Caro desconhecido...

"Pronto, o amor se estrepou..."


Freddie avançou sobre mim e cai diretamente no travesseiro, seus beijos urgentes logo foram se acalmando, e se tornando mais lentos convidativos e sedutores, a vontade que eu tinha era de aquilo durasse muito. Minhas mãos se aproximaram de sua nuca e deslizaram por seu cabelo, enquanto minhas pernas estavam enroladas em seus quadris, eu sentia a todo o momento que aquilo se passava em câmera lenta.

Ele abaixou a cabeça até se aproximar da minha orelha e sussurrar algo que eu certamente não compreendi, mas que meu corpo reagiu instantaneamente. Inclinou-se lentamente para fazer uma trilha pelo de beijos suaves pelo meu corpo, a medida que ele foi se abaixando meu corpo iam em sua direção, aproveitei para tirar o sutiã quando ele deslizou minha calcinha pelas minha pernas. Freddie retirou a calça e para minha total ansiedade ele estava sem cueca. Voltou, traçando um curso novo, seus beijos queimavam a minha pele e me provocavam arrepios estranhos. Derrapou suas mãos na parte interna de minhas coxas, tomando crucial cuidado para me enlouquecer, aliviou a tensão com um beijo delicado entre minhas pernas. Meu prazer era manifestado pelos movimentos ondulados que meu corpo produzia involuntariamente.

Não protestei quando ele levantou a cabeça e veio até mim novamente para me beijar profundamente. Minhas pernas voltaram a se fechar em torno dele, e eu o empurrei para mim. Freddie desfez o enlace sobre seus quadris trazendo minhas pernas de volta ao colchão, seu membro esticado revelava que ele estava pronto, mas parou por uma hesitação minha, que se desfez quando lembrei que estava com a pílula em dia.

Freddie correu seu pênis por minha entrada, fazendo pequenos círculos no meu clitóris antes de me ocupar completamente, repetindo um mix de movimentos lentos e rápidos, até nossos corpos entrarem em uma sincronia perfeita. Estávamos suados e ligados um ao outro, rosto repousando sobre o pescoço, maxilar no ombro e as mãos inquietas seguindo por todos os caminhos, quando as vozes finalmente se cruzaram num misto de palavras e sons desconexos para gozarmos juntos.

Meus olhos se fecharam e Freddie riu quando rolou para o outro lado da cama.

—Same...

—Hmm. Oi. – respondi com meio suspiro.

—Sono?

—Eu to me sentindo meio...

—Lerda, é o remédio mais o chá.

—Idiota, você me dopou! – minha voz saiu rasgada por uma risada debochada.

No momento seguinte, percebi meu corpo sendo arrastado delicadamente para o lado, e o corpo de Freddie se aproximar de mim.

—Sam? – chamou, e eu fingi que já estava dormindo. Ele colocou um braço ao meu redor e passou a mão pelo meu cabelo antes de finalmente deitar.

Samantha

Existe um momento climático que é de extrema importância para as metáforas da sociedade contemporânea, e pode ser interpretado de várias formas, pois se adapta a qualquer sensação. Aquela lacuna estreita do tempo, onde você é conduzido por diversos caminhos até chegar aqui: o pós-chuva, é quando tudo esta mergulhado numa aura mista de pura suposição, o céu entra num estado dúbio de cinza, branco e as tonalidades azuladas chegando ao violeta, que por um motivo que eu desconheço – talvez seja uma maneira de distribuir benção e beleza por ai – contrasta perfeitamente com uma explosão de cores quentes até chegar ao laranja do entardecer, apensar dos ventos permanecerem frios.

Voltando a questão emocional, o entardecer pós-chuva se adapta a gratidão, ao conforto, a melancolia, àquele sentimento estranho de quando se acaba de acordar e descobre que não precisa ter pressa, você pode simplesmente se virar na cama, puxar o controle e passar o dia vendo desenhos porque, esta tudo bem por algum tempo.

E foi assim que eu acordei, janelas entre abertas, cabeça leve e graças aos céus eu sabia exatamente onde eu estava. Freddie estava de costas para mim sentado na cama entretido com alguma coisa, e eu preferi ficar deitada e pensar numa boa resposta pra sair dali.

—Diga x. – Freddie se aproximou com a câmera que eu tinha pego a um tempo atrás.

—Não faz isso, sua noiva não vai entender o motivo de ter a foto de uma mulher loira descabela entre lençóis na sua câmera.

—Não vai não. A Blair não conhece isso aqui, nem sabe que eu tenho uma propriedade fixa em Nova York.

