Fiquei no chão por mais alguns minutos. Castiel foi se vestir. Lysandre continuou comigo. Tirou os fios de cabelo grudados em meu rosto.

—O que tem de errado comigo?

—Não se preocupe! Vamos descobrir. —Me acalmou.

Castiel voltou e ajudou Lysandre a me levar para o sofá. Apoiei a cabeça pra trás. Meus sentidos estavam me enganando fazendo-me ouvir coisas onde não tinha nada. O ruivo me entregou um copo com água. Percebi que o líquido se mexia muito. Eram minhas mãos tremendo. Castiel as segurou tentando mantê-las firme. Preferi deixar o copo em cima da mesinha de centro. Ele se levantou e saiu. Não o odeio. Estou chateada por ter me assediado, mas não o odeio.

Lysandre foi até a mesa perto da janela, pegou o celular e ligou pra alguém. Não consegui entender o que falava. Logo desligou e veio se sentar ao meu lado.

—Você vai ficar bem. —Afagou minha testa.

Senti um intenso frio pelo corpo. Meus sentidos estavam melhores.

—O que aconteceu?

—Do que você se lembra?

Ao recordar do beijo, encarei Castiel, que estava na porta da cozinha. O mesmo desviou o olhar e pensei ter visto alguma pontinha rosa em suas bochechas.

—De vocês dois discutindo. Passei mal, apaguei e tive um sonho esquisito. Quando acordei, já estava caída no chão.

Os rapazes se entreolharam, mas antes que me respondessem a porta do apartamento se abriu revelando uma garota de cabelo rosa, usando um vestido curto, que me lembrava o estilo vitoriano, entrar na sala. Assim que nos vê ela corre e abraça o Lysandre.

—Lys-fofo! —Exclama.

—Rosa! Quanto tempo! —Diz Lysandre retribuindo, me deixando desconfortável.

Ela o solta e também dá um abraço em Castiel.

—Ema, esta é a Rosalya. Ela é uma de nós.

—É um prazer, estava louca pra te conhecer! —Me abraçou. —Venha, vou te ajudar a se trocar.

Não precisei da ajuda dos meninos. Peguei minha mochila e andei devagar até o banheiro sentando na tampa da privada abaixada. Comecei a me despir.

—Quando Lysandre me ligou parecia bem preocupado. Todos vocês estão molhados. Tem uma aura estranha lá fora. O que diabos aconteceu aqui? —Perguntou ajudando-me com a toalha.

—É o que eu quero saber também. Quer dizer que você é caçadora.

—Sim, desde a época que conheci o irmão do Lys ajudei em alguns casos. Mas não levo isso como meu ganha-pão. Prefiro mil vezes design de moda.

—Não sabia que Lys tem um irmão.

—É o Leigh, meu namorado. Ele é um gênio em construir armas e roupas. —Comentou animada.

Rosalya sabia como deixar o clima descontraído com facilidade. Rapidamente já me encontrava com meu vestido.

Alguns minutos depois ouvi uma agitação na sala. Saímos e nos deparamos com Lysandre e Castiel segurando a camisa um do outro.

—Você devia me agradecer! Se não fosse por mim, aquele idiota do Nathaniel a teria beijado no festival! —Castiel soltou.

O que? Tinha sido ele?! Parece que Castiel só tem acumulado pontos negativos comigo hoje.

—Qual o seu problema? Você se meteu na minha vida pessoal e ainda empurrou o Nathaniel daquele jeito!

—Ema, você não entende...

—Não, não entendo! Nos últimos dias nem olhava na minha cara, hoje me beija e admite que se intrometeu em um momento pessoal meu! Por que faz isso? —Ele ficou em silêncio. —Castiel!

—Acho que não é difícil saber o que está acontecendo. —Se meteu Rosa.

—Rosalya, não. —Repreendeu Lysandre.

A encarei dando permissão para que continuasse.

—Desculpa, Lys-fofo. Castiel gosta de você, Ema. Ficou com ciúmes do Nathaniel e quis atrapalhar.

Que?

—Impossível! É assim que age com pessoas que gosta? —Me dirigi a ele.

—Rosalya está delirando! Eu nunca gostaria de uma garota que é um imã pra problemas.

—Você não existe. Você é um psicótico. Um lunático. Você é maluco!

Continuei insultá-lo com o que viesse em mente. Eu precisava descarregar minha raiva. E Castiel era meu alvo. Rosa e Lysandre uma ou duas vezes me chamavam mas eu os ignorava.

Quando eu terminei de falar tudo, todos permaneceram quietos. Até estava com uma sensação de leveza. Lysandre, Rosalya e Castiel estavam com expressão de surpresa em seus rostos. Olhei em volta e vi os papeis que ficam na mesa perto da janela flutuarem, meu cabelo e a saia do vestido estavam levitando também.

Que droga é essa?

Uma fraqueza me atingiu. Minha visão embaçou. Numa caída, me apoiei na mesinha de centro e Rosa me amparou. Ouvi as folhas de papel caírem e meu cabelo pesou de novo em meus ombros. Fui levada até o sofá novamente.

—Como ela conseguiu? E o que foi isso?

—Não sei. Mas se isso for dela, precisará aprender a controlar o quanto antes.

—Vou ajudar! Afinal já fui da sua academia.

—Vou preparar o Kentin também!

As vozes estavam misturadas.

Apaguei.