— Ai não!! Eu não acredito nisso!

¿Que se pasa, pequeña?

— Noemi! Você acredita que alguém contou para a equipe que eu tenho medo de filme de terror?

¿Y esto és malo?

¡Pues sí! ¡Muy malo!

Noemi ficou me encarando.

— É ruim, Noemi, é ruim, porque o Tony adora filmes, mas ele gosta muito mais de pegar no pé de todo mundo, e agora, ele já disse, vai pegar no meu. E sabe como se pega no pé de alguém que não gosta de filme de terror?

¿No te gusta o tienes miedo?

— Sabe o que Tony vai fazer agora que ele sabe que eu tenho medo de filme de terror?

No. – Noemi respondeu rindo.

— Ele vai dar um jeito de por filme de terror na próxima sessão de cinema! E se for o tal do Boneco Assassino? Noemi, eu sonhei a noite inteira que as minhas bonecas tinham ganhado vida e estavam correndo atrás de mim com facas nas mãos!! Até o Mike Wazowski estava correndo atrás de mim!!!

Noemi abriu um sorriso e depois de me dar um beijo na cabeça, apenas disse:

— Eu duvido, pequeña, que suas bonecas iriam correr atrás de você assim, ainda mais quando você as trata tão bem. Aqui, vê se isso te anima um pouquinho. – Ela me estendeu um envelope.

¡Muchas gracias!— Agradeci a ela e peguei o envelope, curiosa com o que poderia ser. Eu nunca recebi uma carta...

Peraí, eu nunca recebi uma carta antes, porque eu nunca tinha mandado uma para ninguém! Mas eu mandei... já há quase um mês, eu enviei uma carta para a Kells.

E essa é uma carta da Kelly!!

Aleluia! Achei que ia ter que ir nadando pegar a minha resposta!

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USS Daniel Webster, 1º de julho de 2007.

Carta 01

Moranguinho!!!

Eu deveria começar essa carta pedindo desculpas por demorar tanto para te responder ou para responder a todos que me mandaram e-mails, só que como você bem sabe, existe uma tal de regra #06 que me permite pular isso, e eu vou usá-la ao meu favor. E não adianta você fechar a cara e dizer que não se aplica para amigos e famílias, eu já fiz isso e não vou me desculpar! E como sua irmã mais velha eu digo que essa conversa está encerrada, entendeu? (Não vale reclamar com o papai ou com a Jen, ou pedir para a Ziva me ameaçar ou a Abby ou o Tim para me localizarem para que você possa argumentar comigo por vídeo, assunto encerrado!)

Dito isto, eu só preciso saber o motivo das coisas mais emocionantes do NCIS acontecerem quando eu não estou por perto! Sério que a sonsa da Stephanie apareceu no prédio, e que a Coronel também estava lá? Tem certeza de que a Diane não se materializou no prédio também não? Porque seria a cena!

Acho que eu vou ter que agradecer à sua mãe por me defender... aliás, ela tá sempre fazendo isso, né? Quando não é ela, é você.

Sophie, quando você vai aprender que o Tony SEMPRE vai ficar animado quando se tratar de alguma fofoca, não importa de quem é, seja envolvendo a diretora ou o guarda o portão principal, Anthony DiNozzo Júnior, ama uma fofoca e ama passar a fofoca para frente. E eu acho que até consigo imaginar a cara dele neste dia... Assim, aconselho à senhorita a parar de tentar defendê-lo e passe a chamar a atenção daquela criança grande para que ele passe a agir como alguém da idade dele. E acredite em mim, Tony é velho o bastante para ser o seu pai, então nada de defendê-lo de novo. Não vou aceitar isso!

Sobre a Songa-Monga te conhecer, pelo que me lembro ela viu Jen e você no aeroporto de Heathrow quando você era apenas uma bebê... e você, é claro, já tinha esse par de olhos estranhos, por isso foi tão fácil dela ter te reconhecido... Quem mandou ter olhos tão únicos?? Agora aguente cada ex do papai sabendo a sua ascendência só olhando para o seu olho direito!

