CelleXty Saga

O Vírus Legado - PARTE 5


ESCOLA BRASIL X (subterrâneos do metrô paulista)

Gregory estava exausto! Enquanto metade da equipe partiu para tentar encontrar uma cura para o Vírus Legado, aqueles que foram infectados pela doença se mantinham acamados na Escola. Contudo, era evidente que viver nos subterrâneos do metrô de São Paulo estava calamitoso para Carcará, Ivan, Isabelle, Lydia e Gerson, mas Gregory se perguntava qual o hospital aceitaria atender a mutantes? O medo de que o vírus sofresse uma mutação e infectasse humanos também começou a se espalhar na mídia e somado a isso, alguns colegas do mutante de prata já se encontravam em um estágio perigoso da doença. Ivan perde o controle sobre os seus poderes e energiza psionicamente o seu próprio leito e o abajur ao seu lado, causando explosões. Isabelle e Lydia não conseguem controlar os seus pensamentos e começam a ouvir centenas de vozes ao mesmo tempo. Gregory isola o trio em celas de contenção que, deveriam conter os poderes de prisioneiros, mas no momento talvez aliviasse a dor dos colegas. Carcará e Gerson pareciam estar mais calmos. O descontrole dos poderes havia passado, mas a febre e os calafrios prosseguiam. Em meio a todo esse estresse emocional, Gregory é alertado pelo sistema de segurança que alguém se aproximava da entrada principal da EBX. Tinha esperança que fosse um dos colegas com a cura ou até mesmo o velho Folkhen que até o momento, tudo o que sabiam era que estava investigando possíveis novos mutantes surgindo no Rio Grande do Sul. Para a surpresa do jovem mutante de prata, quem adentra a escola era o seu antigo professor e líder da equipe... Alex Aleff!

LIMBO (dimensão do caos e da destruição)

Basco sabia que o seu irmão, Igon perambulava pelo Limbo desde que o exilou há algum tempo, porém, ao reencontrar o seu antigo serviçal chamado Pilgrin, descobre que nesta dimensão, Igon não apenas havia se tornado o governante do Reino do Silêncio, o lado gélido e mortal do Limbo, como já haviam se passado mais de 80 anos desde que visitou o lugar pela última vez. Basco conhecia o Castelo dos Exilados neste lado do reino como ninguém, afinal o governou como co-regente enquanto lutava lado a lado com a sua melhor amiga, a Nova Mutante conhecida como Magia contra as hordas de Belasco, o antigo regente do Limbo e responsável pelo que Magia havia se tornado. O plano para invadir o castelo parecia relativamente simples: com a ajuda de Pilgrin, Basco planejava ser o mais discreto o quanto fosse possível, adentrar o seu antigo salão-biblioteca e conseguir pistas de um artefato lendário desta dimensão, o Shofar de Krianor, uma espécie de chifre encantado que, segundo as lendas antigas, era capaz de curar qualquer doença ou pestilência. Khassan consegue adentrar o castelo em sua forma de nevoeiro e sem levantar suspeitas aos guardas demoníacos, harpias diabólicas e ceifadores de almas perdidas. O “Nevoeiro” se embrenha por corredores, escadarias e grandes salões até finalmente chegar ao Boticário Livresco pelas frestas das grandes portas de madeira. Khassan retorna a forma humana próximo as prateleiras de antigos pergaminhos de feitiços! De uma das janelas no canto da sala, Pilgrin surge após escalar o grande paredão. Sua asa solitária e parte da névoa de Basco lhe deram estabilidade para escalar o “inscalável” paredão sul do castelo.

— Não imaginei que veria este lugar novamente. Parece que foi ontem que estive aqui lendo os seus livros e tomos antigos. Tudo está no mesmo lugar que deixei! — Diz Basco enquanto caminhava por entre as grandes prateleiras de madeira com ornamentos de ouro onde era possível ver centenas de obras arcanas. — O estranho é o castelo estar repleto de guardas, mas aqui, completamente vazio.— Indagou Basco!

— Então sabe onde procurar o que veio buscar?— Pergunta Pilgrin enquanto senta sobre uma velha mesa no canto da sala.

