Cartas Anônimas
Capítulo 21 - Agora eu presto atenção
No dia seguinte acordei realizada… Feliz, como nunca antes, eu ainda não sabia o que estava acontecendo comigo, mas pouco me importava com isso. Levantei, tomei um banho bem demorado e fui para á escola, chegando lá me direcionei até meu armário e ali estava mais uma carta.
”Quero sonhar contigo todos os dias, mas acima de tudo eu quero tornar esse sonho real. Só assim vou poder tocar-te e não vou ansiar tanto tempo por seus lábios… O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?”
Assinado: Anonymous
Achei tão linda como todas as outras. Na minha casa eu tinha uma caixa apropriada para aquelas cartas, ela já estava bem cheia e diariamente eu lia tudo que ele havia me escrito, eu me sentia bem lendo aquelas cartas, me sentia única e amada. Fechei meu armário com á carta na mão e senti alguém me abraçando por trás.
– Oi Ka.
– Pedro… – Sorri e me virei de frente para ele – Não me abrace assim, alguém pode ver – Tentei me afastar, mas ele não deixou.
– A escola está vazia, somente eu e você estamos aqui.
– Ahh é?
– Aham.
– E por quê? Já está tarde.
– Bom, pelo o que disseram um cano estourou, ou seja sem aula.
– Jura? – Meus olhos brilharam.
– Juro.
– E como você sabia que eu estaria aqui?
– Eu não sabia, eu fui ao banheiro e quando voltei te vi aqui.
– Mas o banheiro masculino não fica para o outro lado?
– Sim, mas na volta eu iria passar no meu armário que coincidentemente fica ao lado do seu – Bateu no armário 29.
– Nem sabia disso.
– É porque você nunca prestou atenção em mim.
– Mas agora eu presto – Eu envolvi seu pescoço com mesmo braços.
– Ahh é? Presta? – Ele me prensou nos armários e permaneceu com á mão em minha cintura.
– Bastante.
Olhei para á boca de Pedro e logo grudei meus lábios aos seus, seu beijo era viciante e eu me via com uma necessidade muito grande dele.
– Vamos para outro lugar? – ele disse ao cessar o beijo.
– Quem foi mesmo que disse que não tinha segundas intenções comigo? – Gargalhou.
– Não é nada disso boba, eu ia sugerir uma praça, tomar sorvete, está muito calor hoje.
– Ahh tudo bem – Sorri.
– O que é isso em sua mão?
– Se lembra que eu tinha um admirador?
– Sim… É uma carta dele?
– É.
– Deixa eu vê – Eu ia dizer que não, mas ele pegou á carta da minha mão.
– Hey.
– Olha, to ferrado, estou lidando com um romântico… Por que ele colocou uma frase da Clarice Lispector no fim?
– Você á conhece? – ele fez uma careta.
– Ka quem não conhece Clarice Lispector?
– Eu sei, mas garotos geralmente não reconhecem uma frase de algum escritor.
– Digamos que eu curta ela.
– Olha, mas um.
– Como assim?
– Todas as vezes que eu recebo uma carta, vem uma frase da Clarice no final, elas nunca são repetidas.
– Ahh e você também curte?
– Eu amo demais, até estranhei quando recebia as cartas e via uma frase da Clarice no fim, isso é sinal de que ele me conhece.
– É, pelo visto não tenho chances – Fingiu cara de decepção.
– Hummm – o abracei – Digamos que você é mais real que ele.
– Isso é bom?
– É ótimo, porque eu posso te beijar – lhe dei um leve selinho – E isso é muito bom.
– Então acho que isso é um ponto pra mim.
– É um pontaso.
– Então agora vamos?
– Vamos.
Pedro entrelaçou nossa mão e nós saímos da escola. Eu estava adorando aquilo tudo, e apesar de ter dito á ele que eu tinha que pensar sobre o fato de ficarmos juntos, eu sabia que eu não tinha que pensar coisa nenhuma, eu o queria e o teria para mim.
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