Porém, eu estou mais preocupada com outro detalhe:

DESDE QUANDO VOCÊ ESTÁ USANDO UMA BOTA ORTOPÉDICA?? E por que você tem que ser dublê do Tom Cruise e cismar de subir no telhado? Não dava para se refrescar da janela não? Ou por que você não se deitou na sua cama elástica? Sophie Shepard-Gibbs, desse jeito você vai matar o papai do coração antes da hora! Ele já é velho, Pestinha, pega leve com ele, principalmente quando eu estou longe! Ou é bem capaz que até eu dê um de seus famosos trecos dentro do navio e volte para casa dentro de um caixão de pinhos, e quando te perguntarem o motivo da morte da sua irmã, você terá que apontar para si mesma! Passe a ficar quieta, pelo amor de Deus, eu não tenho idade para receber notícias assim!

Mas me explique, você está usando essa bota por que torceu ou por que quebrou o pé? Vai ficar quanto tempo? Acho que eu vou ter que perguntar para a sua mãe...

Quer um conselho da sua irmã mais velha? Quer fazer algo neste resto de verão? Vê se lê toda a parte infantil da biblioteca da cidade e pare de ficar perturbando o pessoal e, pelo amor de tudo o que há de mais sagrado... PARE DE APRONTAR! Como eu vou ter sossego aqui, no meio do Mar do Golfo, se a senhorita a cada carta que me mandar tiver uma notícia dessas? E por que ninguém comentou comigo que você tinha quebrado o pé e feito uma cirurgia?

E, para terminar, não leia nenhum dos dois livros do Timothy Farragut McGee, não são para a sua idade e você não tem que ler aquilo, por mais que você esteja presente no volume dois...

Também estou com saudades de você e de todos, mande um beijo para o Henry, sei que ele tem passado com frequência na sua casa, e diga a ele que eu o amo.

Eu não tenho muito o que te contar a não ser que estou trabalhando como nunca, a parte boa, até agora, todos os meus pacientes voltaram para casa bem, ou tão bem quanto uma pessoa volta da Guerra, fico feliz em saber que alguns foram condecorados e estão agora na reserva. Devo voltar até o Natal, mas vou perder o Halloween, o aniversário da Jen e o do papai, faça uma surpresa para eles e me conte!

Mande um beijo para o papai, outro para a Jen e para a Noemi. Diga aos dois primeiros que eu os amo. Depois, dê um abraço e um beijo no pessoal do Estaleiro, com exceção de Tony a quem você dará um tapa na cabeça, beleza? E quando eu desembarcar, quero ver todos vocês lá me esperando!

Beijos.

