CelleXty Saga

O Vírus Legado - PARTE 4


LIMBO

De todas as regiões interdimensionais conhecidas, talvez a mais peculiar seja o Limbo! A dimensão infernal do Limbo é conhecida não apenas por ser um dos 9 reinos infernais, mas por conter algumas das criaturas mais terríveis e cruéis destes reinos. Poucos mortais tiveram a ousadia de visitarem este lugar inóspito enquanto outros aqui estão, condenados a um exílio de tormentos perpétuos. Apesar do que muitos pensam, o Limbo não se restringe a montanhas flamejantes e lagos de fogo. Na verdade, este mundo se divide entre dois sub-reinos: O Reino de Sangue e o Reino do Silêncio. O reino em tons de terra e vermelho rubro conhecido como Reino de Sangue é um dos mais perigosos. Sua atmosfera aterrorizante similar aos desertos marcianos (secos e sem vida), é distribuída em cadeias de montanhas pontiagudas e de acesso mortífero bem como milhares de cavernas que abrigam as mais vis criaturas e pântanos tóxicos e mágicos. Vulcões em erupções eternas, desertos escaldantes e lagos de ácido e enxofre além de precipícios sem fim. Todos estes ambientes repletos de criaturas do limbo semelhantes a trolls, duendes e monstros grotescos são conectados ao coração do caos: o Castelo das Sombras! Já o Reino do Silêncio é o seu oposto. Um local gélido, mortalmente frio e com pouca luminosidade e presença de sons de qualquer natureza. Suas montanhas deslocam-se de lugar constantemente, alternando o desenho do reino e aprisionando suas criaturas em locais desconhecidos e totalmente silenciosos. O reino é banhado por um mar congelado que abocanha como um Kraken raivoso as poucas e audazes embarcações que ousam tentar cruzar os reinos. Somado a isto, O Reino do Silêncio é tomado por constantes tempestades gélidas e agourentas que dizimam qualquer sinal de vida externa que tenta fugir do único local seguro: o Castelo dos Exilados!

Os habitantes deste reino são criaturas tão perigosas quanto seus irmãos do Reino de Sangue. Aqui, também residem a grande maioria dos prisioneiros exilados de outras dimensões. Em sua maioria, escravos trabalhadores nas minas de M’Kraan, uma espécie rara de cristal que potencializa a magia do Limbo e orna poderosas armas, como a espada espiritual de Illyana Rasputin e espalhavam-se por todo o Limbo, além de proteger as fronteiras e os arredores do Castelo com uma redoma arcana contra invasores do Reino de Sangue, pois sim, ambos os reinos não são muito adeptos da palavra paz e harmonia e lutam por qualquer motivo que possa leva-los a um banho de sangue e vísceras à mostra.

É no Reino do Silêncio que um rasgo na cortina do espaço/tempo expele o CelleXty conhecido como Basco Khassan. O jovem aterrissa no solo coberto de neve e em meio a uma grande nevasca! Mal conseguia ver o espaço ao seu redor, mas em meio a tempestade de neve, identifica ao longe uma formação arquitetônica única. Tratava-se do Castelo dos Exilados. Imediatamente diversas lembranças vêm à sua mente, pois não era a sua primeira visita a este lado do Limbo, afinal, Nevoeiro já havia sido o regente deste inóspito local durante um breve período. Nosso herói sabia que cruzar o deserto de neve naquelas condições não era o mais indicado. Felizmente depois de caminhar cerca de 2 quilômetros, Basco encontra uma pequena abertura em uma imensa pedra. Era o local perfeito para se abrigar até a nevasca passar, ou pelo menos diminuir. O teleporte o cansou demais e o local parecia seguro para desligar os motores, pois iria precisar de toda a força que conseguisse, pois não sabia ao certo o que iria encontrar no Castelo. Cansado pela abertura do teleporte, Khassan cai em um profundo sono, despertando horas depois sentindo o calor de uma fogueira próximo ao seu corpo

— Ãããããa? Mas o quê? Como que....

— Saudações mestre Filho do Nevoeiro!— Quem responde à Basco é uma criatura semelhante a um duende esverdeado e escamoso, com cerca de 1,50mt de altura, orelhas pontiagudas, longa cauda dupla, nariz fino em curva de gancho, olhos amarelados e corpo curvado. Possuía os braços e dedos alongados em demasia que permitiam que suas mãos arrastassem pelo chão e ostentava o que restava de uma asa no dorso direito! Usava vestes maltrapilhas e sua fisionomia denunciava que já estava no Limbo há muito tempo.

Pilgrin? É você mesmo?— Perguntou Basco

— Sim, meu senhor! Mais ossos do que carne, mas sou eu. O que o traz aqui depois de mais de 80 anos?

