P.O.V Castiel
Acordei em um lugar feito de pedras. Encontrei uma porta vermelha, abri. Saí em uma arena romana. Pessoas usando máscaras esquisitas de tribos estavam como platéia. Um cara de armadura completa, escudo e espada, entrou na arena. Ele avançou em mim. Sem esforços eu desviei e cortei sua garganta com a Kukri. A platéia se agitou. Outro apareceu e a mesma coisa aconteceu. Parei de contar depois de quinze cavaleiros mortos. Me cansei deles e fui para as arquibancadas. As pessoas nem me notavam. Procurei por uma saída, sem resultados. Tentei pular por cima da enorme parede que envolvia a arena, mas uma parede invisível me bloqueou. Já estava puto. Antes de tentar mais uma vez, senti uma presença familiar. Me virei e no centro da arena estava Viktor, um cara que conheci à um ano atrás. Ele estava como sempre, jeans, camisa de banda de rock e jaqueta. Nada mudou, fora o fato dele estar ali.
–Sentiu saudades? -Falou ele.
–O que está fazendo aqui? Não deveria se envolver com essas coisas. -Falei.
–Você sabe o que estou fazendo aqui.... quero minha vingança.
–Ainda essa história?! Olha, sua irmã sabia que eu não era o tipo de cara pra casar e viver em casa, blá blá blá... Ela sabia disso e mesmo assim ficou me provocando. Sou homem, e ela, com todo o respeito, é muito gostosa. -Falei me lembrando da irmã de Viktor, Lynn, com quem eu saí algumas vezes.
–Era... -Disse ele quase num sussurro, mas eu ouvi.
–Que?
–Era!! -Ele gritou. -Depois que você transou com minha irmã e foi embora, ela ficou tão mal que um mês depois cometeu suicídio porque descobriu que estava grávida!!
Meu cérebro deu lag por um momento. Não só pelo fato dele acreditar que eu poderia ser pai, mas também porque Lynn se suicidou depois que descobriu. Eu sabia que ela era possessiva e dava chilique com tudo. Mas eu sou um homem e assumiria meus atos.
–Viktor... Eu sinto muito, mas querer vingança assim não irá ajudar em nada. E o que fez pra chegar aqui?
–E acha que fingir ser meu amigo pra destruir minha família ajudou?
Nesse momento ele mostrou suas presas de vampiro, agora entendi, e pulou em minha direção. Desviei, mas era complicado me mover no meio daquela gente toda esquisita. Ele tentou dar um soco, segurei sua mão e virei, o deixando vulnerável.
–Me escuta! -Gritei. -Para com essa palhaçada de se envolver com demônios e tenha sua vingança com honra.
Ele não disse nada. Apenas bufou de frustração. Conseguiu se virar e tomou uma distância segura de mim. Eu tinha mais experiência que ele em lutas com vampiros, mas com um que adquiriu os poderes recentemente e com muita vontade de arrancar minha cabeça... isso era um pouco novo. Ele pegou uma das pessoas que estavam na arquibancada, que parecia finalmente ter notado a gente, entrando em desespero, e a jogou em minha direção. Desviei por reflexo. A azarada pessoa bateu o pescoço nas costas da cadeira de alguém, provocando o agonizante barulho de osso quebrando. Parti pra cima de Viktor e o lancei de volta ao centro da arena. Pulei pra lá também e ficamos de frente um para o outro.
–Eu não quero te machucar... -Falei.
–Quando foi que você ficou tão mole?
Ele pegou uma estaca de madeira da jaqueta. Mas não era qualquer madeira, era madeira de carvalho branco.... a única arma realmente capaz de matar um vampiro. Eu já usei uma vez, quando conheci Ema e ela foi descoberta por um vampiro que tinha contato com demônios. Pensei que esse tipo de madeira estava extinta pois assim que a usa ela se desfaz junto com o corpo. Viktor se posicionou para lutar com a estaca. Fiz o mesmo com a Kukri. Ele avançou e tentou um golpe de direita, desviei e fiz um corte com minha lâmina. Ele não parou e investiu outro golpe. Eu desviava e tentava fazê-lo desistir daquela loucura toda, mas foi em vão.
–Viktor, preciso te contar uma coisa... -Falei.
–A única coisa que eu quero ouvir de você é a clamação de misericórdia. -Falou investindo com um chute.
Pensei em quantos séculos tinha aquela frase e ele me acertou. Cambaleei e me apoiei na parede, mas deixei a Kukri cair. Ele tentou me golpear com a estaca, segurei seu braço e o girei, o encurralando na parede. Ele por sua vez, chutou minha perna de modo que a quebrou. Caí e ele ficou por cima de mim forçando o braço com a estaca próxima ao meu peito. Faltava um centímetro pra estaca me perfurar, quando usei a força para quebrar seu braço na parte do cotovelo. Ele tentou usar o outro braço mas desequilibrou e caiu sobre mim. O empurrei para o lado e levantei, já com a perna boa, esperando outro golpe. Mas ele ficou caído olhando pra mim. Foi quando percebi que do jeito que quebrei, seu braço se virou contra ele. E quando Viktor caiu, a estaca perfurou seu ombro. Me aproximei e me ajoelhei ao seu lado. Sabia que com apenas um corte de uma estaca de carvalho branco, um vampiro poderia morrer.
–Viktor eu... -Tentei falar.
–Não quero sua pena, desgraçado. -Falou ofegante.
–Eu cometi muitos erros... Fui um idiota imaturo quando alimentei as esperanças da sua irmã. Mas ela não era nenhuma santa!
–O que quer dizer? Tudo que ela fazia era falar de você... Ela te amava! -Ele gritou mas com dificuldade.
–Viktor... Você é um vampiro a pouco tempo... Eu já nasci assim. E quando se é um vampiro não precisa mais dos órgãos...
Ele me olhou tentando entender onde eu queria chegar.
–É chato dizer isso mas... -Continuei. -Depois de algumas décadas, vampiros não produzem mais esperma..
Ele me encarou, perplexo. Saber que a irmã era uma vadia deveria ser bem difícil. Ainda mais quando está prestes a morrer por tentar vingá-la.
–Não acredito nisso.... Droga. -Ele relaxou o corpo. Talvez ele já desconfiasse da irmã.
Ninguém falou mais nada. Fiquei ali vendo meu amigo se reduzir à cinzas. Alguns segundos depois uma porta vermelha apareceu mais à frente. Me levantei, fui até ela e abri.