Carta para você

Vida Longa à Rainha


E eu fiquei sem ouvir sobre Svetlana pelo próximo mês... nada foi enviado para mim, não vi ninguém que pudesse ser suspeito me seguindo ou me vigiando. E, de alguma forma, a vida pareceu voltar ao normal.

O único susto foi quando o corpo de La Grenouille foi descoberto e, como o último caso em que se teve notícias dele foi relacionado com o NCIS, um belo dia, Fornell e toda a trupe de palhaços do FBI chegaram no prédio, devidamente acompanhados do Vice Diretor do NCIS, Leon Vance. Fornell se viu no direito de tomar conta da área destinada à MCRT, já Vance veio direto para o meu escritório, contudo, mal sabia ele que eu já estava devidamente informada sobre a sua nada agradável visita.

— Boa tarde, Leon! – Fui cortês quando ele entrou e achou que poderia tomar posse da minha sala. – O que precisa? Presumo que o Escritório de Los Angeles esteja indo muito bem sob o comando de Hetty para que você me faça uma visita.

— Você sabe o motivo de eu estar aqui, Jenny. – Ele retrucou.

E anos trabalhando ao lado de pessoas falsas e mentirosas, interrogando terroristas e traficantes me ensinaram como mentir propriamente.

— Sei? Se você está falando de Rene Benoit, sim, nós o investigamos, mas a pista esfriou quando ele saiu do país... depois disso, não tivemos mais notícias. O Secretário da Marinha acabou de me informar que ele apareceu morto.

— E você sabe quem o matou?

Sorri para ele.

— A CIA, suponho... pois foram eles quem o estavam investigando antes de nós.

Eu era uma boa jogadora de pôquer, e era uma agente muito mais capaz que Vance, ele não descobriria nada.

— Mesmo assim, vocês estão sob os olhos da Corregedoria.

Ele realmente iria querer o meu distintivo temporariamente? Então ele teria que pedir, em um tom alto e claro.

Encarei a Vance, ele me encarou de volta, nesse nosso jogo de poder, fomos interrompidos pelo toque do meu telefone.

— Diga Cynthia.

— O Agente Gibbs está aqui fora. – Ela me informou.

Leon abriu um sorriso de um gato que tinha acabado de comer um canário.

— Seu namorado veio te salvar, Diretora?

Dei um sorriso sarcástico na direção do Vice-Diretor da Agência.

— Não, eu não preciso de ajuda, Vice-Diretor. Mas tenho a certeza de que o Agente Gibbs veio aqui para saber o está acontecendo....

— Mas que palhaçada é aquela lá embaixo? Por que o Fornell está se achando no direito de xeretar na minha equipe? – Jethro bradou abrindo a porta e a fazendo bater na parede.

— Bem, Agente Gibbs... – Fui bem direta para que ele entendesse. – Creio que é exatamente isso que o Vice-Diretor Vance está aqui para me explicar. Então, Leon, continue, o líder da equipe tem o direito de saber o motivo de estarem sob os olhos da Corregedoria.

Jethro, que tinha entendido o meu recado, olhou para Vance e esperou.

— Eu não tenho o dia todo! – Sibilou.

— O NCIS está sob investigação da Corregedoria, no que diz respeito ao assassinato de Rene Benoit, também conhecido como La Grenouille, e como temos indícios de que pode envolver a Direção do NCIS... – Leon começou, achando que eu iria ceder facilmente.

Jethro levantou uma sobrancelha e eu encarei Leon.

— Peça. Eu não vou entregar, se você não pedir. – Desafiei.

— Sua arma e seu distintivo, Diretora, você está suspensa até que a investigação sobre o assassinato de Rene Benoit seja concluída.

Abri a gaveta sem desviar os meus olhos do homem que achava que iria tomar o meu posto e coloquei em cima da minha mesa, meu distintivo, minha credencial e minha arma.

— Saiba que a sua casa também será revistada, Diretora.

— Avise para os bobos da corte que, se algo sumir ou se estragarem alguma coisa, principalmente da minha filha, eles vão pagar. – Informei ao pegar o meu casaco e minha bolsa.

— Agente Gibbs, sua equipe estará sob interrogatório durante toda a tarde. Quero todos aqui. – Leon disse, já se apossando da minha mesa.

Jethro só meneou a cabeça e me seguiu porta afora, antes que eu saísse, porém, vi Leon pegar a foto de minha filha e jogá-la, sem cerimônia, dentro da primeira gaveta. Na antessala, Cynthia estava assustada.

— Cynthia, por favor, garanta que nenhum brutamontes estrague algo nas nossas salas, por favor. Sabe como as pessoas são quando os objetos não as pertencem. – Falei bem alto para que o Vice-Diretor escutasse.

Quando passei pelo corredor, vi Tony, Ziva e McGee encarando mal-humorados os agentes do FBI e Fornell, certos de que, se tivessem a oportunidade, bateriam neles.