Kelly

~~~~~~~~~~~~~

Então a Kells me escreveu para me xingar... como se papai e mamãe já não tivessem feito isso... grande coisa. E a doida da minha irmã ainda exagerou dizendo que eu fiz uma cirurgia... por que ela tem que aumentar tudo o que eu digo???

Se tem uma parte boa é que ela tá bem. Trabalhando muito, mas parece que tá bem e ela volta para o Natal. Mas vai perder o halloween e os aniversários, e agora me deu a tarefa de fazer uma surpresa para os meus pais!

Mas o que eu vou fazer? Dar uma semana de folga para os dois e mandá-los para Paris?

Queria poder fazer isso, só não sei como e nem com que dinheiro... todo o dinheiro que eu tinha foi para o presente da Kelly...

Falando em papai e mamãe, eles já devem estar chegando. Melhor ir ajudar a Noemi com o almoço, ou ainda vou ouvir mais ainda por não ter feito nada de útil dentro de casa. Mesmo que o meu pé esteja dentro de uma bota...

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— Já não era sem tempo! – Exclamei assim que vi a notificação de novo e-mail.

— O que foi dessa vez, Jen?

— Nossa filha mais velha deu sinal de vida! – Respondi e voltei a minha atenção para o e-mail.

— Será que dá para ler em voz alta? – Jethro reclamou.

— Não vou ler em voz alta, não sei sobre o que é! – Disse. – Além do mais, você nunca quis saber sobre o que eu e Kelly sempre conversamos. Mas resumindo até aqui, ela está desesperada porque ficou sabendo que Sophie quebrou o pé, e está fazendo mil e uma perguntas sobre o estado de saúde dela. Até aumentou a situação querendo saber da cirurgia... Ou seja, Kelly sendo Kelly. – Informei.

— Só isso?

— Eu ainda não acabei de ler! Pode ter um pouquinho mais de paciência? – Pedi.

Ele, claro, bufou algo ininteligível e disse que se fosse a Sophie já estaria recebendo um monte de atualizações.

Terminei o e-mail, que era tão longo quanto as cartas que ela costumava escrever e pude, enfim, me sentir aliviada.

— Kelly está bem. Ela, depois do sermão de que temos que trancar a janela do quarto de Sophie para que ela pare de bancar a equilibrista, diz que os primeiros quinze dias foram os piores que ela já teve na vida, pois se adaptar a morar dentro de um navio como o USS. Daniel Webster não foi fácil, primeiro porque custou a se localizar lá dentro – se perdeu umas quatro vezes só na primeira semana, mas agora é capaz de andar lá dentro com os olhos vendados. Depois desse breve período de adaptação, ela foi mandada para terra, onde ficou por quatro dias, atendendo e, sim, ela foi para a zona de conflito, pois um vilarejo foi atingido e várias famílias estavam feridas. – Continuei e vi Jethro apertar o volante. – Continua dizendo que nenhuma pessoa estava ferida gravemente, mas como ali é uma importante base para as nossas tropas, nada melhor do que manter a política da boa vizinhança, além dos civis, ela atendeu alguns militares também. Os mais graves foram levados para o navio, porém, nenhum deles corria risco de morte e, depois de tratados, foram enviados para casa. – Parei, pensando se deveria ou não contar a parte final.

— Mais o que? – Jethro quis saber.

— Mais nada.

— Jen, eu conheço essa cara, o que Kelly contou dessa vez?

— Que a grande maioria dos marinheiros que ela tratou ficou decepcionada por saberem que ela já era casada.

— Sério?

— Sim, ela diz que perguntaram se ela realmente amava o marido dela e alguns juraram de pé junto que eram mais corajosos do que o maridão que ficou no país.

— Disso eu não duvido!

— Jethro! Como pode falar assim de Henry?

— Coragem não é lá a maior virtude do Engomadinho, Jen...

— Ainda o chamando de Engomadinho...

— E vou continuar, é o apelido dele.

— E se ele se sair bem na política e um dia virar presidente?

— Ainda vai ser o Engomadinho, Jen.

— Teoricamente virará o nosso Chefe.

— Você acha que isso vai acontecer dentro de cinco anos, Jen?

— Não sei, Jethro. Henry é muito bom no que faz, isso você tem que admitir.

— Mesmo assim, aposto que alguns dos marinheiros que Kelly tratou ainda são mais corajosos do que ele. Se bobear, os cachorros que procuram explosivos são mais corajosos do que ele.

— Agora você passou dos limites!

— Vai defender o garoto até quando, Jen? – Jethro estava mais do que gostando de pegar no pé do genro.