—Então o que é isso aqui?

—É o meu lugar preferido em todo o mundo, sabe quando eu preciso de um tempo de tudo, eu venho pra cá, porque absolutamente ninguém além de mim e poucas pessoas da família sabem disso.

—E eu.

—É e você. Você tem sorte porque eu não podia ser associado a uma mulher morta no parque, omissão de socorro é uma mídia muito negativa.

—Sabia. – Eu sorri, e um flash veio em minha direção. –Por sinal, como você sabe tanto sobre primeiros socorros e essas coisas?

—Bom, eu como um bom nerd que era costumava apanhar muito então eu aprendi a cuidar de mim.

—Fez um ótimo trabalho, eu me sinto muito bem de verdade, obrigada.

—Por nada. Agora olha pra cá.

—O que? Agora eu vou sua musa inspiradora?

—Pode ser. Você é linda,tem uma certa intensidade que é ótima, a lente te ama.

—Além de tudo você ainda é fotógrafo?

—Amador, eu passei um tempo viajando por ai.

—Eu sempre quis sair por ai viajando, conhecendo vários lugares, fazendo algo a mais por mim e pelos outros. Quer dizer do que adianta existir se eu nem posso ver?

—E porque você não vai?

—Porque por mais que eu ame a liberdade eu tenho responsabilidades já ouviu falar? Ah, e não sou multimilionária!

—Já sim, tá com fome? – Freddie riu.

—Não vai me dizer que você conzinha porque se for, eu vou sair por aquela porta agora.

—Isso tudo é medo de eu ser o cara o perfeito?

—Depende da sua definição de perfeição.

—Uma pena, eu vou ter que jogar o risoto fora.

—Sério?

—Claro que não.

Freddie levantou e trouxe em uma mão vinho e na outra uma bandeja com torradas e um creme suspeito.

—Porque uma taça só?

—Você não vai beber Sam, você esta tomando analgésico, por sinal, passou do horário de você tomar outro.

—Aham, e daqui a pouco eu vou me levantar e preparar um risoto pra gente. Freddie, por favor, você já cuidou demais de mim, não precisamos mais disso. Me da à taça!

—Eu não vou fazer isso.

—Olha tudo bem, eu realmente não gostaria de ser tão deselegante mas, eu posso beber na garrafa mesmo.

—Duvido.

—Acredite, não sou de blefar.

—Eu acredito. Vamos fazer assim, me convença a te dar uma taça.

—Te convencer? Você sabe que o mal dos homens é serem escravos das suas paixões não sabe?

—Esta dizendo que você é minha paixão?

—Estava me referindo ao vinho.

Levantei da cama com o lençol enrolado em meu corpo, de costas para Freddie, virei a cabeça para olhá-lo e pedi que registrasse o momento.

—Vai por mim,você vai querer lembrar disso, de tudo isso. – deslizei o lençol até expor as minhas costas por inteiro e joguei a cabeça para trás. Freddie tinha deixado o vinho de lado, e pego a câmera.

—Aqui não é sua válvula e escape? Pois então, você pode vir aqui, e ver as minhas fotos que você com certeza vai revelar, pra quando a vida lá fora ficar insustentável.

Freddie deixou a câmera de lado quando o lençol foi ao chão, ele veio até mim, e me abraçou por trás, seus lábios percorrendo meu pescoço, suas mãos transitando livremente pelos meus seios. Enquanto eu me derretia e arfava com seu toque.

—Samantha... Gosto como eu seu corpo reage quando eu te toco.

Não tive forças para respondê-lo.

—Gosto de como você reage a mim, do seu jeito, vestida ou despida de todas as vaidades. Eu quase posso dizer que eu gosto de você.

A essa altura meu corpo já estava rígido e por mais vontade que tivesse de terminar o que começamos ali em pé, eu não pude. Foi como se algo acendesse e fosse resfriado dentro mim. Me distanciei de Freddie, e virei para encará-lo.

—Você o que? Gosta de mim? Ficou louco? Você não me conhece, a gente se viu o que? Três vezes e em todas elas não trocamos muitas palavras e acabamos sem roupa. Você é noivo querido, você ainda lembra?

—Eu não consigo lembrar de outra coisa que não seja você. E não entendo o motivo da sua revolta, eu só disse que gosto de você.

—E diz isso baseado em que? Nos encontros furtivos, no sexo casual?

—Em tudo isso, e no que houve hoje, você não esta com o Nate você esta aqui.

—Ai meu Deus. Sabe o que eu acho? – Passei por Freddie, peguei o vinho, a taça e a enchi.

