Capítulo 24 - Eu te Amo

O céu se estendia sobre Elian, pintado em tons de laranja e rosa pelo nascer do sol. Ele se esgueirava entre as ruínas de um antigo prédio, seus olhos fixos no horizonte enquanto observava o voo majestoso do dragão que se afastava lentamente.

As paredes do prédio estavam desmoronadas, cobertas de musgo e hera, testemunhas silenciosas do passado glorioso daquela estrutura agora em ruínas. O vento sussurrava entre os destroços, trazendo consigo os ecos de uma época perdida.

Elian permanecia oculto nas sombras, seu coração pesado com o peso do que havia acontecido. Ele observava o dragão desaparecer no horizonte, perguntando-se sobre o que o futuro reservava para ele e seus companheiros.

Ao seu lado, Lyra estava abraçada à espada de Aeris, seu rosto marcado pela determinação e pela tristeza. Ela encarava o horizonte com olhos resolutos, sua mente repleta de pensamentos e planos para o que viria a seguir.

- Temos que voltar para o palácio. – disse Lyra, arrumando sua vestimenta e limpando o restante de sangue em seus lábios.

- É melhor fugirmos. – dispara Elian em desespero, foi sabia que Aeris poderia estar morto e não queria ver tal cena.

- Vá. – com um olhar dourado forte, ela o fita com determinação. – Irei para o palácio.

Com um olhar dourado forte que refletia sua determinação inabalável, Lyra avançava pelas ruas desertas e destruídas da cidade de Solumia. Seus passos ecoavam entre os escombros, um testemunho silencioso da batalha que havia ocorrido ali. Seu objetivo era claro: o Palácio, onde o embate fatídico havia ocorrido.

Enquanto isso, Elian hesitava por um momento, o medo pairando em sua mente como uma sombra. A lembrança do confronto com a rainha e do perigo iminente que representava fazia seu coração acelerar com apreensão. No entanto, a determinação de Lyra era contagiosa, e ele sabia que não poderia ficar para trás.

Com um suspiro resignado, Elian reuniu sua coragem e seguiu os passos da princesa do fogo. Seus pés ecoavam pelas ruas vazias, sua mente assombrada pelos eventos recentes. No entanto, ele se recusava a deixar o medo dominá-lo, pois sabia que havia um papel a desempenhar na batalha que ainda estava por vir. Juntos, eles avançariam, determinados a enfrentar o que quer que o destino reservasse para eles.

Ao chegarem ao palácio, os corações de Lyra e Elian se encheram de angústia ao verem Aeris deitado no chão, ferido e inconsciente, os cortes das garras do dragão marcando sua pele. Lyra lutava contra o desejo de correr até ele e abraçá-lo, seu coração apertado pela preocupação com seu amado.

Enquanto isso, Garrick Thorne estava sentado em um pequeno degrau nas proximidades, seu rosto adornado com um sorriso malicioso ao ver seus convidados. Seu porte imponente contrastava com a atmosfera sombria ao redor, sua presença parecendo preencher o ambiente com uma aura de perigo iminente.

Lyra resistia ao impulso de se precipitar na direção de Aeris, sua mente lutando para manter-se focada na situação diante dela. Ela sabia que havia mais em jogo do que suas emoções pessoais, e que precisava manter a cabeça fria diante do perigo iminente.

Elian, por sua vez, observava a cena com uma mistura de preocupação e determinação. Ele sabia que o momento exigia coragem e resolução, e estava determinado a enfrentar qualquer desafio que surgisse em seu caminho.

- Valeria disse que você voltaria por ele. – diz apontando para Aeris. – Então me encarregou de acabar com o sofrimento de vocês. – complementa rindo.

- Onde a desgraçada foi? – pergunta a princesa do fogo, com chamas em seu olhar.

- Ah, não se preocupe. Ela não vai voltar mais para Solumia, mas temo que não cheguem a tempo de ver o show dela em Fortalium. – ele se prepara para o embate contra Lyra e Elian.

- Se afaste Elian. – com uma que carregava uma raiva feito fogo, que crescia cada vez mais.

Com uma determinação feroz refletida em seus olhos dourados, Lyra avançou para o ataque, seus passos resolutos ecoando pelo salão do palácio. Antes de partir para o confronto, ela lançou um olhar sério para Elian, pedindo-lhe silenciosamente para não interferir. Sabia que essa batalha era sua e ela precisava enfrentá-la sozinha.

Com um gesto rápido, Lyra concentrou sua energia, convocando as chamas ardentes que fluíam dentro dela. As labaredas dançavam em volta de suas mãos, uma manifestação de seu poder como dobradora de fogo. Com um grito de determinação, ela lançou as chamas na direção de Garrick, desafiando sua dominação de pedra com a força do fogo.

As chamas se chocaram contra a barreira de pedra que protegia Garrick, criando uma explosão de faíscas e calor intenso. Lyra lutava com todas as suas forças, seu coração determinado a vencer essa batalha e proteger aqueles que amava.

Enquanto isso, Elian observava a cena com um misto de admiração e preocupação. Ele sabia que Lyra era uma lutadora formidável, mas também entendia os riscos envolvidos em enfrentar um adversário tão poderoso como Garrick. Mesmo assim, ele respeitava a vontade dela e permanecia vigilante, pronto para intervir se a situação se tornasse realmente perigosa.

