Acordei às nove horas no dia seguinte. Deveria começar a mudar meus costumes a partir de agora, não podia ficar agindo como uma patricinha acostumada a acordar tarde.

Depois de tomar banho e escovar os dentes, tomei um cafezinho com algumas bolachas e comecei a descer às escadas, eu não fazia muitos exercícios então tinha que aproveitar as oportunidades, liguei para Adriana, ela viria me buscar junto com Renata, íamos dar uma volta pela cidade. Quando apareci na frente do prédio de cor amarelada Adriana baixou o vidro do carro e me saudou com um sorriso esplêndido.

— Preparada para conhecer a cidade, estrangeira? _ disse ela.

— Ah sim, com certeza... _ respondi rindo.

Sentei no banco de trás, Renata ocupava o passageiro.

— Bom dia pra vocês. _ falei.

Depois de falarmos um pouco sobre o que iríamos fazer, Adriana decidiu passar por casas que eu nunca tinha visto obviamente, mas as pessoas que nelas residiam eram muito amadas por mim.

A primeira casa foi a de Renata, uma simples casa com um pequeno jardim à frente. Depois fomos no prédio de Antônio no centro da cidade, um prédio de classe alta por sinal. Em seguida na casa dele, de Tiago... eu não queria ir lá, tinha medo de mim mesma e do que eu poderia fazer na sua frente, mas não falei nada, as meninas iam ficar enchendo meu saco por causa disso.

A casa dele era linda, era uma mansão, um empresário tinha o adotado e era muito rico pelo visto.

— Ele nem mora aqui _ falou Adriana_ ele tem um apartamento no mesmo prédio que o Antônio e sempre fica por lá ou então dá um pulinho lá em casa...

Adriana se tornou a melhor amiga de Tiago depois que eu fui embora, assim como eu falava apenas com Railsom antes de conhecer o resto da turma no orfanato da Tia Rita.

Depois Adriana guiou o carro e acabamos por parar em um bairro meio deserto e estranho, algumas casas apareciam e uma pracinha abandonada surgiu no nosso campo de visão, depois Adriana entrou numa ruazinha e eu o vi.

Permanecia quase do mesmo jeito mas foi pintando de branco, um casarão, antes de chegarmos mais perto Adriana parou o carro à sombra de uma árvore de jaca, eu já tinha comido uma vez quando era criança e morava no orfanato.

No orfanato...

— Sabe Laureen, _ disse Renata_ ainda não me acostumei com esse seu cabelo.

Sorri para ela.

—Pelo menos agora estamos iguais...

O silêncio doía em nossos ouvidos mas depois Adriana o cortou.

— Acho que o passeio termina aqui.

— Foi divertido. _ comentei.

— Como você pretende Laureen... é... resolver seu problema com a Soraya?

— Bem... será uma questão de tempo, mas pretendo trabalhar aí.

— Trabalhar?! Mas como?! E se ela achar você?

— Ela não vai me achar... _ falei apontando para a peruca.

— Mas e os seus documentos hein?

Me recostei no banco.

— Eu tenho meus meios Adriana, não se preocupa.

— Cuidado hein, já ouviu falar em cadeia?

— Só vou fazer isso porque será necessário, e vou estar fazendo um bem pra todos, não acha?

Ela revirou os olhos.

— Se abaixa! _ Renata sussurrou enquanto eu apavorada me escondia atrás do banco.

— Oi meninas.

—Oi! – responderam juntas.

— Olá mocinha! _ disse Renata pra alguém que estava vendo.

— Oi. _ uma voz de criança respondeu.

— Tudo bem por aqui?

— Sim, claro. _ Adriana respondeu.

—Hum... estão dando uma volta?

— É... a gente estava passeando... _ disse Adriana.

— E paramos aqui porque... _ Renata olhava pra ela apavorada.

— A gasolina acabou.

— Acabou? _ perguntou o homem.

— Não, _ interveio Renata _ está quase acabando.

— Ah, é mesmo. _ Adriana concordou.

— E aí, estávamos vendo se tínhamos dinheiro pra colocar logo.

— Não querem que eu leve vocês? Eu posso dar um jeito, eu ia dar uma volta com a Márcia mas se vocês quiserem...

— Deixa disso Tiago... _ Adriana disse.

Meu coração retumbou dentro do peito.

Tiago.

— Já estávamos indo mesmo.

— Hum... então tá legal. Qualquer coisa me liguem.

— Pode deixar ... _ Adriana acenou e levantou o vidro dela, o único que estava abaixado.

Sentei meio desajeitada e percebi que meu coração estava batendo mais devagar. As meninas começaram a rir e Adriana rodopiou com o carro pra darmos o fora de lá.

Meu corpo parecia querer tremer, meu Deus, se só de ouvir a voz de Tiago eu tinha ficado assim imagine se eu o visse?

O que seria de mim?

CH

Depois de as meninas me deixarem em casa eu fui almoçar sozinha, comprei comida ali perto e voltei pra minha nova casa.

Depois do meio dia me joguei na cama e me arrependi de não ter comprado uma TV mas resolveria aquilo nas próximas semanas.

Ao invés disso, entrei em contato com alguns amigos meus pra resolver a questão dos meus documentos, e logo consegui solucionar o problema.

Quando já era mais de três horas deixei o notebook de lado e adormeci ao som de Mariah Carey.

CH

Acordei quase às seis da tarde, lembrei que as meninas viriam logo pra passarmos a noite juntas, levantei rapidamente e dei uma geral no apê, depois tomei um banho e fiquei vendo uns vídeos na internet.

Mesmo com os olhos fixos na tela do computador eu tinha que admitir, meus pensamentos estavam em Tiago.