Chamas e Brisas

Capítulo 28 - Traição


Aeris se encontrava submerso no rio, tentando afastar as vozes que ecoavam em seus ouvidos como fantasmas. A água fria parecia aliviar suas tensões, mas não conseguia dissipar as memórias dolorosas. Ele segurava a respiração, tentando encontrar um momento de paz nas profundezas do rio. Porém, ao emergir, com a água escorrendo pelos cabelos loiros e os olhos azuis fixos no céu, a visão que o aguardava trouxe de volta toda a tensão.

Ao lado do local onde estavam suas vestimentas cuidadosamente dobradas e a espada apoiada na árvore, a figura de Dorran permanecia, imperturbável. Seus olhos sem vida e o hematoma no pescoço deixavam claro o fim trágico que havia encontrado pelas mãos da rainha Valeria. A presença espectral de Dorran parecia ainda mais real à luz do sol que atravessava as copas das árvores, lançando sombras dançantes sobre seu corpo inerte.

Aeris sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Era como se o peso de sua culpa e tristeza tomasse forma diante dele. Cada detalhe do rosto de Dorran, cada contorno do corpo que uma vez fora vivo e vibrante, agora estava ali, como uma acusação silenciosa.

- Você a deixou me matar. - ecoou a voz de Dorran, rouca e cheia de dor. Aeris ficou paralisado, sentindo o aperto no coração. O passado que ele tentava esquecer estava ali, cobrando seu preço. Ele lembrou-se do momento em que Valeria, com um sorriso macabro, apertava as mãos em volta do pescoço de Dorran.

- Suma de uma vez. - dispara Aeris ao contrair sua mandíbula, a tensão evidente em cada músculo de seu corpo. A figura de Dorran, porém, não se dissipou. Ao contrário, um riso frio e cruel emanou do príncipe morto, fazendo as orelhas de Aeris zumbirem.

- O guardião, que levou ao fim de uma nação. É cômico. - zombou Dorran, a amargura em sua voz cortante como uma lâmina. Aeris sentiu um aperto no peito, a culpa e a vergonha se mesclando com sua raiva.

Ele tentou manter a compostura, mas cada palavra de Dorran era um lembrete doloroso de suas falhas.

- Você não entende... - murmurou Aeris, a voz tremendo. - Eu tentei... Eu...

- Você falhou! - interrompeu Dorran, os olhos sem vida fixos nos de Aeris. - E agora, todos nós pagamos o preço.

Elian surge chamando por Aeris, o que o faz girar seu corpo rapidamente em sua direção. O príncipe de Atlantis, com uma expressão preocupada, olha ao redor, procurando por algo ou alguém.

- Com quem estava falando? - pergunta Elian, franzindo a testa ao não ver ninguém além de Aeris.

Aeris respira fundo, tentando se recompor. A presença de Elian era um lembrete do mundo real, um ancoradouro para suas emoções turbulentas. Ele esfrega a nuca e força um sorriso.

- Ninguém. - responde Aeris, a voz ainda carregada de tensão. - Apenas... ecos do passado.

Elian olha para Aeris com ceticismo, mas decide não pressionar.

- A princesa diz ter achado algo. E está te chamando.

- Vai na frente. Logo te alcanço.

Aeris observa Elian se afastar, a figura de seu amigo desaparecendo lentamente de sua vista enquanto ele permanece no rio. O som das águas correndo ao seu redor não consegue abafar as vozes que ainda ecoam em sua mente, mas ele tenta focar-se na serenidade do momento.

Ele volta seu olhar para a árvore onde, momentos antes, o fantasma de Dorran estava. Agora, apenas suas vestimentas dobradas e a espada apoiada no tronco permanecem. A visão de seu equipamento traz um sentimento de realidade e propósito, contrastando com os espectros que o atormentam.

Respirando fundo, Aeris sai do rio, a água escorrendo de seu corpo enquanto caminha lentamente em direção à árvore. Ele pega suas roupas e começa a se vestir, cada movimento um esforço consciente para afastar os pensamentos sombrios.

Enquanto ajusta sua espada ao cinto, Aeris murmura para si mesmo, como se fosse uma prece ou um mantra.

- Respire, acalme, controle.

Aeris chega ao acampamento com a sobrancelha arqueada, seus olhos atentos observando a cena à sua frente. Lyra caminhava de um lado para o outro, inquieta, enquanto Luna e Elian a observavam em silêncio. O ambiente estava carregado de tensão, a preocupação evidente nos rostos de todos.