Segui para o elevador, Jethro do meu lado e quando estávamos bem longe dos ouvidos curiosos, ele parou o elevador.

— Você se livrou de todas as pistas e gravações?

— Claro que sim, Jethro. E você, conseguiu se livrar das roupas.

— Sim. O seu celular... quando você foi passear na Rússia.

— Ficou em Paris o tempo todo. Não tem uma pista para eles seguirem... Vance está pescando. Ele quer o meu cargo e quer de qualquer jeito. É bem capaz que ele use Sophie contra mim.

— Como?

Nós, Jethro. Eu sou a Diretora, você o Agente Especial e líder da principal equipe da Agência. Ele vai alegar que a MCRT tem privilégios que as demais equipes não tem.

— Se ele colocar a Ruiva no meio disso...

— O cargo dele estará na berlinda antes do anoitecer. Pode ter certeza. Agora eu vou para casa, pois é bem capaz que Sophie não deixe ninguém entrar lá... ou pior.

— Ela tem um cachorro agora.

— Sim... que faz tudo o que ela manda, até morder agentes do FBI. – Eu ri.

Voltamos a descer, eu fiquei no estacionamento e, antes que Jethro voltasse o alertei.

— Só tome cuidado com as armadilhas que aqueles dois vão tentar te colocar...

— No dia em que Tobias conseguir me pegar, Jen. Eu posso aposentar.

Fui para Georgetown certa de que ninguém na equipe seria prejudicado, porém, o verdadeiro problema não estava no Estaleiro, e sim na porta da frente da minha casa.

Melvin, ao parar o carro só começou a rir e eu comecei a pensar que somente Sophie poderia fazer tamanha bagunça.

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Eu mal havia descido do elevador e Fornell me escoltou para a sala de interrogatório.

— Tem certeza de que vai começar por mim, Tobias?

— Quem matou La Grenouille?

Olhei para ele.

— A CIA? – Joguei verde.

— O NCIS foi a última agência que teve contato com Benoit, Jethro. E não é segredo para ninguém que o pai da Diretora esteve envolvido com ele anos atrás.

— Não seria melhor perguntar para a Diretora, então?

— Eu não posso interrogá-la.

— Claro que não, quem é você para interrogar alguém em tal posto, não é mesmo, Tobias?

— Então... você sabia que Shepard conhecia Benoit?

— Não.

— Você está noivo da mulher e não sabia, Jethro?

— Diane te conta tudo, Tobias?

E ele ficou sem fala.

— Qual é a possibilidade de Shepard ter matado La Grenouille?

— A mesma de uma mãe deixar a filha de sete anos sozinha em casa para sair em uma caçada que não sabe se vai voltar viva. – Respondi.

— Se eu perguntar para a sua filha....

— Vai realmente colocar a minha filha nisso, Tobias? – Sibilei na direção dele e vi Fornell arredar minimamente para trás.

Nesse momento o telefone dele tocou. Fornell não saiu da sala para atender e simplesmente suspirou frustrado e me encarou antes de dar a ordem.

— Apaguem o cachorro. Uma menina de oito anos não pode barrar dez agentes do FBI!— Disse nervoso.

Eu sabia que ele falava da minha filha, então só sorri para ele. Minha menina nunca me decepcionava.

— Como assim o cachorro não deixa ninguém chegar perto da garota?? É um cachorro, pelo amor de Deus!!

Silêncio enquanto o agente gritava qualquer coisa.

— Não existe isso de Fuzileiro para cachorro, esse pastor alemão continua sendo um cachorro! Deem um jeito nele e nessa garota! Nem que seja preciso algemá-la e trancá-la dentro de algum cômodo! – Fornell desligou o celular e soltou: - A Diabrete da sua filha não está deixando os agentes do FBI entrarem na casa da Diretora Shepard. Parece que ela andou mandando o cachorro da família atacar quem quer que tentasse. Por acaso isso é alguma ordem sua?

— Seus agentes têm medo de uma menina de oito anos e um cachorro, Fornell? E você ainda acha que vai conseguir alguma coisa contra a Diretora do NCIS?

Tobias me olhou.

— Você não tem nada contra a Jenny, tem? – Joguei verde. – E está esperando que alguém escorregue para levar isso até Vance. Mas vou te dizer uma única coisa, Tobias, você está do lado errado. – E me levantei para sair. – Só mais uma coisa, sim, o pastor alemão que está ao lado da minha filha é um fuzileiro e vai protegê-la de qualquer um, espero que seus agentes sejam vacinados e não se importem de serem mordidos. – Saí e o deixei de boca aberta dentro da sala de interrogatório.

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— Mas mamãe!! – Sophie pedia desesperada. – Quem são eles o que eles estão fazendo.... - Ela olhou pelo corrimão e viu onde os agentes estavam entrando. – Ah, não! No meu quarto não!! – Praticamente gritou.