—O que Samantha?

—Você não gosta de mim. O que você não consegue aceitar é que qualquer outro homem encoste na única mulher que não se derreteu por você.

—Tem certeza? – Freddie ergue a sobrancelha e cruzou os braços para me encarar.

—Há, é pura pretensão, arrogância, você sofre da síndrome do dominador, gosta de ver as mulheres loucas por você, você quer que eu implore que ceda que me derreta por você e demonstre isso, só pra você ter o prazer de me ter aqui, num cercadinho, na palma da sua mão. Que eu viva esperando suas visitas a negócio em Nova York, e seja sua diversão, pra te lembrar o que é prazer de verdade! Eu não sou seu joguete, sua transa reserva, muito menos um parque de diversões.

—Hm. – ele descruzou os braços e foi até a mesa pegar uma taça, tomou a garrafa de minhas mãos, encheu a taça e deu um gole. – Sabe, eu acho que você não esta errada, mas também não está certa, quando fala assim não se refere apenas a mim, mas a você também Samantha. Somos bem parecidos.

Gargalhei discretamente

—Ah,é? Então me diga, o qual sua tese a meu respeito?

—Ok, se você não gosta de mim, você esta presa a mim por algum motivo que eu sinceramente desconheço, não é minha posição social, você tem o Bass.

—Talvez sejam seus adoráveis olhos castanhos?

—Se o que te prendesse a mim fosse os meus olhos, eu diria que você esta a um passo de se tornar perdidamente apaixonada por mim.

—Continue. – Respondi seca evitando os tremores que a frase tinha me causado.

—Bom, eu não sei, você me causa uma duvida imensa, talvez você só esteja querendo provar um ponto de vista, exercer soberania e controle. Talvez meus olhos realmente te prendam, e você esta tão intrigada e temerosa com isso que você quer provar que esta errada, e mesmo que esteja à beira do abismo você não vai pular, não, não... Porque a realidade é que você quer ficar ali, curtindo os ventos fortes que batem perto do precipício só esperando pra ver se algum te derruba e quando um chega bem próximo você se ajeita, porque você gosta do jogo de vida ou morte e você quer provar que esta certa.

—Uau, então você pra mim, é um vento? Segundo sua teoria, claro.

—Uhum,exato! Mas sabe com que você não contava?

—Com o que?

—Que eu fosse o vento mais forte que você já encontrou.

—Isso é uma ameaça? Você acabou de dizer que vai me jogar num abismo? Porque se for, eu tenho que começar a correr já que eu estou trancada num lugar desconhecido com você.

—Não, acabei de dizer, que eu conheço esse jogo há muito tempo.

Escancarei um sorriso antes de revidar:

—Tão bonitinho... Você não faz a mínima ideia do que você esta jogando querido. E quer saber, quando você finalmente se der conta, e acredite não esta tão longe disso acontecer, você vai ficar tão perdido, tadinho do Benson... – passei a girar o vinho em minha taça.

—Do que você esta falando?

—Observe a taça, olha esse belo e delicioso conteúdo vermelho alcoólico e fermentado de uma safra cara de sabe se lá Deus quantos anos... Ele estava aqui apoiado na palma da minha mão tão imerso em si mesmo, até que de repente algo começa a balança-lo, você esta nessa fase Freddie, você esta na fase do balanço. Em determinado momento, essa movimentação louca se torna normal, e ele se acomoda, ups, sabe o que isso significa Freddie? Significa que você passou de fase. Mas infelizmente isso não vai te ajudar em nada gatinho, porque de repente sem mais nem menos, puft! – despejei o conteúdo da taça em minha boca. – Fim do jogo, e você nem se deu conta! Boa noite, Freddie, espero que da próxima vez que nos encontrarmos, você esteja mais atento.

Me virei para pegar o celular e o lençol caído no chão.

—Sua roupa esta...

Bati a porta e andei até o próximo corredor, a respiração oscilando de raiva e frustração, desci pelas escadas e chamei um uber, o porteiro me parou no meio da travessia para me entregar uma sacola com minhas roupas.

—A pedido do senhor Benson. – ele disse e me entregou uma sandália, a essa altura o lençol tinha virado uma saída de praia perfeita. Alguns minutos depois o uber ainda não havia chegado.

—Senhorita? Eu posso levá-la em casa se quiser.

—Também a pedido do senhor Benson?

—De certa forma. Deve ser importante para ele, o Benson nunca traz ninguém aqui, e quando chegou com a senhorita nos braços estava com uma cara de aflito que foi desesperadora.

—Ele...

—Senhorita? Seu carro.