— Quer saber... parece que quanto mais eu tento te mostrar que Henry é um bom homem, mais você diz que não é... eu agora só vou esperar.

— Esperar pelo que?

— Pelo dia em que você vai morder a língua, Jethro! Porque isso vai acontecer.

— Lá vem você com as suas previsões. Você apostou que um de nós voltava em um caixão da Europa e aqui estamos nós.

— Dessa vez, Jethro, eu estou certa. – Falei, desci do carro e fui para a porta, onde uma Ruivinha balançava alegremente um envelope.

— Kells mandou notícias!!! Kells mandou notícias!! – Ela gritava da porta.

— Acho que foi só você que não recebeu nada, Jethro! – Tive que provocá-lo. Ele fingiu que não me escutou e pegando Sophie no colo, a levou para a sala, para ler a carta que Kelly havia mandado para a irmã.

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Chefinha: Eu sei que é um final de semana e vocês devem estar mortos, mas tem alguém para conversar por aí?

LabQueen: Eu não acredito!! Olha quem se lembrou dos meros mortais!!!

Chefinha: Oi Abbs!

AMETony: Quem é viva sempre aparece... sua irmã te contou as novidades?

Chefinha: Sobre a 3ª Esposa + Coronel Mala Sem Alça + Alguém me defendendo?

ElfLord: Sim. Você tem uma advogada e tanto!

Chefinha: Nunca duvidei!

MossadNinja: E como estão as coisas aí do outro lado do mundo?

Chefinha: Hoje tranquilas, dia de folga depois de uma semana e tanto...

AutopsyGremlin: Olá, Kelly!! Como você está? Já se acostumou a morar em um Navio?

Chefinha: Dá pra acreditar que... não! ☹ Na boa, ainda consigo me perder aqui dentro e sim, pasmem, acabei entrando dentro de um dos banheiros masculinos na primeira semana!

AMETony: Kate ficaria feliz em saber disso!!

Chefinha: Não me diga!

LabQueen: Na primeira vez que ela entrou dentro de um porta-aviões, ela se perdeu, para buscar por informações, ela acabou entrando, sem saber, é claro, dentro de um dos banheiros masculinos. E ela contando isso foi hilário...

AMETony: Ah, a sempre puritana, Caitlin Todd!

Chefinha: Ainda bem que eu não fui a única!!

MossadNinja: E qual desculpa você deu?

Chefinha: Simples, quando eles me encaram e perguntaram se tinha algo que eu gostava ali, soltei o famigerado..

MossadNinja: Já vi maiores?!

LabQueen: hahahahahaha isso sempre mata a masculinidade frágil de todos.

Chefinha: Foi a única saída que tive!! Mas acho que não foi 100% eficaz, já que eu podia sentir o meu rosto corando.

MossadNinja: Sinto muito, mas vão comentar isso por muito tempo...

Chefinha: E comentaram!

AutopsyGremlin: E como você fez para que parassem?

Chefinha: Eu sou uma das médicas, Jimmy. Eles precisam me tratar bem, caso queiram sair totalmente inteiros de alguns procedimentos.

AMETony: Você não faria isso!!

ElfLord: Kelly, olha a brincadeira!

Chefinha: Ou isso ou eu conto que alguns deles andam com oficiais e vice-versa. Porque em uma cidade flutuante, com os meus cinco mil amigos mais chegados, a fofoca rola solta. Seria o melhor lugar do mundo para você, Tony!

AMETony: Credo!! Nem consigo me ver dentro de um lugar desse, morando em uma cabine apertada....

ElfLord: Haja claustrofobia! E enjoo!

Chefinha: Você não faz ideia, Tim!

AMETony: Na verdade, o McMareado aí ia viver na enfermaria, já que não aguenta um balanço do mar.

ElfLord: Em navios existem ratos, Tony!

Chefinha: O que eu perdi? Tem história por trás disso daí.

MossadNinja: Pode apostar que tem!

AMETony: Disse aquela que acredita em fantasmas!!

LabQueen: Eu vou resumir, o Gibbs e os três mosqueteiros que aqui estão logados, tiveram que subir à bordo de um Navio Fantasma. Lá, cada um teve que lidar com os seus piores medos.

Chefinha: Interessante... quais foram?

AutopsyGremlin: McGee ficou enjoado, Tony teve que encarar os ratos e Ziva os fantasmas.

Chefinha: FANTASMAS, ZIVA? Justo você?

MossadNinja: No Mossad me ensinaram a acreditar no que eu estou vendo e no que eu não vejo. E tinha algo de estranho dentro daquele navio.

Chefinha: E o meu pai?

LabQueen: Com todos esses medrosos.

AMETony: Não somos medrosos. Eu, pelo menos, eu não sou!

MossadNinja: Anthony DiNozzo! Você ama a sua vida???

ElfLord: Tem um monte de gente que enjoa, Tony. Não é medo, é uma doença!

Chefinha: Tá, que seja! Como tudo terminou?

.

.

.

.

.

Chefinha: Gente?! Hello!!!

LabQueen: Com a Jenny dando um soco na cara de um capitão da Marinha.

Chefinha: O QUÊ? Peraí que eu caí da cadeira!

