Eu nunca viajei tão às pressas como hoje, e tinha somente um arrependimento, não ter me despedido de minha filha. Eu conheço aquela pequena muito bem para saber que ela vai dar trabalho para Jethro quando ele lhe falar que eu precisei viajar com urgência e ainda levei Ziva e Tony comigo.

Jethro teria que ter muita paciência, ainda bem que Noemi conhecia a ferinha tanto quanto eu e estaria lá para ajudá-lo.

Quanto à viagem em si, não era lá a das mais emocionantes, eu trouxe alguns relatórios para ler, assim como o novo plano de orçamento do NCIS que deverá começar a ser votado em setembro e, enquanto Tony e Ziva estavam discutindo algum filme de algum diretor que não prestei atenção no nome, eu tentava me concentrar no trabalho à minha frente. Sem sucesso, pois a cada segundo minha mente vagava para Will e tudo o que vivemos e em como ele morreu. Ataque cardíaco com quarenta anos? Muito estranho. E tudo isso acendia uma luz na minha cabeça... eu não era tão mais nova do que ele...

E se eu fosse a próxima?

Como a minha filha de oito anos ficaria?

Balancei a cabeça para esquecer essa linha de raciocínio, não se pensa em coisas idiotas assim! E foquei meu olhar para o céu. Se em D.C. estávamos com um estranho dia nublado e com aquela garoa enjoada, já no meio oeste tínhamos sol e a temperatura deveria estar bem agradável.

Mais duas horas de viagem e aterrissamos em Los Angeles. Como eu previ, era um dia quente, ensolarado, que te convidava a dar um passeio por Venice Beach e ficar observando o mar sentada debaixo de uma das muitas palmeiras do local.

Pena que não foi isso o que eu vim fazer.

— Uhn... Diretora. – Ziva me chamou. – Tudo pronto.

— Por favor, Ziva... não estamos em ambiente de trabalho. Jenny. – Pedi e comecei a pegar as minhas coisas, o carro nos esperava na pista.

Tony foi quem desceu para checar tudo, e quando ele deu o aval, descemos do avião e seguimos para o hotel.

— Sempre serei grato pelo ar-condicionado. – DiNozzo comentou do banco do motorista.

— Achei que você gostasse de calor, Tony.

— Eu gosto do verão por um único motivo, Zee-vah.

— E nós sabemos muito bem qual é, Tony. – Interrompi. Eu não precisava da falação de DiNozzo na minha cabeça sobre os prós das roupas de banho.

O caminho até o hotel acabou por passar pelo centro de Los Angeles e, consequentemente, perto do QG do escritório das Operações Especiais, ali eu sabia que tinha duas pessoas que eu não via há muito tempo. Hetty Lange, que foi uma das primeiras pessoas com quem trabalhei no NCIS e G. Callen. E me perguntei se ele reconheceria Sophie depois de todos estes anos e, se ela ainda se lembraria do Tio Callen.

No hotel foi mais do mesmo, Ziva tomou a frente e checou todo o quarto, e eu não entendia o motivo de eu não poder fazer isso por mi mesma. Afinal, quantas vezes eu já fiz o mesmo trabalho que a israelense fazia agora? Maldito protocolo cheio de frescura! Ou talvez fosse só eu que estava saudosa pensando quando eu tinha uma vida de agente de verdade e não essa vida de burocrata bem paga.

— Tudo certo, Jenny. O quarto é seguro. O meu e o de Tony são...

— Um só, Ziva. – Sorri para ela.

— Bem, sim. - Ela gesticulou sem graça. - Estamos do outro lado do corredor. E não pense que eu não vou saber se você escapar, porque eu vou. Gibbs me deu ordens expressas para não tirar o olho de você.

— Eu sei disso, Ziva. Agora vá descansar, o funeral será amanhã pela manhã. E eu tenho que ligar para uma certa criança que deve estar dando um trabalho e tanto para o pai.

Ziva sorriu e saiu murmurando algo: “a fruta não cai muito longe do pé!”, nem perdi o meu tempo corrigindo as palavras, no sentido, o ditado não estava de todo errado. Fechei e tranquei a porta, joguei minha bolsa no sofá da enorme sala e, depois de tirar os sapatos, segui para o quarto, onde me sentei na beirada da cama e apertei o número 1 da discagem rápida.

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Fui buscar a Ruiva na escola. E como era plena segunda-feira, é claro que ela estranhou.

— Oi papai! – Ela entrou no banco de trás e me deu um beijo. – Sem casos hoje?

— Sim.

— Bem... então cadê a mamãe?

Sempre direta, essa minha filha.

— Viajando.

Sophie, ao invés de se ajeitar no assento e colocar o cinto de segurança, apenas colocou a cabeça entre os bancos e me encarou, um misto de medo, susto e raiva.

— O senhor deixou a mamãe viajar?? Papai! Eu pedi para o senhor não fazer isso!! – Ela clamou.