— Sophie Shepard-Gibbs! Pode parar! Você vai ficar comigo na cozinha e o seu cachorro vem junto! – Ordenei.

— Mas e se eles rasgarem algum dos meus bichinhos? O Henry não vai me dar outro ursão! E se quebrarem alguma das minhas miniaturas?? Meus livros?!! Os DVD’s que o Tony me deu!! Lá não, mamãe! – Ela implorou.

Um dos agentes do FBI estava subindo a escada e escutou as lamúrias da minha filha, começou a rir, encarei-o.

— Você pode não ser um agente sob o meu comando, mas qualquer coisa quebrada ou rasgada ou danificada dentro dessa casa, o conserto vai sair do bolso de quem fez isso. – Alertei e o sorriso sumiu do rosto dele na mesma hora.

Uma indignada Sophie me acompanhou até a cozinha, se sentando em um dos bancos da ilha, Jet se deitou aos seus pés e estava olhando atentamente para a porta, qualquer um que tivesse a péssima ideia de chegar perto da minha filha era recebido com furiosos rosnados e latidos.

— Até quando eles vão ficar aqui? Ou melhor, por que eles estão aqui? – Minha filha quis saber.

— Acham que eu fiz alguma coisa errada.

— E a senhora fez?

— Filha, se eu tivesse feito, eles teriam provas. Não têm. E, também não vão achar nada. Porque a mamãe não fez nada.

— Chatos! – Sophie falou e fez uma careta para a porta, na direção dos agentes do FBI. – Papai sabe disso?

— Seu pai e toda a MCRT estão sendo interrogados agora, dentro do NCIS.

— Até eles?

— Como eu disse Sophie, não existe nada, mas estão procurando.

— Por que com a senhora?

— Provavelmente porque existem homens que não suportam receber ordens de mulheres. – Dei um peteleco no nariz dela e ela deu uma gargalhada.

— Acho muito bom eles se acostumarem... quem sabe um dia não teremos uma mulher na Casa Branca?

— Também quero isso.

— Mas, por enquanto, eles têm que te aturar, mamãe!

— Um dia pode ser você!

Ela ficou animada com a ideia.

— Quer saber... como eu não tenho nada para fazer e não podemos nem ver televisão, que tal fazermos alguns cupcakes?

— Só se tiver cobertura de brigadeiro! – Minha filha gritou.

Passamos o restante da tarde na cozinha, entre seguir uma receita fácil, fazer as coberturas dos bolinhos e, claro, muita bagunça. À certa altura, depois que os bolinhos estavam prontos e cheirando de dar água na boca, o agente responsável pela revista em minha casa apareceu na porta, foi Jet quem me avisou da presença dele.

— Pois não? – Perguntei.

— Bem, senhora, terminamos. – Ele disse dando vários passos para trás para se livrar dos dentes do pastor alemão que parecia maior a cada rosnado.

— Ótimo. E pelo visto não acharam nada.

— Não, Madame.

Sophie deu uma risada atrás de mim.

— Agora você vai ficar na porta, enquanto eu revisto a casa, procurando por algo que vocês possam ter estragado.

O agente Sacks não gostou, mas ele sabia desde o início que eu faria isso.

— Filha, vá até o seu quarto e confira tudo, a mamãe vai dar uma olhada pela casa. Leve o Jet.

Nem precisava falar, foi Sophie sair correndo e o cachorro ir trotando atrás dela.

— Aquele não é um cachorro um tanto grande para uma garota tão nova? – Sacks perguntou observando a dupla.

Decidi não responder, não ia adiantar nada mesmo. Assim, fui até o meu escritório, na bagunça que deixaram, pude ver que nada foi quebrado, mas que tinham confiscado o meu notebook.

No andar de cima era possível ouvir os murmúrios de Sophie, dizendo que o quarto estava uma bagunça, que ela ia levar a eternidade para arrumar aquilo tudo.

— Algo faltando, filha?

— Não, mamãe! Tudo aqui. Só que tá uma bagunça só!

É claro que eles não iriam perdoar nem o quarto dela.

Por alto não tinha nada faltando ou quebrado, mas eu tinha muito o que arrumar.

— Vocês podem ir, Agente Sacks. Se eu ver que tem algo errado, entro em contato com o Diretor do FBI. Boa noite.

Ele meneou a cabeça e saiu, feliz de ficar longe do alcance dos dentes de Jet.

E tudo o que eu queria agora era saber como estavam as coisas no estaleiro.

E, como sempre, parece que Jethro sabia o que eu estava pensando, pois me ligou minutos depois.

— Acabou aqui. E vocês?

— Por aqui também, temos a casa inteira para por em ordem. Como foi?

— Você vai gostar de saber o que aconteceu, mandei Ziva e Tony para tomarem conta da Ruiva. Assim que eles chegarem você vem para cá. – E ele desligou.

Com certeza a notícia era boa. Muito boa!