A alguns metros de distância, Zara estava concentrada na pescaria perto de seu veleiro, suas mãos habilidosas manipulando a linha e o anzol com destreza. Ela parecia alheia à inquietação do grupo, focada na tarefa à sua frente.

Aeris se aproxima devagar, sua presença finalmente chamando a atenção de Lyra, que interrompe sua caminhada frenética e se vira para ele.

- O que aconteceu? - Aeris pergunta, sua voz calma contrastando com a agitação ao redor.

- Eu vi um pombo da Nação do Fogo. - ela diz sem rodeios, a intensidade em seu olhar deixando claro a gravidade da situação. - Isso significa que há um dirigível da Nação do Fogo nos arredores.

- Lembra a região em que ele voou? - pergunta o mestre do ar.

A princesa do fogo rapidamente se aproxima de Elian e pega o mapa das mãos dele, desenrolando-o sobre uma superfície plana. Seus olhos dourados fixam-se em um ponto específico enquanto ela aponta com firmeza.

- Aqui. - diz Lyra, traçando um caminho com o dedo. - Esta pequena cidade fica do outro lado do rio, além da densa mata. Se conseguirmos chegar lá, é o local que o dirigível poderia pousar. A área é grande.

Aeris troca olhares com Lyra, a compreensão silenciosa passando entre eles. A princesa do fogo confirma a localização do dirigível com um aceno de cabeça firme, a determinação brilhando em seus olhos dourados.

- Vou com a Lyra. - Aeris diz, a voz calma mas resoluta. - Apenas nós dois. Vocês ficam no acampamento.

Luna, com preocupação evidente no rosto, dá um passo à frente.

- Tem certeza, Aeris? Pode ser perigoso.

- Sim. - ele responde, com um sorriso tranquilizador. - Precisamos de rapidez e furtividade. Vamos averiguar a situação e voltar o mais rápido possível.

Elian franze a testa, mas acaba concordando. - Se é isso que acham melhor, então vamos confiar em vocês. Ficaremos aqui, prontos para qualquer coisa.

Zara coloca uma mão no ombro de Lyra.

- Tomem cuidado. Vamos esperar vocês aqui.

Lyra sorri para Zara e depois para Aeris.

- Voltaremos em breve. Fiquem atentos.

Com um último olhar para o grupo, Aeris e Lyra se afastam do acampamento, preparados para a missão que tinham à frente. Os outros ficam para trás, vigilantes e prontos para agir se necessário.

Aeris e Lyra atravessaram o rio com a agilidade de um sopro de vento. O mestre do ar segurou Lyra firmemente em seus braços, sentindo o poder do vento sob suas asas, enquanto voavam em direção à outra margem. Ela riu, uma mistura de excitação e nervosismo, enquanto experimentava a sensação única de voar pela primeira vez.

Pousando suavemente na margem oposta, Aeris colocou Lyra de volta no chão com um sorriso reconfortante. Juntos, eles avançaram pela densa mata, movendo-se com cuidado para não chamar a atenção. Cada galho quebrado e folha pisada era um sinal de alerta, e eles se esforçavam para serem o mais silenciosos possível.

Finalmente, através das copas das árvores, seus olhos avistaram o imponente dirigível de guerra estacionado a alguns metros da cidade. Inúmeras colunas de fumaça subiam dos edifícios da cidade, criando um cenário sombrio e ameaçador. Aeris sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto observava a cena à distância.

- Algo está errado. - sussurrou Aeris, seus olhos se estreitando enquanto observava a cidade em chamas. - Precisamos descobrir o que está acontecendo antes de nos aproximarmos mais.

- Como assim? - pergunta a princesa, que continua apontando para a maquina de sua nação. - É a bandeira da nação do fogo.

Aeris franziu a testa, observando atentamente a bandeira tremulando no dirigível. Era de fato a bandeira da nação do fogo, mas algo estava errado. As cores pareciam mais escuras e desbotadas do que ele se lembrava.

- Sim, é a bandeira da nação do fogo, mas... algo não está certo. - murmurou Aeris, perplexo. Ele se aproximou mais, tentando identificar qualquer sinal de atividade no dirigível. - As cores parecem diferentes, mais sombrias do que eu me lembro. E as chamas na cidade... elas não parecem normais.

Lyra seguiu o olhar de Aeris, seus próprios olhos estreitando-se enquanto tentava discernir o que estava acontecendo.

- Você acha que... eles foram atacados? - sugeriu ela, sua voz carregada de preocupação.

- Não sei, mas precisamos descobrir. - respondeu Aeris, sua expressão séria. - Vamos dar a volta e ver se conseguimos encontrar alguma pista antes de nos aproximarmos demais.