Desliguei o carro e me virei de lado, ela, sorrateira, já tinha pulado para o banco da frente e me encarava com os braços cruzados.

— Sua mãe está bem.

— Onde ela está?

— Não use tom comigo, mocinha! – Alertei-a.

— Para onde a mamãe foi, papai? – Tornou a perguntar em um tom bem mais manso.

— Los Angeles. No funeral de um amigo nosso.

— Se ele é amigo de vocês, por que o senhor não foi? – Ela tombou a cabeça.

— Porque alguém tem que tomar conta da senhorita.

— Mas papai.... eu não quero que a mamãe fique viajando.... algo de ruim pode acontecer. – Ela implorou.

— Filha, você tem que entender que o nosso trabalho exige que viajemos. Não podemos ficar aqui só porque você teve um pesadelo.

Meu outro pesadelo se tornou bem real!— Ela murmurou. – E como o senhor sabe que eu tive um pesadelo com a mamãe viajando? O Tio Ducky te contou? Ele não devia!

— Você é minha filha, Ruiva, ele tinha que me contar de qualquer jeito. E não precisa ficar nervosa, Tony e Ziva estão com a sua mãe, e na quarta-feira ela estará de volta para jantar com você.

Sophie não parecia convencida e ainda me encarava. O medo jamais deixou seus olhos.

— Agora de volta para o banco de trás, anda.

Ela se esgueirou entre os bancos, se sentou e afivelou o cinto. E, estranhamente, ficou calada pelo resto do tempo, até que chegamos em casa.

— Tem tarefa? – Perguntei assim que ela desceu do carro.

— Tenho. Eu já vou fazer... só vou tirar o uniforme. – Me respondeu e se agachou para brincar um pouco com Jet, que logo que ouviu os passos dela, desceu correndo a escada e parou na sua frente, abandando a cauda.

Noemi apareceu e deu uma boa conferida na pequena, antes de anunciar que o jantar ficaria pronto às seis e meia. Sophie correu escada acima, com o cachorro em seus calcanhares, e logo estava de volta. Pegou a sua mochila, jogou perto dos meus pés e se sentou no chão da sala de TV para fazer o que tinha que fazer, enquanto Jet se deitou aos seus pés e a observava atentamente.

— Eu vou conferir isso aí, hein? – Falei.

— Tudo bem. – Ela ainda não tinha melhorado o humor, e creio que só melhoria quando a mãe voltasse sã e salva de Los Angeles.

O jantar foi estranhamente silencioso. Sophie mais brincava com a comida do que comia, não importasse o tanto que chamasse a sua atenção e, assim que disse estar satisfeita, saiu da mesa para ajudar a Noemi.

Minha filha só foi aparecer do meu lado quase uma hora depois, ainda calada e um tanto irrequieta.

— Será que mamãe vai ligar? – Ela perguntou ao se escorar em mim.

Conferi as horas, Jen já deveria ter ligado a uma hora dessas, ela conhece os horários da filha melhor do que ninguém.

— Vai sim, Ruiva. Você conhece a sua mãe, ela sabe exatamente o que você está fazendo e quando você termina, está esperando só...

E o telefone tocou.

Era Jen.

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Um toque... dois toques... e Jethro me atendeu.

— Oi Jen.

— Olá, Jethro! Tudo bem por aí? – Perguntei, pois o tom de voz dele me dizia que algo estava um tanto fora de controle.

— Agora vai ficar. – Ele murmurou e eu pude escutá-lo dizer – Pronto, Ruiva, é a sua mãe.

— Oi, mamãe... – Sophie falou e sua voz me dizia que ela não estava lá muito feliz.

— Olá, Miniatura. Como foi o seu dia? – Me sentei na cama de maneira mais confortável para escutar a falação da minha filha.

— Do mesmo jeito de todas as segundas-feiras, longo, cheio de dever e de coisas novas. – Ela falou e parou.

— Só isso? – Perguntei estranhando o resumo. – Não aprendeu nada de novo que tenha gostado e queira me contar? – Insisti.

— A senhora não se despediu. – Ela trocou de assunto. – A senhora foi viajar mesmo depois de eu ter te pedido para não ir, mamãe... – Sophie choramingou.

— Filhota, eu precisava vir. Não vou demorar. Se tudo der certo, voaremos de volta ainda amanhã. Não prometo jantar com você, por conta do fuso-horário, mas talvez possa te por na cama.

— Mamãe... – E eu pude ver a cena quando fechei os olhos, ela estava com o lábio inferior tremendo, os olhos cheios de água.

— Filha, não é porque você sonhou com algo que isso vai acontecer. – Falei mansamente.

— O papai me falou isso. – Minha filha me respondeu e ao fundo eu pude escutar o que deduzi como sendo Jethro colocando a filha no colo.

— Então acredite na palavra dele. Seu pai não mente, Sophie.

E ela ficou em silêncio.

— Filha, nada de ruim vai acontecer! Acredite em mim. Mas eu precisava vir. Will era meu amigo, devia isso a ele.

