Cartas Anônimas

Capítulo 24 - Me perdoa?


Acordei na madrugada sentindo algumas dores no estomago… Levantei-me… Tudo estava escuro e silencioso, olhou no relógio e o mesmo anunciava que era três horas da madrugada. Caminhei pelo corredor escuro e passei de frente ao quarto de minha mãe, o mesmo estava com a porta aberta e vazio o que indicava que ela estava de plantão. Desci as escadas e fui até á cozinha ver se achava algum comprimido.

Meu nariz foram “tomadas” por um cheiro bom. Acendi as luzes e vi que á cozinha estava extremamente limpa assim como toda á casa, percebi que o micro-ondas estava ligado e que dentro dele havia um prato de comida prontinho. Minha garganta queimou, meu coração acelerou e meus olhos arderam… Minha mãe. Minha mãe havia feito tudo aquilo, mesmo cansada ela havia deixado a casa um “brinco”, mesmo recebendo patadas ela havia feito aquele prato de comida com todo carinho e amor. Minha mãe. Meu anjo. Deixei que as lagrimas que eu tanto segurava transbordassem para meu rosto.

Momentos bons pra mim e duros para ela vieram á minha mente, como o dia que eu queria muito ir em uma viajem para os Estados Unidos, mas ela não tinha dinheiro, eu queria muito ir, eu insisti para ir, a xinguei, gritei com ela e ela pegou o dinheiro que estava guardando para comprar seu carro e o entregou para mim e eu nem ao mesmo a agradeci. Lembrei de todas as vezes que ela renunciou á algo para fazer o que eu queria e lembrei de todas as vezes que fui grossa, que a xinguei e da vez que eu quase ousei encostar á mão nela. Sentei no chão e coloquei as mãos sobre á cabeça, aquele dia eu chorei como nunca havia chorado, cada palavra que eu dizia para á minha mãe durante todo o tempo martelava em minha cabeça e ela sempre ali fazendo de tudo para eu ser feliz. O meu soluço quebrou o silêncio que a cozinha estava, minha respiração pesada podia ser ouvida por qualquer um que estivesse naquela casa. Eu era um monstro, era isso. Ouvi o barulho da porta e levantei meus olhos, mas tudo que eu via era embaçado.

– Ahh meu Deus, minha filha o que ouve? – Minha mãe correu até mim e se abaixou em minha frente, mas sem me tocar como se tivesse algum receio – Karina o que você está sentindo minha filha?

– Mãe – Me joguei em seus braços e á abracei, a abracei como nunca antes, eu apertava bem meus braços em volta do corpo dela – Me perdoa por tudo mãe, me perdoa por ter sido esse monstro com á senhora mãe, me perdoe por não lhe dar o valor necessário, me perdoe por cada grosseria mamãe, por favor me perdoe por tudo.

– Calma minha filha – ela afagava meus cabelos enquanto eu continuava á chorar desesperadoramente.

– Por favor mamãe me perdoe, eu te peço.

– Filha eu não tenho que te perdoar por nada eu te amo, e tudo que eu fiz foi pra te ver feliz – eu me afastei dela.

– Eu sei, mas eu não tinha o direto de tratar-te dessa forma tão rude, tão desumana mãe, você é á pessoa que eu mais amo nessa vida! – Ao ouvir á frase minha mãe abriu um grande sorriso e deixou algumas lágrimas caírem, sua reação talvez tenha sido essa porque eu nunca tinha dito aquilo, ou melhor, á ultima vez que eu disse que á amava foi aos cinco anos depois dela ter me dado à bicicleta que eu tanto queria.

– Own meu amor, você também é á pessoa que eu mais amo nessa vida – Ela me abraçou e eu deixei mais algumas lágrimas caírem agora com um sorriso no rosto.

– Então você me perdoa?

– Claro que eu perdoo minha filha.

– Eu te amo muito… Muito.

– Eu também te amo minha princesa, de mais – Nós continuamos abraçadas por mais algum tempo, eu estava adorando de mais aquele momento mãe e filha, estava adorando de mais receber seu carinho, até já havia me esquecido de como ele era bom.

– Mamãe – Disse com uma voz manhosa e fazendo bico, ela sorriu, provavelmente lembrando-se de quando eu tinha cinco anos e falava daquela forma.

– Que foi querida? – Enxugou meu rosto com sua mão.

– Estou com dor de estomago.