Eu acordei as 18h00min e dei graças a deus por ainda ser domingo já a Debby levantou somente após eu chamá-la, ou melhor, matá-la de susto. Depois de levantar e tomar um belo banho e retirar a enorme camada de maquiagem que ainda se encontrava em meu rosto, escovei os dentes e fui acordar a minha querida e carinhosa amiga do mesmo modo como ela me acorda quando durmo demais na casa dela.

– SOCORRO! – gritei em seu ouvido – A CASA ESTA PEGANDO FOGO. NÓS VAMOS MORRER. – assim que terminei de gritar minha amiga deu um pulo da cama e me olhou com a cara mais linda e assustada do mundo.

Minto a cara dela não estava nem um pouco linda. Estava com a maquiagem toda borrada e seu rosto continha à marca dos lençóis em que ela dormiu por cima. Seu olhar era apavorado e parecia estar tentando imaginar uma solução para escaparmos do fogo, porem assim que ela olhou para mim como que pronta para dar a solução eu não me segurei e comecei a rir descontroladamente e acho que foi neste momento que ele percebeu que eu estava tirando sarro da cara dela e atirou um dos travesseiros em minha direção.

– Sua maluca. Sabia que quando você me acordar falando isso e for verdade eu não vou acreditar em você e é ai onde vamos morrer? – perguntou com uma pequena fúria em seu olhar.

– Sei. Mas pode ter certeza que quando for verdade não vou perder meu tempo tentando te acordar vou fugir e deixá-la morrer! – respondi ainda rindo e ela sabia que isso não era verdade, pois ela me conhece desde os 10 anos quando entrei no acampamento de caça. – Mas tome um banho logo e vamos descer, pois estou com muita fome. – e assim depois do grande e demorado banho de minha amiga descemos e fomos em direção à cozinha.

Ao chegarmos lá percebemos a senhora Lins a empregada da casa, ou posso chamá-la de cozinheira, pois ela faz a comida e arruma mesa para as refeições, preparando um belo café, para nós.

– Boa tarde Senhora Lins. – disse assim que entramos na cozinha.

– Boa tarde meninas. Estava preparando um belo café para vocês e iria lá chamá-las, mas já que desceram, vão sentando-se à mesa que eu só tenho que terminar o café e o suco e já as sirvo. – pediu e assim fizemos.

A Senhora Lins é uma das poucas empregadas da casa que gosta de mim e não me acha louca, um pouco fantasiosa ela me disse, mas não louca.

Na mesa havia um belo banquete, isso significa que para nós duas não haveria jantar.

Enquanto estávamos comendo permiti-me que algumas lembranças viessem a minha mente e acabei recordando-me de quando comecei no acampamento. Minha mãe era totalmente contra, mas de acordo com meu psicólogo era uma boa ideia eu tentar desviar minha mente do que aconteceu e iniciar uma atividade que ocuparia minha mente por um bom tempo, porem o que meu medico e minha família não sabiam é que eu já tinha idade suficiente para me decidir e querer vingança e foi por isso que iniciei no acampamento de caça. Já havia pesquisado bastante e me deparei com o site do acampamento e nele já indicava que eles pesquisavam e tentavam acabar com a praga dos lobisomens no mundo e era isso que eu queria e lá eu conheci a Debby.

Ela estava lá para aprender a se defender destas bestas, pois quando era apenas um bebê, um lobisomem atacou sua casa e matou toda a sua família e ela foi encaminhada a um orfanato, mas devido a ser um bebê, logo foi adotada pela família Sanshes.

Assim que cheguei ao acampamento me identifiquei muito com o local. O dono o senhor Arnaldo era muito legal e me mandou para compartilhar o quarto com a Débora. No começo não fui muito com a cara dela, mas a convivência nos fez virar amigas e no ano seguinte ela se mudou para a minha cidade e desde então eu, ela e o Douglas somos melhores amigos. O Arnaldo é o meu mentor e treinador ele conta as histórias dos lobisomens no acampamento e treina quem quiser seguir seus ensinamentos para acabar com eles. O Douglas até que tentou entrar nesta onda do acampamento, mas desistiu no segundo dia e pediu para que sua mãe o buscasse e o levasse para casa. Acredite passamos o verão todo no acampamento zoando o coitado do Douglas e o ano letivo também zoamos com ele. Sabem, de vez em quando, quase sempre, eu e Debby somos muito malvadas.