Ela fungou.

— Tudo bem... a tia Ziva e o Tony estão aí também, né?

— Sim, eles vieram.

— São os seus seguranças?

— Sim.

— Pelo menos a Tia Ziva é... já o Tony... qualquer coisa a senhora empurra ele na direção do cara mau e sai correndo. Ele sempre foi a nossa cobaia mesmo. – Ela disse e eu pude escutar não só a risada dela como a de Jethro no fundo, além do comentário “É assim que você demonstra como gosta do DiNozzo, Ruiva?”

Tive que rir. E Sophie respondeu ao pai.

— Papai, Tony serve para qualquer coisa, e por mais que ele sempre fale muito ou reclame ainda mais, ele é forte, ou a Tia Ziva não estava namorando com ele. E tem mais...

— O que tem mais? - Me intrometi na conversa.

Sophie fez uma pausa dramática, e tenho certeza estava sorrindo de uma forma quase diabólica para o pai.

— O Agente Muito Especial Anthony DiNozzo sobreviveu aos tapas que o papai dá, aos gritos da Abby, sobreviveu à peste pneumônica e, me disseram que ele sobreviveu até aos comentários sarcásticos e inteligentes da Kate, sem ao menos entender o que ela tava falando, e o principal... – Ela tornou a parar.

— Que é? – Ouvi Jethro responder.

— Ele sobreviveu a mim!!

Caímos na gargalhada, nessas horas eu queria que os celulares pudessem fazer uma chamada de vídeo para que visse a carinha de sapeca de minha filha.

— Que DiNozzo jamais fique sabendo disso. – Comentei.

— Eu acho que ele sabe... só é lesado demais para conseguir raciocinar sobre isso. Sabem... o Tico e Teco dele não devem ser lá muitos rápidos... – Ela continuava.

— Tudo bem, Ruiva, já chega de falar mal do DiNozzo. – Jethro alertou.

— Será que a orelha dele tá pegando fogo? – A vozinha dela muito mais animada agora.

— Certamente está. – Respondi. – Fico feliz que você está mais animada, mas creio que já está quase na hora da mocinha ir para a cama.

— Quantas horas, papai? – Ela perguntou inocentemente.

— Sua mãe está certa. Se despeça dela e vá arrumar o seu banho.

Sophie murmurou qualquer coisa ininteligível... mas eu tinha quase certeza de que era em alemão, depois voltou a conversar comigo.

— Bem, mamãe, papai está me mandando começar a arrumar as minhas coisas... eu ainda acho que é cedo demais... mas tenho que ir. Boa noite para senhora, ou aí em Los Angeles ainda é boa tarde? Bem, não importa! Boa noite, te amo e, por favor, tome cuidado. De verdade! – Ela terminou.

— Boa noite, Miniatura. Faça tudo o que o seu pai te mandar e não fique falando na cabeça dele! Te amo, minha pequena.

— Tchau mamãe! Boa noite! – Ela me mandou um beijo pelo telefone e depois entregou o aparelho para o pai, ao fundo ainda escutei ela chamando Jet para ir com ela para o quarto.

— Nada de cachorro em cima da cama, hein? – Jethro a alertou.

— Jet não sobe na cama, papai. Ele é um Marine muito bem treinado! – Foi a resposta que ela deu.

Jethro grunhiu qualquer coisa.

— Foi você quem quis o cachorro, agora aguente. – Falei brincando.

— Eu nunca pensei que o pastor alemão iria ser a sombra dela, Jen.

— Mas se ela já o estava defendendo daquela forma dentro do Estaleiro, o que você queria, que ele ficasse nos seus calcanhares?

Jethro não me respondeu. E eu comecei a rir.

— Aceite, Jet até recebe ordens de você, mas ele pertence à Sophie. Essa é a regra.

— A regra, Jen, é que cachorro não sobe na cama, nem no sofá e muito menos ela está permitida a dar comida para ele.

— Tudo bem, Jethro, se é assim que você pensa, quem sou eu para discordar. – Pus panos quentes nas lamúrias de Jethro, eu ainda desconfiava que ele não tinha aceitado muito bem o fato de a filha estar dando mais atenção ao cachorro do que a ele.

— E você, Jen, tome cuidado.

— Está igual à Sophie, agora, Jethro?

— Não. É coisa minha. Tome cuidado, Jen.

— Eu te disse que vou tomar e que não vou aprontar nada. – Garanti. – E Jethro...

— Que foi?

— Não deixe a Sophie dormir de cabelo molhado! – Falei rindo.

— Acho que Noemi daria conta daquela juba, mas isso não vai acontecer. Boa noite, Jen. Nos vemos amanhã à noite.

— Boa noite, Jethro. Te amo. – E desliguei, sabendo que ele não precisa falar as duas palavras de volta. Eu já sabia o que ele sentia.