Vinte minutos depois, escutei um carro cantando pneus do lado de fora, Sophie foi logo gritando.

— A Tia Ziva tá chegando aí! – Desceu alegre as escadas.

Ziva e Tony bateram campainha e logo minha filha abriu a porta.

— Oi Tiva!!! – Ela tinha adotado o apelido que Abby tinha inventado para o casal.

— Fala Pestinha! – Tony bagunçou o cabelo dela. – O que você fez a tarde toda?

— Eu e a mamãe fizemos cupcakes! – Ela arrastou Tony para a cozinha enquanto Ziva veio conversar comigo.

— Eu não sei de quem foi a ideia de que você matou o Benoit, mas não acharam nada no Estaleiro... nem aqui presumo.

— É claro que não, Ziva.

— Mas qual é o motivo?

— Você teve o desprazer de conversar com Vance?

Ela negou com a cabeça.

— Quando tiver, você vai entender. Mas, mudando de assunto, tenho quase certeza de que Jethro não mandou vocês dois apenas para tomarem conta de Sophie.

— Não. Ele me pediu para fazer uma varredura completa atrás de grampos e câmeras aqui. Principalmente em lugares onde somente os homens pensariam em escondê-las.

— Boa caçada, vou para Estaleiro. Acha que Tony vai ficar bem com a Soph?

Na mesma hora escutamos o barulho da cama elástica ser arrastada no quintal.

— Ela vai colocá-lo em forma. – Ziva garantiu.

Fui me despedir da minha filha e deixei o trio para trás, eu tinha que tirar o último bobo da corte do meu escritório.

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Jen reapareceu no Estaleiro exatamente quarenta minutos depois que enviei Tony e Ziva para nossa casa. Entrou como se fosse qualquer outro dia, encarou os agentes do FBI que guardavam suas coisas como se eles fossem apenas insetos e subiu para a escada, me encontrando no alto.

— E então, Agente Gibbs. – Ela veio com seu tom profissional. – Algum problema por aqui?

— Não acharam nada, Diretora.

— E os agentes que foram interrogados?

— Já foram liberados.

— Abby?

— Está bem, apesar de não ter gostado nem um pouco do Diretor Interino.

— Chamaria Vance de Vice-Diretor mesmo. – Me disse e seguiu para a sua sala, de cabeça erguida. No meio do caminho encontrou Fornell, e bastou uma encarada para que ele saísse da frente dela.

— Como você aguenta isso todos os dias? – Ele me perguntou antes de descer a escada e sumir da minha frente.

— Para quem atura a Diane há tanto tempo, você reclama demais.

Tobias nem respondeu e foi embora e eu fui ver o que Jen falaria para Vance.

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— Parece que não está saindo às pressas, parece? – Entrei no meu escritório sem bater, Vance estava atrás de minha mesa e logo mudou de posição. A minha primeira tarefa foi guardar a minha arma e meu distintivo na gaveta e recolocar as fotos que Leon havia jogado tão displicentemente ali, em seus lugares. E logo me dei conta que tinha um pequeno presente para mim. – Isso é seu? – Apontei para o palito de dente.

— Para você. - Ele disse com um sorriso.

Joguei o palito longe e logo antes de Leon sair, Jethro entrava.

— Deve ao departamento dois conjuntos de pneus radiais. – O Vice-Diretor falou.

— Põe na conta. – Foi a resposta de Jethro ao comentário. E eu, particularmente, não queria saber sobre o que eles falavam.

— Final do conto de fadas, Jen? – Me perguntou assim que o intruso foi embora.

— O sapo está morto e os bobos da corte foram expulsos do reino.

— E a Rainha está de volta ao seu trono. – Foi a reposta sarcástica dele. Era até estranho brincar com tal situação.

— Se está esperando algum tipo de título de nobreza, eu sinto dizer que perdi minha espada. – Brinquei com ele. Toda essa conversa parecia tirada de algum dos muitos desenhos que Sophie assiste.

Jethro deu um sorriso de lado e apenas soltou:

— Vida Longa à Rainha.

Se continuasse desse jeito, eu bem que poderia me acostumar com o título... afinal, minha filha já tinha sido coroada Princesa do NCIS...

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— Deixe-me ver se eu entendi direito, Sophie vai fazer DUAS personagens em uma única apresentação? – McGee perguntou assim que todos chegaram na porta do teatro.

Sim, o grande dia de Sophie, o dia em que ela seria a grande protagonista do balé de primavera chegou. Ela estava mais nervosa do que tudo quando eu a deixei nos bastidores, com medo de estragar a peça caso esquecesse um movimento. Tive que garantir a ela que nada sairia errado, uma vez que ela tinha ensaiado exaustivamente.

— Sim, ela será o Cisne Branco, Odette, e o Cisne Negro, Odille. – Confirmei. – As personagens são irmãs gêmeas, e como vocês devem saber, uma é a protagonista boazinha e a outra é a gêmea má.

