[ Incrível, sua primeira transformação, mas, eu queria saber a dos outros: Joline!

Chamou? Joline era morena, com olhos verdes, e um cabelo curto encaracolado, e ruivo alourado.

Mas antes eu devo dizer que a minha prima tinha longos e lisos cabelos vermelhos.

Obrigada Boris, como eu começo..? Eu era uma garota normal de Sobradinho, Distrito Federal, vocês diriam um bairro do Subúrbio de Brasília, não importa, são cidades diferentes, e não temos administrações diferentes (vocês elegem prefeitos, e o governador escolhe os administradores)...]


Uma garota “normal”, eu não era inteligente, eu não era burra, eu não era tímida, eu não era popular, eu era: A encarnação de um “nerd descolado”, até que eu tive um estranho sonho:

\"\"

Eu estava correndo com um arco e flechas, e um colar de penas que irradiava pura energia na mão esquerda, em uma floresta com árvores realmente muito altas, eu perseguia uma preguiça gigantesca e nada preguiçosa, eu abri o colar, e dentro dele haviam folhas brancas de árvores da caatinga (mata branca em tupi) com algo escrito à tinta de urucum (uma tintura vermelha), exceto uma página, em que as palavras estavam escritas em tinta verde, entoei algo:

— Fitó Épano — Uma raiz se moveu, e acertou o monstro, então ele se virou e começou a me perseguir, eu corri, mas a fera era muito rápida: ela fazia um barulho ensurdecedor, o chão tremia como se fosse água, e em três minutos chegou perto o suficiente para me apunhalar pelas costas.
Foi a mesma sensação de ser atropelada, então um índio veio correndo com arco-e-flecha prepa-
rado para atirar, então gritou:

— Pros ta Emprós — Então ele laçou a flecha, a uma velocidade incrível, ela atravessou o corpo da criatura, mas, além disso, só deixou a preguiça irritada, ela começou a correr atrás dele, então eu os segui, estava ficando difícil acompanhá-los, então peguei o colar\\livro e berrei:

— Petra Épano — Um pedaço de terra em volta de mim saltou do solo, um outro, surgiu por perto, era uma cobra gigante, ela girou à minha volta, e mordeu o bicho, empurrando-o, e afogando-o em um riacho, aterrissei e perguntei ao índio:

— Você está bem? — Então percebi que não era português, era algo mais simples, mais antigo, mais brasileiro, era Tupi...


Acordei com um sobressalto, eu estava sentada na cama, eu só não sabia o porque de estar com medo, quero dizer, APAVORADA, embora tenha visto índios tupis falando grego, o sonho não foi assustador, tá, foi estranho, mas, nem tanto... Não a esse ponto.

Fui à escola como em qualquer dia normal, qualquer sexta-feira normal, como eu já disse, foi “normal”, depois da aula, fiquei lesando na escola, e o tal de Ryan, disse uma coisa bem idiota do tipo:

— Apareceu a chatinhaaaaaaaa, e eu não gosteeeeei! — Obviamente uma tentativa fail de parodiar aquela música: “as andorinhas voltaaaaaaaaaaaa-aaaaaram, e eu também volteeeeeeeeeei”

— Que dó da música brasileira... É interessante que algum retardado conheça “As andorinhas voltaram”!

— Nossa! Falou a cultura em pessoa, né? Desculpa aê Wikipédia! Quase não se acha, essa garotinha! — Disse fazendo cara de desdém, continuou sentado no meio de sua rodinha de amigos e se voltou em minha direção. É EVIDENTE que eu não ia deixar barato:

— Garotinha, o caramba! E a única pessoa que se acha aqui é você! Ops, você e aquele seu amiguinho “ROY”, que nome esquisito esse ein? Um que se acha a Última Coca-Cola® do deserto e o outro que se acha o último Trakinas® do pacote!

Pasmem ou não, ele se retirou do seu lugar naquele grupinho e veio “pra cima de mim”!

— Retire-se sua insignificância! Volta pra biblioteca que você vai ficar melhor lá! — Não me surpreende muito, atualmente, que ele tenha falado sobre isso, afinal, como a boa ‘rata de biblioteca’ que era...
Nem liguei muito para esse comentário, mas se eu ’tô na chuva, eu ia ficar encharcada!
Fiz uma cara de surpresa EXTREMAMENTE exagerada, coloquei a mão no peito na posição oficial de #choqueiperua!

— VOCÊ SABE O QUE É UMA BIBLIOTECA? PARA TUDO! E nem me venha com essa cara de ofendido, que todo mundo sabe que todo mundo sabe que você só tem dois neurônios. Um você gasta com aqueles seu XBOX e o outro você gasta tentando pegar aquela oxigenada da Larissa.


[— Não acredito que você falou isso de mim, afinal eu sou loira de verdade né?

—I’m so sorry honey! Não foi minha intenção te ofender, afinal, se eu tivesse feito com esse intuito... Bom, só digamos que não ia ser muito legal pra você.]


— O que é que você está insinuando?

— Que você é burro. O que mais poderia ser? Tem gente que faz força pra ser burro!