Ainda era cedo demais na Califórnia, pensei em ligar para Kelly para conversar com ela e ver se o tempo passava mais rápido, contudo, eu não sabia os horários dela, e não queria interromper o possível descanso. Nem pensar chamaria Ziva ou Tony para conversar, Deus sabe o que os dois estariam fazendo. Decidi por pedir algo para comer e me permiti ver alguma série na TV, mesmo que eu não acompanhasse nenhuma.

Fiquei sem entender o enredo da que escolhi para ver, mas pelo menos na parte do caso do capítulo eu consegui me distrair o suficiente para ver os exageros que os produtores fazem nas cenas. Ah, se a vida real fosse daquele jeito!

Meu jantar chegou e antes que eu abrisse a porta, pude ouvir Ziva revistando o pobre garçom daquele jeito tão peculiar dela.

— Ele está limpo, Diretora! – Me informou assim que abri a porta, o pobre rapaz, que não tinha seus vinte e um anos, estava com os olhos arregalados e assustados.

— Muito obrigada, Oficial David. Eu assumo daqui. – Falei e cumprimentei o rapaz. - Boa noite!

— Se...senhora. - Ele gaguejou.

— Muito obrigada. – Peguei a bandeja. – E tome. – Dei uma gorjeta um pouco maior do que a necessária, afinal, ele tinha sido revistado pela Ziva, e isso já é traumatizante o suficiente.

Peguei meu jantar, me joguei no sofá e fiquei ali, pensando se seria muito tarde para ligar para Jethro e jogar conversa fora... ou melhor, falar sozinha, pois tudo o que ele me responderia seria alguns ocasionais: “hums” e “sim”.

Não valia a pena pagar uma ligação para isso. Rodei todos os canais da TV do hotel e não achei nada que me chamasse a atenção. Entediada, acabei por pegar o relatório de orçamento que tinha trazido comigo e comecei a analisá-lo, vendo os locais onde o NCIS precisava urgentemente de um aumento e de onde eu poderia cortar um pouco o valor. Logicamente, pensei em aumentar a verba do laboratório e comprar para Abby um novo espectrômetro de massa que ela tanto vinha pedindo. E assim acabei por me distrair o suficiente para perceber que a madrugada já ia alta quando dei por mim.

Me arrastei para a cama, certa da tarefa ingrata que tinha no outro dia.

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Estava andando pela casa, sem Jen para falar no meu ouvido até que o sono chegasse, eu não conseguia dormir, e ainda tinha aquele estranho pressentimento, aquela vozinha que me dizia que nem tudo sairia bem em Los Angeles.

Já tinha ligado e desligado a televisão mais de uma vez, já tinha tomado mais café do que deveria e até mesmo tinha tentado ler um dos inúmeros livros de Sophie, daqueles que eu sabia que me daria sono, acabei por ler quase um quarto do livro e até achei a história interessante.

Falando em Sophie, resolvi subir para ver como ela estava. Abri a porta do quarto devagar e logo Jet se pôs de pé e me encarou.

— Quieto, Marine. – Ordenei e ele voltou a se deitar no tapete ao pé da cama de minha filha.

Andei até a cama, fiz um carinho nas orelhas do cachorro e depois observei Sophie. Ela não dormia tranquilamente como nas demais noites, parecia que estava tendo um sonho agitado, pois ela virava e se remexia, além de abraçar o bichinho com mais força. Pensei em acordá-la, mas isso só iria deixá-la sobressaltada. Para meu espanto, ela arremessou a bola verde longe e se virou na cama, agarrando a ponta do travesseiro. Antes que eu pudesse me mexer, Jet correu do outro lado do quarto, pegou o bichinho de pelúcia e o colocou na cama, ao lado de Sophie e ficou lá, sentado, olhando para ela.

— Ela tem feito muito isso, amigo? – Estranhei a atitude do animal.

Logo Sophie começou a murmurar. Ela não estava tendo um sonho agitado, ela estava tendo um pesadelo, e não demorou muito para que eu descobrisse com quem, pois ela começou a murmurar:

— Mamãe...

Nessa hora me vi na obrigação de acordá-la, mas ela se virou para o outro lado e o cachorro acompanhou o seu movimento, ficando apoiado nas patas de trás para observá-la melhor.

— Filha. – Chamei-a.

Sophie não acordou, e começou a choramingar. Jet ficou ainda mais agitado e começou a ganir.

— Ruiva, acorda. É só um pesadelo. – Tornei a chamá-la.

Os choramingos viraram um choro de cortar o coração e antes que eu pudesse sacudi-la com um pouco de força, ela acordou gritando pela mãe.

— MAMÃE!! MAMÃE!

- Filha!

Ela não estava de todo desperta, mas assim que olhou na direção de quem a chamara, ela se lançou em um abraço apertado, chorando de soluçar.

— Calma, filha, foi só um pesadelo. – Falava o mais mansamente que conseguia.

— Mamãe. – Era tudo o que ela murmurava.

Me ajeitei na cama para que ela ficasse mais confortável no meu colo, mas tudo o que ela fez foi me agarrar com mais força e recomeçar a chorar.