— Eu me lembro de assistir a esse balé. – Ziva falou. – É claro que hoje teremos uma adaptação para as crianças, mas é muito bonito!

Nesse meio tempo, Palmer e sua namorada, Breena chegaram, todos dois animados para a apresentação. Posso garantir que dos presentes até agora, somente Tony e Jethro não estavam muito empolgados para assistirem à peça de quatro atos.

Ia dar uma cotovelada em Jethro para que ele, pelo menos, fingisse animação com a apresentação e o protagonismo da filha, quando Abby começou a gritar animada.

— ELA CONSEGUIU VIR!! ELA CONSEGUIU!! – E apontava para um casal que chegava de mãos dadas.

Eram Kelly e Henry.

— É claro que eu viria! Não perderia por nada minha irmã sendo o Cisne Branco e o Cisne Negro! Ainda mais depois que ela ensaiou tanto! – Kelly respondeu feliz ao abraçar a gótica.

Henry nos cumprimentou e se juntou à dupla de nada animados.

— Também está aqui pela Sophie? – Tony perguntou.

— Sim... não gosto dessas coisas. – Ele disse sem graça. – Mas Kelly me arrastou e eu não vou decepcionar a Pequena.

— Somos três. – Jethro, por incrível que se possa parecer, concordava com o genro.

— Então... se a gente dormir, será... – Henry começou.

— Vocês três serão mortos! – Kelly sibilou. – A Moranguinho ensaiou a morrer nos últimos meses, por favor, se não gostam do balé, tudo bem, mas pelo menos prestigiem o esforço dela!

— Eu não falaria melhor. – Concordei com Kelly e dei o braço para Jethro. Era hora de o espetáculo começar.

— Não ouse dormir! – Ziva falou com Tony.

Mais atrás, Abby, Tim, Jimmy, Breena e Ducky iam conversando animadamente.

Achamos nossos lugares, como familiares da protagonista, tinham nos reservado um dos melhores e nos sentamos, a orquestra ainda ensaiava os primeiros acordes do primeiro ato. E era possível ouvir Henry sussurrar para Kelly se demorava muito.

— Por quê? Tem outro lugar para estar? – Ela deu uma encarada no marido que faria até Jethro correr.

Ele apontou para o celular.

Kelly tomou o celular da mão dele e, sem se importar em saber quem estava do outro lado da linha, apenas disse:

— O Vereador Sanders está muitíssimo ocupado agora, retornará a sua ligação no sábado pela manhã. Tenha uma boa-noite! – Encerrou a chamada, desligou o celular e o jogou dentro da própria bolsa. – Prontinho... agora ninguém vai te perturbar! – Ela disse com um sorriso diante da cara de estupefato do marido.

As luzes começaram a baixar e eu me vi tão nervosa quanto Sophie deveria estar.

— Quem vai se apresentar, você ou a Ruiva, Jen? – Jethro me perguntou, segurando a minha mão, segundos antes da cortina ser aberta.

— Acho que no fundo, será nós duas. – Falei e me lembrei de todos os dias de ensaio que tive com minha filha e, também, de quando era eu quem me apresentava.

Os primeiros acordes da introdução de “O Lago dos Cisnes” de Tchaikovsky, começaram a tocar e logo a cortina subiu, revelando Sophie no primeiro figurino da noite, o de Cisne Branco, paradinha no meio do palco. Meu coração de mãe se encheu de orgulho quando ela levantou o rosto e começou a apresentação confiante de que tudo daria certo.

E o primeiro ato transcorreu lindamente, eu já estava chorando, e olha que a principal cena ainda não tinha acontecido, ao meu lado, notei que, por mais que ele não fosse o fã número um de balé, ou de qualquer apresentação que envolvesse música clássica, Jethro não desgrudava os olhos do palco, principalmente se Sophie estivesse em cena.

O segundo ato começou sem minha filha, já que a história agora focava no Príncipe Siegfried.

Mas foi no terceiro ato que eu realmente fiquei encantada. Sophie conseguiu trazer a Gêmea-Má, Odille, com tanta facilidade que parecia que outra menina interpretava a Cisne Negro, pois, até o figurino a deixou completamente diferente. Me permiti olhar em volta e vi tanto Tony quanto Henry prestando uma atenção incomum ao que acontecia no palco, para a felicidade de suas parceiras. Ao meu lado, Abby chorava e dizia que o figurino preto, apesar de ser o da vilã, era muito mais bonito.

