Chances para Recomeçar

Generosidade retribuída


5 dias depois...

P.O.V Da Sam

Freddie começou a trabalhar em casa, no dia seguinte após sua chegada, consertou o galinheiro, ele até construiu compartimentos extras para acomodar as galinhas e teve todo o cuidado de vedar as brechas do teto. Vi que o serviço foi executado com capricho, ele era mesmo muito esforçado. Nos próximos dias que passaram ele consertou todo o encanamento, havia torneiras vazando e canos velhos que ele trocou pelos reservas que guardávamos no porão, a caixa de ferramentas de David estava sendo bem útil.

Após arrumar o encanamento, ele foi cuidar da fiação elétrica e até ajeitou o chuveiro quebrado que era elétrico e não queria mais aquecer. Freddie instalou tomadas novas e deu uma olhada nos fusíveis, ele disse que aprendeu muitas coisas no orfanato quando era adolescente, porque fazia aulas mecânicas de consertos em geral. Por isso ele sabia fazer um pouco de tudo.

Ele analisou a situação do telhado com cuidado, tive que ir até a cidade comprar telhas novas com o dinheiro das minhas próprias economias.

— Mamãe, ele não tem medo de cair? - Nicole apontou para o rapaz lá em cima colocando as telhas novas.

— Não, meu amor. Acho que ele não tem. - Respondi.

Era uma quarta-feira, umas 16h da tarde, e Freddie trocava as telhas velhas que estavam precárias, não eram todas.

— Olha o que ele fez para mim! - Meu filho mais velho mostrou o carrinho de madeira com rodinhas de tampas de garrafa.

— Que legal, filho. - Sorri.

Ele já tinha conquistado as crianças em tão pouco tempo, até mesmo o menorzinho que era acanhado e desconfiado com estranhos.

Freddie desceu para se refrescar, estava suado e mais bronzeado por ter tomado Sol durante aqueles dias, se recusava a passar um pouco de protetor solar, já estava acostumado a pegar Sol. Lavou as mãos na torneira ali fora e jogou água no rosto. Eu havia preparado um lanchinho.

— Agora coma um pouco e descanse, você já fez muito por hoje. - Lhe entreguei o copo com limonada e o sanduíche caprichado que fiz com peito de peru, alface e tomate, e com um pouco de maionese caseira com meu temperinho especial.

Ele sentou na varanda, o Josh foi para perto dele estendendo a mãozinha.

Meu pequeno não podia ver nada que já pedia.

— Filho, não, deixe o Freddie comer em paz. Vem cá com a mamãe. - O chamei.

Josh me olhou com aqueles olhinhos verdes e sacudiu a cabeça, indo parar com as mãos sobre as pernas do rapaz.

— Dá, dá, dá... - Voltou a pedir.

Corri para pegá-lo, ele não podia comer sanduíche com maionese, iria fazer mal para a barriga dele que não tolerava alimentos pesados, ainda era muito pequeno.

— Come a bolacha, amor. - Peguei a bolachinha de maizena antes que ele abrisse o berreiro.

— Ele é muito esperto. - Freddie sorriu para o meu caçula.

— Ele é muito danado, isso sim. - Achei graça.

— Seus filhos são bem inteligentes. Principalmente o Dylan, ele me pediu para fazer uma casinha para o coelho. - Contou.

— Dylan! - Olhei para ele e o repreendi. - Não pode ficar pedindo para o Freddie fazer coisas para você. - Avisei séria.

— O Cenourinha tá crescendo, ele precisa sair da gaiolinha. - Disse triste.

— Não brigue com o menino, ele está certo. Hoje mesmo irei fazer uma casa para o Cenourinha. - Fez meu filho se alegrar.

— Ele vai te ajudar já que a ideia foi dele. - Falei.

A felicidade estampada no rosto do meu filho não tinha preço.

— Eba! - Comemorou.

[...]

P.O.V Do Freddie

— Quem te deu o Cenourinha? - Perguntei para o menino mais velho.

— Meu pai. Ele trouxe o Cenourinha dentro do casaco, mamãe quase ficou louca. Era um bebê coelho muito peludinho. Mamãe dava leite para ele dentro da mamadeira velha que o meu irmão não usava mais. - Contou.

Ri olhando para o coelhinho cinzento, ele tinha olhos azulados.