— Calma, Ruiva, calma. É só respirar. – Comecei a falar com ela do mesmo modo que falava com Kelly. Notei que Jet tentava chamar a sua atenção batendo o focinho na sola do pé dela.

— A mamãe não deveria ter ido viajar.... – Sophie murmurou depois de algum tempo.

— O mesmo pesadelo de antes, filha?

— Sim. Só que foi maior.

— Maior?

— Sim.... nós.... nós... fomos para o funeral da mamãe. – Ela disse com a voz tremendo. Todos estavam lá. Todos. – E escondeu o rosto na base do meu pescoço, chorando.

Beijei o topo da cabeça ruiva dela e tentei niná-la, mas nada parecia funcionar, assim, me levantei da cama e a levei para a cozinha.

— Senta aqui, vamos tomar um chocolate quente. – Falei.

Ela se recusou que eu a deixasse.

— Não quero.

— Sua mãe está muito longe, Ruiva.

— Eu sei. – Ela não me olhava, só brincava com as mãozinhas. – Eu quero esquecer o que sonhei. – Me disse.

— Então vamos fazer um trato, vou fazer uma caneca de chocolate quente para nós e depois vamos ler um livro, o que você acha?

— Pode ser As Crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa de novo?

— O livro que você quiser, Ruiva.

— Tudo bem. – Ela me soltou e ficou sentada no banco, balançando as perninhas nervosa, enquanto me observava fazer o chocolate quente.

Com as duas canecas prontas, as levei para a sala, depois busquei Sophie.

— O livro não estava em cima dessa mesa... – Ela murmurou quando chegamos na sala. – O senhor estava lendo ele?

— Sim.

— E gostou?

— Um pouco. – Admiti.

Ela abriu um sorriso.

— Temos um novo Narniano na família! – Me disse.

— Vamos ler ou não? – Perguntei.

— O senhor lê! – Me falou.

Ajeitei Sophie no meu colo, joguei um cobertor em cima dela e a entreguei a caneca de chocolate quente, antes de começar a ler. Jet apoiou a cabeça no sofá e encarava a ruiva.

— Está pronta? – Perguntei.

Ela só balançou a cabeça confirmando e se fez mais confortável no meu colo. Comecei a ler o livro que ela queria, achei que com poucas páginas ela voltaria a dormir, mas me enganei, Sophie só foi pegar no sono quando o velho carrilhão que pertenceu ao avô de Jen batia quatro da manhã.

Seria um dia difícil para ela, com sono, com saudades e, principalmente, preocupada com o bem estar da mãe que estava longe.

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Acordei antes do despertador e fiquei observando o teto. Mil imagens diferentes passavam na minha cabeça.

— Mas como você foi morrer tão novo, Will? – Perguntei.

Claro que ninguém me responderia. Até porque, nem tinha resposta para uma morte como a dele, chegou a hora e ele se foi.

Chegou a hora.

Às vezes eu posso odiar os rumos dos meus pensamentos, pois eu comecei a pensar em quando seria a minha hora. Me perguntei se veria Sophie crescer e ser o que ela quisesse. Me perguntei se veria Kelly virar mãe, se teria a oportunidade de ser chamada de vovó, se envelheceria ao lado de Jethro. Me perguntei o que o futuro me traria. E por uma fração de segundo eu tive medo. E seu eu não tivesse um futuro tão longo assim?

Afastei estes pensamentos e decidi me levantar, era cedo, então eu poderia tomar um banho e me arrumar devagar.

Foi o que fiz e mesmo assim ainda me sobrou tempo, tempo o suficiente para ligar a televisão e assistir ao jornal matutino. Em determinado momento, anunciaram a previsão do tempo.

— Hoje teremos um dia claro e ensolarado, muito propício para quem pode e quer ir à praia, o que não é todo impossível, pois o horário de verão começou no último final de semana. Então, californianos, não se esqueçam de colocar a roupa de banho no porta-malas!— Disse a loira apresentadora.

Praia era o último local aonde eu iria hoje.

Escutei uma batida na porta. Me levantei, ajeitei a saia, peguei a minha bolsa e recepcionei Ziva.

— Bom dia, Jenny! – Ela me saudou.

— Bom dia, Ziva. Tony! – Cumprimentei o italiano que saia do quarto arrumando o paletó.

— Pronta?

— Quanto mais cedo formos, mais cedo voltamos para a Capital. – Falei e seguimos em direção ao elevador.

— Dá tempo de tomar café da manhã? – Tony murmurou.

— Mas você é pior que o Pingo de Gente, tem hora, Tony!

— Sim, DiNozzo, temos tempo.

Tomamos café no hotel e depois partimos para o cemitério local. E assim que pus os pés na capela onde o funeral aconteceria, senti um calafrio.

A cerimônia foi como todas as outras, até bem parecida com a de Kate, perto do caixão vi a namorada de Will, Sasha, a garota tinha a idade de Kelly, e olhava desolada para o corpo do namorado.