E veio o quarto ato e com ele o final quase digno de Romeu e Julieta da peça, adivinha quem estava chorando, mesmo que a adaptação fosse para crianças? Sim, eu, Kelly, Abby, Breena e Ziva. Ducky, que é um fã de espetáculos parecia até abismado. Quando a cortina desceu finalizando a apresentação, depois de duas horas e meia, eu não sabia se chorava, se sorria, se batia palma ou se ficava extasiada demais a ponto de não conseguir me mexer. As luzes foram acessas e a cortina se levantou, revelando todo o elenco da peça que veio nos saudar. Desnecessário dizer que ficamos de pé e aclamamos o jovem elenco. Principalmente quando a bailarina ruiva, que estava no meio do palco, vez a sua Révérence. Eu chorava tanto de orgulho e alegria que quase que perdi o delicado movimento. E a cortina caiu pela última vez e o teatro se iluminou totalmente quando as luzes foram acessas.

— Meu Deus... se esse que é de criança foi assim... Imagina o verdadeiro balé, o de Bolshoi! – Henry murmurou.

— Eu te falei que seria bonito! – Kelly deu um beijo na bochecha no marido. – Agora, se um dia você quiser me levar para ver essa apresentação do Bolshoi eu não vou me importar não! – Ela falou toda feliz.

Ducky começou a discorrer como Sophie havia dançado bem e eu ainda nem tinha conseguido me mover.

— Nossa filha é uma bailarina e tanto, Jen. Parabéns! – Jethro disse ao meu ouvido e começou a me guiar, uma de suas mãos apoiada na base da minha coluna.

— Não, é? – Foi tudo o que eu consegui perguntar. E em minha voz era possível ouvir tanto a alegria, quanto o orgulho, quanto a minha surpresa em saber que Sophie havia, de fato, apresentado um balé onde ela tinha sido duas personagens.

— Você quer que eu vá pegá-la nos bastidores? – Ele perguntou, quando saímos do teatro. Do alto da escada, pude ver Abby falando aos pulos, animada com o que tinha visto, ela tinha um lencinho na mão e de vez em quando o levava até os olhos.

— Se você quiser... – Falei. Ele desceu as escadas comigo e assim que cheguei perto do nosso grupo e fui abraçada ao mesmo tempo por Abby e Kelly que começaram a falar ao mesmo tempo, Jethro sumiu de vista.

— Onde o papai foi?

— Pegar a nossa bailarina. – Falei. E começamos a conversar sobre a peça, e todos, sem exceção, tinham uma opinião para dar ou tinham o momento favorito.

— Eu ainda digo que o figurino preto é o mais bonito, apesar de não gostar de vilões! – Abby clamou.

— Não, Abby. Todos os figurinos foram perfeitos. Sophie ficou maravilhosa com todos eles! – Breena comentou. – Ela será uma bailarina excepcional quando crescer.

— Isso se ela seguir por esse caminho... – Tony comentou. – Mas, só por curiosidade, quantas apresentações são por ano? Assim, quantas a Peste Ruiva pode fazer?

— Acho que temos um fã de balé aqui!! – Ziva cutucou o namorado.

— Fã de Balé não, Zee-vah! Fã da Peste Ruiva! É diferente.

— Sei... e nós fingimos que acreditamos, viu Di-No-zzo! – Kelly respondeu rindo.

— Então eu tenho um fã? – Escutamos a vozinha da nossa bailarina preferida.

Me virei para poder abraçar a minha filha e deparei com a minha pequena andando de mãos dadas com o pai e carregando um enorme buquê de flores. Não era só um tipo de flor, eram vários e, formavam um buquê tão colorido e alegre que eu só pude pensar que foi montando pensando em Sophie.

— Olha quem chegou! – Kelly foi até a irmã e a abraçou.

Eu olhava para Jethro, querendo saber quando ele havia comprado aquelas flores.

— Não é a tradição? A bailarina não ganha um buquê de flores como forma de agradecimento por ter dançado? – Ele me respondeu com outra pergunta.

— Sim... mas como você sabe disso?

Ele deu de ombros e eu me vi surpreendida por sua atitude. Quando voltei minha atenção à nossa filha, ela estava agradecendo os elogios de Ducky e estava tão vermelha quanto a única rosa vermelha que estava em seu buquê.

— Obrigada, tio Ducky! – Ela disse.

Com Ziva, as duas só fizeram uma Révérence, e, pelo visto, tínhamos outra bailarina na turma e ninguém sabia disso.

Foi Tony o único a pegar Sophie no colo e a balançar de um lado para o outro, como se ela fosse uma velha boneca de pano.

— Eu vou te contar uma coisa, Peste Ruiva, eu juro para você que achei que ia dormir durante a sua apresentação, mas eu não dormi!

Sophie riu do comentário sem noção de DiNozzo.

— Eu sabia que você não iria dormir, Tony!! Você não faria isso comigo. Além do mais...

— Além do mais... – Tim perguntou.

— Eu te jogaria a minha sapatilha de ponta se te visse cochilando!!

Tony a colocou no chão e McGee veio conversar com ela, e eu me vi sendo a última a que iria poder paparicar a pequena bailarina.