Começamos a construir a casinha do bichinho. Ele não era muito grande, ainda iria crescer mais um pouco. Dylan me ajudou bastante, era um garoto muito esperto.

— Se eu te contar uma coisa, você guarda segredo? - Perguntou de repente.

Parei de martelar para ouvir com atenção.

— Depende. Se for algo grave, sua mãe precisa saber. - Eu disse com calma.

— Não é nenhum problema. É que tem uma menina na escola, ela se chama Rachel... Gosto dela e queria dar um presente de aniversário. - Foi direto ao assunto.

Cocei a cabeça sem jeito, ele devia conversar sobre aquilo com a mãe.

— Hum... - Parei para pensar.

— Nunca deu presente para uma menina? - Perguntou curioso.

— Não. - Falei a verdade.

Quando adolescente fiquei com uma menina lá do orfanato, passamos um tempo juntos, era algo em segredo, coisa de adolescentes mesmo, ainda bem que não fomos pegos, era proibido namorar lá.

Fui para alguns abrigos onde conheci algumas moças e fiquei com elas, sempre algo passageiro, coisa do momento... Movido por meus hormônios.

— Será que Rachel ainda brinca de bonecas? Quanto deve custar uma daquelas Barbies que são princesas? - Me fez rir.

Era muito novo, só tinha 10 anos.

— Posso quebrar o meu porquinho. Se eu te der dinheiro, você pode ir até a cidade comprar o presente da Rachel? - Indagou.

— Ela vai fazer 11 anos, né? - Perguntei.

Ele assentiu.

— Compra uma porta-joias e umas pulseirinhas para ela. Rachel já deve ser mais madura que você, não acho que ela vai gostar de ganhar uma boneca. - Dei minha opinião.

— Vou tirar dinheiro do meu cofrinho. Você vai na cidade, né? - Me encarou ansioso.

— Vou sim. Isso se sua mãe me emprestar a caminhonete... - Respondi.

— O aniversário da Rachel é semana que vem. - Contou. - Mas ela não me deu convite... Será que ela esqueceu de mim? - Pareceu desanimado.

— Não sei, garoto. Ainda tem tempo. Não se preocupe com isso. Que tal terminarmos isso ainda hoje? - Apontei para a casinha do coelho.

Ele concordou e voltamos ao trabalho.

[...]

— A mãe da Rachel ligou, nos convidou para o aniversário da sua coleguinha. Mas não sei se vamos, filho. - Sua mãe avisou.

— Por quê não, mãe? - Ficou chateado.

— Elas moram longe, tenho que pensar sobre isso. - Explicou.

— Isso não é justo, eu queria tanto ir. - Ficou ainda mais emburrado.

— Filho, entenda, nós...

— Você não quer gastar com presente. Não precisa, tenho meu dinheiro. - Ele teimou com ela.

— Não é isso, Dylan! Se ficar me respondendo, eu vou te colocar de castigo! - Ela se irritou.

O menino saiu pisando duro, subiu para o quarto.

— Posso levá-lo se você deixar, ele quer tanto ir. Até me pediu ajuda para comprar um presente para a menina. - Contei a ela.

— É mesmo? - Ficou surpresa, confirmei. - Sendo assim, eu vou pensar no assunto. - Disse mais calma.

No dia seguinte...

— Freddie! Freddie! Freddie! - Nicole me chamou.

Estava muito agitada.

— Eles cairam da árvore, um passarinho maior derrubou! - A menina mostrou o ninho com três filhotinhos dentro.

Rapidamente peguei para ver se os bichinhos não estavam machucados.

— Eles parecem bem, onde estavam? - Perguntei.

Ela me levou e mostrou a árvore, o galho ficava bem alto.

De alguma forma o ninho bem feito e a grama amorteceram a queda.

— Eles vão morrer. - Chorou olhando para os passarinhos com pouca penugem.

Não dava para devolvê-los, ninho mexido faz os pais se afastarem, iriam morrer de fome abandonados.

— Não vão não, cuidaremos deles. - Prometi. - Vamos entrar. - A chamei.

Sam quase surtou quando fomos mostrar a ela.

— São pequenos demais, não acho que vão sobreviver. Devolvam para a natureza. - Ela fez a filha chorar ainda mais.

— Posso cuidar deles, só preciso de uma banana bem amassada e um palito. - Contei.

Ela cedeu, amassou uma banana num potinho. Fui pegando em quantidades minúsculas com a ponta do palito, e assim alimentei um por um. Enchi o papo dos filhotinhos.

