Chocolate
São Valentim
Eustass Kid acordou com o barulho irritante do despertador infeliz que agora praticamente sambava na cabeceira de sua cama. Maldito seja quem inventou aquela porcaria.
- Maldito seja o dia em que eu comprei essa droga... – O ruivo resmungou, se levantando – Eu tenho a impressão de estar esquecendo alguma coisa... Ah, que saco, penso nisso depois.
Kid saiu da cama apenas com uma bermuda que sempre usava para dormir, amaldiçoando mil e uma vezes o aparelho que o tirara de um sono bom, se espreguiçou, pegou o uniforme e foi tomar um banho. Seu celular tocou, porém ele nem prestou atenção.
- Deve ser outra maldita mensagem da porcaria da operadora. – Concluiu. Infelizmente, não era uma mensagem da operadora, e sim de Killer, um amigo, avisando para ele não ir para a escola de jeito nenhum.
O ruivo saiu do banheiro já vestido com a camisa social branca, aberta até certo ponto, deixando os colares que ele usava a mostra, e a calça vermelha. Uniforme ridículo. Mas o que se podia fazer? O diretor da escola também era ridículo. Foi até a cozinha, comeu alguma coisa, escovou os dentes, pegou suas coisas, pôs o fone de ouvido, ainda ignorando a mensagem, e foi para a escola. Coisa de rotina. Coitado.
- Eustass-kun! – Uma menina de cabelo loiro e olhos verdes chamou o homem assim que ele entrou no pátio – Eustass-kun!
-... Er... Sakata Nozomi, certo? – Ele nunca se lembrava do nome dela.
- Sim! – Sorriu e estendeu uma caixinha para ele – Feliz Dia de São Valentim!
- D... Dia de S... São Valentim?! – Repetiu. O sinal bateu. Droga, não tinha para onde fugir.
- Sim... Qual é o problema? – A menina questionou confusa.
- N... Nada, nada. – Começou a andar apressadamente até a sala, ignorando completamente o chocolate da garota. Mil vezes droga. Três mil vezes droga!
- Eustass-kuuuuun! – Outras meninas chamaram. Por que elas tinham que andar em manadas? Kid fingiu não ouvir e praticamente correu para a sala. A porta estava barrada por uma multidão de garotas que tentavam entrar para dar chocolates para Trafalgar, Portgas, Monkey e Roronoa, considerados os príncipes da escola. Algumas notaram a presença do último príncipe. Inferno. Maldito seja quem inventou o dia de São Valentim.
- Inferno... – Praguejou baixinho. – Como vou me livrar dessas stalkers? – Porém não precisou pensar muito.
- Meninas, o professo Mihawk chegou! – Uma jovem de cabelo laranja alertou, fazendo todas as garotas de lá saírem correndo para a Sala dos Professores. Eustass pôde respirar com alívio. Santa ruiva intrometida.
- Fico devendo essa, laranja azeda.
- Eu apenas queria entrar na sala, tomate podre. – Ela retorquiu. Nami devia ser uma das poucas meninas que não ficava correndo atrás de garotos como uma paranoica. A ruiva usava o uniforme de sempre: Saia curta vermelha, meia branca até os joelhos e a camisa branca com vários botões abertos, por culpa dos seios avantajados dela. Os longos cabelos estavam presos num rabo de cavalo – E o que faz aqui? Você sempre falta nesse dia.
- Esqueci que dia era hoje.
- Ninguém nunca te ensinou a olhar um calendário?
- Muito engraçado, laranja azeda. – Retrucou e entrou na sala.
- Eustass, o que faz aqui? – Ace questionou surpreso.
- Esse tomate idiota não sabe olhar uma folha de calendário. – Nami respondeu indo sentar-se na última carteira do fundo, perto da janela, atrás de Monkey.
- Cale a boca, esquisita. – Eustass rosnou, sentando-se na mesma fileira, apenas a duas cadeiras de distância da jovem.
- Olha só quem fala, filhote de cruz-credo.
- E lá vamos nós de novo. – Law comentou com diversão para Portgas, já que Zoro estava no trigésimo sono e Luffy comia alguma carne desconhecida tirada de Deus sabe onde.
- Você me chamou do que, desgraça da minha vida? – Kid se levantou e andou até ela.
- Ficou surdo agora, sucata ambulante? – Nami também se ergueu, sem medo, e fixou aqueles olhos rubros. Ele era muito mais alto do que a moça, e mesmo assim a garota não hesitava em encara-lo. Os dois pareciam mandar correntes elétricas pelo olhar. Estavam na mesma posição: Braços cruzados e carrancas nas faces. Fitavam-se olho no olho, castanho no vermelho.
- Pirralhinha.
- Brega.
- Bruxa.
- Retardado.
- Olha só quem fala.
- Você consegue ser mais idiota que o Buggy-sensei.
- Você consegue ser mais idiota que o Bon Clay.
- Você consegue ser mais idiota que o Usopp e o Chopper juntos.
- Você é mais retardada que a Caymei.
- Você é mais retardado que o Luffy.
- E isso lá é possível?
- Bem, você está aqui, não?
- Eu te odeio.
- Essa fala é minha.
- Laranja azeda.
- Melhor que ser um tomate podre.
- Morra, nanica.
- Morra, gigante pernudo.
- Filha da mãe.
- E do pai também.
- Eu detesto você.
- O sentimento é recíproco.
- Eu ainda de dou um murro.
- Sou mais forte que você.
- No País das Maravilhas, certo? Só se for.
- Cale a boca, imbecil. E eu já te dei uma surra uma vez.
- Eu deixei.
- Uma ova que deixou. Admita, você apanhou de uma menina.
- Desde quando você é menina?
- Desde o dia em que você foi um okama. Ou seja, sempre.
- Quer morrer?
- Pode ser amanhã?
- Não, estarei ocupado. Tem que ser hoje mesmo.
- Hoje eu não estou a fim de morrer, volta dia trinta de Fevereiro que eu penso no seu caso. – Eustass já ia abrir a boca para retorquir, porém um pigarro se fez ouvir. Buggy, professor de matemática, olhou para eles divertido.
- Sei que vocês são jovens e se amam, – Ele disse – mas a aula precisa começar. – Só então eles notaram que todos os alunos já estavam em seus devidos lugares. Maldição.
- A culpa é sua, tomate. – Nami comentou e foi para sua carteira.
- Vou te mostrar de quem é a culpa, laranja. – Retrucou antes de fazer o mesmo que ela.
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