Com passos cautelosos, Aeris e Lyra se infiltraram pelas ruas vazias da cidade, mantendo-se escondidos nas sombras dos edifícios. À medida que se aproximavam do centro, o cenário tornava-se cada vez mais sombrio. A fonte que dominava a praça estava tingida de vermelho, sua água outrora cristalina agora contaminada pelo sangue derramado.

Aeris e Lyra se esgueiraram até um pequeno edifício próximo, subindo rapidamente para ter uma visão privilegiada do centro da cidade. Lá embaixo, testemunharam uma cena horrível: pilhas de corpos carbonizados sendo queimados em chamas altas, enchendo o ar com fumaça e um odor nauseante. As chamas não eram apenas fruto de incêndios aleatórios, mas sim da queima de vítimas indefesas, espalhando desespero e desolação pelas ruas vazias.

Aeris sentiu um aperto no peito ao testemunhar tal destruição, e Lyra, ao seu lado, estava visivelmente abalada pela visão diante deles. Em silêncio, eles compartilharam um olhar sombrio, conscientes de que precisavam descobrir o que havia acontecido ali e como poderiam ajudar.

Lyra cerrou os dentes com indignação ao avistar o grupo de homens vestidos com a armadura da nação do fogo, misturando-se com outros de Sagacia. Aeris, percebendo a tensão em sua companheira, colocou suavemente a mão em seu ombro, oferecendo-lhe um apoio silencioso e reconfortante. Ele sussurrou para que se acalmasse, consciente do tumulto emocional que ela estava enfrentando ao testemunhar traidores de sua própria nação.

Lyra observou com olhos arregalados quando o líder do grupo da nação do fogo removeu seu elmo, revelando-se como o comandante do batalhão de seu pai. A surpresa se misturou com uma enxurrada de pensamentos tumultuados em sua mente, levantando a possibilidade perturbadora de traição vinda de seu próprio pai.

Lyra sussurrou urgentemente para Aeris:

- Temos que entrar no dirigível! E tomá-lo! Aquele homem é o lider do batalhão que responde apenas ao meu pai. Se ele está cometendo traição...

Aeris concluiu a frase com uma expressão determinada:

- O Príncipe Braz é um traidor.

Lyra rapidamente avaliou o número de homens reunidos abaixo, calculando as possibilidades. Embora fossem muitos, sua confiança nas habilidades de combate de Aeris era inabalável. Conhecendo-o como um dos mais ágeis e habilidosos de sua nação, ela acreditava firmemente que juntos poderiam superar qualquer desafio.

Com confiança irradiando de seu olhar, Lyra fitou Aeris e declarou:

- Vamos acabar com isso e capturar o líder traidor, para interrogá-lo.

Aeris concorda com a cabeça, mas sua expressão denota preocupação. Ele percebe a raiva anormal que queima nos olhos da princesa do fogo, compreendendo que sua fúria era alimentada pelo medo. O mero pensamento de seu pai ser um traidor provocava uma tempestade de incertezas em seu coração. Se isso fosse verdade, o equilíbrio frágil entre as nações estaria ameaçado, e as consequências seriam devastadoras.

Sem hesitar, Lyra avança para a ação, gritando de raiva "Traidor!" enquanto se lança na direção dos dois líderes, que estavam um pouco afastados do grupo. Enquanto isso, Aeris reage instantaneamente, lançando uma poderosa rajada de ar para desorientar os dois esquadrões, que consistiam em seis soldados cada.

Enquanto Aeris se move rapidamente para se confrontar com os esquadrões, Lyra avança ferozmente em direção aos dois líderes traidores. O líder da nação do fogo, ao perceber a presença da princesa, sente um arrepio de preocupação percorrer sua espinha, pois reconhece o perigo iminente que ela representa.

Lyra se move com agilidade e destreza, desviando-se habilmente dos golpes dos traidores enquanto ataca com golpes precisos e poderosos. Seu estilo de luta é fluido e elegante, mas ao mesmo tempo letal, demonstrando sua habilidade excepcional como dobradora de fogo.

Os traidores tentam contra-atacar com golpes de fogo e terra, mas Lyra os neutraliza com sua habilidade superior. Ela canaliza sua raiva e determinação em cada movimento, aproveitando sua conexão com o elemento do fogo para aumentar sua força e velocidade.

Enquanto isso, Aeris continua a enfrentar os esquadrões inimigos, usando a cidade como seu campo de batalha. Ele se move com graça e agilidade, evitando os ataques dos soldados inimigos enquanto os neutraliza com sua dobra de ar. Sua estratégia é inteligente e eficaz, aproveitando ao máximo o ambiente ao seu redor para ganhar vantagem sobre seus oponentes.