— Creio que sim!— Basco abre um antigo armário de madeira com portas de vidro. Haviam ali, textos que jamais tinha posto as mãos, porém, um livro lhe era conhecido.

— É este! Aqui eu vou achar o local onde o Shofar está...

— Ora, mas porque se dar ao trabalho em procurar pistas em um livro velho se o que você quer está bem aqui?— Pilgrin salta pela sala e abre um grande baú de madeira ao lado da lareira e do mesmo retira um objeto envolto em um grosso tecido de veludo vermelho com detalhes em dourado. Ao desenrolar, Basco fica surpreso ao ver que entre as mãos da pequena criatura se encontrava...

— O Shofar de Krianor!? Mas...Pilgrin como você sabia que o shofar estava ai?

— Pilgrin? Aquele traidor? Morreu há cerca de 20 anos nas minas de M’Kraan. Suas últimas palavras se eu bem me lembro foram, “vida longa ao Filho do Nevoeiro”. Ordenei que seus membros fossem arrancados um por um até ele parecer um verme rastejante! O mais intrigante, no entanto, irmão, é saber o que o fez sair do seu mundinho perfeito e vir até aqui em busca disso!?

O corpo de Pilgrin passa por uma rápida metamorfose enquanto fala, assumindo uma forma maior e mais PERIGOSA....

Igon!? Mas como que você...!— Basco fica surpreso ao rever o seu irmão. Igon não parecia mais velho do que quando fora exilado. Ostentava uma farta barba negra e trajava vestes brancas, botas pretas e um manto que lhe cobria parte do ombro, mas as feições eram ainda do jovem que Basco exilou. Seus olhos pareciam mais expressivos e sedentos por vingança. Se havia alguma esperança de Igon se arrepender dos seus crimes, isto havia ficado para trás.

— Eu senti a sua presença assim que colocou os seus pés no reino. Dividir o meu espírito para encontrá-lo, foi rápido. Meus lacaios me contaram tudo sobre o tempo que você reinou aqui, como marionete da Illyana Rasputin, sobre seus dons e seu leal escudeiro, Pilgrin. Assumir a forma dessa criatura asquerosa foi a parte difícil, o mais fácil foi trazê-lo ao meu castelo!

— Igon, não vim aqui para termos um momento família. Me entregue o Shofar! — Responde Khassan assumindo uma postura de ataque. — Uma mutante espalhou um vírus mortal no país que mata apenas... outros Mutantes. Ele age rápido e talvez esse artefato seja a única esperança de nossa espécie.

Igon sorri e parece não dar importância aos argumentos do irmão. Ele caminha calmamente ao redor de Basco…. - Eu me lembro.... Você esteve no Reino de Sangue. Meus servos me contaram. Ficou lá por 3 anos adestrando o seu novo cachorro de prata. Como era mesmo o nome do garoto? Enfim.... Na época eu era um reles prisioneiro no Reino do Silêncio e trabalhava nas minas, sendo atormentado dia após dia pelas criaturas ceifadoras de almas, mas por ser um mutante, consegui galgar altos postos esperando o dia em que poderia finalmente destruir você!

— Então…80 anos! Está bem conservado!— Ironizou Basco

— De fato, por algum motivo o tempo no Limbo não alterou quem eu sou... o que eu sou.... talvez a razão seja por eu conseguir decifrar os feitiços desta biblioteca que você abandonou. Após a queda de Belasco e a partida de Magia e da Rainha dos Duendes o Limbo passou por um tempo em constante guerra civil, até que a filha de Belasco, Witchfire, tomou o poder no Reino de Sangue e eu...conquistei o Reino do Silêncio em uma espécie de sociedade.

— Já chega! Eu não tenho tempo a perder com sua ladainha!

Basco parte para cima de Igon! Com extrema agilidade assume a forma de um poderoso nevoeiro que coloca parte do Boticário Livresco abaixo. Em seguida, envolve o corpo de Igon fazendo-o levitar e prendendo os seus braços em um forte tornado girando no salão! Igon por sua vez, recita um rápido encanto que ordena a abertura de todas as portas e janelas do salão fazendo o ar gélido adentrar o recinto. Apesar da umidade estar alta, o encanto faz com que o nevoeiro perca força e Basco retorne a forma humana! Igon sorri ao ver o irmão mais novo escorado em uma parede da grande muralha de gelo.