Com o fim do serviço, entrei na fila para cumprimentá-la, a moça não sabia quem eu era, mas agradeceu a presença. Estava assinando o livro de presença, apenas para constar, Will não tinha família, quando ouvi o sussurro bem atrás de mim.

Oshimaida.

Eu gelei, meu coração saltou uma batida. Não era possível.

Oshimaida. A palavra que indicava que algo tinha dado errado. A nossa palavra código para perigo.

Minha mente voltou em 1999. Em Paris. Na noite em que combinamos com Will o que falaríamos se nossos disfarces fossem desmascarados, caso fossemos descobertos.

Discretamente peguei meu blush na bolsa e olhei pelo espelho quem poderia ter dito isso.

Não reconheci nenhuma das pessoas, mas uma me chamou atenção. Estava de preto, de óculos escuros, mas parada ao lado de um SUV e olhava na minha direção.

Levantei a cabeça, como se não tivesse notado nada, guardei o blush e peguei o celular, tentei tirar fotos, tanto do homem, quanto de quem dirigia o carro, porém, tudo o que conseguia ver era uma mulher loira.

Com o coração ainda batendo forte no peito, me lembrei de cada uma das cartas que tinha recebido nesse ano, das fotos que tiraram da minha filha, da invasão à minha casa, e, no fundo, eu sabia quem era a motorista.

Era Svetlana Chernitskaya.

Mas eu precisava de uma confirmação e rápido. Se ela estava aqui, se ela tinha conseguido saber onde Will morava, isso significava que Will não morreu de causas naturais, ele foi assassinado.

Svetlana tinha voltado para matar quem tinha acabado com a vida dela em 1999. Ela me ameaçou, matou Will. Agora era iria direto atrás de mim e atrás de Jethro.

Eu não poderia permitir que ela chegasse perto de Sophie e muito menos de Jethro.

Apressei o passo e me aproximei de Ziva e Tony.

— Já podemos ir embora? – Ele pediu.

— Vão para o hotel. Os dois. Vou comprar algo que Sophie me pediu. – Avisei. – E depois vou visitar o escritório da cidade, tem muito tempo que não converso com Hetty. – Menti o melhor que pude e ao fazer isso me lembrei da promessa que fizera a Jethro. Sim, mais uma vez eu escapava do meu detalhamento de segurança, contudo, era por uma boa causa, era para salvar minha família.

— Mas, Diretora, não podemos...

— Ziva. Vá para o hotel, curta a piscina. Vou trabalhar o dia inteiro, quando vocês terão a chance de ficarem à toa na beirada de uma piscina e sem Jethro nos pescoços de vocês?

Tony concordou comigo na hora, a israelense não, mas ao me encarar, acatou a minha ordem.

— As chaves do carro... – Pedi.

— Podemos te deixar.... – DiNozzo murmurou. Eu só o encarei com o mesmo olhar autoritário que encarava os políticos. – Sim, as chaves. – Ele confirmou.

Andei o mais depressa que consegui até o carro, eu tinha um plano. Precisava trocar de roupa, precisava ligar para um reforço, um que eu saberia não pensaria duas vezes em me ajudar quando eu dissesse a frase mágica.

Acelerei o que podia, mas mantendo uma margem para não chamar a atenção da polícia, estacionei longe do hotel, subi correndo ao meu quarto, mudei de roupa enquanto esperava a ligação completar.

— ¡Holla! – Uma voz feminina me saudou.

— ¡Holla! ¡Necessito hablar con Miguel! – Respondi.

Silêncio do outro lado da linha.

Miguel, es para usted.

Agradeci aos deuses por Franks estar perto do telefone.

— Quem é? – A voz rabugenta e rouca me atendeu.

— Jenny Shepard.

— A Diretora do NCIS?

— A noiva de Jethro.

— O que o Novato aprontou agora?

— Me encontre em Los Angeles, o mais rápido possível. Não deixe pistas. – Falei.

— Você me deve uma explicação, Madame Diretora.

— E você terá, Franks.

Ele desligou na minha cara e enquanto descia pelas escadas, para não encontrar com Ziva ou Tony no elevador, enviei as fotos para Abby e pedi que ela fizesse o reconhecimento facial das pessoas.

Ao final da mensagem, escrevi:

Não conte para Jethro.

Ele ficaria furioso comigo, viria igual a um touro bravo na minha direção demandando explicações, perguntando se eu não tinha um pingo de amor-próprio, se eu não amava a minha filha, se eu não confiava nele... mas quando a vida das pessoas mais importantes para mim estão em jogo, eu não poderia arriscar.

Eu tinha feito a besteira. Era meu dever limpá-la.

Franks chegou exatas seis horas depois, e eu já tinha tudo o que precisava, já que Abby tinha feito o reconhecimento facial e me devolvido dois nomes: Viggo Drantyev e Natasha Lenkov.