Com habilidade e determinação, Aeris enfrenta os esquadrões inimigos, empunhando sua espada com destreza e controlando o ar ao seu redor. Ele se move com agilidade e precisão, cortando através das defesas dos soldados inimigos enquanto os neutraliza com golpes rápidos e poderosos.

Com uma série de movimentos rápidos e calculados, Aeris derrota os esquadrões um por um, usando tanto sua espada como sua dobra de ar para superar seus oponentes. Sua determinação em proteger Lyra e deter os traidores é evidente em cada golpe que desfere, e sua habilidade em combate é impressionante de se ver.

Enquanto isso, Lyra continua sua luta contra os líderes traidores, demonstrando uma ferocidade implacável em seus ataques. Com um urro de raiva, ela investe contra o líder da nação do fogo, desviando de seus golpes e retaliando com golpes poderosos de fogo.

Finalmente, Lyra consegue lançar o traidor contra a fonte com um golpe poderoso, fazendo-o cair com um estrondo. Ela olha triunfante para o líder caído, sua expressão determinada e sua determinação inabalável.

O líder traidor, com o rosto contorcido de dor, mal consegue falar enquanto Lyra o segura com ferocidade. Seus olhos encontram os dela, cheios de medo e desespero, antes que ele finalmente consiga articular uma resposta ofegante.

- É... é Vossa Alteza Braz... Ele... ordenou... - ele mal consegue formar as palavras, sua voz cheia de agonia enquanto as chamas consomem seu corpo. Lyra aperta ainda mais sua mão contra o peito dele, buscando por respostas que possam explicar a traição devastadora que acabaram de descobrir.

Lyra responde com voz firme, desafiando a afirmação do líder traidor. Sua expressão endurecida reflete determinação enquanto ela aperta ainda mais sua mão contra o peito dele.

- Mentira! - ela responde, sua voz ecoando com uma intensidade que combina com o fogo que arde em seus olhos. Mais uma vez, ela canaliza o poder do fogo através de sua mão, fazendo com que as chamas consumam a carne dele e o levem ao limite da agonia. O líder traidor geme de dor, quase chorando sob o tormento infligido por Lyra.

O líder traidor, em meio à sua agonia, jura que é verdade, suas palavras ofegantes escapando entre gemidos de dor. Enquanto isso, Aeris intervém, puxando Lyra para si com firmeza, segurando-a com determinação enquanto ela tenta se soltar, mantendo seus olhos fixos no traidor.

Aeris escuta em silêncio enquanto Lyra repete com firmeza:

- É mentira!

Ela se recusa a acreditar que seu pai, Vossa Alteza Braz, trairia a Rainha, sua avó. Aeris observa com preocupação e compaixão enquanto a princesa luta contra a ideia angustiante de uma possível traição de sua própria família.

Lyra, consumida pela raiva e pela negação, solta-se dos braços de Aeris e lança xingamentos ao ar, expressando sua fúria e frustração. Ela desencadeia chamas furiosas com as mãos, fazendo-as dançar ao seu redor, enquanto sua mente e coração lutam para processar a traição que presenciaram.

Aeris atravessa uma das chamas que Lyra solta, envolvendo-a em seus braços protetores. Ele sente o calor das chamas ao redor deles, mas seu foco está inteiramente em Lyra. Ele ouve suas palavras murmuradas entre lágrimas: "É mentira..." Aeris segura-a com firmeza, compartilhando seu apoio silencioso enquanto ela enfrenta a tempestade de emoções.

Aeris sente as mãos de Lyra fechadas com firmeza no tecido de sua camisa, enquanto ela deixa as lágrimas fluírem em seu peito. Ele a abraça mais forte, transmitindo conforto e segurança enquanto ela desaba em suas emoções.

Seu beijo no topo da cabeça dela transmite não apenas amor, mas também compreensão e empatia. O sussurro suave reafirma seu apoio inabalável, mostrando que ele está ao lado dela em todos os momentos, mesmo nos mais difíceis. Juntos, eles compartilham um momento de conforto mútuo, encontrando força um no outro para enfrentar os desafios que estão por vir.

Com o coração ainda pesado pela revelação perturbadora, Aeris e Lyra encontram um momento de calma relativa enquanto se preparam para entrar no dirigível. Os olhos da princesa do fogo ainda estão marejados, mas ela mantém a determinação em seu olhar.

Ao subirem pela rampa que leva até o dirigível, Aeris observa o interior da imponente máquina de guerra. A rampa é larga e robusta, feita de metal resistente, e ressoa com o eco de seus passos conforme avançam.