— Você acha mesmo que esse seu poder mutante é páreo para o que me tornei? Não sou mais o mesmo que conheceu na Gangue Fantasma, Basco. Hoje acertamos as nossas contas e eu vingo o nosso pai!

— O seu problema é que você fala demais!— Responde Basco enquanto lança sobre Igon uma pequena esfera de metal que explode ao se aproximar do alvo expelindo uma grande quantidade de luz e dardos de prata! — Cortesia do Gregory, acho que lembra dele!

A explosão atinge Igon em cheio e faz o seu corpo queimar com os dardos de prata! Isso significava que a alma do regente do Reino do Silêncio poderia estar quase corrompida por inteiro pelo ambiente desta dimensão. O adversário de Khassan acaba soltando o shofar, que vai ao chão! Basco corre para pegar o artefato, mas os olhos de Igon brilham e manifestam o seu poder mutante, fazendo a peça em pedaços! Frustrado, a fisionomia de Khassan muda por alguns instantes. Era como se a sua versão maligna, o Filho do Nevoeiro, tomasse conta do seu corpo. Ao longe, nos corredores do castelo, dezenas de guardas demoníacos corriam em direção do local do embate, mas Basco com um simples gesto fecha as grandes portas do local com extrema violência! Seu semblante estava diferente e seu corpo começa a flutuar. Igon sorri enquanto cospe o sangue que borbulhava em sua boca. Finalmente teria uma luta de verdade. Parte do nevoeiro de Basco cria um objeto em sua mão no formato de uma espada. A lâmina torna-se real quando Khassan recita um encanto antigo. Era uma cimitarra espiritual! Os olhos de Igon brilham em um vermelho intenso e em sua mão direita, surge uma espada semelhante as usadas por antigos cavaleiros templários! Ambos partem para um embate mortal. As lâminas de suas armas soltam raios e luzes sangrentas a cada golpe travado. Igon estende o braço para uma das janelas e abre um grande buraco no paredão gelado. Ele salta em direção a majestosa praça em um dos andares inferiores. O local se assemelhava realmente a uma imensa praça com árvores congeladas, um elegante chafariz de diamante e jardins com flores de cristal. Basco salta em seguida com parte do seu corpo convertido em um denso nevoeiro.

Igon ordena aos guardas à postos no jardim que não interfiram na batalha. Em seguida o irmão de Khassan recita um antigo feitiço e passa por uma metamorfose, assumindo a forma de um grande dragão branco demoníaco. A criatura emite um potente rosnado e alça voo demonstrando fúria e destruição com suas grandes asas e suas garras afiadas. Basco não se deixou intimidar, mesmo quando o dragão cuspiu rajadas de ácido em sua direção! A cada investida de Igon, crescia em Basco um ódio avassalador. Uma real vontade de pôr fim a este embate de uma vez. Khassan tomou para si o ar gélido e a imensa umidade do Reino do Silêncio fazendo o seu poder crescer de maneira imensurável! O nevoeiro toma conta de quase todo o castelo, distraindo o feroz dragão branco, enquanto parte de Basco retornava ao Boticário Livresco assumindo parte do corpo de maneira sólida. Em um local discreto na parede, atrás de um quadro infernal, Basco havia escondido, quando ainda era jovem, um “encanto de emergência”, algo que, em caso de uma invasão sem chances de sucesso, ele poderia usar como forma de garantir a sua sobrevivência. O momento de usar aquele encanto finalmente havia chegado. Na praça, o dragão não se deixa intimidar pelo nevoeiro! Igon percebe que o nevoeiro à sua volta não passava de um embuste e bate as suas asas com extrema violência criando uma grande tempestade de ventos torrenciais fazendo o nevoeiro de Basco desaparecer por completo! Com essa ação, Basco assume a forma humana por completo, mas de maneira abrupta e de volta à praça, porém, consegue pegar o antigo feitiço que outrora escondera! O jovem mutante coloca a mão direita sobre o chão gélido enquanto lia o feitiço no pedaço de couro com a outra. Igon se aproxima de Basco a ponto do vapor quente de seu hálito e da grande bocarra estar frente a frente com Basco. A voz grave do dragão ecoava por todo o castelo. – Vou esmagá-lo como um inseto!— Basco estava apavorado, mas não se deixou intimidar pela ameaça de Igon. E assim, mesmo com a voz trêmula e fraco pelo último golpe que recebeu, recita o antigo encanto:

— Remert oãhc o açaf! Ardep erbos ardep erbos oãn que. Anedro ehl ertsem ues o, oletsac!