MossadNinja: E um interrogatório com Gibbs e Jenny como interrogadores.

Chefinha: A pessoa saiu viva?

ElfLord: Não sabemos dizer.

AMETony: Tivemos que tirar a Peste Ruiva de dentro da sala de observação.

AutopsyGremlin: Ou era bem capaz que ela fizesse mil e uma perguntas sobre o que estava vendo.

Chefinha: Foi só eu embarcar e as coisas ficaram interessantes pelo lado do Estaleiro. Deprimente.

AMETony: Quando você voltar, a gente faz um resumo das maiores fofocas.

MossadNinja: E brigas.

ElfLord: E casos estranhos.

AutopsyGremlin: E autópsias improváveis.

LabQueen: E casos resolvidos com uma digital parcial! Ou por milagre mesmo.

Chefinha: O que vocês chamam de milagre, eu chamo de insistência mesmo.

LabQueen: E você, volta quando? Não vou perguntar o que você tá fazendo, porque é o seu dia de folga.

Chefinha: Como eu falei para a Soph, volto só no Natal... até lá vocês têm a obrigação de me manterem atualizada sobre os causos de vocês!!

AMETony: Conte comigo.

Chefinha: Claro, fofoca é o seu nome do meio, não é, Tony?

AMETony: Quando que poderemos adicionar a Peste Ruiva nesse chat?

MossadNinja: Quando ela fizer 18 anos.

ElfLord: Antes disso é bem provável que o Chefe ponha fogo em todos os computadores...

Chefinha: Que nada, Sophie vai entrar nesse chat antes que a gente perceba... e se ela descobrir que eu estou online e conversando com vocês em tempo real, ela vai falar até na minha cabeça!

LabQueen: Pode apostar que vai. A Jibblet não ficou muito feliz em ter que escrever cartas para você não!

Chefinha: Um dia ela vai gostar de reler o que escreveu.

ElfLord: Ou vai morrer de vergonha.

Chefinha: Isso também, e eu como uma excelente irmã mais velha, vou garantir que isso aconteça... vou relembrar os melhores micos na hora dos brindes no casamento dela.

AMETony: Eu tenho a obrigação de protegê-la de uma irmã tão má como você!

Chefinha: Cuidado, Tony... eu tenho algumas cartas na manga para o SEU casamento....

MossadNinja: Interessante... o que é?

LabQueen: Marquem a data e vocês saberão!

AMETony: Ó a comida no forno! Até mais!

MossadNinja: Tá na hora de sair para correr!

AutopsyGremlin: Ah, esses dois!!

ElfLord: Só eles que acham que nós não sabemos, né?

Chefinha: Temos até provas!

LabQueen: se barganharmos bem, até mesmo uma testemunha ocular.

Chefinha: Será esse o próximo casamento?

ElfLord: Tony se casando? Acho que a Sophie vira Diretora do NCIS primeiro!

AutopsyGremlin: Vamos abrir as apostas?

Chefinha: Vamos!

LabQueen: Tô dentro!

ElfLord: Vamos poder comentar isso nos brindes?

Chefinha: Com certeza!

LabQueen: Eu vou amar esse casamento!

Chefinha: Todos vamos! E eu não vejo a hora! Mas, enquanto vocês estão no meio do dia, aqui já é noite, tenho que ir!! Nos falamos!! Bjs

LabQueen: Tchauzinho, Kells!

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Eu sabia que a minha família era maluca, e agora eu tinha certeza. E sabe da pior, eu até sinto falta deles... sinto falta de todos, não consigo mensurar o quanto, às vezes, aqui, no meio da ala médica do Navio, enquanto passo para verificar o estado dos que aqui estão, sem ter ninguém para conversar, me pego pensando no que está acontecendo do outro lado do mundo.

Será que Sophie está aprontando? Será que Tony vai encobrir a bagunça dela e tomar sermão ao lado dela? E como estão as coisas entre Ziva e Tony? Será que meu pai já sabe? Se ele sabe, como ele concordou com isso? E Tim, será que ele anda escrevendo o terceiro volume de Deep Six? Abby continua aquela louquinha de sempre? Que histórias mirabolantes será que Ducky está contando nesse exato momento? E Jimmy? Será que anda dando os pitacos errados nas horas erradas? E meu pai? Quando ele vai arrancar a cabeça de alguém com um tapa? E como Jenny está controlando todo esse povo se equilibrando em um salto de doze centímetros? E Henry?

Ah... Henry! Foi só com ele que eu não consegui falar em tempo real... de todos foi ele quem mais me mandou notícias, não teve um dia em que ele não me mandasse um e-mail, nem que fosse para me dizer “eu te amo”; porém, eu nunca estava perto do computador quando o e-mail chegava e quando eu via e respondia, ele nunca me respondia no momento...