— Quanta paciência. Você é muito bom, Freddie. Tem um coração tão puro e generoso. - Sorriu para mim.

[...]

P.O.V Da Sam

Os dias foram passando, Freddie cuidou dos passarinhos com ajuda de Dylan e Nicole. Eles cresceram, estavam cobertos de penas, quase aprendendo a voar. Freddie era um rapaz muito gentil, atencioso e cuidadoso, eu até passei a me sentir mais segura em casa, ao menos não estava sozinha com as crianças.

— Mamãe, a tia Laura está aqui! Ela veio nos ver, trouxe muitos presentes! - Nicole correu vindo me chamar.

Não esperava nenhuma visita, muito menos da Laura. Não devia ter aparecido sem me avisar.

Fui lá para fora com o Josh no colo, vi que Laura olhava ao redor, estava com muitas sacolas.

— Oi, Laura! - A cumprimentei.

— Samantha! - Me olhou de cima abaixo.

— Sam, eu já terminei de... - Freddie se calou quando viu minha ex-cunhada. - Olá! - Ficou todo tímido.

Eu não tinha nenhuma consideração por aquela mulher.

Claro que assim que viu Freddie saindo da casa, a maluca deu chilique.

— Mas que pouca vergonha é essa? Meu irmão ainda nem completou 4 meses de falecimento. Você já colocou outro homem dentro de casa? Ainda por cima um estranho sob o teto onde vive meus sobrinhos? - Cobra venenosa.

— Ei, quem é você pra chegar falando merdas? O Freddie é meu inquilino, ele está trabalhando para mim também, foi ele quem consertou o telhado! - Deixei bem claro.

— É mesmo pior que eu imaginei. Como ousa enfiar um homem dentro da sua casa sem conhecê-lo? Você é muito irresponsável, eu vou contar para os meus pais, e vou convencê-los a tirar as crianças de você, porque você é uma mãe desnaturada! - Me ofendeu.

— Leve ele lá para dentro, por favor. - Entreguei Josh para Freddie.

Dylan e Nicole observavam da varanda.

Ele colocou as crianças para dentro e fechou a porta.

— Rapaz bonito, é bem novo. Você não perdeu tempo mesmo, né? - Sorriu irônica.

— Escuta aqui, sua cretina, me respeita! - Avisei indo até ela.

— Você nem tem respeitado a memória do meu irmão! - Como ela ousava?

— Vai embora, Laura, ou eu não respondo por mim. E nunca mais ponha os pés aqui! - Avisei com raiva.

— Você não merece ficar com as crianças! - Cuspiu as palavras.

— Nem tente tirar meus filhos de mim. Você não sabe do que sou capaz! Agora se manda! - Empurrei ela.

Laura foi embora me xingando. Entrou no carro e pisou fundo no acelerador.

Ela tinha um casamento infeliz, não tinha filhos... Era mesmo uma amargurada.

Entrei em casa tremendo, muito nervosa.

— Sinto muito por te causar problemas. Vou embora hoje mesmo. - Freddie falou.

— Não... Não... Não... - Balancei a cabeça. - A culpa não é sua... Aquela mulher é louca. Mas tá tudo bem agora, ela não irá mais incomodar. - Garanti.

— Você está bem? - Se preocupou.

— Estou sim. - Menti.

Se Laura cumprisse com as palavras, eu correria riscos de perder meus filhos.

[...]

— Aqui está, vá com o Dylan até a cidade, comprem o presente. - Dei 30 dólares para Freddie.

Ele foi avisar meu filho que ficou bem feliz. Os dois sairam na caminhonete. Eu confiava nele.

Até que não demoraram, voltaram com um porta-joias bem bonito, pulseiras coloridas e um par de brincos simples com bolinhas rosadas.

— Tudo deu 25 dólares, com o troco comprei isso que estava em promoção. - Me entregou a sacola com Danones.

Agradeci e coloquei na geladeira.

Freddie me entregou a chave da caminhonete.

— Obrigado, mãe. Faz um embrulho bem bonito. - Me deu a sacola.

— Está bem, filho. - Sorri para ele.

Fui me ocupar, ainda era cedo.

Preparei vitamina e enchi a jarra.

— Mãe, corre lá fora! O Freddie pulou a cerca e correu atrás do vizinho! - Dylan apareceu agitado.