—Que garotinha impertinente...

—Olha, usando palavras com mais de três sílabas. Que progresso! — Disse batendo palminhas totalmente sarcásticas.

— Garota, para de se achar tanto! Que saco! Você é tão infantil que chega a ser ridícula.— Falou ele com o tom de voz de quem se acha muito superior para ser obrigado a isso. Ele se virou e começou a caminhar em direção da rodinha que observava de camarote a discussão. — Dita essa bobagem eu fiquei tão chocada, mas tão chocada, que eu decidi apelar. Não é uma coisa que eu apóie muito, mas como diz o ditado: “não tem TU, vai TU mesmo”.

— EU sou infantil?—Imediatamente ele parou sua caminhada — Pois você é tão retardado que até reprovar reprovou! Motivos desconhecidos, mas o ato é o fato! Eu posso ter a cabeça em outro planeta, mas pelo menos não é o da Estupidez! — Voltando-se para mim ele veio novamente “para cima” desta vez com os ombros levemente arqueados, uma postura de “vou te bater!”e a cada frase ele chegava mais perto, e mais irritado, até que em um momento ele estava tão perto que a nossa diferença de altura fico evidente, afinal de contas, eu não sou baixinha, um cara do tamanho dele com raiva dá medo.
Sem perder a postura eu cutuquei o peito dele e perguntei:

— Vai fazer o quê? VAI ME BATER É?


[E de repente ela Joline travou. E ficou olhando para o nada.

—Eu não quero falar mais...—Sussurrou — Já passou a parte legal, então vamos prosseguir com a história? —Sorriu amarelo.

—Imagina! Agora nós estamos curiosos. O que é que ele fez? Te bateu? Oh God!

—Não é isso... É que é meio vergonhoso/particular.

—Estamos entre amigos, não há segredos aqui.—Fez uma pausa momentânea, provavelmente pesando se deveria prosseguir ou não, olhou de relance para seu primo que fez uma expressão indecifrável. Decidindo positivamente ela continuou:]


Ele deu um sorrisinho de lado e afastou delicadamente minha mão de seu peito e falou com uma voz quase sussurrada:

— Vou fazer melhor... — Ele chegou mais perto, mais perto, mais... Tá, tô exagerando, mas ele chegou perto e me beijou. Eu realmente me arrependo do que aconteceu. É evidente que eu não ia deixar a oportunidade passar. Empurrei-o de repente o que me rendeu uma cara de WTF por parte dele.
Levantei a mão e dei um tapa na cara dele, mas foi um tapa bonito, ficou a marca da minha mão.


Eu saí da escola correndo, então eu percebi que o chão estava tremendo.
\"\"

Não, eu não fui pra casa chorar no colo da mamãe, ao invés disso, eu fui pra minha casa pegar o telefone e ligar pra minha amiga Luny dos “United States of America”, a reação dela foi impagável:

[— A conversa foi em inglês, mas, pra simplificar... — Disse ela dando uma de Google® tradutor]


— Luny, você NÃO SABE o que aconteceu!

— Conta.

— Sabe o Ryan, aquele, sabe?

— Que leseira ele aprontou?

— Me beijou.

— O QUÊ???????????

— Depois eu te mando um e-mail contando direito, mas o melhor foi o que EU FIZ.

— Me conta amiga! Não me diz que você correspondeu!?

— Credo menina! Tá bom... Eu correspondi, mas o meu...

—Cala a boca guria! E aí ele beija bem?

—Vou responder logo tudo de uma vez, senão eu nunca vou contar nada.
“Sim, eu correspondi, sim, ele beija consideravelmente bem. E não, eu definitivamente não gosto dele!”

— Nossa garota, que estresse! O que mais aconteceu?

— Eu dei um tapa, o que mais aconteceria?

— Caracas!

— Teenso! — Depois da “consulta psiquiátrica” (longa história), fui à casa da minha avó para a “oração” (outra longa história), que na verdade era uma reunião semanal de familiares, foi como sempre: comilança, oração, jogatina; eu, como sempre, fiquei com Júlia (minha irmã chata, não, desprezível, 6 anos mais nova), até que a vó Cecília deu “xeque-mate”.

— Vamos pra cama! Vamos Júlia...

— Tá bom... — Às vezes acontecia o milagre de eu sentir o mesmo que a Júlia.

— Joline, você fica. — Tá, ela me pegou de surpresa, mas, que custa ficar?

— O que você quer?

— Siga-me. — A gente andou dois metros, e ela parou, e começou a tagarelar:

— Os meus netos nunca demonstraram aptidão, mas o mais engraçado é o quanto isso, é subjetivo... Vi o que você sabe fazer.

— O que você...

— Ponha isso. — E ela me entregou uma tiara de palha com um cristal verde, eu não ia vestir, mas eu tinha que por a tiara. Feito isso, ela colocou a mão na parede e falou a frase mais louca da minha vida:

Anakataskevasei, ta mou, Sra Terra Ceci! — Um buraco se abriu no chão, e caímos em um grande salão, e ela disse:

— Mss Eart, ta mou!