Não foi difícil de convencer o mentor de Jethro, bastou que eu falasse que era para protegê-lo, e Mike concordou na hora e ficou ainda mais feliz quando eu disse que seria do jeito dele, sem nenhuma burocracia.

— Então, Madame, por onde nós começamos?

— Pela casa de William Decker.

Ele se levantou, acendeu mais um de seus cigarros e me deu passagem para o corredor do motel decadente em que estávamos.

Caminhei rápido, e pouca atenção dei aos que estavam lá dentro, mas percebi que me encaravam quando eu passava, não me importei, a chance de algum deles me reconhecer era mínima.

— Por acaso a Madame sabe onde Decker morava?

— Se eu te encontrei há dois anos, Franks, acha que eu não saberia onde um amigo meu morava?

Ele fez um som de desgosto e entrou no carro, algo que creditei como um milagre, pois achei que ele dirigiria, ou talvez eu o tenha julgado mal.

— Posso só fazer uma pergunta? – Ele quebrou o silêncio de nossa viagem.

Meneei a cabeça.

— Por que não chamou o Novato para te ajudar? Já que ele fazia parte da equipe e vocês dois formavam uma dupla e tanto.

— Como sabe de nossa parceria?

— Ele me contou. Quando esteve no México.

Fiquei em silêncio.

— Você foi a maior razão para ele ter voltado. Ele sabia que era importante, só não sabia o quanto. Mas pelo visto, vocês se acertaram. – Ele apontou com o queixo para a aliança em minha mão direita.

Respirei fundo.

— Não chamei Jethro por um motivo ainda maior do que apenas protegê-lo. Não o chamei porque, se algo acontecer comigo, se tudo isso der muito errado, alguém tem que tomar conta da nossa filha. E, entre nós dois, tenho certeza de que ele será um pai solteiro lidando com o luto, muito melhor do que se fosse eu lidando com a dor de perdê-lo e criando Sophie.

Franks ficou em silêncio até que chegamos na casa de Will.

Olhei pelas janelas, não vi ninguém, assim, decidi que entrar sem deixar vestígios para trás seria melhor, então me agachei e abri a fechadura com um grampo e uma faca.

— Foi o novato quem te ensinou? – Franks perguntou atrás de mim. Minha mente voltou para uma noite em Paris, quando decidimos invadir uma casa e dar uma lição nas pessoas que haviam emboscado Jethro.

— Jethro não te ensina nada, você observa e aprende. – Respondi quando a porta já estava aberta.

Mike meneou a cabeça e nós dois começamos a vasculhar a casa, não tinha ninguém e não parecia que alguém tinha estado ali nas últimas horas. Até que escutamos um som.

— Veio dali. – Mike apontou.

Era uma espécie de armário de casacos.

Apontei a minha arma, Franks fez o mesmo, e abrimos a porta para encontrar Sasha escondida no meio das roupas, chorando, desesperada.

— Quem são vocês? – Ela questionou.

Guardei a minha arma e a ajudei a se levantar.

— Sou amiga do Will. Somos do NCIS.

Ela me olhou estranho, como se me reconhecesse.

— Ele foi assassinado, não foi?

— Sim, Sasha, ele foi. – Confirmei.

Ela se levantou e pegou um livro, dele tirou um marcador e me entregou.

— Will pediu que entregasse isso à Diretora Shepard, do NCIS. Vocês a conhecem?

— Eu vou entregar.

— Obrigada.

— E, Sasha, você tem família? Algum lugar para ficar aqui?

— Minha família é do Arizona. Eu...

— Tome. Leve meu carro. Vá para a casa de seus pais e fique lá. – Entreguei aa chave do carro e ela saiu correndo sem olhar para trás.

— O gato comeu a sua língua, Madame? Ou você esqueceu qual é o seu nome?

— Quanto menos ela souber, Mike, melhor para ela. Agora, eu tenho que desvendar o que Will deixou para mim.

Porém atrás do marcador de livro não tinha nada de útil, só um endereço no meio do deserto do Mojave.

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Oito horas antes, Washington, D.C.

McGee estava fingindo que trabalhava em um caso arquivado, mas, conhecendo a forma como ele digita e como ele joga no computador, estava claro que ele estava jogando. Decidi por ignorar o que ele estava fazendo, me levantei e fui pegar um café, a falta de sono de Sophie na madrugada não tinha afetado só a ela, eu também não tinha dormido muito.

Estava dentro do elevador quando meu celular tocou. Assim que atendi o primeiro som que escutei foi uma falação sem sentido e música alta. Depois a voz rouca de Franks tomou conta.

— E aí, novato?

— Mike? Quanto tempo!

— Pois é... eu recebi o convite do casamento da sua filha, só não fui porque não gosto tanto assim de D.C., mas espero que Kelly seja mais sortuda do que você. – Ele começou.

— Mike, você não me ligou, quase um ano depois, para dar desculpas sobre o casamento da Kelly.

Ele ficou em silêncio por uns trinta segundos.

