Caro desconhecido...

Capítulo 7- Save the date


Desci com Chuck e fomos diretamente para o meu apartamento.

—Bem vindo a minha humilde residência. – disse abrindo a porta

—Humilde? Quanta modéstia, você nunca gostou disso.

—Ah, parei com o exibicionismo.

—Paramos com muitas coisas.

—Whisky?

—Vinho.

—Eu não vou transar com você.

—Ei! – Chuck levantou as mãos fingindo inocência. – Não é porque eu te ofereço vinho, que eu quero te levar pra cama, pode ser um sofá também.

—Canalha.

—Deixa de papo, liga pra ele.

—O que?

—Liga pra o seu telefone.

—Eu não vou fazer isso, eu não quero falar com ele.

—Então você vai deixar que um moleque, ratinho de balada suburbano que você conheceu há algumas noites atrás te diga o que fazer? Você vai ficar apreensiva esperando o telefone tocar?

—Ok, você me convenceu. – me expressei com uma raiva fumegante.

—Epa, nada disso, nada de raiva. Você vai ligar pra ele, e manter a linha, bela-safada-carente.

—O que? Hahaha, você pirou?

—Sam, ele obviamente quer jogar com você.

—Eu não estou disposta a jogar.

—Sim, mas ele já sabe disso. O objetivo dele é claro, você afrontou o espírito macho alfa, você deixou o cara de saco cheio, se é que me entende. E se eu bem conheço os tipos dele, ele quer se lambuzar.

—Então eu tenho duas opções: ou eu me faço de dama de ferro, pego meu celular e vou embora...

—Ou você mostra a ele que pra quem já tomou banho de gelatina e calda de chocolate no caribe, uma lambuzada não é nada.

—Eu não vou dormir com ele de novo! Eu me recuso!

—Faça o que eu te disse, liga!

—E o que eu vou dizer?

—Acredito no seu poder de improvisação.

—Chuck!

—Eu vou estar aqui, eu te ajudo.

—Ok.

Respirei fundo para conter minha raiva e disque o meu número. Enquanto chamava, Chuck foi me passando umas coordenadas. Se ele queria um jogo, eu seria a melhor juíza.

Ligação on.

—Benson falando.

—Uau, quer dizer que você anda atendendo o telefone dos outros como se fosse seu. – Chuck mandou que eu deixasse no viva voz.

—Costume.

—Ah. “Você pode ser mais interessante do que isso, vamos!” – Chuck sussurrou.

—Então, você esta ocupado?

—Um pouco.

—Nossa, tão monossilábico. Tudo bem, eu vou direito ao ponto. Eu liguei pra me desculpar pelo meu comportamento ao telefone, eu costumo ser bem mais legal que isso.

—Você pediu desculpas pela ligação? E quanto ao inicio do dia?

—Eu acho que podemos falar sobre isso também, eu não lembro direito de muita coisa e acho que algo presencial, refresque a minha memória.

—Eu faço as regras, não abro mão disso.

—Acho que você via muito filme de ação, com data, hora e essa mensagem se autodestruirá...

—Eu estou muito ocupado, não posso encontrar com você hoje.

—Vamos, por favor, deixe-me te recompensar pela noite e me desculpar dignamente pelo incidente de mais cedo...

—Não acho que isso seja possível.

Olhei incrédula para o telefone e depois pra Chuck, que estava com ar de riso. “ Ele te ama..” Chuck disse inaudível, e continuou: “ fale sobre o saco cheio e desligue o telefone, faça a compreensiva e me deixe entrar no jogo”

—Pelo visto eu deixei mesmo você de saco cheio. Só um instante. – Chuck fez um barulho na porta e beijou meu pescoço, foi inevitável não emitir algum som.

—Alô? – Enquanto ouvia minha respiração alterada e alguns risinhos, o desconhecido ia marcando a fala com famosos “alô? Você ainda esta ai?”.

—Opa, an... Ai para, eu estava no telefone

—Desliga, não é mais importante que isso. – E o gran finale, um gemido leve e puft, caiu a ligação.

Ligação off.

—O que foi isso? – Perguntei a Chuck.

—Isso fui eu melhorando a conversa.

—Melhorando? Eu queria mandar esse filho de uma mãe se ferrar. Quem ele pensa que é pra me dispensar?

—Benson.

—O que?

—Ele é Benson. Nós sabemos algo sobre ele.

—Sabemos...? Sabemos! Meu Deus, ele não é um pobre coitado não é?

—Provavelmente não, nenhum atenderia com o sobrenome, ele sabe a influencia que deve ter.

—Merda! Eu quero informações. Eu odeio ficar no escuro.

—Ele vai te ligar novamente.

—E você sabe disso porque é o mestre dos magos.

—Preste atenção Pucketada.

—O que? – gargalhei.

—Ele vai te ligar, você vai entrar no jogo, fingindo pura inocência e indecência. Vai marcar com ele no meu hotel, e então você escolhe como quer isso. Humilhação publica e moral, devastação sexual, uma porradinha de leve.

—Nada de agressão física.

—Droga!

—Sabe Chuck, eu preciso de mais um favor seu.

—O que?

Fomos interrompidos pelo telefone

Ligação on.

—Alô. – respondi ofengante.

—Espero não ter atrapalhado nada.

—Ah, não foi nada demais.

—Hm,então...

—Vou adiantar pra você. Me encontre no empire, vai ter uma chave na recepção pra você, não se preocupe eu fiz uma ótima descrição.

—Empire? Da família Bass?

—Sim, algum problema?

—Nenhum, é que poderia haver algum outro.

—Em Nova York nenhum tão discreto e famoso.

—Ok. Eu prometo que será uma noite inesquecível.

—Enquanto eu, juro solenemente não fazer nada de bom.

Ligação off.

—Uai! Mulher fatal.

—Sim, sou.

—Perfeito, vamos ver o que acontece daqui até lá, eu vou estar por perto, qualquer coisa...

—Eu já sei. Eu só não sei de uma coisa. O que o Benson tem a ver com os Bass?

—Você esta imaginando coisas.

—Não sei...

—Você terá hoje pra descobrir.

—Soro da verdade?

—Algo menos agressivo, talvez um conto de fadas. Agora eu vou cuidar das minhas obrigações na empresa.

—Como você esta responsável, que orgulho.

—Responsável e sugerindo tóxico, que não são para o meu prazer único e exclusivo. É o que me resta não é.

—Tem noticias dela?

—Não me fale da Blair, não tenho e nem quero ter, muito menos posso... Me ligue quando estiver pronta.

Chuck saiu do meu apartamento com um semblante triste que me incomodou, estava curiosíssima para saber o que houve na lua de mel Bass-Waldorf, mas acima de tudo preocupada com meu amigo. Sim, Chuck poderia ter mil defeitos e ser o pior dos canalhas, mas era também um grande amigo.

O celular vibrou em minhas mãos mais uma vez e nem olhei quanto atendi, foi automático.

—Oi amor! – era um voz feminina estridente.

Ai caralho! Me assustei ao reconhecer a voz. Não pode ser, eu só a ouvi uma vez minha memória não é tão boa assim.

—Amorzinho? Você esta ai? Freddie! – Acabou o encanto, já tinha nome e sobrenome do ex-desconhecido.

—Amor?

Permaneci em silêncio e desliguei. O filho da mãe é comprometido?! E comprometido com ela? Justo com ela? Bilhões de pessoas no mundo ele é o amor da Blair?!