Era estranho o tamanho da falta que ele me faz. Se eu tivesse embarcado antes do casamento, acho que não seria tão difícil, mas aquelas duas semanas de lua de mel e tudo o que foi o casamento em si... tudo aquilo me mostrou o que eu já sabia quando disse “sim” dentro da igreja.

Eu o amava apaixonadamente e não poderia viver sem ele.

E aqui estava eu, há meio mundo de distância, sem conseguir ligar para escutar a voz dele, sem conseguir trocar mensagens em tempo real, sem poder ao menos dizer ‘eu te amo’ e ver o sorriso que ele sempre abria.

Suspirei e comecei a brincar com a minha aliança. Ela e o cordão que pertencera a minha mãe eram as únicas joias que me permitiram embarcar usando.

— Ele deve ser muito importante, para a senhora estar tão distraída! – Uma voz disse me assustando.

Dei um pulo e olhei na direção do Primeiro Sargento Gibson, que era o único acordado naquele momento.

— Sim, ele é, Sargento. E, pelo visto, você está se sentindo muito melhor. – Corri os olhos pela ficha médica dele que estava apoiada ao pé de sua maca.

— Queria poder dizer que ele tem sorte.

Encarei o Marinheiro na minha frente, creio que com mais ódio que seria necessário.

— Eu não disse com desrespeito, senhora!

Mesmo assim não acreditei e me concentrei em monitorar seus sinais vitais, mas Gibson não se calou.

— Como parece que a senhora não gostou, me vejo no dever de explicar. Disse o que eu disse, porque queria que a minha noiva ainda estivesse aqui.

Praticamente virei uma estátua onde estava.

— Eu sinto muito. – Murmurei.

— Ele é da Marinha?

— Não. Político. – Falei. – Sua noiva era da Marinha?

— Sim. O comboio onde ela estava foi pego em uma emboscada. Me disseram que ela não sentiu nada, morreu com o impacto da explosão. – Ele continuou.

— Foi há muito tempo? – Ele parecia precisar de alguém para conversar e eu não tinha muito o que fazer, meu turno tinha começado e tudo estava calmo.

— Sete meses e três semanas. Não que eu esteja contando.

— Imagina. Ninguém está te julgando. Estavam juntos há muito tempo? – Discretamente peguei sua ficha e vi a sua idade. Ele tinha exatamente a minha idade.

— Desde o ensino médio. Parece bobo...

Eu ri.

— Não, não é bobo. Também conheci o meu marido no ensino médio.

— Então ele é um cara duplamente sortudo, senhora.

— Está tentando me bajular, Primeiro-Sargento, para sair da ala médica mais rápido?

— Só se a senhora me liberar para ir para casa. – Ele sorriu.

— E quem estará te esperando quando desembarcar? Seu cachorro? – Brinquei.

— Espero que ele também. Mas quero mesmo é ver meu filho. – Ele me estendeu uma foto de um garotinho de uns dois anos de idade.

Parei e encarei a foto.

— Bela criança! Te garanto que você receberá o abraço mais apertado de todos quando pisar na base, Sargento, mas meu dever agora, é garantir que você possa levantar o seu garoto o mais alto possível, quando ele vier correndo na sua direção. Então, trate de descansar e se tudo correr bem, mais dez ou doze dias, você estará em casa. – Dei um aperto em seu ombro e caminhei na direção de um outro marinheiro que acordava. – Se precisar de algo, é só chamar.

— Obrigado, Senhora. – Ele disse e ficou a olhar a foto.

Enquanto eu atendia o outro paciente, me pus a pensar. Eu tinha sentido na pele o que era ver meu pai embarcar, mas nunca me coloquei no lugar de meu pai.

Como seria deixar um filho, uma filha, do outro lado do mundo e, todos os dias, conseguir se concentrar na guerra que estávamos travando?

Não achei uma resposta. Só que a pessoa tinha que ser muito corajosa para fazer isso.

E eu não saberia dizer se eu teria essa coragem, quando fosse a minha vez.

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- Mamãe... será que vai doer? – Sophie olhou desconfiada para a serra que tinham trazido até a sala para removerem o gesso.

— Não, filha, não vai. – Garanti, mesmo que eu nunca tenha quebrado nada para saber se doía ou não.

— Queria que o papai estivesse aqui... vovô me disse que ele quebrou o braço quando ele era criança... por que eu não perguntei para ele se doía ou não? – Ela murmurou e começou a mudar de cor quando ligaram a serra.

Instintivamente ela se encolheu na minha direção e tentou tirar a perna do alcance do enfermeiro que tentava colocá-la na posição exata para começar a remoção do gesso.

Vi minha filha sair do tom rosado e normal de sempre para ficar branca igual a um lençol e depois em um estranho tom amarelado.