Igon sente o chão sob suas patas tremerem. Guardas e criaturas em todos os espaços do castelo também sentem o tremor tomar conta dos grandes salões. Como um dominó ou uma casa de cartas, o Castelo dos Exilados começa a ruir e a desmoronar de maneira abrupta! Igon alça voo, mas Basco estende sua mão em direção do irmão e recita mais um encanto:

— Ogimini uem o madnerp, setnerroc sednarg!

Subitamente grandes e poderosas correntes de gelo emanam dos paredões que ainda desmoronavam e agarram o dragão branco, puxando-o pelas patas e pescoço. Em questão de minutos, todo o Castelo dos Exilados cai. Basco com muito esforço, consegue assumir a sua forma de nevoeiro mais uma vez enquanto grandes blocos de gelo transpassam o seu corpo. Uma gigantesca nuvem branca engole a tudo e a todos como um grande ceifador glacial. Após a total ruína do castelo, o ambiente fez jus ao nome deste lado do Limbo. Basco caminha entre as imensas formações rochosas do que havia sido o castelo que governou. A névoa se dissipava quando conseguiu ver parte de algo soterrado nos escombros. Ao se aproximar, Khassan pega uma estaca afiada de gelo. Igon havia retornado a forma humana e parecia desacordado, mas abriu os olhos quando Basco se aproximou. Tossia muito e cuspia algo que parecia ser sangue, mas o tom era escuro como o mais puro carvão.

— Então... é assim... que termina? Deveria ter sido... você naquele acam-pa-mento! Deveria ter...sido... você! (Igon se referia ao ano de 1983 em que ele e seu pai foram acampar na floresta e ambos sofreram o acidente que ocasionou o seu encontro com Althy e consequentemente o fez quem ele é).

Basco estava decidido a pôr um fim naquela luta de uma vez por todas. Na verdade, a sua versão conhecida como Filho do Nevoeiro, um lado sombrio e sem emoções parecia ter assumido o controle. Igon ter destruído talvez a única maneira de acabar com o vírus legado foi o ponto final. Basco segura firme à estaca e mira o coração de Igon e estava prestes a finca-la no peito do irmão quando uma voz faz o seu ataque parar...

— Basco! Não faça isso, filho! Não mate o seu irmão!— Dizia a voz. Igon também pode ouvir! A voz trazia em seu timbre um calor intenso e uma compaixão inexplicável para ambos.

— Pai!?— Indaga Basco

— Pai, é o senhor!?— Pergunta Igon

Basco larga à estaca. Havia um silêncio quase sepulcral entre os dois irmãos. Igon, até então, acreditava que Edher Markel estava morto. Basco por sua vez, mal conseguia se lembrar do rosto do pai, mas jamais esqueceu a sua voz. Naquele instante a influência do Filho do Nevoeiro deixa o seu corpo. Não havia mais nada a fazer naquele lugar. Um último gesto de Basco abre um portal para os túneis do metrô na Estação Barra Funda. Ele atravessa o portal sem olhar para traz.

Assim que revê os seus amigos na EBX, Basco descobre que as horas que passou no Limbo equivaleram a cerca de 1 mês e meio na terra. Haviam também pessoas que ainda não conhecia (Beatrice, Noah e Málaca) junto com os colegas de equipe. Ele pede pelos amigos que estavam doentes, mas Alex dá a triste notícia: todos haviam sucumbido ao Vírus Legado há algumas semanas! Lucius sai de um dos alojamentos e se depara com Basco! Ele ampara o amigo que estava exausto pela luta travada contra Igon no Limbo. Alex dá a ordem de que Khassan precisava descansar. Precisou ser mais severo com o rapaz que se recusava a findar as buscas por uma cura.