Quando finalmente ela parou na minha frente, com um sorriso imenso nos lábios e os olhos multicoloridos brilhantes de felicidade ela só soltou:

— Mamãe, eu consegui!! Eu fui os dois cisnes, mamãe!! Obrigada por ensaiar comigo!!! – E me abraçou com um braço só, já que o outro estava segurando o buquê.

— Eu vi, minha miniatura! E dançou muito bem! – Abracei a ela e a levantei no meu colo. – Estou tão orgulhada de você! – Dei um beijo na ponta do nariz dela.

— De verdade, mamãe?

— Mas é claro!! Você estava linda e perfeita no palco!

Ela abriu um sorriso ainda maior.

— Mas eu só consegui apresentar o espetáculo todo porque a senhora ensaiou comigo! Se não fosse a senhora, eu não teria conseguido!

Dei outro beijo em minha filha.

— E esse buquê? - Perguntei, doida para saber como ela explicaria. Vi que todos pararam para escutar também.

— Papai me deu. – Disse feliz. – Acho que ele sabe mais sobre as apresentações de balé do que ele fala!

— Ou eu aprendi alguma coisa devido ao tanto que vocês duas falam em casa. – Jethro respondeu à filha.

— É, pode ser isso também! – Sophie concordou.

Jethro a tirou do meu colo e eu fiquei só com o enorme buquê, e foi quando eu pude ver as flores que ele tinha escolhido. No meio de tantas tão delicadas, tinha orquídeas e alguns girassóis. Sendo as primeiras, as minhas preferidas e as últimas as de Kelly. Jethro presentou a filha a mais nova e ainda lembrou de mim e de Kelly. Depois juram que ele não tem sentimentos.

— Então... nós vamos a algum lugar para comemorar essa apresentação ou não? – Kelly perguntou.

— Por mim, sim! – Tony concordou e foi seguido por vários, “eu tô dentro!” e “contem comigo!”

Acabamos parando em um restaurante conhecido por todos e as meninas fizeram Sophie contar os detalhes dos bastidores e qual seria a próxima apresentação dela.

— Se eu vou conseguir entrar no elenco principal eu não sei... só sei que Mademoiselle Bourdaux quer adaptar “O Fantasma da Ópera”!

— Sua próxima personagem será Christine Daaé, então?— Breena perguntou animada.

— Eu não sei, Breena! Ainda vai ter as audições. Mas eu vou tentar, de novo! Vai que estou com sorte!

Jethro só pegou a minha mão, agora, além do balé, ele iria mergulhar no mundo da ópera também!

Nosso jantar foi excelente, porém, antes mesmo da sobremesa, Sophie veio para perto de mim e de Jethro – ela tinha se sentando perto de Kelly e de Abby – e pediu colo.

Foi Jethro quem a ajeitou.

Sophie não falou mais nada, apenas se recostou no pai e fechou os olhos.

— Acho que nossa pequena Sophie sucumbiu ao cansaço de duas horas de apresentação. – Ducky falou ao ver a cena.

Ninguém se importou muito, terminamos o jantar e ainda conversamos um pouco mais, o barulho não atrapalharia Sophie que dormia tranquilamente nos braços do pai.

Um pouco mais tarde, quando chegamos em casa, eu me vi na ingrata tarefa de acordar a minha filha para que ela tomasse um banho, Sophie mal abriu os olhos e tudo o que ela me disse foi:

— Isso é necessário?

— Sim, filha, é.

E a danadinha dormiu durante o banho, na verdade, eu acabei a colocando na cama e tudo o que ela fez foi abraçar um dos bichinhos e ressonar.

— Não acordou nem no banho?

— Não, Jethro. Está apagada. – Eu ri.

Ficamos vendo a pequena se ajeitar no meio das cobertas e ressonar.

— Quer fazer uma aposta sobre quem ela vai chamar primeiro, Jen?

— Hoje não... ela está tão cansada que não vai nem falar.

Fechei a boca e Sophie soltou.

— Papai...

— Mas o que? – Sibilei.

Jethro só riu na minha orelha.

— Ah, sua pequena traidora! – Sibilei.

— Pare de ficar atazanando a mamãe... – Ela continuou e eu vi que minha filha estava muito acordada. – Eu amo vocês dois na mesma intensidade.

É, eu acho que posso conviver com essa declaração.

— Boa noite, bailarina. – Falamos depois de darmos um beijo na cabeça dela.

— Boa noite!! Amo vocês!

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Depois de um final de semana no qual o único assunto da família ainda era a apresentação de balé da Sophie, voltamos ao escritório para nos depararmos com um álbum completo de fotos da apresentação nos esperando na sala do esquadrão.

— Mas como você conseguiu tirar essas fotos? – Jenny perguntou assim que pegou o álbum.

— Não vou contar a minha mágica, Jenny! – Abby sorriu. – Gostou?

— Mas é claro!

— Bem... ele tá na forma digital também! – Tim falou e colocou as fotos na tela.

E todos recomeçaram a falar da apresentação.