Numa certa noite no acampamento quando eu devia ter uns 14 anos o Arnaldo nos contou um segredo que os lobisomens protegiam até seu ultimo suspiro. Eles tinham o poder de paralisar o seu envelhecimento. No momento em que forem transformados ficarão com a mesma aparência para sempre. Ele também contou que alguns, prestem atenção, não todos, mas alguns lobisomens foram transformados involuntariamente e tentam matar o lobisomem que o transformou, pois assim sua maldição é quebrada, porem se o lobisomem que o transformou for morto por outra pessoa, sendo este um lobisomem ou um caçador o coitado terá o fardo das transformações para o resto de sua existência.

Após muito saber sobre os lobisomens fomos treinados para acabarmos com eles, treinamos de tudo desde luta corporal até aprendemos a utilizar armas de fogo, mas somente a partir dos 16 anos podemos tocar em uma destas armas. Eu sou boa em uma luta corporal de acordo com Arnaldo e também sou boa com mira. Jogo facas e também atiro bem, mas minha especialidade é o arco e flecha. Minha paixão, sou tão boa nele quanto em minhas lutas corporais.

Minha mãe no começo foi totalmente contra eu aprender a usar o arco e flecha, isso porque eu teria que ter um exclusivo meu, ou seja, comprar um, mas acabou aceitando depois de uma conversa com meu querido e amado psicólogo – sintam a ironia – o Dr. J. K. Collins, ele falou para minha mãe que eu treinar arco e flecha seria um bom modo de descarregar minha raiva reprimida, segundo ele, assim como também a minha frustração. Eu nem fui muito contra ele dessa vez, porque assim minha mãe decidiu que seria razoável minha nova aprendizagem.

A Debby é ótima lutadora e é excelente com armas. E é ela e o Arthur, um de nossos amigos do acampamento, pensando bem mais meu amigo do que dela. Bem são eles que irão me acompanhar na caçada, nosso objetivo principal é encontrar Garret – o lobisomem responsável pela destruição de nossas vidas, mas acabaremos com a vida de qualquer lobo que se intrometer em nosso caminho.

Acho que com as lembranças devo ter ficado um pouco fora do ar, pois quando retornei ao presente onde eu tomava um belo café da tarde/jantar a Debby gritava comigo.

– OLÁ. TERRA CHAMANDO LUCIA MALDONADO! – gritou Debby meio desesperada com a mão balançando em frente ao meu rosto.

– Desculpe. Fiquei no mundo da lua. O que queria? – perguntei com um pequeno sorriso no rosto.

– Só queria saber se você já terminou o café, pois estou precisando conversar com você. – disse com o olhar de quem quer falar algo muito importante.

– Sim. Só vou terminar o suco e subimos. – falei dando o olhar de entendi o recado.

[...]

– Já conversamos sobre isso Lu e eu ainda sou contra mentirmos pros nossos pais sobre irmos caçar – falou um Debby que não cansa de discutir o indiscutível.

– Debby, querida, já conversamos sobre isso e sabemos que se falarmos pra eles assim: “Mamãe e Papai, vocês sabem que eu os amo, mas fui naquele acampamento de verão não para curtir e passar minhas férias, mas para poder treinar e aprender a matar lobisomens para vingar a morte de entes queridos. E só para avisar vou sair à caça deles em uma semana ao invés de ir a uma bela e encantadora viagem. O que acham?”. – falei com a falsa voz de menina inocente e olhei para Debby.

– Não é bem isso que eu queria dizer. Só não queria mentir totalmente para eles. – disse para mim.

– E o que você quer falar? – perguntei só pra poder mostrar par ela que seria inútil qualquer tentativa dela. Sabem sei ser muito persuasiva.

– Bem. Acho que a verdade não iria deixá-los muito a vontade, mas não queria que eles gastem dinheiro desnecessário. Sabe que eles vão depositar dinheiro em nossa conta para podermos passar as “férias”. – falou e pensando por este lado eu até entendia ela e até já tinha a solução.

– Simples só não gastarmos o que eles depositarem, só em casos de extrema urgência e depois voltamos e devolvemos os valores restantes. Você sabe que este valor não fará falta para eles, não sabe? - Dei a ideia e fiz a pergunta, mesmo já sabendo a resposta.

– Sei. – falou derrotada - E gostei da sua ideia.

– Então estamos decididas. Não vamos gastar o dinheiro deles e depois vamos devolvê-los, mas você tem que concordar que não manteremos contato, seria perigoso para eles. – lembrei-a.

– Sim. Estamos decididas, mas não esqueça temos que sair na madrugada de sábado ao fim da lua cheia. Vamos encontrar aqueles malditos e acabar com eles logo após a transformação quando estão mais fracos. –Alertou e eu concordei.

Nossa missão finalmente iria começar e não tínhamos ideia de quanto tempo ela poderia durar, pois caçar é para a vida toda, mas aniquilar Garret poderia ser a nossa ultima façanha.

E até onde eu sabia, estávamos dispostas a dar nossas vidas pela morte dele.