— E então... o que a Madame Diretora tem aprontado? Espero que tenha facilitado bem a sua vida.

— Se você quer saber se nos acertamos, sim.

— Bem... novato, eu não vou saber enrolar isso por muito tempo, então eu vou direto ao assunto.

Parei para escutar.

— A Madame acabou de desligar o telefone, disse que precisa de mim em Los Angeles. Me passou um endereço de hotel. E, no meio da conversa, disse que estava fazendo isso por você. Olha aqui, novato, eu não sei o que ela está aprontando, mas se o que você me contou sobre ela é verdade, deve ser algo grande, assim... vá atrás dela, pois a Diretora precisa de ajuda.

E Jen havia me prometido que não faria mais nada pelas minhas costas.

— Obrigado, Mike. Eu vou atrás dela.

— Acho bom novato, aquela lá me parece ser muito determinada, e se ela por na cabeça que quer te salvar de algo, ela vai fazer. – E ele desligou.

Na mesma hora voltei para dentro do prédio, ordenei que McGee rastreasse o celular de Jenny e desci até o laboratório de Abbs para ver se ela poderia ter alguma pista sobre onde Jenny já esteve e o que ela estava fazendo, assim que as portas do elevador se abriram, pude ouvir o tom de voz de Abby alto e claro.

— Sim, Jenny. Tenho certeza, são estes os nomes.

Silêncio por alguns segundos.

— Não, o Gibbs não sabe. Mas se ele me perguntar...

Outra pausa e Abbs começou a se balançar.

— Tá bom, Jenny. Só toma cuidado. – Abby desligou e se virou, me vendo ali. – Ahn... GIBBS!!

— Oi Abbs. O que Jen queria?

Ela fez uma careta, olhou torto para as telas e depois soltou.

— Reconhecimento facial de duas pessoas que estavam no funeral do Decker...

— E quem são?

— Viggo Drantyev e Natasha Lenkov. – Abby me mostrou as fotos e eu reconheci a mulher na hora.

— Você reconhece alguém?

— Infelizmente sim.

— Bem... acho que Jenny também reconheceu...

— Abbs, preciso de um favor seu.

— Qualquer um, Gibbs, basta pedir.

— Tome conta da Ruiva para mim. Eu estou indo para Los Angeles.

— MAS GIBBS!!!! A JENNY... ELA.... DISSE QUE....

— Essa mulher, Abbs – Apontei para a foto. – Foi quem mandou aquelas cartas para Jen, foi ela quem fotografou Sophie, foi ela quem invadiu a nossa casa. Eu não vou deixar Jenny sozinha quando ela veio pronta para matá-la. Não dessa vez.

Me virei para sair do laboratório quando McGee trombou em mim.

— Bem... Chefe...

— Alguma coisa?

— Sim. A Diretora voltou ao hotel, fez uma ligação para um número do México, logo em seguida deixou o prédio e foi para este lugar aqui. – Ele colocou o endereço na tela. – Só não sei o que ela está fazendo ali agora.

— Esperando por Mike Franks, longe de qualquer pessoa que possa reconhecê-la.

— O que quer que eu faça?

— Continue seguindo-a, McGee, me informe de todos os passos que ela fizer, para onde ela está indo em tempo real.

— Mas o que você vai fazer, Chefe?

— Vou para Los Angeles.

— Eu vou junto.

— Não. Vai ficar aqui. Vai fazer o que eu te pedi.

Ao fundo, Abby pulava nervosa com a minha decisão repentina.

— E, por mais que ela peça, não contem para Jen que eu estou indo e não falem nada para Sophie. Digam que eu fui atrás da mãe dela porque Tony ficou doente.

— Vamos mentir para a Jibblet?

— Não, Abbs. Vão evitar que ela fique ainda mais nervosa com tudo isso.

— Chefe. Tem um voo que parte em quarenta minutos para Los Angeles, reservei uma passagem para você. – McGee me informou.

Agradeci e saí do prédio, torcendo para não chegar lá tarde demais.

Já no aeroporto de Los Angeles, liguei para Ziva, eu sabia que Tony deveria estar entretido demais com Los Angeles para me atender.

— Sim, Gibbs. – A voz de Ziva estava séria.

— Jenny despistou vocês.

— Sim. Ela conseguiu fazer isso. E agora temos um problema.

— Qual problema?

— A namorada de Decker. Ela está morta, no píer de Santa Mônica e o carro da Diretora está no Estacionamento.

Como eu previ, Svetlana não desistiria até que Jenny morresse.

— Ligue para McGee, ele tem a última localização de Jen.

— Nós acabamos de ligar para a Diretora, Gibbs. – Ziva me interrompeu. – E ela insistiu que tirássemos o dia de folga.

— David, faça o que eu estou mandando! E ligue para McGee!

Desliguei na cara dela e subi no carro alugado, McGee havia acabado de me mandar a última localização de Jen. Ela estava no meio do nada, no Deserto de Mojave.