigo, se alguma coisa acontecer com ele, eu não vou me perdoar. - Após alguns segundos em silêncio, eu pensei melhor. — Casey, me faça um favor, Amanda Baker é uma das minhas identidades falsas, façam pensar que eu deixei o país e diga isso a Chuck também, depois de uns dias.

— Tem certeza?

Eu assenti. Meu mundo tinha acabado. Espero que o Chuck fique bem. Nesse momento recebo um abraço de Casey, nunca esperei que ele fizesse isso, desabei a chorar.

— Se cuida Walker… Sarah…

Eu assenti.

— Vou me cuidar. E obrigada. E… Casey, cuida do Chuck pra mim?

— Prometo, não vou deixar o Bartowski se meter em nenhuma confusão.

Entrei no carro, meu corpo todo tremia e dirigi sem destino, precisava colocar as ideias no lugar, eu estava devastada. Para onde eu iria? O que faria? Sem falar na dor que estava no meu peito, era muito grande.

Após anoitecer, aluguei um quarto de motel bem precário, tomei um banho e deitei um pouco, precisava descansar. Coloquei uma camisa ‘roubada’ de Chuck sobre meu peito para sentir seu cheiro, precisava de um pouco de consolo. Mais uma vez chorei, pensando como minha felicidade tinha terminado antes mesmo de começar. Levei minhas mãos instintivamente na barriga e só depois de um tempo percebi que estava protegendo-a.

— Não se preocupe meu amor, vai ficar tudo bem… mamãe vai cuidar de você, não vou deixar nada de ruim te acontecer, prometo.