— 80 Anos!? — Questionou Basco, pois não imaginava que havia se passado tanto tempo desde a última vez em que esteve no local. – Mas não parece ter havido muitas mudanças por aqui, exceto que agora…você tem apenas uma asa!

— De fato! Eu a perdi em uma aposta há uns 30 anos.

Nevoeiro visitou o limbo quando ainda era um adolescente e fazia parte da equipe conhecida como Novos Mutantes através da colega Illyana Rasputin, a qual tinha grande apreço e amor secreto. Illyana era conhecida como “Filha das Trevas” e na época era a grande governante de ambos os reinos, após derrotar Belasco em um embate mortal! Com Rasputin, Basco foi batizado como Filho do Nevoeiro e aprendeu a controlar os seus poderes e ampliar os seus métodos de ataque e defesa através da magia. No Reino do Silêncio, chegou a comandar legiões de criaturas que auxiliavam Illyana a reinar neste plano dimensional. O pequeno Pilgrin era o seu braço direito e esteve sempre ao seu lado nas batalhas infernais. Mas quando o Limbo tentou invadir a Terra e Magia se sacrificou para impedir, Basco decidiu deixar este ambiente de vez, não permitindo que o seu lado demoníaco aflorasse como ocorreu a Filha das Trevas. Anos depois esteve em contato com Limbo em mais duas ocasiões: para auxiliar o jovem mutante Gregory a ser curado do vampirismo e lá ficaram por cerca de 3 anos (enquanto, na terra, se passaram poucos meses) e para exilar o seu irmão mais velho, Igon, após este tentar por diversas ocasiões mata-lo e destruir São Paulo, porém, não havia tido um encontro com o antigo parceiro de batalhas até então.

— Eu preciso chegar até os calabouços do Castelo dos Exilados. Preciso visitar o meu antigo Boticário Livresco — Respondeu Basco

Agora, de volta ao reino, Basco pretende encontrar um item mágico chamado Shofar de Krianor, um lendário artefato que, segundo as histórias, ao ser tocado, o som que produz era capaz de curar qualquer doença física ou mágica. A única pista que tinha era de ter lido sobre o artefato em um dos seus antigos tomos arcanos no Boticário Livresco, uma grande salão no Castelo dos Exilados que ele mesmo criou para guardar obras antigas e relíquias de guerra e onde os seus milhares de livros eram reconhecidos apenas pelo aroma que exalavam. Cada obra era destinada a um ofício específico e ao abrir suas páginas, exala um aroma que envolve o leitor e o conhecimento arcano nele contido, atravessa os poros do corpo entregando-lhe o conhecimento que busca.

— Entendo, meu senhor, porém, devo adverti-lo. O seu antigo castelo possui um novo regente!

— Quem?

Castelo dos Exilados

O castelo era feito totalmente de gelo e prata e esta última servia para repelir as criaturas do Reino de Sangue. Seus grandes paredões brancos eram totalmente lisos e instransponíveis impossibilitando escaladas. O único acesso conhecido por todos (ou quase todos), era os grandes portões e a ponte levadiça. Um foço cercando o castelo e com cerca de 20 metros de profundidade e 20 metros de largura também dificultava o acesso. No fundo do posso, centenas de mortos vivos aguardavam a próxima refeição.

Há mais de 80 anos o Reino do Silêncio era governado pelo ser mais cruel, maligno e destrutivo que o Limbo conheceu. As criaturas do Reino de Sangue não ousavam atravessar as fronteiras, ao contrário, estavam perdendo territórios, eram capturados e escravizados para trabalhar nas minas de M’Kraan ou ainda obrigados a lutarem até a morte nos campos de duelos. Sem um governante pelo, o Reino de Sangue foi dominado pela criatura conhecida como Nastirth, porém, nem mesmo ele e suas legiões eram páreos para os exércitos gélidos do Norte! Do alto de uma das grandes e alvas torres do castelo o regente do Reino do Silêncio observava o horizonte quase infinito do seu reino e os limites fronteiriços que desenhavam as diversas montanhas vulcânicas do Reino de Sangue. O monarca sentia um leve desequilíbrio na magia ao redor. Havia algo diferente, um aroma diferente, mas não totalmente estranho. O homem era alto, pele morena e seus braços mostravam diversas cicatrizes, recordações de velhas batalhas que travou para conquistar o seu lugar naquele mundo. A barba negra escondia as demais marcas do seu passado. Na bainha presa à cintura, ostentava uma poderosa espada espiritual, forjada com parte de sua alma e de seus antigos prisioneiros. Seu traje de guerra estava oculto envolto em um longo manto negro. Poucos ousavam cruzar o seu caminho, mas todos conheciam e temiam o seu nome:

— IGON!