— Filha, tudo bem? – Perguntei tentando abraçá-la por trás, para mantê-la no lugar.

— Não. – Sua resposta veio em um sussurro.

Doutor Wilson encarou minha filha e minha expressão.

— Pode relaxar, Sophie, isso aqui não vai doer nada. Só vai fazer barulho. – Ele garantiu.

Quando a serra encostou no gesso, minha menina se virou na minha direção e me agarrou com força, começando a chorar, morrendo de medo da dor.

Cinco minutos e muito barulho e choro depois, Sophie estava livre do gesso, mas com o pé ainda imóvel por ter passado tanto tempo imobilizado.

— Ela vai precisar de algumas sessões de fisioterapia até que tenha a mobilidade normal do pé, creio que em dois meses ela estará de volta a todas as atividades normalmente. – Wilson nos disse e entregou um pirulito para Sophie. – E esse aqui é para você, Sophie. Por sua coragem.

— Mas eu chorei o tempo inteiro! – Ela rebateu, se achando indigna de tal presente.

— Vai por mim, pequena, até adultos gritam quando veem a serra. Você só buscou pela sua mãe e ficou quietinha. Tive um paciente, ele devia ter quase trinta anos, que não ficou quieto de jeito nenhum, até saiu correndo quando viu a serra, tivemos que sedá-lo para remover o gesso. Você foi muito corajosa. – Ele piscou para Sophie que, finalmente, aceitou o doce.

Saímos do consultório e minha filha vinha mancando do meu lado, fazendo uma careta cada vez que colocava o pé no chão, mesmo que apoiada na muleta.

— Dói? – Perguntei.

— Não... está estranho de andar... acho que me acostumei com o gesso. Andar só com a bota é estranho. E eu estou com um chulé terrível! – Ela disse, levando o pirulito à boca. – Sabe, mamãe, eu acho que o Tony agiria da mesma forma que o moço que saiu correndo quando teve que tirar o gesso.

— Você acha que o DiNozzo é covarde a esse ponto? – Perguntei.

— Covarde não. Tony não é covarde. Ele só é exagerado.... E com certeza preferiria ficar com o gesso a encarar a serra. Aquilo é medonho. Dá tanto medo quanto filmes de terror.

Segurei a risada para não aborrecer minha filha, somente ela para fazer uma comparação dessas.

— Bem, temos que marcar a sua fisioterapia agora.... e, quem sabe, quando a senhorita estiver 100% bem, que tal entrarmos em uma aula de yoga?

— Yoga? Aquela coisa que a gente acaba ficando de ponta cabeça?

Estava começando a me arrepender da ideia.

— Talvez. – Disse.

— A senhora vai fazer também?

— Vou.

— Mas eu não sou muito nova?

— Não sei... teremos que ver com a instrutora.

— Isso vai ser legal! Eu vou adorar ter uma coisa que eu só faço com a senhora!

— É mesmo? – Sem querer abri um sorriso para a empolgação dela.

— Sim! Olha só, vai ser o yoga com a senhora, com o papai é toda a bagunça no porão dele, tem cada uma das coisas que eu faço com o pessoal... só vai ficar faltando algo para ser só meu e da Kells.

— As cartas não contam? – Perguntei, chegando perto da ala de fisioterapia do hospital e procurando um lugar para que pudéssemos nos sentar para podermos marcar as sessões.

Sophie arregalou os olhos na minha direção.

— Mas claro que sim!! Só a Kelly para usar algo tão obsoleto quanto cartas para conversar quando se tem e-mail!

— Obsoleto? – Perguntei espantada pela escolha da palavra. Notei que a pessoa que se sentava do lado da minha filha olhou assustada.

— Sim... achei essa palavra bonita... li em um livro. Aliás, acho que nunca li tantos livros como nesse verão.

— Agradeça a sua perna quebrada.

— Será que eu vou poder pular na minha cama elástica antes que o outono chegue? – Me perguntou.

— Não sei, filha. Só sei que quando você puder, vai ser uma bagunça lá em casa. – Falei em direção a ela e a abracei.

— Sempre é, mamãe. Ainda mais com todos aqueles irmãos adotivos que eu tenho.

Nossos vizinhos de bancos, só me encararam, como se tentassem adivinhar quantos “filhos adotivos” eu tinha.

— Já posso até ver a confusão. - Respondi a ela e dei um beijo no alto de sua cabeça. – Porém, antes que a senhorita pense em se divertir, nós vamos ter que conversar sobre o motivo de você ter quebrado o pé.

Ela se encolheu no meu abraço e só meneou a cabeça.

— Vou ficar de castigo?

— Não. Você perdeu o verão, não há castigo melhor do que esse, mas teremos que conversar sobre o seu comportamento e a sua péssima mania de se dependurar em todos os lugares.