Deixei o bebê tomando vitamina na mamadeira e corri com Dylan. Nicole estava na sala, não parecia assustada, mas também não estava calma, um pouco confusa com a situação.

— Oh, meu Deus! - De longe avistei Freddie batendo no Theodore. - Fique lá dentro com seus irmãos! - Pedi para meu primogênito.

Me apressei, abri o portão e corri.

Ele estava em cima do vizinho, socando-o.

— Para, Freddie! Freddie! Pare com isso! O que aconteceu? - Me agarrei a ele.

Com muito custo, o afastei de Theodore.

— Por quê partiu para cima dele? - Fiquei muito nervosa.

Freddie suava, tremia de raiva, abracei seu corpo por trás.

— Esse... Esse lixo... Esse homem asqueroso... Ele estava atrás da cerca... Tinha a mão dentro da calça... Estava olhando para a sua filha brincando aqui fora... Esse infeliz... - Ofegava.

Aquilo foi um enorme baque, acabei o soltando.

— Vou matá-lo! - Eu corri pensando em pegar a espingarda.

Não, minha garotinha não...

Freddie me alcançou e me deteve. Ele me abraçou enquanto eu chorava de raiva, nojo e pura indignação.

— Vamos ligar para a polícia. - Afagou minhas costas.

Theodore Carmack foi detido, acompanhei os policiais e prestei queixa, falei sobre o assédios que já sofri, sobre ele ter invadido minha casa e sobre ele ter tentado me violentar.

Freddie ficou em casa com as crianças.

— O sujeito tocou na sua filha, senhora? - Delegado continuou o interrogatório.

— Não, senhor. Eu mesma teria o matado. - Falei.

Ele conversou com os policiais que pegaram o depoimento do Benson.

— Levem ele para a cela. Amanhã mesmo vamos transferí-lo. Esse merda vai virar boneca nas mãos dos detentos do presídio de Oregon! - Justiça seja feita.

Os Carmack ainda ficaram com raiva por eu ter denunciado o maldito do filho deles.

Graças a Deus que minha filha nem se deu conta do que realmente havia acontecido. Ela acha que Theodore foi preso por tentar roubar nossas galinhas. Dylan também acreditou nisso.

[...]

P.O.V Do Freddie

Soltamos os passarinhos, mesmo tendo se apegado a eles, Nicole se conformou. Eles pertenciam à natureza. Todos sobreviveram com nossos cuidados.

— Dá tchau para eles, filho. - Sam ergueu o bebê.

Xau, sarinhos! - Josh nos fez rir.

Ele acenou com a mãozinha suja de terra.

— Tchau, passarinhos! - A pequena jogou beijos pulando.

Eram crianças lindas e bem criadas.

No dia seguinte, levei Dylan para o aniversário da coleguinha. Sam não estava com vontade de ir.

Ela me passou o endereço.

Percebi que Rachel gostava muito dele.

Voltamos para casa trazendo bolo, doces e lembrancinhas. Eu peguei balões para seus irmãos.

Sam me agradeceu, ela era uma mãe muito dedicada. Uma mulher incrível.

1 mês depois...

Ouvi os gritos da Sam, fui ver o que era. Ela tinha o Josh no colo, chorava, estava desesperada... Isso fez Nicole chorar também.

— O que aconteceu? - Me preocupei.

Não vi Dylan por perto.

— Ele engoliu uma bolinha de gude... Ele engoliu... - Ela não sabia o que fazer.

O pavor atrapalhava. Pobrezinha.

Os bolinhas de gude eram do Dylan.

Tirei o bebê engasgado do seu colo, toquei sua garganta de leve, a bolinha estava presa. Ele ia sufocar.

Agi rápido enfiando dois dedos em sua boca, forcei para provocar ânsia, fiz duas tentativas e deu certo. Josh vomitou repelindo a bolinha de gude. Ele chorou e eu massageei suas costas.

Sam o pegou, chorando aliviada.

— Obrigada, obrigada, obrigada... Salvou o meu bebê. - Ela tremia abraçando o filho.

— Foi mais um susto... Ele vai ficar bem. Cadê o Dylan? - Perguntei.

— Correu, estava com medo... Eu briguei com ele. - Respondeu.

Ela já tinha avisado para ele manter as bolinhas de gude longe do irmãozinho.

— Vou procurar ele. - A tranquilizei.

[...]

Achei Dylan lá fora, ele estava inconsolável, se culpava.

