Percebi que era sem saída e fui pegar a arma no meu cinto. Ainda estava nevando, ou seja, sem dominação de fogo.

- Faça silencio. – Falei baixo.

Da única saída, veio um Zumbi, ele olhou para nós e começou a correr em nossa direção.

Eu tentei tirar a arma do cinto, mas tinha prendido para o meu azar. Estávamos sem ter pra onde fugir, poderia ser o fim, ou não. Peguei minha espada dupla e cortei a cabeça do maldito.

Ringo ficou paralisada, devia ter medo dos “Zekes”.

- Estamos perto da casa! Vamos! – Ela disse, saindo do beco.

- Tá legal. – Eu a segui.

Chegando à casa, quer dizer... bom, não era bem uma casa, era um nada! Eu perdi as esperanças, ela pode ter mentindo pra mim.

- Aonde está a casa? – Perguntei inconformado.

- Aqui, oras. – Ela respondeu, como se tivesse algo ali.

- Aonde? – Respondi mais irritado.

- Você não tem paciência?

- Paciência? Chegamos até aqui pra nada! – Perdi a paciência.

Pra a minha surpresa, um esconderijo subterrâneo surgiu, eu arregalei os olhos.

- Viu? – Ela deu um sorriso vitorioso e entrou. Eu entrei logo em seguida.

- Ringo! Onde estava? – Acho que esse era o irmão da Ringo, ele tinha cabelos brancos e olhos diferentes.

- Um urso me atacou, mas ele me ajudou. – Ela olhou para mim.

- Ele? Você não estava... – A minha presença interrompeu ele quando olhou pra mim. – Quem é você?

- Ah, sou Zuko, prazer. - Sorri.

- O que acha que está fazendo aqui? – Ele parecia não acreditar que eu estava ali.

- Eu... Eu ajudei ela a escapar de um Zumbi.

- Zeke.

- É, isso aí. – Revirei os olhos

- Você acaba de perder 10 pontos, e ela também.

- Eu?! – Intrometeu-se Ringo.

- Sim, Ringo. Você trouxe ele aqui, e sabe muito bem que não pode trazer ninguém aqui! – Respondeu o irmão dela. – E... Não foi um Urso que atacou você?

- F-Foi mas, ele também me livrou de um Zeke.

O esquisito de cabelos brancos olhou pra mim.

- Quem você acha que é? – Ele perguntou, se achando.

- Sou Zuko – Sorri

- Agora trate de dar o fora daqui, seus pontos podem zerar. – Ele foi para outro cômodo do esconderijo.

Olhei para Ringo, que estava cabisbaixa.

De noite, eu e Ringo ficamos sentados em um telhado de uma loja abandonada que ficava no lado do esconderijo deles.

- Ei – Puxei conversa – Por que seu irmão falou que meus “pontos podiam zerar”? Eu não entendi isso.

- Ele avalia as pessoas com pontos. Começa com cem e vai abaixando, até chegar a zero.

- Por que isso?

- Nem eu sei – Ela começou a rir.

Eu também comecei a rir, ela foi parando e suspirou.

- Ele nunca mais foi o mesmo depois do apocalipse... – Ringo disse.

- Todos nós não fomos mais os mesmos. Meu amigo, Sasuke, também não é mais a mesma pessoa alegre e divertida.

- As vezes... quer dizer, sempre, o Kilik age como se fosse o papai! Eu odeio isso!

- Ele deve agir assim por sentir falta do pai de vocês.

Ringo arregalou os olhos.

- E-Eu nunca pensei nisso. – Ela continuou com os olhos arregalados e saíram lágrimas.

- Ei, não chore – Enxuguei as lágrimas do rosto dela.

- E-Ele sempre foi duro comigo, mandando em mim.

- Bom, eu não tive um irmão pra saber como é, nem um pai – Olhei pra baixo.

- Mas tem um amigo, pelo menos.

- Ele é a minha única família.

- E... Como era a sua família?

- Meu pai me desprezava e minha irmã me odiava.

- Sinto muito...

- Mas eu tinha o meu tio e minha mãe, – eu sorri - sempre estavam ao meu lado.

- Eu nunca tive uma mãe, e nem sei como ela morreu.

Fiquei em silêncio, queria falar da minha mãe, mas iria ficar chato. Depois de um tempo, Ringo dormiu encostada no meu ombro e eu a levei para dentro do esconderijo. À caminho do quarto, o irmão dela me parou.

- Eu a levo. – Ele a pegou dos meus braços e foi andando.

- Ei, por que você é tão protetor com ela?

Ele parou de andar, na hora me deu um arrepio dos pés à cabeça.

- Por que acha? Estamos no meio de um apocalipse Zeke, por que eu não seria protetor? – Ele falou grosso, como se quisesse cravar as unhas no meu pescoço.

- O que aconteceu com o pai de vocês? – Eu falei bancando o corajoso, como se nem tivesse medo do esquisito de cabelos brancos.

- Por que quer saber?!

- Ela tocou no assunto, agora quero saber.

Ele soltou um suspiro longo, e contou baixo de 0 a 10.

- Nossa mãe morreu no parto, a criança era a Ringo. Eu e meu pai cuidamos dela, enquanto a Simca estava internada.

- Internada? – Interrompi.

- Ela nasceu junto com a Ringo, agora, deixe-me falar.

- Desculpa.

- Depois de cinco anos, o pai morreu num acidente de carro, isso foi quando a Ringo teve uma crise de asma e fomos levar ela pro hospital, mas... Não parecia uma crise normal. – Quando ele falou isso, eu pensei “E se fosse o inicio de uma tranformação pra ela virar um Zumbi?” – Depois descobrimos que se não ocorresse o acidente daquele dia, ela teria virado uma Zeke.

Eu estava certo! Era mesmo o inicio de uma trasformação.

- Então o seu pai provocou o acidente? – Perguntei

- Sim. – Ele respondeu seco.

Depois disso ele deu um tapa na minha cabeça e levou a Ringo pro quarto.