''I can´t trust him.

I have to trust him.

I can't stay with him.

I can't leave him behind''

> Cassie

—Eu encontrei-te no meio da neve e trouxe-te para a minha casa para te ajudar. Estou aqui sozinho desde que a minha família morreu.- Disse Evan.

—Tu deste-me banho!? O que mais fizeste comigo Evan Walker?- disse num tom acusador. Eu não podia acreditar que no meio de uma invasão extraterrestre um homem pensasse sequer em abusar de mim!

—Não, Cassie. Não é nada disso que estás a pensar. Eu... não te... fiz nada disso. Eu só cuidei das tuas feridas para que não morresses.

Devo acreditar nele? Ele não parece estar a mentir e tem um ar bondoso.

—Hum, ok.

Remexi-me debaixo dos cobertores. Má ideia. Senti novamente uma dor horrível na minha perna para além de estar húmida. Merda, tinha aberto os pontos!

O tal Evan Walker deve ter reparado na minha expressão de dor porque puxou os cobertores para trás e ao reparar na mancha de sangue que estava nos lençóis agarrou-me ao colo.

Levou-me para a sua casa de banho e voltou a coser-me a perna.

E esta parte vou passar à frente pois foi bem dolorosa.

Depois de me coser novamente a perna, Evan voltou a levar-me para o quarto e deitou-me na cama.

—Tens fome?- perguntou-me.

—Não- respondi bruscamente.

—Não precisas de mentir.

—Porque é que me salvaste Evan?

—Estamos no meio de uma invasão extraterrestre é normal que os humanos se unam para salvarem a sua espécie- respondeu calmamente.

—Não quando não sabemos quem é humano e quem não é.

—Se fosses um deles não estavas a morrer no meio da neve com uma ferida mal sarada na perna.

—E tu, como posso ter a certeza que não és um Outro?

—Se eu fosse um Outro ter-te-ia matado assim que te vi, não te teria salvo.

Após dizer isto Evan saiu do quarto onde eu tinha acordado, deixando-me a refletir...

Quando voltou trazia com ele uma tigela com um caldo que eu não pude recusar.

Na verdade, eu estava esfomeada. Mas isso não significa que confie nele. Lá por me ter salvado isso não significa nada, pode estar só à espera que saiba de outros humanos que tenham sobrevivido às primeiras três vagas e lhe conte onde estão para ele poder silenciá-los. Ele pode muito ser um dos Silenciadores da 4ª vaga.

Por outro lado, se eu soubesse de outros seres humanos vivos não estaria a morrer sozinha. Talvez ele seja quem diz ser, um rapaz do campo, que perdeu toda a família e quer apenas a companhia de outro humano.

Ele estava a ser muito meigo comigo e eu tinha sido bastante dura, discutindo enquanto ele me tratava da ferida provocada por um tiro de um silenciador. Era melhor pedir desculpa. Está mais que visto que ele é humano, e apesar dos avisos do meu pai tenho mais hipóteses de sobreviver com ele do que sozinha.

Evan reparou na minha inquietação e acabou a sair deixando-me a beber o caldo sozinha.

—Posso?- disse ele passado um bocado batendo ao de leve na porta.

—Claro- respondi esboçando um meio sorriso.

—Esta tudo bem?

Que pergunta irónica! Claro que sim, estamos só no meio de uma invasão extraterrestre, a humanidade está dizimada e eu estou aqui deitada em vez de estar a tentar salvar o meu irmão que foi levado pelos Outros! Senti um enorme aperto no coração ao pensar no Sammy.

Mas o Evan não tinha culpa e estava realmente preocupado comigo.

—Sim- acabei por responder- Obrigada... por tudo. E desculpa ter sido bruta contigo ainda á bocado.

—Não precisas de agradecer, é bom ter alguma companhia. Trata é de ficar boa- disse pegando na tigela que estava em cima da mesa de cabeceira.

Isto soou-me a despedida, parecia que o Evan estava para sair outra vez, mas a mim aptecia-me mais falar com ele.

—Esta é a tua casa?- perguntei.

—Sim.

—Estás sozinho?

—Sim, desde a morte dos meus pais e dos meus irmãos.

—Lamento muito- disse baixando a cabeça- e este quarto pertencia a quem?

—À Val, a minha irmã mais nova.

Encarei-o à espera que ele prosseguisse.

Era uma pessoa de poucas palavras este Evan Walker.

Ao ver que eu estava à espera ele continuou:

—Ela foi a última a morrer. Morreram todos com a epidemia, mas ela foi a mais forte.

Via-se que era doloroso para ele falar sobre isto eu queria mudar de conversa mas não sabia como. E também não lhe ia contar já o meu segredo.

O Evan acabou por se retirar dizendo que estava a escurecer e que ia sair para caçar tal como disse fazer todas as noites.