Ziva, Abby e Jenny estavam repassando uma cena do terceiro ato, quando Cynthia, que não pode ir à apresentação, pois era aniversário de sua sobrinha, apareceu pedindo desculpas, mas solicitando a presença de Jen no andar de cima.

— Bem, meninas, depois continuamos. – Jen era outra que não tinha se cansado de falar da apresentação e toda vez que o fazia, exibia um enorme sorriso de orgulho.

Ela e Cynthia subiram vendo as fotos, a assistente chateada por ter perdido o momento, mas dizendo que conversaria com Sophie depois, e as duas desapareceram dentro da direção e eu tive que por ordem nos seis que ainda falavam de Sophie.

— Mas Gibbs!!! Ainda temos tanto para falar!! – Abbs começou.

— Agora não, Abby. Mais tarde.

— Temos algum caso, Chefe? – DiNozzo perguntou.

— Não.

— Então podemos conversar mais um pouquinho! – Abby estava abusando da sorte hoje.

Antes mesmo que eu me afastasse para a minha mesa, abri uma gaveta do arquivo que fica ao lado da mesa de DiNozzo, e de lá tirei três pilhas de casos em aberto, depositando uma em cada mesa dos meus agentes.

— Já entendi o recado, Chefe! – Tony murmurou. Ao ver que poderia sobrar para ela, Abbs saiu rebocando Palmer para o elevador, Ducky os acompanhando ao longe.

Nem tinha me sentado, e o telefone tocou. Vi que os três que nem tinham aberto as pastas ainda, me olharam com esperança de que se livrariam dos casos em aberto, atendi e não falei nada. Do outro lado da linha, Jen.

— Jethro, será que você pode subir até aqui? Por favor.

E ela falando nesse tom e desse jeito não é normal. Coloquei o telefone no gancho.

— Temos um caso, Gibbs? – Ziva me perguntou.

— Não. – Respondi e subi para o próximo andar.

Quando entrei no escritório de Jen, sem bater, ela não me olhou torto ou fez qualquer comentário sarcástico quanto a tratar a porta dela como uma porta. Jen estava de pé, de frente para mim e com os olhos arregalados e assustados.

— O que aconteceu? – Perguntei diante da sua expressão.

— Will...

— Decker? Este é um nome que eu não ouvia há muito tempo.

— Sim... ele... – Ela parou para respirar fundo. – Ele foi encontrado morto em sua casa na Califórnia, Jethro. O Will está morto! – E eu vi como essa notícia tinha afetado Jenny. – Ele não era muito mais velho do que eu, Jethro... – Ela murmurava, ainda não acreditando no que tinha acontecido.

— Jen. – Comecei a falar e ela se lançou a mim, me abraçando apertado.

— Eu... eu tenho que ir para a Califórnia, Jethro. Will era o meu amigo. Nosso amigo. E um ex-agente do NCIS. Eu não falei muito com ele nos últimos anos, mas ele sempre que não estava ocupado com a sua nova namorada, me ligava e perguntava como estava a vida de diretora. Eu ainda não acredito que ele se foi...

— Você quer ir para a Califórnia?

— Eu preciso, Jethro. Depois de todas aquelas loucuras na Europa, eu devo, nós devemos, isso a ele.

— Eu vou com você...

— Se você for também, Sophie vai querer ir, já que Kelly está na Califórnia. E ela está na semana de provas... e eu não quero levá-la a um funeral, Jethro. Fique com ela aqui e eu vou.

- A última vez que você viajou sozinha, Jen, você despistou os seus seguranças.

— Eu levo quem você quiser, eu não vou despistar ninguém, Jethro. Não tenho motivos para isso. Mas eu preciso ir! – Ela pediu.

— Eu fico com a Ruiva. Você leva Tony e Ziva.

— Tudo bem. Não tenho objeção nenhuma.

— E eu vou alertar Ziva para ficar de olho em você.

— Isso não é necessário, Ziva sabe muito bem ser um carrapato quando está de segurança, mas você pode falar.

— E você não vai a lugar nenhum sem eles! Nenhum.

— Não vou, Jethro. Só no funeral.

— Que horas você quer voar?

— Liguei para SECNAV. Ele me emprestou o jato. Se tudo der certo, decolamos antes do meio-dia.

— Não vai se despedir da Ruiva?

— Ligo para ela quando pousar. Sei que você vai explicar, e será mais fácil, detesto me despedir dela, mesmo que seja por 48 horas.

— Tudo bem, Jen. Só tome cuidado.

— Como se um funeral fosse ser perigoso, Jethro. Contudo, eu vou tomar. Me espere para o jantar de quarta-feira. – Jen me respondeu, soltou de meus braços e pegou as suas coisas. – Vou em casa pegar uma bolsa e uma roupa preta. – Me informou.

Duas horas depois, ela, Tony e Ziva saiam do Estaleiro, e, por uma estranha razão, eu senti que algo não sairia bem nessa viagem.