— Mamãe não vai me perdoar... Foi minha culpa. - Chorava.

— Não foi não, amigão. Ela não está brava. Só estava assustada e nervosa. Seu irmão está bem. - Garanti.

— Joguei tudo fora... Não vou mais brincar com bolinhas de gude. - Limpou o rosto com a camisa.

— Fez certo. Vamos entrar. Sua mãe quer falar com você. - O chamei.

— E se ela bater em mim, Freddie? - Ficou temeroso.

— Não vou deixar. - Prometi.

Ele entrou comigo, Sam estava mais calma e conversou com ele. Tudo se resolveu.

Eu já tinha feito quase todo o serviço, Sam decidiu arrumar o porão, queria reformar e transformá-lo num quartinho de costura.

Ela sabia até fazer vestidos. Mostrou alguns bordados e panos de prato que enfeitou com lindos detalhes em crochê.

Consertei sua máquina de costura. Arrumamos o porão. Sam foi até a cidade comprar linhas, tecidos, agulhas e botões. Tudo que precisava.

— Meu marido era alto, bem forte... São roupas novas, ele nunca chegou a usar... Vou ajustar para você. - Mostrou as camisas e as calças.

— Obrigado. - Agradeci.

Sam era muito gentil.

[...]

2 meses depois...

P.O.V Da Sam

Não tinha mais o que fazer, Freddie tinha consertado tudo. Eu não sabia se ele já estava de partida, e também não poderia mandá-lo embora, não tinha motivos... E também, estava acostumada com ele, as crianças já tinham se apegado. Freddie era muito bom, fez muito por nós. Não seria justo mandá-lo embora.

Ouvimos baralhos vindo lá de fora, as galinhas deram alarde. Como as crianças estavam dormindo lá em cima, nem ouviram, Freddie e eu corremos para fora, estávamos na sala vendo TV.

— Será que é ladrão? - Segui ele até os fundos.

O intruso era um pequeno predador, um cachorro do mato. Daqueles bem selvagens.

Freddie o assustou com um galho, o bicho era perigoso. Ele sumiu na escuridão.

As coitadas das galinhas se encontravam assustadas.

Quando o moreno se virou, acabou trombando em mim e eu fui ao chão.

— Me desculpe. - Estendeu a mão.

Não aguentei e comecei a rir, corremos que nem loucos achando que podia ser mesmo um bandido roubando as galinhas.

Segurei sua mão e o puxei, ele caiu em cima de mim.

Riu se contagiando com a minha risada.

Senti seu peso, o calor do seu corpo... Ficamos nos encarando.

Ali fora, sob o céu estrelado, no chão sobre a grama.

Nem sei dizer quem tomou a iniciativa.

Nos beijamos.

Eu estava carente... Nunca tive outro homem em minha vida. Meu relacionamento com David durou quase 18 anos ao total. Começamos a namorar desde a escola.

Casei muito nova.

Freddie me levou para dentro. Paramos ali na sala de estar... Beijos e carícias.

Tirei sua camiseta. Minha camisola sedosa caiu aos meus pés. Nos despimos do restante das peças que nos cobriam.

A luz estava apagada, as chamas da lareira iluminavam parcialmente.

Freddie olhou em meus olhos, aquele pedido silencioso, assenti com um simples aceno de cabeça.

Ele me me beijou e me tirou do chão, entrelacei minhas pernas ao seu redor, ambos nus.

Me encostou na parede e gemi alto quando sua ereção me invadiu.

Naquele momento eu soube que ele não era virgem. Eu achava que fosse.

Gemeu tão fundo dentro de mim, com estocadas intensas e pausadas.

Abracei seu corpo malhado, tanto trabalho braçal ajudou ele definir os músculos.

Me entreguei... O senti no meu íntimo. Tudo tão intenso. Arrebatador.

Suas mãos me seguravam com firmeza.

— Devagar... - Senti ele aumentar as investidas.

Eu queria prolongar... Tê-lo dentro de mim por mais tempo.

— Tô machucando você? - Parou me encarando.

— Não. - Neguei depressa. - Só quero que seja com calma... Quero sentir você melhor... - Ele pulsava, tão duro e inchado.

Se retirou com cuidado, me carregou até o sofá e prolongamos a noite.

Aquilo foi... Eu não tinha palavras para descrever.

Nos braços dele, esqueci do mundo lá fora.