Terceira Carta

"Olá!

Hoje eu não tive ataque nenhum de leucemia e o médico disse que é um ótimo sinal! Kami-sama, estou incrivelmente feliz! Hoje, minha amiga Ami-chin me chamou para uma festinha para nós duas na casa dela. A oba-chan ficou preocupada mas disse que deixava.. .

Bem, eu amei também um presente que minha irmã mais velha me mandou! Um ursinho branco de pelúcia gigante! E além disso, eu vi uma reportagem de uma menininha de cinco anos que morreu com leucemia semana passada...

O pessoal do jornal me chamou para fazer uma entrevista comigo, disseram que queriam fazer um documentário... Não entendi o porque, mas por que não, não é mesmo?

E sabe, Kami-sama, eu estou meio confusa! Recebi uma confissão hoje! Do satoshi-kun.... Um garoto da minha sala, muito quieto... Eu não soube o que dizer a ele Kami-sama... O que acha que poderia fazer em uma situação dessas?

Além do mais, Ami-chin tem um namorado! Ele é engraçado! Me lembro dele tentando correr atrás da Amizu-chan e acabou caindo em uma poça de lama!

Eu sinto muita falta de correr, eu não acredito que não posso... É tão cruel...

Bem, mais isso não vai me desanimar! Logo, logo quando o doutor descobrir o que pode curar minha leucemia, eu voltarei a correr como todos e me divertir como alguém normal! Contei, Kami-sama? O médico me disse que eu não posso fazer quimioterapia por causa da minha sensibilidade a luzes...

Não sei o porque...

Mas me diverti bastante, hoje, não posso ficar depressiva não é?

Com amor,

Takegawa Yume."

Logo eu dava um tchau para a coruja que saia pela janela voando com a carta em sua pata. Suspirei e na mesma hora senti o reconhecido liquido escorrer em meu nariz. Corri para o banheiro, com as lágrimas invadindo os olhos.

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A cada carta que ela me mandava, cada eu me sentia com mais afeição e mais dó por aquela menina. Eu me perguntava o que eu podia fazer por ela além de fingir ser deus e responder todas as suas cartas.

Entrei para casa, no vazio que ela sempre foi. Me sentei em frente a mesa e peguei a caixa de cartas da Yume-chan. Nela, pus a terceira carta dela.

- Vamos ver o que posso responder...

"Yume-chan,

bom voltar a lhe escrever. Respondendo sua pergunta, acho que deve seguir o que o seu coração lhe diz... Pense bem, se..."

Logo depois a carta voava, por algum motivo eu me sentia meio perturbado naquele momento. Alguma coisa estava acontecendo e eu não sabia o que...

Teria algo haver com Takegawa Yume?

Não pode ser, afinal nunca a reencontrei. Apesar de que ela se expressa bastante em suas cartas. Eu posso talvez conhece-la melhor que qualquer um.. . E entender ela.

- Yume-chan... - Eu me sentia afeiçoado por ela... Mas o que poderia significar isso...

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- Obaa... Obaa-chan...

"Yume-chan o que houve querida?"

- Obaa-chan... Eu...

O telefone escorregou das mãos de Yume, que na hora caiu no chão. Minutos depois os avós chegavam com a ambulância e levavam rapidamente a neta para o hospital. Que tinha o nariz sangrando abundantemente e não tinha força alguma nos braços, assim como nas pálpebras que fechavam sobre os olhos foscos.

- Kami...Sama...

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- Yume-chan?

Eu tinha uma única certeza naquele momento: Eu estava ligado de alma e coração aquela Takegawa Yume e aquele incomodo, era que ela poderia estar em perigo.