Lyra segue pelo corredor com confiança, guiada por uma certeza interior. O corredor é iluminado por luzes fracas que emanam de lâmpadas embutidas no teto, lançando sombras dançantes pelas paredes metálicas. Eles passam por portas fechadas e câmaras vazias até chegarem a um escritório.

Aeris segue Lyra em silêncio, respeitando seu espaço enquanto ela lidera o caminho. Seus pensamentos estão tumultuados com as revelações recentes, mas ele se mantém focado em apoiar Lyra e ajudá-la da melhor maneira possível.

O escritório é espaçoso, com uma decoração austera e funcional. Uma estante de madeira ocupa uma das paredes, exibindo poucos livros e documentos organizados cuidadosamente. Um mapa do continente está pendurado na parede oposta à mesa, mostrando todas as nações em detalhes.

A mesa no centro da sala está repleta de papelada, indicando uma intensa atividade administrativa. Entre os documentos, um em particular chama a atenção de Lyra: é um pergaminho selado com o emblema de seu pai, confirmando suas suspeitas de traição. O pergaminho está estrategicamente posicionado sobre a mesa, como se estivesse aguardando para ser analisado ou despachado.

Lyra se aproxima da mesa, seus olhos fixos no pergaminho com o selo real. A descoberta abala suas certezas e a faz questionar a lealdade de seu próprio sangue. Aeris fica ao lado dela, observando em silêncio enquanto ela processa as revelações.

A fúria de Lyra se manifesta em uma explosão de energia, e ela começa a destruir o escritório com chutes e socos, descontando sua raiva no mobiliário e nos objetos ao redor. Aeris se afasta silenciosamente, permitindo que ela extravase suas emoções sem intervenção.

O som de madeira se partindo e objetos sendo arremessados ecoa pelo pequeno espaço do escritório, enquanto Lyra libera toda a sua frustração e desespero. O ambiente antes tranquilo e organizado se transforma em caos sob a intensidade da fúria da princesa do fogo.

Aeris observa à distância, preocupado com o estado emocional de Lyra, mas dando-lhe espaço para lidar com suas emoções. Ele sabe que não há palavras que possam acalmar a tempestade que ela está enfrentando internamente.

Lyra grita entre os destroços:

- Ensinamentos de disciplina e lealdade. Todo o meu esforço! - sua voz ecoa pelo escritório destruído, carregada de desilusão e amargura. Cada palavra pronunciada é carregada com a dor de ter sua fé e confiança traídas.

Lyra desabafa com amargura:

- Tudo para deixá-lo orgulhoso! Mas não passa de um covarde traidor!

Seus olhos, outrora cheios de força e determinação, agora refletem desespero e desânimo. Ela percebe o olhar de Aeris em busca de conforto e, por um momento, um lampejo de visão traz à mente a cena da batalha com Valeria. Aeris, decidido, coloca ambas as mãos no rosto da princesa, encarando-a com firmeza:

- Não deixe-o te moldar! Você é Lyra Ardorius!

- Exato! - ela empurra o mestre do ar, com lagrimas se formando em seus olhos.

- Sou filha de um traidor!

Então Aeris grita de volta:

- Não!

Aeris segura os ombros de Lyra com firmeza, enfrentando sua angústia com determinação:

- Não deixe a traição de seu pai definir quem você é! Você é muito mais do que isso, Lyra. Você é forte, corajosa e nobre. Não permita que as ações dele obscureçam sua verdadeira essência.

A expressão de Aeris transmite intensidade enquanto ele se inclina mais perto de Lyra, seus olhos azuis refletindo uma determinação ardente.

- Você é a chama que me guia. A mulher com quem desejo lutar lado a lado. Por tudo o que é sagrado! Você é a mulher que amo. - sua voz carrega uma mistura de paixão e sinceridade, enquanto sua mão suavemente acaricia a bochecha dela.

Aeris aproxima sua testa da dela, sentindo as respirações entrecortadas pelo choro. Sua voz é suave, mas firme, enquanto ele diz:

- Enfrentaremos isso juntos. Não foi isso que você me disse? - a proximidade entre eles transmite uma sensação de conforto e apoio mútuo.

A atmosfera no interior do dirigível se torna carregada com a promessa de união e força mútua entre Aeris e Lyra. Apesar das turbulências emocionais e das revelações perturbadoras, o vínculo entre eles se fortalece ainda mais. Com suas mãos entrelaçadas e seus olhares se encontrando, eles se preparam para enfrentar os desafios que estão por vir, unidos em determinação e amor.