Com um movimento rápido e fluído, Lyra empunhou a espada de Aeris, sentindo o poder pulsante que emanava da lâmina. Para sua surpresa, a espada começou a brilhar com intensas cores do arco-íris, uma manifestação do fogo interior que a consumia.

Sem se deter para contemplar o fenômeno, Lyra avançou decididamente na direção de Garrick, a lâmina da espada cortando o ar com uma elegância mortal. Com um golpe certeiro, ela atacou os muros de pedra que protegiam o dominador da terra, sua determinação inflexível impulsionando cada movimento.

Os muros de pedra se despedaçaram diante da lâmina da espada, desmoronando em uma chuva de detritos enquanto Garrick gritava em desespero ao ver sua defesa ser destruída com facilidade. A expressão de choque em seu rosto revelava sua surpresa diante da habilidade formidável de Lyra e do poder da espada que ela empunhava.

Enquanto os escombros caíam ao seu redor, Lyra não hesitou, continuando seu ataque implacável contra Garrick. Ela estava determinada a derrotá-lo e proteger aqueles que amava, custasse o que custasse. E com cada golpe da espada de Aeris, ela se aproximava um passo mais perto da vitória e da esperança de um futuro melhor para todos.

Com um rugido de fúria, Garrick lançou pilares de pedra em direção a Lyra, numa tentativa desesperada de detê-la. Os pilares se ergueram do chão com força bruta, mas a habilidade e agilidade da princesa do fogo eram incomparáveis. Com movimentos ágeis e precisos, Lyra saltou entre os pilares, evitando-os por um triz.

Enquanto Garrick estava distraído, Lyra viu sua oportunidade e avançou com determinação. Com um golpe certeiro, ela cravou a espada de Aeris no peito do dominador de terra, seu coração afundando ao sentir a lâmina penetrar na carne.

Garrick soltou um grito de agonia, sentindo sua vida esvair-se junto com o sangue que escorria do ferimento. Seus olhos encontraram os dourados da princesa, uma mistura de surpresa e resignação refletida em seu olhar.

Enquanto a vida abandonava o corpo de Garrick, Lyra se viu inundada por uma mistura de emoções. Ela sentiu compaixão pelo homem que estava diante dela, mesmo sendo seu inimigo, e uma sensação de tristeza pela violência que havia sido necessária para detê-lo.

Com um suspiro de alívio, Lyra soltou a espada de Aeris, ouvindo o eco metálico do impacto quando ela bateu contra o chão. Seus olhos então se voltaram imediatamente para Aeris, que jazia inconsciente diante dela.

Correndo até ele, Lyra não conseguiu conter a onda de emoção que a invadiu. Ela o abraçou com força, sentindo o calor reconfortante de seu corpo contra o dela. Segurando suas lágrimas com determinação, ela lutou para manter a compostura, sabendo que precisava ser forte por ambos naquele momento de incerteza.

- Ele está muito ferido.

Com uma expressão preocupada, Elian se aproximou de Lyra e Aeris, observando atentamente os ferimentos do amigo e o sangue que manchava suas roupas. Seus olhos percorreram a camisa branca de Aeris, agora tingida por um vermelho sombrio que marcava o avanço da batalha. O colete longo que ele usava estava rasgado, com pequenas queimaduras nas bordas, testemunhas silenciosas dos perigos que enfrentaram juntos.

Com a voz embargada pelo medo e pela emoção, Lyra chamou por Aeris, sua mão delicadamente tocando o rosto do amado.

- Aeris... - ela murmurou, o nome ecoando com urgência em sua mente. - Não ouse partir depois de me dizer que me ama.

Suas palavras foram carregadas de uma mistura intensa de desespero e determinação, expressando o desejo fervoroso de que Aeris permanecesse ao seu lado, lutando contra a escuridão que ameaçava consumi-lo.

Enquanto Lyra falava, seus olhos permaneciam fixos nos de Aeris, buscando desesperadamente por algum sinal de vida neles. E então, num momento de pura magia, os olhos dourados de Lyra encontraram os de Aeris, que lentamente se abriram, revelando uma luz fraca que parecia brotar do fundo de sua alma.

Um sorriso fraco se formou nos lábios de Aeris, uma expressão de alívio e gratidão iluminando seu rosto cansado. Ele viu a preocupação nos olhos de Lyra e soube que estava seguro, pelo menos por enquanto. Com um esforço tremendo, ele ergueu a mão para segurar a dela, uma demonstração silenciosa de que ele estava ali, lutando ao seu lado, contra todas as probabilidades.

Com a voz fraca, Aeris sussurrou as três palavras que transcendiam o tempo e o espaço:

— Eu te amo. - seu amor por Lyra era uma chama ardente que queimava mesmo nos momentos mais sombrios, uma promessa de esperança e conforto em meio ao caos.

Lyra segurou as lágrimas que ameaçavam transbordar e respondeu com a mesma intensidade:

- Eu te amo.

Ela selou suas palavras com um beijo suave, ignorando o gosto de metal do sangue que impregnava os lábios de Aeris. Naquele momento, nada mais importava além do amor que compartilhavam, uma luz radiante que os guiava através das trevas.