— Tudo bem... vamos conversar agora? – Ela me encarou.

— Não, vou esperar o seu pai estar por perto. – Disse séria.

Nesse momento, chamaram o nome dela na estação das enfermeiras. Fomos encaminhadas até uma sala, onde Sophie passou por uma avaliação. A fisioterapeuta responsável pelo tratamento, Lana, disse que com poucas sessões minha filha já estaria livre das muletas, só se ela prometesse não faltar em nenhuma sessão, seguir à risca todos os exercícios e não aprontar nada nesse meio tempo.

— E quantas sessões serão? – Perguntei, já pronta para ajeitar a minha agenda aos horários de Sophie.

— Vinte, no máximo trinta. Ela é bem novinha e pelo que me contou praticava muitos exercícios. E pode ficar tranquila, mamãe, ela vai se recuperar totalmente. – Me garantiu.

— Obrigada! Até amanhã! – Agradeci e ajudei minha filha a se ajeitar com as muletas.

— Tchau Lana!! Até amanhã!! – Sophie disse já toda empolgada com a nova amiga.

Fomos andando devagar pelos corredores do hospital até a saída e, assim que colocamos os pés na calçada, vi que tinha alguém parado bem perto do meu carro.

— Poderia ter entrado, Jethro... alguém ficou com medo da serra. – Comentei quando cheguei mais perto.

Sophie encarou o próprio pé bom ao invés de olhar para o pai.

— Cheguei agora. – Ele me respondeu. – Ziva levou o carro para o estaleiro. – E voltando-se para filha, ele se agachou na frente dela e disse. - Ficou com medo, Ruiva?

Sophie ficou vermelhinha.

— Sim. – Ela detestava assumir uma fraqueza, uma característica herdada tanto de mim quanto de Jethro. – Achei que ia doer. – Disse toda encabulada. – Até chorei.

Jethro abraçou a filha.

— Mas não doeu. – Ele disse.

— Não... mamãe ficou do meu lado o tempo todo. Agora eu sei que não precisava ter chorado... só faz muito barulho mesmo. – Olhou para o pai

Ele levantou Sophie no colo, deu um beijo na testa dela e a colocou no assento elevado, depois ajeitou as muletas, tomando a chave da minha mão, assumiu o volante, algo que eu já esperava.

— É agora que vamos conversar sobre o motivo de eu ter quebrado o pé? – Ela disse incerta, balançando os pés no banco de trás.

Me virei para ela, Jethro a encarou pelo retrovisor, ela sabia o que queríamos.

— Eu não deveria ter tentado subir no telhado...

— Não. – Falamos. – E?

— É perigoso... a Kells tinha razão em ter ficado preocupada.

— É mais do que perigoso, filha. Algo muito pior do que quebrar um pé poderia ter acontecido. – Falei calmamente.

Ela abaixou a cabeça e ficou encarando as mãos.

— Eu não pensei nisso.

— E o que você realmente queria fazer naquele telhado, Sophie? – Jethro perguntou, mesmo que a sua voz estivesse calma, minha filha se encolheu, pois era raro o pai a chamar pelo nome.

— Estava com calor e queria ver as estrelas...

— As estrelas? – Perguntamos.

— Sim... é que o Tim e a Abby tinham me levado em um observatório e me mostrado o céu... a senhora, mamãe, sabe que eu adoro ver as estrelas, sempre gostei... e eu achei que se eu subisse bem no alto, eu poderia vê-las. Só que eu não cheguei lá... eu caí.

— Estrelas? – Jethro tornou a perguntar.

— Sim, papai. Eu queria ver o céu estrelado de novo. Aqui em D.C. quase nunca dá pra ver nenhuma estrela, tem muita luz. Em Londres ainda dava, dependendo do dia. E... e... eu sinto falta de poder ver o céu de verdade, no dia, lá no observatório, foi tão bonito. – Ela falou e encarou o céu pela janela do carro, fazendo uma careta quando o sol bateu no seu rosto.

— Quer seus óculos escuros? – Perguntei.

Ela só confirmou com a cabeça e eu lhe passei os óculos depois de limpá-los.

— Me desculpem. – Falou depois de um tempo. – Eu não vou mais subir na árvore ou escalar a janela até o telhado... aprendi a lição. Doeu, mas aprendi. E coçou também! – Ela falou coçando o pé.

Encarei Jethro que me olhou de volta, aproveitando o semáforo vermelho.

— Aceitamos as suas desculpas e vamos ficar de olho para ver se vai cumprir o que acabou de falar. – Jethro respondeu a ela.

— Eu vou sim, papai. Não vou mais subir no telhado. – Ela disse sincera.

Pelo canto do olho vi que Jethro sorria. E, infelizmente eu tive a estranha certeza de que ele tinha feito a mesma promessa, e a descumprido em menos de vinte e quatro horas. Ou seja, eu teria que me acostumar com tudo o que Sophie ainda iria aprontar.